sexta-feira, 8 de fevereiro de 2019

Dead Train in the rain CLX

    O passado manda recado. A estação 160 traz alguns fantasmas de volta, com alguns deles é preciso conversar. Embarquem, o trem vai partir.


Os neonazistas voltam a dar as caras (...) As mulheres cativas se misturando a toda aquela gente de muitos tons, proporções e estilos os revolta. Chegam perto da casa de solteira de Patrícia. O mais velho conta como tacaram fogo na antiga e o sofrimento que impuseram ao “traidor da raça ariana”. E lá vem ele com o neto, ambos muralhas de músculos que os fazem circular com cuidado, por medo de uma surra. Ficar de olho neles foi a primeira incumbência de Genius, e ele se lembra dos dois que acompanham o assassino de Naomi...

- São eles! Os neonazistas em que fiquei de olho, quando comecei nos segredos.

- O que estão fazendo aqui? Aquele mais velho, eu dei uma surra nele, quando tentou obrigar o xerife de Summerfields a manter David preso.

Melody chega por trás deles e vai à família (...) Os brutamontes a põe para dentro, longe daqueles olhares que caem diante da cara de mau do velho Gardner. Não contam tudo para Nancy, mas (...) já rende um saque tão rápido que eles só vêem a pistola na mão dela, como advertência. Eles (...) Logo sabem que já são assunto na cidade, o que pode ser perigoso para sua integridade. Entram no Crown Victoria branco 1999 e vão embora.

Uma reunião se dá na Máquina de Costura, Genius dá a ficha completa dos elementos. Ele é sucinto, mas todos saem da biblioteca sabendo quem são os três e seu alto grau de periculosidade (...) Phoebe sente um frio no coração, não informa aos outros no momento, mas fala aos pais assim que estão em casa...

- Eles são nossos devedores. Nos fizeram mal muito recentemente, mas não sei o que é...

- Que tipo de mal?

- Acho que interrupção... Não me deixam ver muita coisa...

- Nem precisa. Fiquem aqui e não contem para mais ninguém.

Vai falar com o avô, Richard liga os pontos e tudo se encaixa. Lembra-se agora de tudo com clareza, o cheiro de fumaça logo cedo, o fogo nas portas (...) Naomi estava na cozinha, preparando a refeição matinal. Fica furioso quando se lembra do desespero da esposa e os berros em prantos da filha...

- Foi ele que ajudou a incendiar a casa antiga... Você não faz idéia do quanto sua mãe sofreu, e eu estava impotente.

- Vai contar pra ela?

- Estou pensando... Patricia é uma mulher madura, mas isso não significa que não voltará a sofrer.

- À Jose?

- Sim, a ela podemos e devemos falar, talvez ajude a organizar minhas idéias.

A francesa fica calada por alguns segundos, taciturna e compenetrada. Só lhe vem à mente perguntar se ela viu a neta perturbada...

- Minha mãe percebe tudo à sua volta, você sabe.

- Onde ela está agora? Ela foi à sua casa?

- Não... Até eu sair...

- Sua mãe sabe arrancar informações de alguém, ela o fez com seu pai quando lhe falamos de nossa gente. Lembre-se de que ela também tem a mente muito afiada.

Tão afiada que deduziu tudo com o que extraiu da neta. Começa a chorar, mas é um choro silencioso, com as lágrimas caindo em profusão. Lembra-se com detalhes agora de tudo (...) Foi a década mais bonita e amarga de que tem lembrança...

- No... Estou bem.

- Não tá não. Vem pra netinha, vem.

Nunca pensou que fosse ouvir isso (...) Descansa sua cabeça pesada no ombro direito e se aboleta no abraço amoroso e seguro da neta. Por agora só precisa disso, até se sentir em condições de retomar o dia, tem muito o que fazer...

- Com licença... Sua avó me disse que estaria aqui.

Renata assume (...) e elas extirpam de uma vez por todas o que resta de mágoa por aquele episódio macabro. A Patrícia forte que emerge daquela ajuda vai ter com pai e filho. É bom ver a madrinha ainda conectada...

- Que bom ver vocês três. Não culpem a Phee, ela disse quase nada e eu deduzi o resto, mas vejam aqui a cara de quem chorou e deu a volta por cima. Jose, feche o canal, vamos aproveitar o ensejo e decidir de uma vez por todas o que faremos com esse bando de retardados.

