quinta-feira, 7 de fevereiro de 2019

Dead Train in the rain CLIX

    CIA chama! A estação 159 coloca o baixinho novamente sob os holofotes que ele odeia, mas terá que enfrentar assim mesmo. Embarquem, o trem vai partir.


Enquanto programas concorrentes criticam a entrevista com o bordão “Ele não leu sobre o construtivismo!”, Elias acompanha o filho em uma das lições de ciência e tecnologia de Richard...

- Viu? É assim que aquele carrinho azul que sua irmã te deu funciona. Você gira aqui e a mola gira, ficando mais espremida, uma trava aqui impede que ela se solte. Quando você destrava, ela só consegue aliviar a força girando, é assim que ela faz as rodas girarem, e são as rodas que empurram seu carrinho.

Deixa o menino mexer à vontade (...) Ele aperta e libera várias vezes, até ter a idéia de segurar a chave e deixar descarregar lentamente, então ele fica fascinado...

- Pronto, você acaba de fazer dele um amante da mecânica.

- Um ano e meio antes do que eu esperava, é uma vitória!

- Lá! Lá! Lá a pecinha que faz “tec-tec-tec”!

O garoto se entusiasma em mostrar sua descoberta. O ajudam a montar um carrinho com peças velhas (...) moldam e recortam a quente um vasilhame branco vazio de água clorada e o menino tem uma pick-up tosca que ele mesmo ajudou a fazer. Faz questão de mostrar para todo mundo, dizer que ajudou a fazer, demonstrar o funcionamento e explicar como funciona. O pai do menino sente uma satisfação difícil de explicar (...) Patrícia e Athur vão ver o afilhado, que dormiu cedo após o dia tão intenso. Uma pena, mas ela se vira para o primeiro afilhado, faz com o dedo sinal de “Eu não disse?” e o abraça.

Na manhã seguinte o menino não se furta de mostrar à madrinha, explica à sua maneira em detalhes, às vezes a imaginação viaja (...) Elizabeth e Prudence aparecem com as meninas, para também verem o que a cidade inteira comenta pela rede social interna, e ele passa a explicar também às garotas, que se encantam (...) mais ainda quando ele dá corda até o talo e o brinquedo dispara a toda velocidade. Até sonha em vê-lo futricando em sua oficina, levando uma bronca e depois do castigo, ajudando a construir seu próprio mini carro. Suspira.

Em casa, Norma recebe a ligação de Goiânia, os pais de Elias já providenciaram tudo, só esperam pelas passagens. Ele não fica muito feliz, mas não faz mais aquela carranca. Manda o dinheiro e avisa para que os mandem pela primeira classe (...) A repercussão de sua entrevista não parou, nesses poucos dias, outros programas especializados se dedicam a montar uma equipe de notáveis para dar pareceres ao vivo, em horário nobre. Alguns querem ridicularizá-lo (...) mas a maioria quer ver até que ponto o que ele disse pode ser aplicado, e por que funciona tão bem em Sunshadow. Para um grupo específico só há uma resposta: Os aliens!

Ele está vendo os relatórios instantâneos dos caixas, quando aquela maldita campainha o assusta outra vez. Pensa “Vou matar esse Zukerberg” e atende o chamado. É Julia com literalmente milhares de mensagens de acadêmicos para serem respondidas...

- Posso te enviar ou mando para uma assessoria?

- Quem são esses loucos?

- Re, re, re, re... Educadores, philosophos, ensaístas e uns caras da CIA que eu conheço.

- Esses você manda pra madrinha, eu não quero ligações com o universo das conspirações, já tenho problemas suficientes.

Agora ela dispara a rir. Chama Patricia para a conversa, ela decide ir ter pessoalmente com os “colegas” de vida secreta (...) A explicação convence, ela consente, desde que Knockout possa acompanhar in loco a entrevista. Elias protesta...

- Mas o que esses caras querem comigo? Eu violei alguma regra de segurança nacional? Minhas histórias para ninar crianças decifraram algum segredo de Estado?

- Não, meu querido, eles só querem compreender o seu raciocínio topológico. Você tem um pensamento muito complexo e o coordena com uma facilidade muito grande, eles notaram isso na entrevista. Essas conversas vão ajudar muito a prevenir ataques e sabotagens, porque eles vão aprender a raciocinar de forma tão coordenada e independente.

- “Conversas”? “Visitas”? É no plural mesmo? Quando vou poder ser só um pai de família?

- Well... Never. Você teve a petulância de exibir involuntariamente seus talentos ao mundo, lamento, honey. Não tem volta.

&

Tudo como a noiva quer (...) Um líder apache ajuda Renata, Marcia e Phoebe na celebração simples e rápida. Lidia e Kurt trocam alianças e vão para para a reunião íntima. Crazy Horse tem seu primeiro contacto com amigos que não via desde que fugiu da reserva (...) Passarão uma semana dedicando-se às intimidades conjugais e ao aprofundamento dela em suas raízes, no Arizona, onde toda essa encrenca começou.

