O poder e o coração. A estação 145 mostra como alguém pode resistir aos apelos do poder, na figura de quem não o quer. Leiam com atenção e embarquem, o trem vai partir.
Em um humilde apartamento de Baltimore, um
grupo (...) decide
pelo lançamento oficial de seu partido. Sabem que (...) precisam começar de alguma forma. Têm adeptos e
simpatizantes em todos os Estados americanos, o que lhes dá larga vantagem
sobre todos os outros partidos pequenos...
- Então, amigos, correligionários,
compatriotas, irmãos de seara, firma-se o estatuto que transformará nossa
agremiação em uma entidade com força política, The American Monarchist Party.
Um dia teremos um líder nato que tenha compromisso unicamente com nosso país!
Não com ideologias, com viés político, com interesses econômicos, com seitas
religiosas, mas unicamente com o bem estar e progresso de nossa gloriosa e
negligenciada nação. E quem melhor do que a já prestigiada e mundialmente
respeitada Casa de Alander para suportar o peso da coroa? Seremos uma
democracia monarquista, a descendência que nos dará nosso futuro rei ou rainha
está assegurada, mesmo que leve mais de um século os Estados Unidos da América
serão realmente unidos, de facto e não só no papel. Até lá, VIDA LONGA À NOSSA
RAINHA PATRÍCIA I, A SÁBIA!
A reunião encerra a era de cochichos, que
durou quatro décadas. Toda a vizinhança ouve o brado (...) ele tem eco nos arredores, em todos os
Estados, pois houve transmissão ao vivo pela internet (...) Um deles é justamente um agente da guarda imperial, e
comunica Julia a respeito...
- Vocês não estão exagerando?
- Fizemos o que você disse! Estamos na era do
parto do novo mundo, não estamos? Nossa rainha é sujeito activo neste início de
história, não é? Isto aqui é uma democracia, não é?
- Ok, você tem razão, não há motivo para
terem esperado mais. Vou comunicá-la, mas você sabe qual será a primeira
reação.
Ele sai para não ouvir a bronca (...) ela pede que a conversa seja por
videophonia e mais gente participe. Todos os dezoito mais Arthur, Ana Clara,
Elisa, Nancy, Richard, Eduarda, Renato, Elias, Deborah, Crazy Horse, Kenji,
Laura, Daniel e suas crias estão lá. O que era apenas uma confraternização...
- Mas eles estão loucos? Que sandice é essa,
Julia? Isso não foi idéia sua, foi?
É o que ela esperava (...) Após a dura
reprimenda, ela se cala por um minuto (...) Ela não queria poder,
nunca quis poder, o assumiu porque não havia a quem entregar a encrenca. Agora
percebe que seu poder institucional se tornou também político, precisará
comedir mais as palavras em público (...) Suspira profundamente, olha para a câmera com os olhos bem abertos...
- Como eu vou controlar essas pessoas e
evitar que façam besteiras em meu nome?
- Basta uma ordem sua.
- E eu serei comunicada de passos importantes
desse partido?
- Sim, imediatamente. Está no estatuto:
Artigo 1º, parágrafo 1º inciso 4º.
- Menos mal! Menos mal... Suponho que a esta
altura o partido já esteja em vias de regularizar-se.
- Sim, está, em todos os cinqüenta Estados
americanos e mais um comitê em Porto Rico.
- Quantos?
- Setenta mil membros... Eu também fiquei
assim, perguntei se não havia zeros demais...
Patrícia fica estarrecida, como se estivesse
indefesa e diante dos que querem sua cabeça. Não só ela, as caras de espanto
tomam a biblioteca...
- Oh, God!
Renata a ampara, a ajuda a sentar-se na
poltrona de veludo azul. Olha para frente e vê Naomi, a avó da princesa, que
nota a fixação da amiga e ordena “Solte o verbo, você sabe de algo!”...
- Sua avó disse pra você ficar tranqüila, que
tudo vai acabar bem... Sim, só isso.
- Então ela está metida nisso?
- Bem... Sim, ela confirmou, esta metida até
o pescoço espiritual nisso... Mas agora selou a boca, não vai soltar nem mais
um píu.
- Meu Deus, não bastavam as conspirações internacionais,
as guerras que vão eclodir a qualquer momento, os desastres ambientais sem precedentes
que batem à porta, agora tem uma conspiração dimensional e interplanetária no
meu encalço! Hey, fala sério, qualé?