&

Não foi mais de que uma hora de reunião da cúpula, desta vez incluindo núcleos regionais de cada país, mas foi suficiente para decidir o que e como fazer (...) agora retomam suas vidas, têm muito o que fazer. Alguns completos idiotas acabam de perder as calças para a Dead Train Corporation, após seguirem mapas, prognósticos, históricos e gurus corporativos, precisam decidir o que fazer com sete empresas antes da próxima fase da turnê, no Canadá. Melinda está tratando pessoalmente com um deles, que se recusa a honrar o compromisso...

- Nossa empresa é estratégica, é de alto interesse de nossos líderes! Diga você a sua proposta, terei clemência e generosidade em analisa-la.

- É o seguinte, seu mala, você é meu devedor. Fez um trato, assinou e usufruiu, agora é hora de pagar a conta.

- Nosso governo não reconhece seus contractos, eles não terão valor em nossos tribunais, é só a eles que eu me reporto. Oh, que grandioso é ter nossos líderes resguardando nosso progresso!

- Ok, você quer jogar duro, vamos jogar duro.

Desliga, liga para várias empresas de reciclagem, faz suas propostas e compra todas (...) rompendo contractos com empresas estatais estrangeiras e as deixando com problemas de fornecimento. Depois liga para Audrey, para ajudar a explicar a decisão a Patrícia (...) Ela chama a irmã a Sunshadow, para tratarem pessoalmente do assunto...

- Não poderia ter feito isso em pior hora, irmã. Acabamos de tomar aquelas sete empresas e ainda estamos decidindo o que fazer com elas.

- Não tive escolha, Patty. Aquele leitão arrogante estava se vangloriando de nos ter na mão, estava incentivando os outros a darem calote também. E você sabe que naquela ditadura, eles sempre ganham a razão. Tive que cortar a alimentação dele, pra convencer os outros.

- Poutz... Pelo menos funcionou?

- Funcionou. Gerir trezentas pequenas empresas pela Califórnia é que me preocupa agora.

- A nós também... Enzo, como está Tota, no aprendizado?

- Já está pagando o que come... Você quer colocar os seis pra...

- Eles têm que aprender a lidar com nossos negócios. Jee, Dean e Carly precisarão de ajuda, mas vão aprender... Phee, chame os outros e venha com eles pra minha casa.

Os novatos do sexteto ficam de cabelos em pé, Giovanni fica preocupado, mas Sandra e Phoebe (...) encontram algumas alternativas para facilitar as coisas, se dão o trabalho de explicar tudo aos outros, para os novatos se situarem...

- Aqui nos temos várias empresas que actuam no mesmo ramo, muitas delas são muito pequenas e muito próximas entre si.

- O leitão usava isso pra negociar individualmente e poder pressionar por descontos a qualquer custo, Pancada.

- E tem gente que ainda tem aquele país como exemplo... Minha sugestão é pegar todas as que estiverem razoavelmente próximas, fundir e concentrar as operações em um só lugar. Não vai resolver nosso problema, mas vai deixa-lo muito menor...

Dean, Jerry e Carly aprendem com a empresária já veterana. Phoebe dá sugestões de engenharia para que algumas deixem de ser meras moedoras de plástico e madeira (...) a própria Gardner pode se valer desses serviços e não depender mais de terceirizados sem compromissos com a corporação. Improvisam gráphicos (...) para os três compreenderem mais depressa...

- Hey, é bom mesmo que estejam entendendo, porque vão precisar colocar a mão na massa e ajudar a gente, até decidirmos o que fazer com essas empresas.

- Bem, podemos fazer dinheiro – brinca Jerry.

- Não é uma má piada... Vamos fazer isto dar lucro, para atrair interessados, se decidirem vendê-las – conclui Giovanni.

Os três fazem um trabalho de gente grande (...) Melinda volta a Los Angeles, para dar andamento no que foi decidido. Voltam para casa a tempo de aproveitar o fim de tarde com o céu em tons escarlates.

Na manhã seguinte chega a segunda e caríssima geração dos electrônicos Dead Train (...) O salto foi grande, quase dois yottabytes de espaço e mais de um yottahertz de potência (...) A transferência é simples, um aparelho é encostado no outro e o antigo “derrama” tudo no novo (...) Os antigos são levados de volta ao laboratório para estudos e reciclagem. A aparência mudou pouco (...) Por dentro é que as coisas estão diferentes, como câmeras dos dois lados com lentes de diamante e mais de um gigapixel de resolução, infravermelho, ultravioleta, visão noturna, zoom de 10000X (...) As baterias sozinhas custaram quinze mil, cada uma.

