Os garotos estão prontos. A estação 151 Dá início à carreira dos seis novatos, que agora verão o que é bom pra tosse! Apresentem seus bilhetes e embarquem no novo vagão, o trem vai partir.
Stephanie vai até a mãe, que desfruta de um
momento só de lingerie minúscula com estampas da Olívia Palito (...) mostra-lhe o tablet com
algo em que trabalhava há mais de um ano, como sempre em silêncio...
- Wow... Baby, você escreveu um livro!... Mel!
Mel, a Steph escreveu um livro!
- Woohoo! Sobre o quê?
- Saca só o título: Eliasian pedagogy; General theory, practice and results. Seiscentas páginas!
- Mamãe já viu esse catatau?
Vê agora. A moça
estudou com afinco os fundamentos da pedagogia eliasiana, como a chama, aplicou
nos métodos pedagógicos herdados de Naomi e agora tem em obra o resultado de
mais de um ano de trabalho (...) Nancy chama Glenda, lhe entrega um pendrive e a
responsabiliza pela publicação do livro (...) A
bruxa começa passando pela casa da prima, deixando uma cópia para ela ser uma
leitora beta e volta para a fazenda. Lá faz outra cópia para a mãe e se põe a
estudar a obra. Na cidade, Janie e Roger finalmente conseguem conhecer o
ocupado e discreto objecto de estudo do livro. Deixou Sandra no ensaio e foi à
madrinha explicar os relatórios sobre a multiplicação de taxas e de valores das
já existentes, no Brasil, que aumentaram sensivelmente os custos operacionais
da BYOP e da Sandra Cocada...
- Então é só mais uma
manobra para cobrir as contas públicas?
- Manobra que se
tornará permanente. A corrupção explodiu no Brasil, que logo vai implodir por
falta de lastro. O facto de sermos multinacionais nos dá condições de
sobreviver, mas muitas empresas locais estão demitindo ou simplesmente fechando
as portas.
- Não tem jeito! Não
tem mesmo jeito! Vai ser da pior forma. Estou mandando a gravação da nossa
conversa para nossos agentes, como você concordou. Agora é com eles. Vamos, os
pais de Albert querem ter uma palavrinha com você... Tenha paciência, sim?
Finalmente a chance de
conversar com a pequena lenda viva da pedagogia, mesmo não sendo pedagogo (...) as polêmicas e os mitos emergem com força. Ele compara o Brasil
a uma câmara de máscaras de um teatro, essas máscaras controlariam a
personalidade de quem passasse pela câmara de acordo com os papéis escolhidos,
mas uma vez terminada a peça, todos voltariam a ser cidadãos normais. Mas se as
máscaras fossem utilizadas muitas vezes ou por muito tempo, a influência seria
cada vez mais prolongada mesmo após o fim do uso, até se tornar permanente. E o
brasileiro médio está perigosamente viciado nas máscaras, que são a desculpa
perfeita para toda atrocidade que possa cometer...
- Roger, ele fez uma
parábola para nós!
Ficam emocionados.
Estarrecidos com a conclusão, mas emocionados. Celulares tocam na casa, os
Model S acabam de entrar na cidade (...) Os caminhões param no hotel posto da
entrada da cidade e já há gente esperando, em pouco tempo todos os setenta
compradores estão lá, com famílias, amigos, cachorro, gato, papagaio e alguns
piolhos. Claro que a imprensa cobre. Os bólidos eléctricos descem já cercados
pelos donos, inclusive os seis amigos (...) Meio italiano o comportamento dos sunshadowers, imaginam os
caminhoneiros, na realidade foi contribuição da família 3R. E já que os
fundadores da Dead Train estão lá, aproveitam para tietar também.
Os seis mandam pela
internet as impressões e photographias de seus carros, dando graças por
finalmente alguém fabricar carros eléctricos para serem usados de verdade (...) Elias, o que mais esperava pelo
seu, lê com paciência o manual do proprietário de seu S escarlate (...) Sandra volta de suas obrigações diárias, vê
aquele carro de tamanho legitimamente americano, o logo na frente, entra e
encontra seu pai com os olhos brilhando, enquanto lê o manual. Fica feliz.
Pensa em tirá-lo da frente daquele laptop para irem curtir o carro, mas o deixa
se lambuzando, afinal era um sonho de infância.
