A política chama. A estação 263 mostra o breve momento em que a vida americana copia a brasileira no que não deveria. Embarquem, o trem vai partir.
Elias sentencia em casa, diante da família
“Hillary acaba de perder”, ao ver um grupo de garotos deturpar em um comício o
que ela disse quando era primeira-dama, a respeito de traficantes que aliciam
crianças (...) mas ainda têm a impressão de que ela pode ser eleita... se
os eleitores fizerem sua parte. Ele os fita com cara de “Acreditam mesmo
nisso?” (...) o comparecimento pífio do eleitorado
americano e a cena que acabaram de ver, podem ser fatais para os planos de
Clinton. Elias já se encontrou com Trump, acidentalmente, quando foi vistoriar
franquias em New York. Evitou delongar conversa, como faz com qualquer
estranho, de cara não simpatizou com aquele homem laranja, mas sabe que pode
estar enganado e que nos negócios a empatia pessoal é acessória, até certo
ponto.
Patrícia olha para Arthur, os dois chegam à
mesma conclusão do afilhado. Um grupo que Clinton defendia, enterrou sua
campanha. Voltam à programação normal, já ajustando para quando, como disse
Elias, “Donut Trump” entrar na Casa Branca. Como de costume, o novo presidente
não vai saber da organização (...) Glenda liga para a tia, avisando
que de forma intempestiva, nasceu Roland, sem dar tempo sequer para Eddie
chegar à porta da casa. Josephine já reclamou o afilhado, está voando com Nelson,
Tobby e Anita para Sunshadow. Vão todos para a Culture Train, o mundo desabando
pode esperar. Aproveitam, enquanto paparicam a mãe exausta, para ver os
planejamentos para os últimos compromissos da banda. Eddie desta vez fica de
fora (...) fica Glenda recém destituída da unigenitude em seu lugar, mas saúda o irmão...
- Bem-vindo, poderoso mago! Bem-vindo
guardião dos mistérios! Bendita seja a sua chegada, longa e feliz seja sua
estadia! Que os deuses te tenham na palma da mão em sua jornada, que a vida lhe
seja desvelada e sua senda venturosa! Este é seu lar enquanto estiver na Terra,
esta é sua família próspera e amorosa, e eu sou sua irmã no aprendizado deste
caminho.
Eduarda e Renato chegam pouco antes de Josephine
com Nelson, Anita e Tobby. O menino repousa após ter esgotado a mãe, enquanto
seus ancestrais o observam, e os responsáveis primários por tudo isso se
empenham em sua senda. Ouvem “Star Man” e se lembram do amigo David Robert
Jones, o Bowie (...) Concluem o planejamento para os últimos shows do ano e voltam para a
Máquina de Costura, Consuelo está esperando para pedir para sair mais cedo,
mesmo que precise compensar depois. Sua avó faleceu em casa (...) Patrícia providencia alguém
para ir dirigindo, com uma escolta para trazê-lo de volta. 2016 decididamente
não é um ano, é um armagedom numerado.
Consuelo volta diferente no dia seguinte.
Enquanto a avó era sepultada, seu primeiro sobrinho nascia. Está confusa, não
sabe se ri ou continua chorando. Começa com a faxina enquanto os doze tratam de
negócios na biblioteca, quando Yasmin volta da escola para fazer um trabalho
especial dado à turma (...) A pequena curiosa se aproxima da bacharel em história e vê imagens
de um bebê em seu aparelho, solta um “Que lindo” que acorda a moça de seu
torpor bipolar. Aos poucos a marroquina a faz ver mais encantos no sobrinho do
que tristeza pela perda da avó. Ela pergunta tudo; nome, tamanho, peso, humor,
et cetera. Aos poucos o sorriso volta a esticar aqueles lábios finos e, como
havia pouco o que limpar, se põe a ajudar a garota (...) tendo ali sua primeira aluna. Yasmin Coração de
Manteiga insiste em colocar flores, para simbolizar as convergências, que a
maioria dos intelectuais têm menosprezado solenemente, ao contrário daquela
intelectual ali.
