A princesa na fortaleza. A estação 169 desenha a sabedoria popular; quanto mais reforçada a embalagem, mais delicado é o conteúdo. Embarquem, o trem vai partir.
Na manhã do dia anterior, os seis estão no
aeroporto, com Marcia, esperando pela revelação e sua companhia (...) A cada cidadão foi recomendado
fazer com que se sintam em casa, e que reporte qualquer coisa. O avião taxia
naquela monotonia segura que não dá audiência. Barney aparece primeiro, com o
vício de Mars Storm de verificar tudo antes de passar por uma porta, mesmo
rapidamente. Elegante, sóbria e aparentemente impassível, vem Ursula logo em
seguida (...) Patricia acena
e eles localizam seus anfitriões. Por ordens dela, a imprensa mantém desta vez
uma distância elegante, para não constranger a visitante.
Barney é recebido com farra, Ursula com
carinho. Ela gosta, mas mantém a discrição. Nota a reverência de todas as
pessoas para com os seis, e dos cinco para com Patrícia. Marcia não a
impressiona, mas relevar as aparências é algo que um super herói aprende
rapidamente, se quiser viver. O lendário CMG Coach híbrido com seu motor
marítimo original (...) agora será sua condução (...) Enquanto os seis conversam com Barney sobre as
apresentações que tem feito, e adiantam alguma coisa sobre o lançamento do
primeiro álbum, Ursula os estuda e nota que Marcia também o faz...
- Eles são sempre assim?
- De bom humor, sim. De mau humor eles se
fecham e evitam qualquer conversa.
- Impressionante saber que eles têm mau
humor, de vez em quando.
- Dura pouco. Não resiste à primeira visão de
um neto.
É uma informação valiosa para Dead Hope.
Chegam à Máquina de Costura. A casa impressiona muito (...) Luppy preparou o festim
de boas vindas assim que o avião entrou no radar. Lá fora a imprensa ganha seu
pão de cada dia, enquanto Patrícia se dirige aos hóspedes...
- Vejam lá fora. Não pensem que com o tempo
eles se cansam de nós, só piora. Vamos, vou mostrar suas suítes e depois ao
lanche...
Eles gostam da culinária mista de Sunshadow.
As receitas são entregues sem hesitação, nutrindo o clima amistoso. O ambiente
encantador ajuda, deixa nos dois uma sensação de segurança que é rara na liga.
Vão à biblioteca (...) o tipo de ambiente que a
visitante aprecia, ainda mais com aquele acervo que nunca foi divulgado (...) A decoração da madeira que forra o recinto
diz muito sobre a dona da casa, que foi quem decidiu tudo em cada milímetro de
seu lar. Os dois percebem que (...) devem evitar qualquer sinal ou gesto que
remeta à liga, diante dos seis.
Renata demonstra mais intimidade, pela origem
do cantor. Faz uma série de perguntas sobre sua família (...) Rebeca chama atenção por falar menos, embora interaja e
ria em profusão. Informalmente concluem os rumos que Barney dará à sua
carreira, oferecem inclusive seu estúdio para a gravação do disco (...) Lady Spy surge de seu esconderijo, após concluir
que é seguro encarar os visitantes. Ursula se recolhe um pouco, é involuntário.
Tem receio com gatos, tanto mais quanto maior e mais bonito, e aquele é um
exemplar imenso e de beleza rara...
- Deveria ter nos avisado. Fique calma, a
manterei ao meu lado e ficarei a uma distância elegante.
- Thank you and I’m sorry.
- Não se desculpe, todos temos algum trauma
emerso ou oculto.
Marcia vê um trabalhinho delicado à sua
frente. Se ela vir Spark sem aviso prévio, pode enfartar. Faz o alerta, pois
pretende apresentar suas três crianças...
- Um gato desse tamanho??? E ele cabe na sua
casa???
- Já coube na minha mão, mas cresceu.
Cresceu e hoje patrulha os limites da casa.
Um turista sem noção, que tenta arrancar uma rosa branca do jardim da frente, é
afugentado pelo imenso Maine Coon indignado. Foi Phoebe que plantou aquela
roseira (...) quem ele
pensa que é para colocar suas mãos que saíram sabe-se lá de onde, em uma delas
sem permissão? O musculoso e avantajado animal fica lá por alguns minutos (...) até ter certeza de que o invasor não
vai voltar, então busca o conforto de seu lar.