&
Enya conversa com Karen sobre um ensaio que
finalmente dividirão (...) Belice
leva o lanche para elas não precisarem interromper o planejamento. A garota
ajeita o rabo-de-galo e volta para dentro, em seu justo macacão oitentista preto
sem alças. Vê uma mensagem do namorado, ele está preocupado com a irmã do
segundo casamento do pai, ficou muito estranha depois de entrar para uma seita.
Já reportou isso para Alice, que hoje conhece bem os líderes da seita “Arautos
do Apocalipse” (...) Conta para Patricia...
- Mais uma que só vai tirar o luto quando
Jesus voltar. Ah, que tristeza é este século!
- Quer que eu monitore?
- Não vai ser coisa demais pra você? Então
sim, peça à Bel que deixe o rapaz desabafar e me reporte qualquer agravante.
Novidades na academia?
- Nenhuma. Tudo ficou muito previsível por
lá.
- Um pouco de rotina faz bem. Com o tempo
você vai sentir falta da sua, vida de agente é insegurança constante.
Saem da biblioteca e dão com Janie, que
aguarda o fim da reunião para dar continuidade à conversa sobre Albert (...) Ele está aprendendo
mais sobre prototipação rápida, enquanto Phoebe conclui o projecto para o
doutorado. Aquilo assombra os professores, mas não passa de um rascunho do que
fez para a organização. Pela câmera de microscopia, vêem centenas de
nanomáquinas prontas para uso, alimentadas e comandadas por indução, feitas em
poucas horas. Ela (...) liga para a avó e pede que avise Washington. Vai cuidar da
burocracia e procurar seus parceiros de senda, a começar pela encrenqueira da
banda, que não tarda concluir seu turno na residência. Já ajudou a anestesiar
pacientes que se recusavam a receber anestesia, simplesmente com um nocaute,
como agora...
- Pronto, pode aplicar a anestesia. O machão
tem medo de agulha e botava banca!
- Pancada sendo Pancada! Oi, Sandra.
- E aí, Phee. Às vezes a gente tem que
apelar.
- Você mestra em artes marciais, médica e
entrando para nosso grupo, não vai prestar!
- Re, re, re, re, re, re, re... Agora eu sei
onde bater, como bater e o quanto bater.
Encontram Jerry e Dean carregando Carly pelo
jardim do pátio. Após os risos, se perguntam por Giovanni. Sandra localiza-o na
reitoria, houve um desentendimento com um palestrante que insistia em
aconselhar o abandono das famílias para se ter sucesso (...) em vez de ser
repreendido, está descascando o reitor por ter convidado...
- Quelo cazzo maledeto! Aquele vampiro
financeiro que usa as pessoas e as joga fora quando não lhe servem mais. Só não
dei uma surra nele, quando comparou o carinho da mãe ao de uma prostituta,
porque não deixaram...
Sandra se desmancha. Fica recostada no
portal (...) Silvia e Enzo ficam
divididos, esse sangue quente é perigoso, mas concordam plenamente com a
indignação do caçula. Isso é assunto no ensaio da banda...
- Não se esqueça de que ele também é seu
afilhado, tem que ajudar a gente.
- Sim, claro, mas eu gostei do que ele fez!
Esses seis estão saindo melhor do que a encomenda.
- Posso imaginar o casamento deles, em vez de
uma igreja será num ringue...
Patrick arranca risos (...) após Patricia anunciar que os pais de Albert já estão
neuróticos dentro dos limites aceitáveis. Voltam hoje para La Grande aptos a
retomar o convívio com o filho. À noite (...) Renata
se aboleta nos braços de Matthew, contando as novidades de hoje. Estão
colocando todas as esperanças nesta nova formação, apesar de três deles só
virem a saber depois do show do jubileu de ouro...
- Pelo menos uma boa nova nesta trolha deste
século, que já nasceu podre!
- Ainda estamos sob influência do século XX,
Matt. Só vamos começar a viver no século XXI, nos anos vinte... Ah, é que todo
o ranço, os medos, as neuras, os apegos acumulados em cem anos, não somem em
uma virada de ano. O panorama psicológico e espiritual desde século, só começa
a aparecer depois de 2020.
- “Começa”? Quer dizer que eu não vou viver
pra ver as coisas entrarem nos eixos.
