quarta-feira, 30 de janeiro de 2019

Dead Train in the rain CLI

    Os garotos estão prontos. A estação 151 Dá início à carreira dos seis novatos, que agora verão o que é bom pra tosse! Apresentem seus bilhetes e embarquem no novo vagão, o trem vai partir.


Stephanie vai até a mãe, que desfruta de um momento só de lingerie minúscula com estampas da Olívia Palito (...) mostra-lhe o tablet com algo em que trabalhava há mais de um ano, como sempre em silêncio...

- Wow... Baby, você escreveu um livro!... Mel! Mel, a Steph escreveu um livro!

- Woohoo! Sobre o quê?

- Saca só o título: Eliasian pedagogy; General theory, practice and results. Seiscentas páginas!

- Mamãe já viu esse catatau?

Vê agora. A moça estudou com afinco os fundamentos da pedagogia eliasiana, como a chama, aplicou nos métodos pedagógicos herdados de Naomi e agora tem em obra o resultado de mais de um ano de trabalho (...) Nancy chama Glenda, lhe entrega um pendrive e a responsabiliza pela publicação do livro (...) A bruxa começa passando pela casa da prima, deixando uma cópia para ela ser uma leitora beta e volta para a fazenda. Lá faz outra cópia para a mãe e se põe a estudar a obra. Na cidade, Janie e Roger finalmente conseguem conhecer o ocupado e discreto objecto de estudo do livro. Deixou Sandra no ensaio e foi à madrinha explicar os relatórios sobre a multiplicação de taxas e de valores das já existentes, no Brasil, que aumentaram sensivelmente os custos operacionais da BYOP e da Sandra Cocada...

- Então é só mais uma manobra para cobrir as contas públicas?

- Manobra que se tornará permanente. A corrupção explodiu no Brasil, que logo vai implodir por falta de lastro. O facto de sermos multinacionais nos dá condições de sobreviver, mas muitas empresas locais estão demitindo ou simplesmente fechando as portas.

- Não tem jeito! Não tem mesmo jeito! Vai ser da pior forma. Estou mandando a gravação da nossa conversa para nossos agentes, como você concordou. Agora é com eles. Vamos, os pais de Albert querem ter uma palavrinha com você... Tenha paciência, sim?

Finalmente a chance de conversar com a pequena lenda viva da pedagogia, mesmo não sendo pedagogo (...) as polêmicas e os mitos emergem com força. Ele compara o Brasil a uma câmara de máscaras de um teatro, essas máscaras controlariam a personalidade de quem passasse pela câmara de acordo com os papéis escolhidos, mas uma vez terminada a peça, todos voltariam a ser cidadãos normais. Mas se as máscaras fossem utilizadas muitas vezes ou por muito tempo, a influência seria cada vez mais prolongada mesmo após o fim do uso, até se tornar permanente. E o brasileiro médio está perigosamente viciado nas máscaras, que são a desculpa perfeita para toda atrocidade que possa cometer...

- Roger, ele fez uma parábola para nós!

Ficam emocionados. Estarrecidos com a conclusão, mas emocionados. Celulares tocam na casa, os Model S acabam de entrar na cidade (...) Os caminhões param no hotel posto da entrada da cidade e já há gente esperando, em pouco tempo todos os setenta compradores estão lá, com famílias, amigos, cachorro, gato, papagaio e alguns piolhos. Claro que a imprensa cobre. Os bólidos eléctricos descem já cercados pelos donos, inclusive os seis amigos (...) Meio italiano o comportamento dos sunshadowers, imaginam os caminhoneiros, na realidade foi contribuição da família 3R. E já que os fundadores da Dead Train estão lá, aproveitam para tietar também.

Os seis mandam pela internet as impressões e photographias de seus carros, dando graças por finalmente alguém fabricar carros eléctricos para serem usados de verdade (...) Elias, o que mais esperava pelo seu, lê com paciência o manual do proprietário de seu S escarlate (...) Sandra volta de suas obrigações diárias, vê aquele carro de tamanho legitimamente americano, o logo na frente, entra e encontra seu pai com os olhos brilhando, enquanto lê o manual. Fica feliz. Pensa em tirá-lo da frente daquele laptop para irem curtir o carro, mas o deixa se lambuzando, afinal era um sonho de infância.

