Faltam dez dias para o meu aniversário. Aniversário lembra presente. Presente lembra que alguém se importou com a gente a ponto de comprar alguma coisa. Comprar alguma coisa lembra que nem sempre a gente gosta do que ganhou. E tudo isso me lembra dos presentes mais bizarros que eu já recebi.
Eu já ganhei um pogobol, por exemplo. Não tem nada de bizarro num pogobol. Estranha era eu, a única criança oitentista que não sonhava em ter um deles. Nunca gostei muito de brinquedos que pudessem me derrubar. Nem sei como aprendi a andar de bicicleta. O fato é que o pogobol acabou servindo à vizinhança toda. No fim das contas, foi um bom presente. Aprendi a ser generosa, a emprestar minhas coisas.
Já ganhei dois shortinhos do Tchan. Não eram do Tchan, mas eram do mesmo estilo que Carla Perez e Débora Brasil usavam naquela época. Nunca usei. Primeiro, porque eu sou mulé de respeito. Segundo, porque os shorts não me serviram. Sempre me faltou abundância.
Na adolescência, eu estava louca para ganhar um cd do Guns. Era a época do “Use Your Illusion I e II”. Uma boa alma, que não vou dizer quem é, resolveu me dar um cd do Simply Red. Se hoje, que eu já sou entrada em anos (momento zorra total), não me sinto pronta para ouvir Simply Red, imagine naquele tempo! A única semelhança entre Guns e Simply Red é que os vocalistas são ruivos. Taí, agora sei porque a pessoa se confundiu...
Meu pai, em suas viagens pelo Brasil, sempre se lembra de mim e traz uma lembrancinha. Pena que, com a distância, ele se esquece do meu tipo físico. Já me deu uma blusa que não serviria nem na Preta Gil. Nem vou mencionar a bolsa de cangaceiro que ele me trouxe da Paraíba. Aposto que Lampião tinha uma igualzinha. Triste.
Quando ele não viaja, se lembra de mim do mesmo jeito. E resolve me dar coisas especiais, como um palhaço (morro de medo e escondi no meio da estante de livros), um gnomo (morro de medo e nem sei onde soquei a criatura) ou um kit de maquiagens made in Paraguai, com sombras que eu só usaria se trabalhasse num bordel.
Falando em bordel, uma vez ganhei o perfume Inamoratta, do Boticário. Nem sei se ainda existe, mas era hit nos anos 90. O cheiro lembra uma mistura de cerveja choca, cigarro e flores de velório. Nunca entendi como tinha gente que gostava daquilo. Por que não me deram um Thaty?
Eu sei que, ao presentear, o que vale é a intenção. Também sei que é muito feio falar mal dos presentes que a gente ganha. Mas não se preocupem: ninguém sabe que eu tenho um blog.
Daqui a dez dias, presentes serão bem vindos. Qualquer coisa, é só trocar. Ou escrever um texto maligno.
segunda-feira, 9 de março de 2009
Dá pra trocar?
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7 comentários:
Te darei um texto maligno de presente.
Maravilhosa como sempre, Deb.
Adorei vc falando do seu pai.
Como sempre, uma delícia de texto, ó Sacerdotisa!
Beijos mil adiantados de aniversário...
Acho todo mundo já ganhou presente digno dum texto malignos. Principalmente em amigos secretos e aniversários.
Nunca ganhei pogobol, bicicleta, nem bobagens de baianismo estereotipado.
Paciência com teu pai. É melhor ter um que se importa de verdade, por mais que isso signifique passar por constrangimentos. Acredite que é.
Amigo secreto é um horror. A gente dá uma caixa de bombom e recebe um lápis.
Desencarnei com esse texto, Debs
hahhaha, seu pai já tava advinhando que sua vida seria uma prosituição... tudo converge pra isso... desde o short do É o tchan!, tudo indica que nós nos conheceríamos... hahhaha lei da atração...
Eu meio que gosto do Simply Red. Os textos da Debs são sempre tão bons :)
Atoron mesmo!
Me respeeeeeeeeeeite, Frank! Quem ler isso vai achar que eu tô por roubo!
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