terça-feira, 4 de dezembro de 2018

Dead Train in the rain CIX

        Os anos da queda! A estação 109 mostra bem que a década perdida não foi nem de longe e pior. Respirem fundo e embarquem, o trem vai partir.


E o muro cai. A Alemanha tem de volta o valor mais alto pago pelos derrotados da segunda guerra. Star, Nelson, Chopp, Doom e Bird fizeram questão de se juntar aos outros em Time Travel, na Máquina de Costura, para verem a finalização da primeira fase dos planos gerais da organização (...) Não foi por acaso que Patrícia conseguiu marcar shows em Berlin, da banda e de amigos, no fim do ano. Foi um trabalho duro, envolveu todas as inteligências menos indecentes do mundo, mas sabem que agora têm a melhor âncora possível para a segunda fase. A Alemanha é nova e definitivamente una.

Após a festa, vão todos os agentes para a biblioteca (...) planejam algo para o que a maioria não estará viva para executar, por isso fazem questão de que Richard esteja ciente de todos os assuntos de agora em diante. O que lhe contam é estarrecedor, mostram-lhe os cálculos e parâmetros utilizados para o grau de acerto da organização, ainda alertam para que não confunda algarismos com números, erro que todos os Estados do mundo cometem diariamente...

- Não preciso dizer as conseqüências desta confusão, preciso?

- Não, Star, a engenharia me ensinou bem a diferença entre eles, um número pode ser intangível.

- Óptimo. Espero não estar te imponto um peso grande demais, jovem Genius, mas é absolutamente necessário que você esteja ciente de tudo e coordene a próxima geração de agentes.

Ele arregala os olhos (...) como se perguntasse “por que eu?” e Star responde, depois de os risos cessarem...

- É consenso, Genius, que Princess me sucederá, mas você reúne todos os predicados para sucedê-la. Você recebeu de cada um de nós o que temos de melhor; mesmo sendo tão grande, consegue ser quase tão discreto quanto Beyond. Não se assuste com a responsabilidade, será acostumado aos poucos a exercê-la, como já tem sido feito.

- Oh, thanks... I think... Vou conjugar a agenda da organização com a da Culture Train.

Princess sorri (...) Star encerra a pauta da organização e Josephine vai abraçar o rapaz, ele vai precisar muito de manifestações de afeto para o que tem em seu caminho.

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Centenas de carros repousam no salão maior. Alguns são tão rápidos, velozes e ariscos, que só podem ser conduzidos por pilotos experientes em pistas livres de tráfego (...) Do lado de fora, centenas de carros modificados, de visitantes atraídos pela divulgação dirigida, desde pequenos scooters até caminhões extra pesados. Não é todo dia que se vê uma Vespinha com motor de Honda 750 Four envenenado. Claro que o Dead Train vai prestigiar a empreitada de suas crias, e vão nos quatro hots de Patrícia, seis em cada, ela no Chevy E-hod laranja com raios azuis aerographados ao longo da carroceria. Oito enormes capacitores com seus espessos cabos e o recarregador, imitam um V8 (...) Os quatro empreendedores recebem sua máfia, os protestos de amor, ternura e tudo mais, então abrem oficialmente o Sunshadow Racer Motor Show. Daniel Stewart já contabilizou mais de um terço de incremento na receita do mês.

O que público e imprensa vêem é assustador (...) há trezentos carros com conforto onde normalmente caberiam cento e poucos, mesmo sem o acrescimo de um segundo pavimento (...) Os fãs de mecânica piram, quicam como bolas de ping-pong pelo salão. Claro que a Gardner tem seu estande, seus compressores com acelerador eléctrico são lendários, a estréia é de um compressor eléctrico com um turbocopressor e intercooler de ventilação forçada em uma só peça. Os dois hots confiscados por Patrícia estão lá e os utilizam; 1500hp, sem nitro. Há até um kit para envenenar motores eléctricos (...) com baterias de placas espiraladas, que permitem descarga e recarga completas sem sofrer danos.

Ver vídeos de competições e transformações com os carros bem ao lado, dá aos fãs um prazer maior e os torna mais generosos (...) A semana é de trabalho intenso, mas descontraído, nem de longe lembra o sufoco pelo que os quatro passaram (...) o velho Gardner cumpriu com sua promessa, sacaneou e trouxe gente de primeira linha em grande quantidade, gente acostumada a ser bem tratada, encontrar muitos recursos e ter muito conteúdo para compartilhar.

A espionagem internacional também aproveita (...) desta vez com a participação activa de Genius. O festival de cavalos-vapor fez a inteligência oficial se lembrar e desengavetar assuntos importantes (...) É estranho tratarem com dois Richards (...) depois se dão uma tarde de folga e aproveitam o evento como visitantes comuns.

A segunda prova de fogo é na terra dos engenheiros mais exigentes do mundo. O show em Berlin é (...) um presente de boas-vindas aos alemães libertos, e eles se debulham em lágrimas com “Forgotten”. Os microphones sem fio, as plataformas móveis suspensas, que fazem parecer que os seis voam sobre o público, os telões, a estrutura que parece ser feita em peça única, os vídeos de shows anteriores; tudo encanta e inspira.