- Honey, se mamãe lhe atribuiu uma
responsabilidade é porque você é capaz de arcar com ela. Ela nunca exigiu de
você mais do que era capaz de dar, você sabe disso.
- Entre as aulinhas da vovó e isto existe uma
diferença gigantesca!
- Entre um diorama de alta fidelidade e um
edifício de grande altitude, a única diferença é o dimensionamento, a
engenharia é a mesma.
Todo mundo se vira para Elias (...) Patrícia sabe que ele está certo. Alega que (...) o edifício demanda centenas, talvez milhares de
trabalhadores por meses ou anos. “Quantos seguidores minha madrinha pensa que
tem?” é a resposta. Ela olha para baixo, medita e liga para Josephine(...) Ela também acha isso um imenso exagero, mas
assegura que a condução adequada da situação será muito valiosa aos planos
gerais...
- Não se preocupe demais, eles estão todos
sob controle, o seu controle. Leia o estatuto que Julia mandou por e-mail, eu o
estou lendo e francamente, é mais bem escrito e coeso do que qualquer um de
nossos códigos constitucionais.
Ela o faz. Precisa reconhecer, um advogado
precisaria praticamente inventar uma brecha naquilo. Um pouco longe dali,
Glenda recebe Pirata (...) Emily e Theodore chegam para buscá-la e a bruxa dá esta parte por encerrada (...) para ir à casa de Renata, que já sentiu
um pequeno vácuo no coração (...) Pega seu defumador, suas sinetas e entoa um mantra complexo para
reequilibrar a egrégora que a morte maculou. Agora vai à Máquina de Costura,
onde os ânimos estão mais leves...
- Tia, espere uma semana. Eu vou arranjar um
filhote pra vocês.
- A Pirata?
- Ela já está bem e a casa já foi trabalhada.
Avise o tio Matt.
É triste (...) mesmo
para a médium. O corpo de Pirata (...) é sepultado com
a dignidade de que a fiel cadela desfrutou naquela casa. Uma semana depois, um
dia antes do festival de otakus, Glenda aparece com um filhotinho todo preto
com a boca branca (...) A boca lhe rende o nome Palhaço e a casa volta
a se encher de alegria (...) Uma visita de Rebeca e Ronald mostra o quanto aquele filhote é
pequeno, comparando-o ao enorme Lobsang. Uma bocada e já era! O pequenino
fareja o mastin tibetano, que o fez com ele em apenas uma fungada, ser um
filhotinho pesou a favor do novato.
&
- Juan, gostaria de falar com você.
É raro verem Phoebe tão séria (...) Diante de 6’43/4” e mais de cem
quilos de maestria em artes marciais, ele (...) se senta diante da moçoila, no jardim da
Máquina de Costura. Ela o adverte que está enrolando demais, que ambos têm,
principalmente Glenda, maturidade e independência financeira de sobra para se
casarem...
- O romance de vocês está no ponto. Não vá
esperar apodrecer para colher!
Ela volta com uma indisfarçável cara de
Patrícia Menininha Mandona que deixa a avó muito feliz. Ele (...) Finalmente pede e Glenda
aceita se casar. Tobby e Anita entram na farra e ajudam os outros a carregá-los
pela casa e depois jogá-los na piscina (...) Convidam Carly antes que ela pense que ficará só observando com os paparazzi o
casamento.
Marcia chama a filha para um canto, senta-se
no seu colo, já se conformou, e começa a perguntar sobre o episódio. Ela é
sucinta com “Começaram a falar comigo”. Não é inesperado, mas preocupa a mãe (...) Naomi
sussurra que Nancy tinha a mesma preocupação com Patrícia (...) Mas ela se preocupa, porque as netas tendem a seguir
o mesmo caminho e logo não caberão mais no seu colo (...) As duas estão brincando com Spark, imenso em 4’ e 67 libras. O
gato tornou-se um gigante, só menor do que Lady Spy, mas mais pesado. A gata
repousa no alto da escadaria, assistindo a movimentação da rua (...) Ela desce majestosa e
vai ao jardim da frente, senta-se erecta e estampa as próximas edições de
vários jornais, tablóides, revistas de fofoca e programas de celebridades. Não
bastam os 4’5”, ela vigia tudo como se tudo aquilo fosse seu reino, inocente ao
trabalho da câmera em sua rica coleira.