Quando terminam, têm um diorama de uma praça
com bonecas de papel com mudas de roupas e elementos de várias nações. Quando
Consuelo diz “pronto” ouvem ambas uma salva de palmas vindas de trás (...) Patrícia a libera para acompanhar a
neta até a escola e explicar com ela como bolaram aquilo, então se voltam para
Sandra (...) Vão à copa comemorar com algo para forrar seus estômagos. O
responsável primário pela unificação está concluindo um trabalho com sua fiél
escudeira (...) Descem à loja para acompanhar in loco o andamento dos trabalhos.
Ele entra na casa decorada que ganhou da madrinha, senta-se na poltrona da sala
e começa a meditar, tornando-se uma peça da exposição. Se dá conta do que
acontece, quando Enya chega para perguntar sobre a pose...
- Tem trocentas photos suas nessa poltrona,
passeando livres leves e soltas pela internet. Aqui, eu recolhi umas trinta,
cada uma de um ângulo... Veja.
Calças de alfaiate, sapatos de amarrar,
camisa listrada e aqueles óculos; ele está perfeitamente ambientado. Richard
tem um lampejo e coloca por sua conta e risco, uma das imagens do primo no site
da loja. Sandra baba com a cena, vendo o pai calmo e meditativo (...) Um dia antes da abertura, a convenção de fãs tem uma
estrela coadjuvante. Neste ano o tema é justamente o aprendizado com a
história, e ninguém tem mais cara de história do que ele, tiozão assumido.
Ainda estranham a combinação com Enya, que é uma figura leve e extrovertida.
Agentes secretos misturados aos visitantes
tentam ser discretos entre eles (...) Exceto o casal da CIA, que aproveita para uma consulta extra
informal com seu colaborador preferido (...) não querem ser apenas mais
dois ex agentes que vão soltar verdades explosivas sobre a CIA, que (...) alimentarão a sanha de agências inimigas, que
parecerão boazinhas por nada de ruim ser publicado contra elas...
- Por que realmente querem essa mudança de
emprego?
- Basicamente os mesmos motivos dos outros,
mas não queremos ser fofoqueiros de programas de auditório, entende?
- O que me dizem de serem colaboradores de
outra inteligência americana?
Faz sinal para a filha se aproximar, sabe que
ela está vigiando os dois (...) Ele
explica que a América vai passar por uma forte turbulência e precisam de
agentes experientes, capazes de tomar decisões difíceis rapidamente e informar
com discrição que problemas acontecem dentro da agência. Metade do trabalho da
organização ele já fez sem perceber.
Enquanto fãs, imprensa e colegas de profissão
se esbaldam na convenção, o casal é orientado pelos agentes residentes e
encaminhado aos colegas simpatizantes ainda na CIA (...) Agora pedem que voltem ao entretenimento e ajam
naturalmente, pelo menos por hoje tentem aprender a levar a vida enquanto o
mundo desaba. Na volta à agência eles terão treinamento especial.
&
Voltam do show em Detroit, o último antes do
mega show em Dallas (...) Zsa-Zsa, Joan e Inga têm algo a mostrar,
acabaram com o estoque de cordas e feltro, fizeram dezenas de bonecas sob a
supervisão de Nancy. As três têm revelado talentos para artes manuais, a
matriarca decidiu ver até onde iriam e está com a casa cheia de artesanatos.
Chamam atenção as expressões engraçadas (...) são todas debochadas. Mandam as imagens para Zigfrida, a
sueca solta seus risinhos mais maliciosos e pede detalhes (...) foi idéia de Zsa-Zsa jogar a forminha fora e
desenhar a mão livre os rostos...
- A minha cara não tem forminha, então a da
boneca também não!
- “Minha cara não tem forminha”, AMEI! Eu vou
usar isso! Te segura aí, monstrinha, que madrinha chega neste fim de semana,
assim que tirar as forminhas de algumas caras aqui.
A frase também inspira os músicos, eles
pensam de imediato nas pessoas que arrotam intelectualidade e originalidade,
mas acabam se tornando cópias baratas dos grupos a que pertencem (...) isso fará parte do próximo álbum. Então pegam as três
pequenas e as carregam pela sala até a vontade passar, já sem sentir cansaço.
