Renovação e rotina. A estação 167 tem dois novos elementos para teorias conspiratórias, adoçados pela salubridade a rotina pessoal. Todos à bordo, o trem vai partir.
Elizabeth e Prudence entregam aos pais o
planejamento da novela. São cem páginas que servirão como chassi para as mais
de quatro mil, que escreverão ao longo de doze anos (...) Uma lida por cima, algumas perguntas de praxe e a promessa de
leitura rápida...
- Vocês já começaram?
- Yeap, dad. Proo não quis esperar, então já
começamos a falar da guerra com o México, com detalhes picantes e sórdidos.
- Esperar pra quê? A gente já tem material de
pesquisa pra se graduar em história da guerra da secessão. Até a metalurgia da
época a gente já conhece!
- Oho! Então os amores da mamãe fizeram um
curso de mecânica industrial? Me contem!
O assunto interessa Patrícia. Ela reconhece,
as moças se esmeraram, mas quer que coloquem esse conhecimento em prática (...) Deixa Arthur adiantando a leitura e vai com elas à oficina do
pai (...) Fundem e usinam algumas peças didáticas de ferro nodular, deixando-as mais
aptas a tocar no assunto, no decorrer da novela.
Elas voltam para suas casas, pegam seus laptops,
os sincronizam e vão para o quintal comum, começar a descrever com mais
propriedade algumas cenas que tinham em mente, como “Anthony Walker mal sabia
atirar, mas conhecia bem de metalurgia e sabia que aquelas armas tinham carbono
demais, se quebrariam facilmente e poderiam até ferir seus portadores...” (...) Na Piscina, com os pais, as meninas confirmam
a tendência de grude, se portando como se fossem gêmeas. Dormem cedo, pelo
cansaço do dia cheio, enquanto outras crianças pelo país querem continuar vendo
alguma série de televisão, mastigando alguma coisa que mal saberiam dizer o que
é.
Logo de manhã, Patrícia chama os
colaboradores veteranos para a leitura do planejamento. Brain exibe um sorriso (...) elas aprenderam direitinho (...) Princess destaca a forma como elas
pretendem escancarar métodos e motivações reais, por personagens e situações
fictícios, às (...) vezes ridicularizando o preconceito que o americano
médio tem contra si mesmo. Findada a leitura, ela pergunta por alguma
observação. Nenhuma. Então reavisa sobre a visita de dois membros da liga (...) Quer que sejam solícitos e não
neguem informações que aspirantes à organização podem ter. Ela encerra a sessão
e Richard se aproxima...
- Fazia muito tempo que eu não te via tão
leve. Esperançosa?
- Muito, dad. Vou colocar a Eddie para servir
de companhia de Ursula, elas vão se entender a as coisas vão fluir bem.
- E Barney?
- Ele fica com a gente. Ele vai cantar no
festival.
- Irmã, qual será a reação dele, quando
acordar com o nosso treinamento?
- De respeito. Vai pregar os olhos em cada
movimento e nós vamos convidá-lo a participar.
Informam Josephine e depois Melinda. Barney e
Ursula recebem suas passagens no mesmo dia. Ela vai falar com a gerência do
hotel, aprendeu a ser persuasiva e agora conta com um argumento forte.
&
Glenda autoriza rodarem o almanaque, passa
para sua coluna semanal de esoterismo no Coast to Coast News e no Sunshadow
News. Nesta semana fala de Paranapiacaba, interior do Estado brasileiro de São
Paulo (...) e sua convenção anual de bruxaria. Cita os nomes
mais proeminentes de freqüentadores, como uma xará de sua amada mãezinha
maluquinha...
- Uma bruxa com o meu nome??
- Falei com ela algumas vezes. É doidinha
também!
- Ei, menina! Olha o respeito!
- Re, re, re, re, re, re... Vou convidá-la
para conhecer nossa fazenda qualquer dia desses... Vou mandar umas photos pra
ela... Ainda não mandei nenhuma além das do museu!
Seleciona seis de seu jardim encantado, de um
altar a Lakshmi e de alguns instrumentos (...) Trabalha e ajuda a salvar o mundo com a leveza das
fadas, apesar de sua figura já pesada ter dificuldades para perambular pela
fazenda. Eduarda e Renato aparecem de surpresa (...) Ver aquele Nash Ambassador 1951 entrar na fazenda,
além de atrair a curiosidade dos visitantes do museu, enche as duas de
entusiasmo. Nunca tiveram outro carro, nos Estados Unidos. O Renault 4 ficou no
Brasil, com uma tia que repassou para o filho, que repassou para um
colecionador, que só depois de pagar soube da jóia que tinha em mãos, ao
confirmar o sobrenome.
Apesar da fama de birutinha, é uma mulher
responsável e uma colaboradora dedicada da organização (...) Eles voltam algumas
horas depois, com um amuleto que a neta fez na hora com pregos envoltos em um
grosso patuá de tecido negro, com alguns símbolos de proteção em dourado, agora
pendurado no retrovisor. Renata tem boas notícias, que ajudam a dar ritmo na
dureza mansa do cotidiano...
- Vai ser muito legal! Uma garota tão lúcida
que se faz de maluca, vai ser uma mãe incrível!
- Ela ainda falou da visita desse cantor que
vocês descobriram, mas de um jeito... O que cês tão aprontando, heim?
- A gente não aprontou nada, mãe. Não
ainda... A companhia dele tem uma história bem triste...
Eles se sentam e a encaram, agora ela tem que
contar. Conta a história de Ursula, os comove (...) vão receber a moça com carinho, ela precisa e demonstrou
caráter suficiente para merecer alguns afagos.
