quarta-feira, 13 de fevereiro de 2019

Dead Train in the rain CLXV

    Ligações antigas. A estação 165 tem um guichê para explicações onde nossos protagonistas passam algum tempo, mas já voltam. Todos à bordo, o trem vai partir.


As lices grandes ensinam as irmãs a lidarem com a academia, mostram as diferenças básicas para com as outras e a ausência de bobos fazendo poses para selfies, em vez de se exercitarem (...) Cada uma com uma irmã, Alice fica com Felice, o que significa mais foco na administração...

- Nossa aparelhagem foi comprada para ser utilizada, aparelho parado é prejuízo, por isso eu gosto mais de fazer manutenção constante ou troca, do que tirar ferrugem por falta de uso.

- Eles colocam moedas nas máquinas, que nem pescador de brinde?

- Não, eles pagam mensalidades... Mas pay per use não é uma má idéia...

Depois conversa com as outras lices e com os avós, agora quer mostrar a lida por vezes áspera com os fornecedores (...) Karen aplaude a iniciativa das filhas, mas pede que não exagerem. Antes de ir descansar, Alice tem mais um compromisso, na Máquina de Costura, desta vez a mãe vai com ela. Espera a conversa secreta terminar e vai ter com a tia Patty, quer que ela seja sincera...

- Não, nunca. Ela tem treinamento militar, é boa de tiro, mas nunca precisou matar. Por que essa aflição?

- Medo. Se ela precisar matar alguém, outro jura vingança...

- Não vai acontecer. Karen, Alice é uma mulher, ela sabe o que está fazendo e não está só. Quem é dos nossos nunca está só.

- O mundo está ficando muito perigoso, tia Patty.

- É por isso que ela é necessária. Ela já ajudou a evitar ataques como os de onze de Setembro, sua filha não é uma amadora. Confie nela e em mim.

A jovem e discreta agente Window aguarda o término da conversa (...) Patrícia faz o que pode para acalmar a moça, mas liga para Enzo assim que elas saem. Explica em síntese o aumento das semelhanças entre Karen e Silvia, neste ponto. Alice é quase invisível, passa facilmente por uma multidão sem ser reconhecida...

- Mas neste ponto você tem que dar razão, é a filha dela que está no meio de um mundo em que ela nem sabe o que realmente existe.

- Eu sei. Conheço esse mundo e também me preocupo, quando mando o Ricky em missão... Não demora para Phee e Sandra também receberem incumbências mais sérias... Mas eles são tão úteis e remoer isso é tão inútil...

Conversam os seis no dia seguinte. Rebeca facilita a conversa, explica que tem sim porrada, de vez em quando, já chegou a dar tiros, mas que quase sempre é tranqüilo (...) Lá fora, Luppy dá ração a Lady Spy e volta a polir a jukebox, imagina o que estariam conversando de tão sigiloso. Lá dentro pesam os documentos já vazados sobre Patrícia (...) É uma das conseqüências da disseminação da tecnologia, e de gente que banca o herói sem investigar tudo o que deveria...

- Por exemplo, com base nos documentos de 1988, eles poderiam ter chegado facilmente aos radicais que queriam uma terceira guerra  mundial, mas para eles os vilões da história e responsáveis até pela extinção dos dinossauros, somos nós, então o que mostraram lhes basta. Sacaram? Mostrar um mundo pior do que o real é o mote da imprensa de hoje... Luppy?

Ouviram o grito da diarista, mas nenhuma reação de Lady Spy. Abrem a porta e vêem Josephine diante de uma fã em prantos (...) Há anos afastada das telas, mas não do cinema, suas aparições públicas são cada vez mais raras e concorridas. Lá fora, enquanto Nelson conversa com os Richards, um paparazzo reconhece o general e logo deduz que a diva talvez esteja lá. Não demora para a frente da casa ficar novamente intransitável.

Com a diarista já socorrida (...) Parícia conta à madrinha os assuntos em pauta desde ontem. Ela esperava por isso, não tão cedo, mas esperava. Tem tranqüilidade para explicar que a função que os colaboradores exercem é similar à dos serviços secretos (...) consegue tranqüilizar o avô a ponto de ele poder tranqüilizar a mãe da agente. Luppy não entende patavinas do que falam, se limita a exceder voluntariamente suas funções de diarista e servir um lanche.

A casa não demora a encher-se de afilhados da diva. Ela verifica milimetricamente cada um, ouve com atenção e dá as devidas réplicas, depois se dá o direito de abrir o mar de paparazzi e (...) logo ver Nancy e conhecendo os três novos pupilos...