Chegam à Máquina de Costura dando de cara com
agentes federais. Em frente um Cadillac que (...) não é um Cadillac comum. A coisa é séria. Patrícia os cumprimenta e
pergunta qual a emergência, eles pedem que fale directo com o presidente lá
dentro. Lá estão ele e Josephine, diante de Luppy e Consuelo tímidas. Pede que todos
esperem e os leva para a biblioteca, junto com o soldado da Bola. (...) ele está preocupado com o que Trump fará na Casa
Branca e quer aconselhamento. Fica claro nos cabelos dele o efeito de oito anos
sentado naquela cadeira eléctrica (...) As duas se olham e Josephine põe a
mão na longitudinal, diante do rosto, Princess abre os canais privativos para
as agências do governo e a conversa se dá com os homens de confiança do
presidente. Não podem impedir que alguém faça besteiras, o antecessor foi prova
disso, mas todos podem deixar instruções claras para seus sucessores, mostrando
claramente os motivos de muito do que querem simplesmente não poder ser feito.
Lá fora a imprensa se amontoa diante da cena
incomum, enquanto Rebeca conversa com os agentes, já imaginando o teor do
assunto. Vai pouco mais de uma hora até as portas serem abertas, então os
agentes do governo se põe em alerta e, para sua surpresa, dezenas de agentes
residentes também (...) E lá vem Obama, fazer a surpresa para a população
civil e a alegria da imprensa (...) Patrícia permanece à porta,
sóbria (...) com aquela turba midiática se aproximando, clicando e
perguntando ao mesmo tempo. Ela sabe o que eles querem, então resume com “Ele
não teria permanecido lá dentro, se não fosse sigiloso”. A insistência
respeitosa e o intermédio de Henry surtem efeito...
- Ele está preocupado com o próximo inquilino
da Casa Branca e veio conversar.
- Que tipo de preocupação?
- Todas. Aquilo não é um playground, mas
todos os candidatos têm se comportado como se fosse.
Entra sem dizer mais, precisa realmente
retomar seu descanso e cuidar da visita (...) A Luppy e Consuelo ela pede sigilo e um sorvete de chocolate
com cereja, enquanto a notícia se espalha (...) Ela já se acostumou, e desta vez a outra parte não
teve a devida discrição.
Enquanto a arena em Dallas é concluída e
testada, eles descansam na dureza cotidiana, até o último evento oficial do ano
na cidade. Desta vez um Fórmula E está exposto entre dragsters e Fórmulas Indy (...) Elias e Sandra
chegam um pouco mais tarde, foram buscar Fabrícia, Raimundo e Francisco no
aeroporto. As coisas parecem ter ficado mais calmas para ela no Brasil (...) Os pequenos, por sua vez, observam a tudo com gula, sem saberem o que
está acontecendo (...) Deixam
a bagagem nos porta-malas do Model S e vão encontrar os outros na convenção.
Assim vai o ano até a eleição de Trump ser
confirmada, com o efeito de uma onda de choque varrendo o globo. E protestos de
gente que há muito declarou ódio à América, leva medo e depredação a várias
cidades americanas (...) É nesse clima que a Dead Train comete o
anacronismo de levar festa a Dallas, para dois e meio milhões de ghost drivers
cientes de que estão fazendo história. Chegam ovacionados por um oceano de fãs
tão entusiasmados quanto atentos, não querem que as cenas de guerra civil de
algumas partes do país aconteçam aqui (...) Klauss desce para registrar a
chegada da banda e ele mesmo é ovacionado, chamado pelo nome, mas infelizmente
não pode se virar e agradecer, precisa ficar atento à porta, até que Patrícia
aparece e a escala de decibéis é quebrada pelos gritos do público. Desta vez a
magnitude do espetáculo justificou a ajuda do LP32, para a felicidade de
Evelyn.