Os garotos estão concluindo as fusões para
então os negócios começarem a crescer. Phoebe dá uma olhada pela câmera da
coleira de Lady Spy (...) Vê sua mãe
conversando com Ursula, que mantém uma distância e uma vigília sutil à presença
da gata. Pensa no seu gato gigantesco e ranzinza (...) Quer ver de perto esses dois. Ajuda a
acelerar e concluir o trabalho, então sugere irem à Máquina de Costura. Sandra
a olha de lado, faz um sinal de “dois” e aponta para frente rapidamente, como
se coçasse a orelha (...) Sim, vão dar uma
olhada nesses heróis, especialmente na heroína que tem medo de gatos.
A conversa pelo caminho é animada e
animadora, conseguiram finalmente um padrão industrial fino na produção (...) Os custos, é claro, caíram na mesma proporção em que a qualidade
cresceu. Falam de lançar novos productos, quando chegam e avistam os hóspedes. Saúdam
Barney com a farra de sempre, mas têm mais cerimônia com Ursula. Sandra pega
Lady Spy e se afasta um pouco com ela, há uma sutil baixa de guarda da
visitante (...) Ela faz um sinal discreto, chama a
atenção da madrinha, aponta para a câmera da coleira e depois para Ursula,
Patrícia considera a idéia...
- Uma coisa que me esqueci de dizer... Lady
Spy não tem esse nome à toa... Veja isto.
- Parece uma jóia... Mas é uma lente! Sim, é
uma câmera!
Ela perde o medo repentinamente e analisa bem
o pingente (...) o pingente é só o
receptor, há circuitos e baterias dentro da espessa coleira, que também servem
para monitorar a saúde da portadora...
- Que incrível!
- Não há nada que aconteça nesta casa sem que
eu tome conhecimento, onde quer que eu esteja, em qualquer parte do mundo.
Os dois (...) estudam o que podem no momento e se encantam. Aquilo é algo que bem
poderia servir a liga, talvez em coleiras de cães de guarda.
Levam Barney para ver o palco onde vai cantar
para as câmeras, diante de milhares de ghost drivers, para o mundo inteiro ver.
Marcia vai ver as netas na fundação, aproveita para mostrar a cidade a Úrsula (...) Alguns artistas já estão em Sunshadow, vários deles vieram de
Los Angeles e reconhecem a atenciosa balconista do hotel. Se descobrir famosa
no meio artístico é um choque. A enorme estrutura física da fundação se avoluma
diante de seus olhos.
Ela se segura, lembra-se dos filhos ao ver
tantas crianças pequenas, todas bem cuidadas. A vontade é chorar, mas já (...) desistiu de esperar pelas lágrimas, elas
simplesmente não saem. Lá estão as gêmeas, agarradas à trisavó após uma
actividade com a turma. Vão correndo para a avó assim que a vêem. Ainda caberem
em seus braços é um alívio, mas sabe que essa alegria não vai durar muito...
- Até ontem a mãe delas tinha o mesmo
tamanho...
- Filhos crescem, honey... Você deve ser a Ursula...
O cumprimento mostra que há uma rainha mãe na
cidade. Nancy parece querer entrar na alma dela, de tão fundo que a olha nos
olhos. As leva para um tour pela fundação (...) Os órfãos seriam um capítulo triste, se eles não fossem tratados como
família pelos voluntários, inclusive Albert (...) A análise não é prejudicada pela comoção reprimida, ela aprendeu a
lidar com isso, vê naquela fundação um sopro de esperança para a luta da liga.
Mas reprimir emoções tem seu custo, a tradicional dor de cabeça chega, Nancy a
leva para a enfermaria, onde em vez de analgésico ela recebe uma massagem
minuciosa (...) Nenhum medicamento fará
efeito com essa musculatura tão retesada. Ela presta atenção nos movimentos,
pelo tato, para reproduzi-los quando for necessário. Presta tanta atenção que
não nota as lágrimas finalmente saindo e (...) está chorando. Contarão o episódio a Patrícia e
ninguém mais.
&
À noite, fechada na biblioteca com os dois,
Patrícia toca no assunto...