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Enya conversa com Karen sobre um ensaio que finalmente dividirão (...) Belice leva o lanche para elas não precisarem interromper o planejamento. A garota ajeita o rabo-de-galo e volta para dentro, em seu justo macacão oitentista preto sem alças. Vê uma mensagem do namorado, ele está preocupado com a irmã do segundo casamento do pai, ficou muito estranha depois de entrar para uma seita. Já reportou isso para Alice, que hoje conhece bem os líderes da seita “Arautos do Apocalipse” (...) Conta para Patricia...

- Mais uma que só vai tirar o luto quando Jesus voltar. Ah, que tristeza é este século!

- Quer que eu monitore?

- Não vai ser coisa demais pra você? Então sim, peça à Bel que deixe o rapaz desabafar e me reporte qualquer agravante. Novidades na academia?

- Nenhuma. Tudo ficou muito previsível por lá.

- Um pouco de rotina faz bem. Com o tempo você vai sentir falta da sua, vida de agente é insegurança constante.

Saem da biblioteca e dão com Janie, que aguarda o fim da reunião para dar continuidade à conversa sobre Albert (...) Ele está aprendendo mais sobre prototipação rápida, enquanto Phoebe conclui o projecto para o doutorado. Aquilo assombra os professores, mas não passa de um rascunho do que fez para a organização. Pela câmera de microscopia, vêem centenas de nanomáquinas prontas para uso, alimentadas e comandadas por indução, feitas em poucas horas. Ela (...) liga para a avó e pede que avise Washington. Vai cuidar da burocracia e procurar seus parceiros de senda, a começar pela encrenqueira da banda, que não tarda concluir seu turno na residência. Já ajudou a anestesiar pacientes que se recusavam a receber anestesia, simplesmente com um nocaute, como agora...

- Pronto, pode aplicar a anestesia. O machão tem medo de agulha e botava banca!

- Pancada sendo Pancada! Oi, Sandra.

- E aí, Phee. Às vezes a gente tem que apelar.

- Você mestra em artes marciais, médica e entrando para nosso grupo, não vai prestar!

- Re, re, re, re, re, re, re... Agora eu sei onde bater, como bater e o quanto bater.

Encontram Jerry e Dean carregando Carly pelo jardim do pátio. Após os risos, se perguntam por Giovanni. Sandra localiza-o na reitoria, houve um desentendimento com um palestrante que insistia em aconselhar o abandono das famílias para se ter sucesso (...) em vez de ser repreendido, está descascando o reitor por ter convidado...

- Quelo cazzo maledeto! Aquele vampiro financeiro que usa as pessoas e as joga fora quando não lhe servem mais. Só não dei uma surra nele, quando comparou o carinho da mãe ao de uma prostituta, porque não deixaram...

Sandra se desmancha. Fica recostada no portal (...) Silvia e Enzo ficam divididos, esse sangue quente é perigoso, mas concordam plenamente com a indignação do caçula. Isso é assunto no ensaio da banda...

- Não se esqueça de que ele também é seu afilhado, tem que ajudar a gente.

- Sim, claro, mas eu gostei do que ele fez! Esses seis estão saindo melhor do que a encomenda.

- Posso imaginar o casamento deles, em vez de uma igreja será num ringue...

Patrick arranca risos (...) após Patricia anunciar que os pais de Albert já estão neuróticos dentro dos limites aceitáveis. Voltam hoje para La Grande aptos a retomar o convívio com o filho. À noite (...) Renata se aboleta nos braços de Matthew, contando as novidades de hoje. Estão colocando todas as esperanças nesta nova formação, apesar de três deles só virem a saber depois do show do jubileu de ouro...

- Pelo menos uma boa nova nesta trolha deste século, que já nasceu podre!

- Ainda estamos sob influência do século XX, Matt. Só vamos começar a viver no século XXI, nos anos vinte... Ah, é que todo o ranço, os medos, as neuras, os apegos acumulados em cem anos, não somem em uma virada de ano. O panorama psicológico e espiritual desde século, só começa a aparecer depois de 2020.

- “Começa”? Quer dizer que eu não vou viver pra ver as coisas entrarem nos eixos.