- Os filhos da Luppy?

- Sim, meus novos alunos. Eles ainda não estão em idade escolar, isso facilita muito. Ano que vem começam na fundação.

Cercam as crianças com cuidados e monitoram o que já aprenderam. Happy Moon chega após abrir caminho por entre aqueles bisbilhoteiros, com a barriga já aparecendo e se dando o direito de não responder perguntas idiotas, como “Você está grávida?” e outros excessos de obviedade...

- Ainda são muito jovens, terão muito proveito na fundação. O que você ensinou até agora?

- Nada. Até agora só os estudei e corrigi alguns pontos.

Nancy lhe passa seus pareceres, alerta para o gênio da menina, que é também a mais carinhosa com Beef. Luppy quase surta quando sabe que Jose De Lane esteve com seus filhos e participou da aulinha de hoje. Aliás, a respeito do nome...

- Minha bisavó era filha de mexicanos, se chamava Lupita. Minha mãe quis me dar o nome dela, mas meu pai encrencou e o pessoal do registro entrou no meio pra apaziguar. O nome agradou aos dois e ficou assim.

- Patrícia, onde você arranjou esta contadora de histórias?

- Plastic Village. A gente acabou ajudando quem hoje me ajuda. Meio cármico, não?

- Dharmico, eu diria. Tenho o dia inteiro para ouvir mais histórias, chérie. Conte mais.

Convida-se para passar a noite na Máquina de Costura (...) Quando estão a sós com os quatro moradores remanescentes da casa, Josephine explica o que fazia na estrada para Summerfields, naquela fria manhã de 1961 (...) estava desviando de emboscadas das quais Grant a avisou...

- Era para eu pegar um carro no aeroporto de Quebec e começar o laboratório, mas fui avisada de que os mentores do atentado que sofri queriam terminar o serviço, então mantive a viagem agendada e parti uma semana antes, naquele Alfa Romeo C6.

- E você se esqueceu de abastecer porque estava em uma ligação, recebendo instruções.

- Precisamente, chérie. Grant me avisava a qualquer novidade, mas na época não tínhamos celulares, eu tinha que parar de vez em quando para comunicados. Dormi seis vezes em casas de colaboradores, mas em Michigan ainda não tínhamos nenhum...

Pormenoriza sua aventura, antes e depois de conhecer Patrícia. Chegou ao local das filmagens já pronta para o papel. Patrícia comenta “Era um belo carro!” no que voltam à discussão sobre a falta de personalidade crônica da indústria mais poderosa do mundo, especialmente a automobilística. Na casa em frente, Renata leva mais um susto com Naomi, a menina se agarra ao pescoço da mãe e solta “Desculpe ter te matado, eu fui estúpida”. Matthew fica com os grisalhos arrepiados até a barba. Vão os três logo de manhã bem cedinho à casa religiosa (...) Encontram Phoebe com os pais, ela os arrastou para lá assim que terminaram com o treinamento diário, essa menininha mandona...

- Acho que vocês sabem por que estamos aqui.

- Mamãe e eu sabemos. Vem pra sobrinha, vem!

A menina (...) corre para o abraço. Marcia explica um acontecimento dado na Guerra do Peloponeso, onde e quando as duas eram soldados e não tinham escolha, um tinha que morrer (...) não houve crueldades...

- E cuidou bem da gente. Era um soldado solteiro, que tinha perdido os pais em um naufrágio, quando viu na viuvez da tia Patty a chance de se redimir um pouco e ainda ter uma família.

- A Patty? A nossa Patty? Ela era minha esposa?

- Essa amizade de vocês duas vem de looonge! Vocês não estão nos falando coisas demais, não?

- Não. Não para vocês. E por agora é só, sua mãe vai saber lidar com isso, com a sua ajuda.

- Vocês dois levem minha irmã pra brincar com as meninas, vou ter uma conversa com meus pais.

Matthew dá mais trabalho do que Renata, como Marcia previu (...) Mas o que conversam coloca as coisas nos trilhos e evita qualquer constrangimento. Não sabem por que revelaram isso a esta altura da vida, mas pode ser um bom presságio. Renata chega à Máquina de Costura a tempo de se despedir da madrinha. Começa ver sua turma com outros olhos, imagina que todos lá têm uma ligação comum de longa data, no que ouve “Mais longa e forte do que imagina, imperadora” por uma voz suave e gutural.

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