- Em situações normais eu te fecilitaria, mas
no seu caso, precisando lidar continuamente com gente de todo tipo naquele
hotel, eu sei o quanto precisa manter o controle.
- É essencial.
- Mas não dá para se manter o controle o
tempo todo, Ursula, muito menos por muitos anos consecutivos e nunca sem um
preço bem alto pelo represamento de emoções. Vocês sabiam que nós não
precisamos mais da música desde os anos noventa? Muitas vezes bancamos shows,
mas o público não precisa saber disso. Se dependêssemos de resultados financeiros
nesta carreira, a banda talvez já tivesse se dissolvido, mas a música é a parte
mais saudável do nosso trabalho, sem ela já teríamos enlouquecido. Lidamos
todos os dias com a pior estirpe do empresariado, não só da América, tem gente
muito pior lá fora. É por isso que nossos productos licenciados não são
baratinhos, o expediente de usar mão de obra escrava de presos políticos e
crianças traficadas, não faz parte dos nossos métodos. Claro que em nenhum
registro de uma ditadura está escrito “Preso por crime de opinião” ou “Preso
por não descer as calças e ficar de quatro para o ditador”, as leis desses
países são propositalmente muito vagas e dão larga margem até para eliminação
de desafetos pessoais. É como comprar uma maçã brilhante com capa envernizada e
repleta de direitos autorais e fãs fanáticos pela marca, a empresa em si não
passa de um escritório, ela não existe de verdade e não faz questão nenhuma de
saber como suas maçãs e suas embalagens são produzidas, eles não dão a
mínima... Compreendem? Eu não teria esta aparência bem cuidada se tivesse
parado de cantar profissionalmente, talvez já estivesse irreconhecível de
tantas plásticas. Compreende o que quero dizer, Ursula? Eu poderia ser sua mãe
e é assim que vou falar agora; Eu conheço a sua história, sei pelo que passou,
nós cuidamos de muitas mulheres que passaram por isso, procure um canal para
suas emoções fluírem antes que elas a matem.
- Eu não tenho talentos artísticos.
- Tem. Todos têm algum. Venham comigo, tem
uma parte da casa que ainda não viram.
Leva-os ao porão. A lenda do trenzinho é
verdadeira e a diva confirma ser aquele mesmo que ganhou quando criança. Mostra
as miniaturas customizadas que ganhou de fãs e amigos, as peças feitas nas
prototipadoras e as próprias máquinas (...) utilizam a de resina photossensível. Não é para leigos, Patrícia
orienta a hóspede em todos os passos, em alguns assume o controle (...) Em um minuto sai da prototipadora um gato
siamês em posição de ataque, com 4” de comprimento em resina pérola...
- Foi isto... A tatuagem que vi naquele
dia...
Barney acolhe sua conselheira. Patrícia chama
Marcia (...) Junta tudo o que já tinha recolhido com os
novos dados, traça um plano de trabalho, enquanto Patrícia tranqüiliza
Barney...
- Ela nunca pediu ajuda?
- Não, é sempre ela quem ampara e socorre os
amigos. Ela não gosta de gente se metendo na vida dela, estou surpreso de ter
se permitido ajudar agora.
- Eu sou um pouco assim, mas precisei
aprender a aceitar ajuda. Morta, eu não poderia ajudar ninguém. Ela terá que
aprender isso também.
É o que ela ouve da psicóloga (...) Sugere que lide
com argila ou pedra-sabão para colocar para fora o que sente...
- É o mesmo processo usado para fazer
protótipos à moda antiga, sem a tecnologia da impressão 3d. No seu caso vai te
ajudar a reproduzir o quem aí dentro, pra poder identificar e decidir o que
fazer.
- Você sabe bastante de metalurgia, para quem
se especializou em humanas.
- Mãe, esposa e nora de engenheiros
mecânicos, convivo com esse mundo desde criança, nem que quisesse eu
conseguiria não saber. Vamos começar com algo rápido, para esta noite?
Lhe dá uma massinha de epóxi de secagem
lenta. Ela faz um medalhão côncavo com uma coruja sobre um galho, no centro.
Adiciona uma meia lua rapidamente. Descobrir que tem um talento artístico foi
outra surpresa, nunca se preocupou em conhecer nenhum.
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