Na volta, além da satisfação do dever cumprido (...) têm a felicidade de ver sua descendência dando conta do recado. Richard e Marcia decidem marcar uma data para o casamento (...) Em meio aos festejos, um berro de “Abram, eu vou matar você!!!” ecoa em Los Angeles. Bart quer cobrar a promessa quebrada de que aqueles “curtas medonhos” não se tornariam um desenho sério...

- Mas Jose, ele fez meu filho parecer um completo idiota! E me fez ser filho dele e da Marggie e irmão das minhas filhas e sobrinho da minha esposa e fez o gato virar cachorro, o peixe virar gato...

- Você está falando igual ao Homer do desenho. Acalme-se, Bart, vou chamá-lo e pedir que insira algumas mensagens cifradas nos episódios, como pagamento pela promessa quebrada.

- Só que meu filho não é um idiota!

- Seu filho é um gênio incompreendido, eu sei. Falarei a respeito também. Vá para casa e deixe comigo.

Vai antes à casa de Homer (...) Talvez seja excesso de zelo de um pai que viu o filho ser humilhado na escola, mas não dará chance ao azar.

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Tristeza. Para onde quer que olhem, só vêem tristeza (...) Aparentemente ninguém mais se vê no direito de estar alegre, muito menos em público. Rebeca e Ronald voltam taciturnos de Detroit, ela ao volante do Superbird...

- O que está acontecendo com esses garotos?

- O que já era previsto, Ron. Estamos despencando no poço, já lhes falamos disso.

- Mas tem que ser tão triste assim?

- Não, não tinha que ser assim, mas as pessoas escolheram que seria assim. Desta depressão passaremos para uma euforia louca e talvez para uma nova guerra fria muito agravada. É por isso que o mundo precisa da gente. Nós, minha turma secreta e a banda também. Fica frio, estamos preparados pra esse porre. Amanhã falaremos com o Ozzy para definir a agenda conjunta.

Passam na casa de solteira dela, para pegar as crianças (...) as crianças de Sunshadow têm sido vistas como animais exóticos pelos educadores de outros lugares. A liberdade e a integração familiar que têm destoam dos manuais ditos modernos de pedagogia (...) mas nada os choca mais do que a autoridade dos pais sobre elas, é como se estivessem nos anos quarenta (...) o aproveitamento escolar beira a perfeição. Um aluno de fora acostumado a A+, dificilmente tiraria mais do que B nas escolas de Sunshadow. Isso virou munição para os inimigos do sexteto.

Enya cuidou para que fizessem seus deveres de casa e já iniciou a formação acadêmica de Kurt, como Rebeca já iniciou a de Evelyn. A menina herdou os lábios generosos do pai, mas todo o resto é da mãe (...) o hábito de a família conversar por alguns minutos que seja, todas as noites, está intacto entre seus concidadãos.

No fim da tarde (...) vão para a Máquina de Costura. Encontram os outros vendo pasmos uma entrevista na televisão, em que pedagogos afirmam que Sunshadow é um reduto de extrema direita, com ritos medievais e crianças prometidas para casamento desde que nascem. Ninguém menciona o caso de Rebeca e Ronald (...) ou mesmo a perseguição de fanáticos dogmáticos à Patrícia...

- Crianças devem fazer o que quiserem, quando quiserem, do jeito que quiserem, se expressar livremente a qualquer hora e lugar, ou crescerão com psicoinfecções traumáticas que tolherão suas capacidades de se relacionarem com o mundo e seus próprios “eus”...

- Essa vaca tem filhos?

- No, Rebby – responde Patrícia. Pelo que sei, nem gosta de crianças.

- Oh, big! Isso explica querer transformá-las em aprendizes de marginais! E nós achando que os anos oitenta foram a década perdida! A gente tem mesmo que assistir a isto?

- Infelizmente temos, Mascote. Senta, que isso vai demorar, mas depois teremos um trabalho bem agradável.

Vai meia hora de gente falando do que não conhece e acusando quem não conhece do que não sabe se aconteceu. Vão trabalhar nas propostas de parcerias para o ano (...) Alguns não precisam esperar, como Slade, a quem mandam resposta festiva para deixarem de firulas e virem logo gravar qualquer coisa, decidirão na hora. A agenda de shows (...) foi toda organizada e produzida pela Culture Train, onde no momento Amilton brinca com Glenda, enquanto Marcia ajuda Deborah com mais um baú que encontrou em um dos cantos da fazenda. É pequeno, mas pesado...

- Tom!

O rapaz se apressa em atender ao chamado da esposa. Ele assume as cerca de cem libras do baú e as deposita sobre uma mesa feita com aro de caminhão de 20” e três bandejas de suspensão como pernas, com tampo de pedra (...) O detector de metais que deu à mãe no natal está dando frutos. Lavam e lubrificam o cadeado com cuidado, usam um secador de cabelos e vêem se alguma das chaves inúteis que têm em uma gaveta serve nele. Encontram uma com numeração 106, a mesma da tranca, ela funciona. Dentro há pacotes de tecido embrulhando algo que, para tanto, deve ser valioso (...) O que encontram impressiona mais do que o peso; jóias, prataria, porcelanas, relógios, alguns vidros de perfume, photos do século XIX e uma carta. Enquanto os dois separam e organizam as peças (...) Deborah lê a carta...