Desta vez a produção foi maior, quase o dobro, por isso custaram menos de um quarto de milhão de dólares. A nova geração da banda, toda afilhada e descendente da original, ganha os seus de presente...

- JERRY, ESTOU VENDO SUAS CÉLULAS!

- E eu estou tentando ver o seu juízo, mas acho que isto não enxerga escalas subatômicas!

Carly aproveita para fazer algo que tem vontade há muito tempo, gravar um vídeo caseiro e mandar para seu canal (...) Faz algo singelo para começar, fala dos trolls, da turnê e saúda os canadenses, prometendo honrar o carinho e a atenção que a banda dá aos seus fãs. São pouco mais de dez minutos que viralizam entre os ghost drivers. Os canais e programas especializados conseguem de graça um assunto para o resto do mês.

Mês que promete se manter delicado. Elias checa a suíte onde os pais vão ficar (...) Não tem muitas boas lembranças para ornamentar uma recepção, vai deixar isso por conta da esposa. Tudo foi bem planejado em minucias, os cidadãos foram alertados que o pai do rapaz é meio bronco (...) Enya o abraça por trás, para atenuar a tensão, ele suspira forte e vai para a sala, tentar espairecer com um pouco de trabalho.

Eduarda e Renato aparecem para ajudar, o parentesco com a mãe do rapaz vai facilitar a ambientação (...) Dorme bem, até melhor do que esperava, mas depois do treinamento volta a ficar ansioso. Adianta o que pode no trabalho e vai se distrair com o caçula. Avisam que o avião já entrou em Michigan, é hora de (...) rumarem ao aeroporto.

Só os mais próximos sabem, então não há paparazzo por perto... aparentemente. O 757 termina de taxiar (...) foram colocados nas primeiras poltronas, porque a primeira vez de avião (...) poderia gerar problemas se demorassem a sair. E lá estão eles, puxando as malas com sinalizadores (...) A cara dele é a de quem vai preso pelo crime que não cometeu. Era quase sempre assim quando os dois se aproximavam dele (...) A recepção é cordial, mas fria de sua parte. Robby é o único à vontade na situação. Enya está no meio, tentando tornar o ambiente dentro do carro mais aconchegante. Aliás, o carro rende elogios rasgados, mas se decepcionam quando sabem que é eléctrico, se acostumaram a piadas maldosas e as acham normais (...) Ela fala com Patrícia assim que se instalam na suíte...

- Eu o convenci a dar mais uma chance, a trazê-los e tentar salvar o que resta de relação familiar. Vou me sentir péssima se o tiro sair pela culatra.

- Quase aconteceu, dentro do carro...

Explica a breve história e a preocupa. É hora de os tios entrarem em cena. Funciona (...) Conduzem o diálogo com eficiência, contando histórias de quando desembarcaram nos Estados Unidos. Depois falam de quando Elias começou a se recuperar do atentado e ganhou o respeito da cidade (...) Chegando da fundação, ainda ao portão, Sandra ouve aquelas vozes, decide que é melhor dar meia volta e ir (...) ver a madrinha, quem sabe... Quem sabe ela vai pedir explicações para ter dado meia volta...

- Você não quis entrar?

- Trauma. Eu acho que não vou segurar a língua.

- Sim, você vai. Tem que aprender para arcar com suas responsabilidades. Vamos, eu te acompanho.

Os visitantes não são exactamente os maiores fãs do Dead Train, então Patrícia só os encanta pela beleza, já Sandra reconhecem pelo olhar (...) Eduarda faz a mãe de Elias se lembrar de quem se trata. Há gratidão, muita gratidão, mas para ele ainda falta respeito. É mais difícil para ele do que imaginaram. Norma estuda o casal, é tão diferente do filho que só a aparência denuncia o parentesco (...) Quando falam da infância do filho, ele se aborrece. Ele preferia brincar sozinho, isso às vezes os irritava, porque todos os sobrinhos iam jogar bola na rua e mexer com as meninas (...) Até hoje o pai se ressente de ele não ter sido “homem” na infância...

- Ele não foi o quê?

Enya se indigna. Pega o caçula no colo e mostra o quanto o marido tem sido homem (...) Sandra faz menção de se levantar, é detida pela madrinha, mesmo contrariada Patrícia quer ouvir até o fim para ter um juízo preciso.

0 comentários: