sexta-feira, 15 de fevereiro de 2019

Dead Train in the rain CLXVII

    Renovação e rotina. A estação 167 tem dois novos elementos para teorias conspiratórias, adoçados pela salubridade a rotina pessoal. Todos à bordo, o trem vai partir.


Elizabeth e Prudence entregam aos pais o planejamento da novela. São cem páginas que servirão como chassi para as mais de quatro mil, que escreverão ao longo de doze anos (...) Uma lida por cima, algumas perguntas de praxe e a promessa de leitura rápida...

- Vocês já começaram?

- Yeap, dad. Proo não quis esperar, então já começamos a falar da guerra com o México, com detalhes picantes e sórdidos.

- Esperar pra quê? A gente já tem material de pesquisa pra se graduar em história da guerra da secessão. Até a metalurgia da época a gente já conhece!

- Oho! Então os amores da mamãe fizeram um curso de mecânica industrial? Me contem!

O assunto interessa Patrícia. Ela reconhece, as moças se esmeraram, mas quer que coloquem esse conhecimento em prática (...) Deixa Arthur adiantando a leitura e vai com elas à oficina do pai (...) Fundem e usinam algumas peças didáticas de ferro nodular, deixando-as mais aptas a tocar no assunto, no decorrer da novela.

Elas voltam para suas casas, pegam seus laptops, os sincronizam e vão para o quintal comum, começar a descrever com mais propriedade algumas cenas que tinham em mente, como “Anthony Walker mal sabia atirar, mas conhecia bem de metalurgia e sabia que aquelas armas tinham carbono demais, se quebrariam facilmente e poderiam até ferir seus portadores...” (...) Na Piscina, com os pais, as meninas confirmam a tendência de grude, se portando como se fossem gêmeas. Dormem cedo, pelo cansaço do dia cheio, enquanto outras crianças pelo país querem continuar vendo alguma série de televisão, mastigando alguma coisa que mal saberiam dizer o que é.

Logo de manhã, Patrícia chama os colaboradores veteranos para a leitura do planejamento. Brain exibe um sorriso (...) elas aprenderam direitinho (...) Princess destaca a forma como elas pretendem escancarar métodos e motivações reais, por personagens e situações fictícios, às (...) vezes ridicularizando o preconceito que o americano médio tem contra si mesmo. Findada a leitura, ela pergunta por alguma observação. Nenhuma. Então reavisa sobre a visita de dois membros da liga (...) Quer que sejam solícitos e não neguem informações que aspirantes à organização podem ter. Ela encerra a sessão e Richard se aproxima...

- Fazia muito tempo que eu não te via tão leve.  Esperançosa?

- Muito, dad. Vou colocar a Eddie para servir de companhia de Ursula, elas vão se entender a as coisas vão fluir bem.

- E Barney?

- Ele fica com a gente. Ele vai cantar no festival.

- Irmã, qual será a reação dele, quando acordar com o nosso treinamento?

- De respeito. Vai pregar os olhos em cada movimento e nós vamos convidá-lo a participar.

Informam Josephine e depois Melinda. Barney e Ursula recebem suas passagens no mesmo dia. Ela vai falar com a gerência do hotel, aprendeu a ser persuasiva e agora conta com um argumento forte.

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Glenda autoriza rodarem o almanaque, passa para sua coluna semanal de esoterismo no Coast to Coast News e no Sunshadow News. Nesta semana fala de Paranapiacaba, interior do Estado brasileiro de São Paulo (...) e sua convenção anual de bruxaria. Cita os nomes mais proeminentes de freqüentadores, como uma xará de sua amada mãezinha maluquinha...

- Uma bruxa com o meu nome??

- Falei com ela algumas vezes. É doidinha também!

- Ei, menina! Olha o respeito!

- Re, re, re, re, re, re... Vou convidá-la para conhecer nossa fazenda qualquer dia desses... Vou mandar umas photos pra ela... Ainda não mandei nenhuma além das do museu!

Seleciona seis de seu jardim encantado, de um altar a Lakshmi e de alguns instrumentos (...) Trabalha e ajuda a salvar o mundo com a leveza das fadas, apesar de sua figura já pesada ter dificuldades para perambular pela fazenda. Eduarda e Renato aparecem de surpresa (...) Ver aquele Nash Ambassador 1951 entrar na fazenda, além de atrair a curiosidade dos visitantes do museu, enche as duas de entusiasmo. Nunca tiveram outro carro, nos Estados Unidos. O Renault 4 ficou no Brasil, com uma tia que repassou para o filho, que repassou para um colecionador, que só depois de pagar soube da jóia que tinha em mãos, ao confirmar o sobrenome.

Apesar da fama de birutinha, é uma mulher responsável e uma colaboradora dedicada da organização (...) Eles voltam algumas horas depois, com um amuleto que a neta fez na hora com pregos envoltos em um grosso patuá de tecido negro, com alguns símbolos de proteção em dourado, agora pendurado no retrovisor. Renata tem boas notícias, que ajudam a dar ritmo na dureza mansa do cotidiano...

- Vai ser muito legal! Uma garota tão lúcida que se faz de maluca, vai ser uma mãe incrível!

- Ela ainda falou da visita desse cantor que vocês descobriram, mas de um jeito... O que cês tão aprontando, heim?

- A gente não aprontou nada, mãe. Não ainda... A companhia dele tem uma história bem triste...

Eles se sentam e a encaram, agora ela tem que contar. Conta a história de Ursula, os comove (...) vão receber a moça com carinho, ela precisa e demonstrou caráter suficiente para merecer alguns afagos.