&
Lobsang se senta e faz pose de quem montou
guarda (...) Os paparazzi
mantém uma distância prudente, enquanto Rebeca e Ronald entram na Máquina de
Costura. Saem com Patricia e o mastim acompanha. Na casa ficam Arthur e Luppy
com Lady Spy (...) ela gozando do privilégio de
trabalhar para seu ídolo. Com seus filhos estudando na fundação, trabalha com
tranqüilidade, aproveitando para sorver parte da bagagem dos patrões e se
servir da vasta biblioteca, nas horas de folga.
Arthur pega uma cocada em um vidro, sai
comendo e se surpreende com a pergunta “Que gosto isso tem?” da negra...
- Coco, é claro... É uma cocada. Nunca viu
uma?
- Ver eu já vi, mas tem uma cara tão estranha
que nunca comi.
- “Estranha” como?
- Essa aí parece um ninho de aranha, e tem
umas quadradas que aprecem sabão de lavabo...
- Eh... Pode comer, tem gosto de coco, eu
garanto. Foi a Sandra que fez.
Ela gosta (...) No fim do dia, leva algumas para casa, na companhia da prole. O
metrô é rápido, mas dá tempo para ela ouvir dos filhos as aventuras de hoje na
escolinha. Andam um pouco até sua vizinhança (...) O marido decidiu que faria o jantar de hoje e escolheu comida mexicana
para o cardápio. Em Sunshadow, Arthur conta aos três do espanto de Luppy diante
da cocada.
Ela consegue manter a casa limpa e
organizada, era o que se esperava dela, mas está se mostrando uma pessoa muito
interessante. As histórias dela dão boas margens para musicalidade, como quando
foi chamada de “Garota Playmobil” por um sujeito abusado (...) Deu uma surra no cidadão que poucos
anos depois viria a ser seu marido...
- Eu tinha minhas razões para não querer gente
estranha aqui, mas não me arrependo de ter contractado a Luppy. Só a companhia
dela já valeria a pena.
- Saber que tem alguém com você, pelo menos
três vezes por semana, me alivia muito, quando estou trabalhando.
- O Greg tá certo, irmã. Ela tá te fazendo
muito bem, a gente tem que agradecer a Melanie pela indicação. Só de fazer você
rir, já é um grande serviço.
- Além de ter trazido crianças ainda pequenas
para a sua mãe educar. Sem querer ela fez bem pra todo mundo.
- Fez, Ron. Fez muito bem. Mamãe ficou um
pouco mais iluminada, com esses três. Eu temia ter assustado ela, no primeiro
dia, por causa do rigor com que dei as instruções.
Conversam enquanto ela dança com o marido e
os pequenos, ao som de mariachis mexicanos. No dia seguinte ela não trabalha,
mas leva os filhos à fundação (...) Sai feliz para casa, quando vê Daniel e Laura inaugurando
oficialmente os subterrâneos da cidade (...) com meses
de antecipação e conseqüente redução de custos. Ela vai atrás da multidão (...) Volta com muitas photos para mostrar e contar aos vizinhos, é parecido com um
shopping center gigantesco, mas é uma obra pública de acesso livre. Os muitos
vãos são como corredores de um shopping, com muitas claraboias fornecendo
iluminação natural, torres de vento pela cidade cuidam da ventilação, servindo
também de entradas. Os muitos jardins públicos, as residências e os
reservatórios de água são fechados.
Para quem precisar, há carros de golfe
eléctricos imitando os clássicos dos anos 1930, 1940 e 1950, adaptados para o
transporte interno (...) a alimentação é por
indução, com espiras sob o piso e sob os baixos assoalhos. Melody teve sua
cadeira adaptada para isso, agora pode ir para sua maison mesmo com a neve lá
fora anunciando a nova era glacial.
Os seis amigos estão lá, prestigiando o
empreendimento que vai resolver um problema que acomete todos os países do hemispherio
norte. Vão ver a escola de balé de Mandy, onde as primeiras aulas não esperam
por protocolos (...) A moçoila observa o andamento das
turmas, enquanto confere a administração. Ela (...) sabe que viver um sonho não é deitar a cabeça no travesseiro e dormir.
Jean Pierre e Sally acompanham a filha em seu primeiro dia de realização, lá
fora os paparazzi clicam sem poderem entrar, mas rende boas tomadas mesmo
assim.
De dentro dos subterrâneos mesmo alguns
apresentadores gravam, fazendo expressões e gestos dramáticos, novamente com
aquela ladainha de como uma cidade antes fadada ao desaparecimento (...) conseguiu em um tempo tão curto toda aquela
infraestrutura que, virtualmente, não existe em nenhuma metrópole do mundo (...) teria
custado verdadeiras fábulas de dinheiro. Tobby está lá perto, entrevistando a
população, conversando com engenheiros e arquitetos, colhendo detalhes para uma
matéria de nível. Claro, há mensagens cifradas para os comparsas do mundo
inteiro, é essa a maior motivação para manter o Boa Noite Mundo no ar por mais
de cinqüenta anos (...) Julia foi encarregada de
acompanhar os seis salvadores da cidade. Eles apresentam os andares subterrâneos
do estúdio, o terceiro é de acesso público, com entretenimento, informações e
um grande karaokê para quem quiser se arriscar, já com filas de fãs.
A inauguração acaba se tornando um evento
Dead Train (...) no final das contas foi por causa deles que há
mais de quarenta anos, o alicerce de tudo aquilo foi construído. Não demonstram
modéstia, sabem que foram responsáveis, mas não assumem a autoria sozinhos (...) O recado dado a muitas cidades é claro, se seus
prefeitos quiserem fazer algo assim, ainda que em menor escala, eles farão e
resolverão muitos problemas de trânsito, de perdas de vidas pelo inverno e
paralização da economia local.
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