Antes, entretanto, cumprirá a promessa de ser uma moça, deixando para as horas de necessidade sua seriedade clerical. O líder da nação que vai hospedá-los fica intrigado com os cabelos totalmente brancos em uma mulher tão jovem...

- Eu prometi que comediria minha seriedade, mas eles são o retrato do que eu sou. Não estou nesta sina há pouco tempo, eu vi milhares de gerações e é por elas que respondo hoje.

- John, ela fala como minha avó!

- Porque eu sou sua avó.

- Não fale demais, ela pode revelar situações constrangedoras a seu respeito.

Loren se aproxima e cuida para que a filha mantenha sua promessa (...) Voam à noite, acompanhados de seus anfitriões (...) Avó, pais e irmãos do rapaz voltam felizes para casa, que fica muito grande sem ele. Elias pensa seriamente e arremata uma Pontiac Catalina Wagon 1969 bege com lateral de madeira, para poder carregar os netos prometidos (...) Está ansioso, vai ao quarto recém desocupado, vai ao jardim do quintal, volta para a sala já sem a expressão sóbria e sólida, senta-se lentamente no sofá e não se segura mais. Sandra é a primeira a ouvir e ir acolher o pai choroso, que não fala, mas quer o filho de volta.

Renata aparece de manhã bem cedo (...) Naomi segue a mãe, já se acostumando às suas actividades. De cara abraça o rapaz, ele não a engana, elimina a tensão superficial que mantinha sua pose...

- Nunca finja que está bem. Você tem que agüentar, mas não tem que se fazer de forte e fingir que a dor passou.

Mais tarde, em uma reunião da banda, ela conta tudo. Diz que ele segurava tão bem, que nem Patrícia conseguiria identificar de cara a tristeza...

- Ele é mais parecido com você do que comigo.

- Desta vez eu não fico feliz com a semelhança. Mas o que podemos fazer, além de esperar? É só uma semana... Mas me dói mesmo assim.

Passam para os planos dos próximos três shows, na costa leste. Patrícia e Rebeca trocam sinais secretos (...) Perto dali, Sandra conta aos outros a tristeza de ver o pai assim. Foram poucos anos, mas (...) pareciam pai e filho biológicos. Giovanni nasceu quando a irmã já estava casada e as primas prestes a virem à luz, não sofreu separação.

Embarcam no dia seguinte para uma gravação, depois para Columbia e Raleigh, de lá para Nashville, depois mais um vídeo em Atlanta com vários trechos subliminares. Contactos sigilosos deram início a uma campanha de aglutinação dos ghost drivers e simpatizantes da banda, para em dez anos iniciarem a campanha subliminar de unificação do continente (...) Voltam a Sunshadow a tempo de verem Kurt e Happy Moon descerem do avião. Os carregam, colocam no velho GMC Coach e os levam para sua casa na cidade nova (...) Os presentes incluem uma van Greenbrier 1964 híbrida muito customizada e um Ford Pinto 1975 eléctrico; este não explode.

Kurt pede licença e vai à Sandra Cocada do shopping. Encontra justo o Lord Stubbornness como esperava, com a cara enfiada no meio de papéis e computadores, para fugir da tristeza (...) Todos os muitos lutos lhe vêm à mente sempre que se lembra daquele quarto vazio. O rapaz entra silente no escritório, espera ele terminar uma negociação, para não atrapalhar, então dá passos mais firmes...

- Você engana muito bem os funcionários, a mim não engana. Seu neto está a caminho, chorão.

Ele não se agüenta, desmorona nos braços do filho e chora até esvair tudo. Retomam quase toda a rotina, com encontros diários para conversas profundas (...) Enya (...) não deixa de estar imensamente feliz, o marido é o exacto oposto do estereótipo do padrasto. Imagina que ele seria capaz de se tornar pai de qualquer criança posta em suas mãos.

Na primeira visita da CIA, um casal de agentes à paisana que foi como se fosse a negócios, ele está calmo (...) Sandra está lá, como combinado, atenta. Os dois (...) compreendem a precaução. O relatório à madrinha é milimétrico...

- Tentaram conduzir o raciocínio dele para descobrirem mais coisas. Retome a companhia nas próximas vezes, ele é escorregadio, mas a agência sabe cercar uma pessoa.

- Eu tinha sacado isso. Acha que conseguiram o que disseram que queriam?

- Conseguiram e vão aplicar imediatamente, mas isso é com eles. Você vai ser a próxima a fazer seu pai chorar?

- É... Então, fiquei com uma pulga atrás da orelha agora. Vou ter que preparar bem o terreno.

- Prepare, mas não deixe seus planos amornarem. Data?

- Ah, um ano e meio ou dois a gente decide. A gente quer planejar tudo, pra agenda estar livre e poder curtir bem o primeiro mês...

Fala com mais leveza dos planos para a vida de casada, das casas em que já está de olho (...) de todas as coisas que quer fazer com o amado até lá.

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