A carta que podia ser minha:
Fernando, você perdoe essa carta que eu desejaria que fosse mais alegre e animadora, como é animadora uma carta sua. Sobretudo para justificar minha insegurança que faz você ficar surpreendido... Mas você deu minha resposta única: "só você sabe a custa de que sacrifícios, no íntimo sou frágil, incerta, descontrolada". Você se espantaria se eu lhe dissesse exatamente isso: você é que tem uma segurança que eu admiro embora saiba a custa de que ela é feita. Me diga como você tem trabalhado, o que tem lido, como vai essa forma de ser alegre que é sua bateria.
[Clarice Lispector, para Fernando Sabino.
1946. Mas podia ser hoje.]
Este é um pequenino trecho de uma compilação das correspondências entre Clarice e Fernando, durante alguns anos. Ganhei esse livro há alguns anos e é daqueles que a gente tem dó de terminar. Eu vou lendo uma carta por vez, imaginando como devia ser a letra de Clarice, quanto tempo Fernando se demorava no texto. E como essa dupla de amigos estreitou seus laços apesar do oceano (Fernando morava nos EUA e Clarice, na Europa). E como um envelope pode preencher o espaço de milhares de quilômetros.
E que bom pertencer a um envelope que, apesar de não ter selos e nem cruzar o Atlântico, nos torna íntimos, companheiros.
Wellcome back pra mim!
7 comentários:
Awnnnnnnnnn! Este texto me deu vontade de escrever para alguém...
Quem é Well, e quem é back, que ficam se comendo?
Mas lindo texto, Phabeeneo. Lindo mesmo. É bom ter você de volta
Muito, muito, muito bem vindo de volta.
Elmocionante. Bevenuto.
Eu S2 Clarice :-), cada vez que você escreve aqui me surpreendo mais com as afinidades :-P. Agola, além de perseguir o Dave, perseguirei-o também.
Miemolioney!
Quéridos emolinentes e não comedogêncios!!!
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