- Só no meio de século o mundo vai começar mesmo a deixar os podres no passado. Não vamos mesmo ver, não de dentro de um corpo carnal, o melhor do século, é o ônus de quem nasceu no meio de século passado e agora tenta deixar alguma coisa decente pra descendência.

- Sinceramente, eu acho que nossa descendência é muito melhor do que esse mundinho, ele não a merece.

- E você tem outro para eles viverem? Não, né. Tem que ser este mesmo.

A manhã seguinte dá início às comemorações oficiais do jubileu de ouro. Não são, desta vez, só paparazzi e jornalistas especializados do show business, as imprensas econômica, política, científica, religiosa, ufológica, pedagógica, militar e de entidades secretas também estão lá (...) A lendária escola de artes marciais da Máquina de Costura é o primeiro alvo. Registram todos os que entram lá, registram os sons, se assustam com o bramir de lâminas e finalmente a saída alegre dos praticantes (...) enfrentar exercícios pesados antes de o sol nascer, é uma demonstração de disciplina e determinação que agrada e assusta os militares.

Hoje Glenda entrega o protótipo digital do livro de Stephanie, a casa da moça fica lotada. A capa tem uma criança alada decolando e um grilhão quebrado no chão. A autora baba pela imagem (...) A bruxa troca olhares com seus comparsas (...) A professora, sem conseguir conter o sorriso, aprova (...) Ao Pentágono, informam que se houver alguma conspiração por parte de Patricia, até as crianças da cidade estão envolvidas. Nem todos os oficiais sabem da organização.

Phoebe leva as filhas ao ensaio da banda, com todos os músicos de apoio e uma parte da orquestra enchendo o estúdio. Cantam e tocam como se estivessem em uma apresentação oficial (...) Phoebe nota a aura da avó e líder da banda, fica extremamente limpa e radiante quando canta, não se furta de tocar no assunto no primeiro intervalo...

- O que você disse descreve exactamente o que eu sinto ao microphone. A carreira é um dos pilares da minha sanidade mental.

- Esse bando de malucos mantêm sua saúde mental?

A farra faz o estúdio parecer ainda menor (...) uma advertência aos três garotos que chegaram tarde à banda, terão que se empenhar mais (...) porque o tempo corre contra e precisarão estar no ponto para e estréia. A responsabilidade é passada para a matriarca, a polidora de diamantes da Dead Train; Nancy Petty Gardner. Ela não faz rodeios...

- Não é para assustar, é para terem ciência de que o que vocês fizerem cansados e com sono, deverá superar o que a maioria dos cantores de hoje faz em sua melhor forma. Vocês vão agora conversar em tons bemóis e andamentos lentos, que vão alterar de acordo com meu comando; Podem começar.

Não é permitido ficar sem assunto (...) Eles penam! Ter que rir em Do quando se estava gargalhando em Fá, é um teste de resistência. Mas eles concluem os três dias de treinamento militar de elite com a audição muito mais apurada, e as vozes cansadas (...) Carly novamente rejeita ligações, quer dormir para desembaralhar o cérebro (...) Os Garotos contam com os mimos das namoradas, mas ela está só há anos. Durante o sono se vê em um paradoxo, é uma figura estranha em uma banda onde virtualmente todos são parentes (...) Fala com Renata assim que termina a reclusão vocal...

- Normal. A gente pegou vocês de surpresa. Phee e Tota se conhecem desde bebês, a Sandra veio ainda menina, vocês chegaram há relativamente pouco tempo, o estranhamento é normal. Só não deixe isso virar neura, tá. Se joga nas nossas actividades, que você é uma de nós.

- Pra mim é meio surreal, ainda.

- A vida neste mundo não é real! Chamá-la de surreal é elogio.

Voltam para o ensaio, depois discutem pormenores (...) Os novatos dão o bôbus de visões também novas, ajudando a dar soluções que quem sempre esteve dentro da banda poderia deixar passar. Ao fim da jornada extenuante de hoje, os três têm uma grata surpresa, recebem pelo trabalho feito. Nunca pensaram que veriam isso, mas têm cheques equivalentes às suas rendas familiares, no caso de Carly até mais. Os pais da garota desmaiam (...) Agora viram que é mesmo para valer.

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