O Texas inteiro treme, enquanto contabiliza
os lucros do erário com a empreitada. A banda dá a cota tradicional de atenção
aos fãs e segue para o hotel provisório da mega arena. Um terço dos dez mil
trabalhadores é de membros da guarda imperial e da organização, com quem Aisha
vai ter imediatamente (...) logo tem a lista completa dos
colaboradores trabalhando no evento (...) Leva a lista para a avó em seu tabletrain. Os cinco
agentes, Richard teve que ir, vêem e reconhecem todos eles. Lá fora Julia
coordena as equipes oficiais de mídia, enquanto Ingrid age com a tia na análise
psicológica dos apresentadores que vão gravar durante o show; serão sete
programas com estilos bem distintos, que irão ao ar no sábado seguinte,
enquanto o Boa Noite Mundo vai na noite de sexta-feira.
Os astros do espetáculo, incluindo a
orquestra, estão em um auditório tão absurdamente luxuoso, que nem parece ser
provisório (...) Estão conhecendo por vídeo todo o complexo (...) Agora eles imaginam o
trabalho de Yuri para fazer aquele diorama tão detalhado. Ok, é hora de ver ao
vivo tudo isso, e cumprimentar o público que empenhou dois dias e seu suado
dinheirinho nessa brincadeira. Vão os cantores em um ônibus pela metrópole
transitória atiçar os fãs, mostrar que realmente estão lá e calar as bocas
maledicentes (...) Pois lá estão eles, as lendas vivas do pop rock esfregando a própria
felicidade na cara azeda do mundo, estimulando os fãs a fazerem o mesmo. Não
mais do que uma hora e estão de volta, gostaram muito do que e de quem viram.
A internet é inundada com imagens em photos e
vídeos do passeio, enquanto todos eles conhecem o palco de cento e cinqüenta
metros de largura. Tudo é testado com mais cuidado (...) Enzo toca algumas notas em sua
Stratocaster para testar a acústica, e toda a mega arena pára para ver. Está praticamente perfeita, só alguns
detalhes (...) e pronto, é aquilo que queriam. Tocam descompromissadamente Hug Now,
arrancando suspiros e gritos, depois passam para Fakefull e aprovam. Para a
maioria absoluta deles é a primeira vez em um ensaio livre (...) O carinho dedicado ao
público é o que eles já conheciam pela mídia, mas ao vivo...
- O Bobby me pegou no braços... O BOBBY ME
PEGOU NOS BRAÇOS...
- Nunca mais vou me lavar... Não até passar
esse cheirinho de Carly... Delícia...
Os que receberam o sagrado abraço de sua
alteza, nem conseguem falar. A banda vai em peso para o auditório dar a
entrevista oficial do show (...) o tempo é limitado e deixarão aos jornalistas políticos as perguntas políticas.
E eles o fazem...
- Sua influência sobre o American Monarchinst
Party tem algo a ver com a visita do presidente?
- Talvez... Talvez por isso ele tenha ido em
vez de me ligar... Ele não é bobo.
- E sobre o Brasil... Agora o presidente é um
homem chamado “Fear”...
- A pronúncia é “Têmer”, não “Temêr” –
corrige Renata. O Brasil não é pra amadores, meu amigo.
As perguntas sisudas não duram muito, logo
começam a falar dos assuntos da banda, de vez em quando esticando para algumas
polêmicas, como os gadgets que mais ninguém tem (...) Nos bastidores, com
Richard, Matthew, Klauss, Zigfrida e Julia, Aisha ouve atenta (...) As perguntas pessoais acabam chegando à sua
pessoa, que acaba amolecendo pela seda que Patrícia rasga por sua causa. Ela
até sorri.
Findam as perguntas, os entrevistados se
levantam e a assessoria de imprensa começa a trabalhar. Patrícia pega a neta de
jeito, enche de cócegas e a leva consigo (...) Vão cuidar
de si e dar notícias para suas casas, alguns para seus petizes, que sentem
falta dos pais. No caso da adolescente, é a mãe que sente sua falta (...) Ela
encerraria seu expediente quando a banda fosse dormir, mas por ordens da avó
vai para a cama primeiro (...) Vão todos descansar, que amanhã o ensaio será para
valer. Deixam as notícias correrem as mídias, elas não vão fazer uma pausa se
perderem o sono.
0 comentários:
Postar um comentário