- “Henry, meu amado, sofremos mais um ataque de bandidos de Summerfields, eles estão levando não só os pertentes das famílias, mas também a honra das moças que estão para se casar. Não sei se eles voltarão antes de você, meu querido, por isso enterrei a herança de nossos pais em local seguro e distante, para que eles não a encontrem. Deixei Rudolph e Henriett com a Senhora Garder, onde estão mais seguros. Talvez não me encontre, quando voltar da guerra, mas saiba que eu te amo como nunca amei mais ninguém. De sua fiél esposa Madeleine”... GERALD!

O velho Fischer corre para acudir a esposa, a encontra em prantos nos braços do filho. Ela lhe entrega a carta datada 30 de Novembro de 1861. Ele se senta na cadeira e suspira...

- Madeleine e Henry Roger Fischer eram meus tios avós... Ele não voltou da guerra, ela foi assassinada e... E os filhos tinham desaparecido... E a fazenda ficou para meu avô, ele voltou da guerra... Henriett era sua avó, Deborah! Minha tia desaparecida era sua avó! Liguem para o Ritchie, vamos dar uma olhada neste achado!

O mecânico pega a esposa e se manda para a fazenda (...) e atesta a legitimidade. Aquele capítulo triste na história da cidade uniu as duas famílias de modo torto. Rudolph e Henriett eram gêmeos, ainda crianças de colo quando foram entregues a Isabelle Gardner (...) Acertou com Peter Fischer que ficaria com elas, que já a viam como mãe e seria a melhor educadora para seus sobrinhos. Richard solta uma gargalhada sonora, por saber de mais uma tortuosidade de sua família e vai abraçar o primo distante.

Cessados a choradeira e os festejos, Richard avalia em meio milhão de dólares o pequeno tesouro que a irmã encontrou. Se ele diz que vale, então vale. Amilton trata de catalogar, registrar e levar ao acervo do museu, na ala da gerra da cesseção. Ficou impressionado com o padrão de vida de seus antepassados, boas photographias eram muito caras na época, então presume que os tais bandidos tenham levado quase tudo, deixando só a mobília, se muito. Gerald reitera que não faz idéia de quantas coisas estão perdidas pela fazenda, só sabe que seu pai sabia e morreu cedo, antes de poder contar. Richard avisa que os visitará com mais freqüência, para ver se consegue ajudar. De volta à cidade, fala ao neto a respeito e ele também se prontifica, afinal a fazenda é a sede de sua empresa...

- Um instante... Tenho um mapa da fazenda, que veio na mala da bisavó, cheio de marcações!

- Lá vou eu de novo, ter que dar o braço a torcer. Vamos ver.

O avô reconhece que os últimos achados da irmã foram em pontos demonstrados no mapa. Mas há uma marcação gigantesca bem debaixo da sede. Zigfrida chega de surpresa e, vendo os dois Richards juntos, já solta “En fröjd för ögat”. Está casada, mas não não está morta, se encanta com aqueles dois baitas homenzarrões. O neto se apressa em ir abraçar e sacudir a tia Frida. Não que precise de um, ela tem as chaves da casa, mas a sueca explica os motivos da visita, que incluem os bebês da banda. Se Sunshadow realmente segue os preceitos ditados por Naomi, como Patrícia, então a cidade está tomada por um surto de genialidade. Não se trata só dos banais e pouco confiáveis testes de quociente intelectual, mas a inteligência avaliada de todas as formas possíveis, como explica...

- Claro que há a tendência genética, et cétera, mas o modo como a criança interage com o mundo e consigo mesma é crucial para o desenvolvimento criativo e intelectual. Os filhos de vocês demonstraram capacidades bem acima da média em praticamente todos os campos, em alguns casos deixando todo mundo comendo poeira; é a construção do gênio de que você já falou. Por isso quero a permissão da cidade para fazer um estudo prolongado com as crianças de Sunshadow.

Silvia, enquanto acaricia seu rebento, liga para a mãe e pede que traga Stewart e as meninas. A conversa é simples, mas dá nó. Precisam consultar a população (...) Saem, fazem perguntas e pedem retorno de quem não estiver no momento. No fim da tarde têm uma positiva com as ressalvas já mencionadas, então Zigfrida liga para sua equipe e começa a planejar os estudos de longo prazo. Alegarão a quem for de fora, que estão investigando as reais condições psicológicas dos pequenos sunshadowers, em face da acusação que alguns pedagogos fizeram a uma cidade que não conhecem. Isto se espalha, gera muita polêmica e afasta as atenções das reais intenções da pós doutora. Os planos gerais da organização serão muito potencializados, se ela tiver as positivas que acredita que conseguirá.

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