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Lobsang se senta e faz pose de quem montou guarda (...) Os paparazzi mantém uma distância prudente, enquanto Rebeca e Ronald entram na Máquina de Costura. Saem com Patricia e o mastim acompanha. Na casa ficam Arthur e Luppy com Lady Spy (...) ela gozando do privilégio de trabalhar para seu ídolo. Com seus filhos estudando na fundação, trabalha com tranqüilidade, aproveitando para sorver parte da bagagem dos patrões e se servir da vasta biblioteca, nas horas de folga.

Arthur pega uma cocada em um vidro, sai comendo e se surpreende com a pergunta “Que gosto isso tem?” da negra...

- Coco, é claro... É uma cocada. Nunca viu uma?

- Ver eu já vi, mas tem uma cara tão estranha que nunca comi.

- “Estranha” como?

- Essa aí parece um ninho de aranha, e tem umas quadradas que aprecem sabão de lavabo...

- Eh... Pode comer, tem gosto de coco, eu garanto. Foi a Sandra que fez.

Ela gosta (...) No fim do dia, leva algumas para casa, na companhia da prole. O metrô é rápido, mas dá tempo para ela ouvir dos filhos as aventuras de hoje na escolinha. Andam um pouco até sua vizinhança (...) O marido decidiu que faria o jantar de hoje e escolheu comida mexicana para o cardápio. Em Sunshadow, Arthur conta aos três do espanto de Luppy diante da cocada.

Ela consegue manter a casa limpa e organizada, era o que se esperava dela, mas está se mostrando uma pessoa muito interessante. As histórias dela dão boas margens para musicalidade, como quando foi chamada de “Garota Playmobil” por um sujeito abusado (...) Deu uma surra no cidadão que poucos anos depois viria a ser seu marido...

- Eu tinha minhas razões para não querer gente estranha aqui, mas não me arrependo de ter contractado a Luppy. Só a companhia dela já valeria a pena.

- Saber que tem alguém com você, pelo menos três vezes por semana, me alivia muito, quando estou trabalhando.

- O Greg tá certo, irmã. Ela tá te fazendo muito bem, a gente tem que agradecer a Melanie pela indicação. Só de fazer você rir, já é um grande serviço.

- Além de ter trazido crianças ainda pequenas para a sua mãe educar. Sem querer ela fez bem pra todo mundo.

- Fez, Ron. Fez muito bem. Mamãe ficou um pouco mais iluminada, com esses três. Eu temia ter assustado ela, no primeiro dia, por causa do rigor com que dei as instruções.

Conversam enquanto ela dança com o marido e os pequenos, ao som de mariachis mexicanos. No dia seguinte ela não trabalha, mas leva os filhos à fundação (...) Sai feliz para casa, quando vê Daniel e Laura inaugurando oficialmente os subterrâneos da cidade (...) com meses de antecipação e conseqüente redução de custos. Ela vai atrás da multidão (...) Volta com muitas photos para mostrar e contar aos vizinhos, é parecido com um shopping center gigantesco, mas é uma obra pública de acesso livre. Os muitos vãos são como corredores de um shopping, com muitas claraboias fornecendo iluminação natural, torres de vento pela cidade cuidam da ventilação, servindo também de entradas. Os muitos jardins públicos, as residências e os reservatórios de água são fechados.

Para quem precisar, há carros de golfe eléctricos imitando os clássicos dos anos 1930, 1940 e 1950, adaptados para o transporte interno (...) a alimentação é por indução, com espiras sob o piso e sob os baixos assoalhos. Melody teve sua cadeira adaptada para isso, agora pode ir para sua maison mesmo com a neve lá fora anunciando a nova era glacial.

Os seis amigos estão lá, prestigiando o empreendimento que vai resolver um problema que acomete todos os países do hemispherio norte. Vão ver a escola de balé de Mandy, onde as primeiras aulas não esperam por protocolos (...) A moçoila observa o andamento das turmas, enquanto confere a administração. Ela (...) sabe que viver um sonho não é deitar a cabeça no travesseiro e dormir. Jean Pierre e Sally acompanham a filha em seu primeiro dia de realização, lá fora os paparazzi clicam sem poderem entrar, mas rende boas tomadas mesmo assim.

De dentro dos subterrâneos mesmo alguns apresentadores gravam, fazendo expressões e gestos dramáticos, novamente com aquela ladainha de como uma cidade antes fadada ao desaparecimento (...) conseguiu em um tempo tão curto toda aquela infraestrutura que, virtualmente, não existe em nenhuma metrópole do mundo (...) teria custado verdadeiras fábulas de dinheiro. Tobby está lá perto, entrevistando a população, conversando com engenheiros e arquitetos, colhendo detalhes para uma matéria de nível. Claro, há mensagens cifradas para os comparsas do mundo inteiro, é essa a maior motivação para manter o Boa Noite Mundo no ar por mais de cinqüenta anos (...) Julia foi encarregada de acompanhar os seis salvadores da cidade. Eles apresentam os andares subterrâneos do estúdio, o terceiro é de acesso público, com entretenimento, informações e um grande karaokê para quem quiser se arriscar, já com filas de fãs.

A inauguração acaba se tornando um evento Dead Train (...) no final das contas foi por causa deles que há mais de quarenta anos, o alicerce de tudo aquilo foi construído. Não demonstram modéstia, sabem que foram responsáveis, mas não assumem a autoria sozinhos (...) O recado dado a muitas cidades é claro, se seus prefeitos quiserem fazer algo assim, ainda que em menor escala, eles farão e resolverão muitos problemas de trânsito, de perdas de vidas pelo inverno e paralização da economia local.

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