- Só no meio de século o mundo vai começar
mesmo a deixar os podres no passado. Não vamos mesmo ver, não de dentro de um
corpo carnal, o melhor do século, é o ônus de quem nasceu no meio de século
passado e agora tenta deixar alguma coisa decente pra descendência.
- Sinceramente, eu acho que nossa
descendência é muito melhor do que esse mundinho, ele não a merece.
- E você tem outro para eles viverem? Não,
né. Tem que ser este mesmo.
A manhã seguinte dá início às comemorações
oficiais do jubileu de ouro. Não são, desta vez, só paparazzi e jornalistas
especializados do show business, as imprensas econômica, política, científica,
religiosa, ufológica, pedagógica, militar e de entidades secretas também estão
lá (...) A lendária escola de artes marciais da Máquina de Costura
é o primeiro alvo. Registram todos os que entram lá, registram os sons, se
assustam com o bramir de lâminas e finalmente a saída alegre dos praticantes (...) enfrentar exercícios
pesados antes de o sol nascer, é uma demonstração de disciplina e determinação
que agrada e assusta os militares.
Hoje Glenda entrega o protótipo digital do
livro de Stephanie, a casa da moça fica lotada. A capa tem uma criança alada
decolando e um grilhão quebrado no chão. A autora baba pela imagem (...) A bruxa troca olhares com seus comparsas (...) A professora, sem conseguir conter o
sorriso, aprova (...) Ao Pentágono, informam que se houver alguma
conspiração por parte de Patricia, até as crianças da cidade estão envolvidas.
Nem todos os oficiais sabem da organização.
Phoebe leva as filhas ao ensaio da banda, com
todos os músicos de apoio e uma parte da orquestra enchendo o estúdio. Cantam e
tocam como se estivessem em uma apresentação oficial (...) Phoebe nota a aura da avó e líder da banda, fica
extremamente limpa e radiante quando canta, não se furta de tocar no assunto no
primeiro intervalo...
- O que você disse descreve exactamente o que
eu sinto ao microphone. A carreira é um dos pilares da minha sanidade mental.
- Esse bando de malucos mantêm sua saúde
mental?
A farra faz o estúdio parecer ainda menor (...) uma advertência aos três
garotos que chegaram tarde à banda, terão que se empenhar mais (...) porque o tempo corre contra e precisarão estar no ponto para
e estréia. A responsabilidade é passada para a matriarca, a polidora de diamantes
da Dead Train; Nancy Petty Gardner. Ela não faz rodeios...
- Não é para assustar, é para terem ciência
de que o que vocês fizerem cansados e com sono, deverá superar o que a maioria
dos cantores de hoje faz em sua melhor forma. Vocês vão agora conversar em tons
bemóis e andamentos lentos, que vão alterar de acordo com meu comando; Podem
começar.
Não é permitido ficar sem assunto (...) Eles penam! Ter que rir
em Do quando se estava gargalhando em Fá, é um teste de resistência. Mas eles
concluem os três dias de treinamento militar de elite com a audição muito mais
apurada, e as vozes cansadas (...) Carly novamente rejeita ligações, quer dormir para
desembaralhar o cérebro (...) Os Garotos contam com os mimos das namoradas, mas ela está só há anos. Durante
o sono se vê em um paradoxo, é uma figura estranha em uma banda onde
virtualmente todos são parentes (...) Fala com Renata assim que termina a reclusão vocal...
- Normal. A gente pegou vocês de surpresa.
Phee e Tota se conhecem desde bebês, a Sandra veio ainda menina, vocês chegaram
há relativamente pouco tempo, o estranhamento é normal. Só não deixe isso virar
neura, tá. Se joga nas nossas actividades, que você é uma de nós.
- Pra mim é meio surreal, ainda.
- A vida neste mundo não é real! Chamá-la de
surreal é elogio.
Voltam para o ensaio, depois discutem
pormenores (...) Os novatos dão o bôbus de visões também novas,
ajudando a dar soluções que quem sempre esteve dentro da banda poderia deixar
passar. Ao fim da jornada extenuante de hoje, os três têm uma grata surpresa,
recebem pelo trabalho feito. Nunca pensaram que veriam isso, mas têm cheques
equivalentes às suas rendas familiares, no caso de Carly até mais. Os pais da
garota desmaiam (...) Agora viram que é
mesmo para valer.
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