À noite as coisas se acalmam. Rebeca e Ronald
vão visitar o jovem e preocupado casal, ela os chama para uma conversa
reservada, enquanto ele investiga até onde as rugas se justificam (...) A vê escrevendo em um diário, mantém uma distância
elegante, espera que termine e feche o caderno. As meninas a orbitam atentas.
Phoebe o vê, sorri e ele se aproxima. O que as duas vêem é a mãe treinar
escrita com uma caligraphia absolutamente maravilhosa (...) A Pelican Traditional M150 dança como uma bailarina nas mãos da
ambidestra, que as troca sem interromper a escrita. Há um armário só para
instrumentos de escrita (...) Assim que termina
é aplaudida...
- Inacreditável! Cara, você parece que mal
tocou nesta caneta, tão leve que foi!
- Ra, ra, ra, ra, ra, ra. Eu costumo escrever
nas peças que fabrico, pra organizar, que nem tenho feito nos Caddys.
Enquanto as pequenas se aventuram em papel e
lápis, os dois conversam sobre amenidades e o doutorado precoce que ela está
concluindo (...) O diplomata
usa de sua experiência para ouvir o que precisa sem ela dizer directamente. O
que vê é uma garota muito equilibrada, com feridas ainda não cicatrizadas, mas
caminhando por sua conta. Rebeca termina com os pais da comparsa e vão os três
ver a quantas anda a conversa. Ouvem risos (...) aquele sorriso em forma de coração ainda é a maior alegria
da casa. Os nobres não deixam de notar, as gêmeas escrevem com desenvoltura. Na
manhã seguinte (...) passam suas excelentes
impressões às avós...
- Vocês estão superestimando o problema e
subestimando a resistência dela. Deixem ela encontrar seu caminho, quando
precisar ela pede ajuda. Ela não pede, quando vocês salvam o mundo?
- Não, pelo contrário. Ela nunca precisou de
nossa ajuda, nos assuntos da organização, nós é que sempre recorremos a ela...
Mascote?
- O lindinho saiu a você sem tirar nem por.
Ele sim vai precisar de ajuda, ele e a Marcia. Ontem nós e eles descobrimos que
as meninas sabem ler e escrever muito bem...
É uma surpresa. Reportarão a Stephanie e
Nancy (...) Rebeca detalha a precisão com que as
duas seguravam e faziam os lápis dançarem, como a mãe faz.
&
- Você canta demais! Vou procurar o seu disco
agora mesmo!
Deixa o recado no My Space e vai à loja de
música. Compra o disco, volta para casa e vê a resposta da cantora. Lembra-se
de Orson quando ouve “Someone Like You” (...) Na cidade velha, hospedado em uma cela vazia, um Beast pensa
justamente nela (...) lhe deram as medidas, o peso e
a força bruta do pai dela. Beatrix alertou para não se levar pelo impulso, que
é muito fácil se apaixonar por aquela garota encantadora e ela é tão ocupada
quanto cheia de responsabilidades, e não são só pelas duas filhas pequenas.
Ele (...) acorda antes
do habitual. Acompanha um Street Warrior na ronda (...) vê Phoebe sair com o pai para o treinamento. A vastidão muscular do herói de
guerra fica explícita sob a camiseta. Mais gente entra na Máquina de Costura (...) Ouvem bem o
treinamento, enquanto vasculham e monitoram as proximidades. Vêem pai e filha
voltarem suados, a cena lembra alunos saindo da escolinha (...) devidamente informado, ele vai à chefe de todos...
- Senhora Petty, eu gostaria de falar sobre
sua neta Phoebe.
A diva observa o homem de longas madeixas
castanhas, chama Arthur e pede que entre (...) Eles não o animam (...) fazendo vários alertas inclusive “Várias lendas a respeito
dela, e de todos nós, são verdadeiras”...
- Ela já superou o lance da viuvez?
- Já, há bastante tempo. Neste período muita
gente se declarou, mas como sabe ela continua só.
- Ela era uma criança quando conheceu Orson,
e a relação que tiveram foi tão acidental que ela não se lembra de nada.
Agora ela o assustou (...) Nunca lidou com mulheres
inexperientes e confessa, diante das duas caras fechadas, que sexo é sempre a
primeira coisa que lhe vem em um relacionamento. Se quer realmente aquela
garota, terá que repensar muita coisa em sua vida, inclusive a própria. Sai à
chefatura, visto de longe por Elizabeth e Prudence, indo levar as meninas para
os avós babarem...
- Vocês falaram dos mil perigos mortais que o
cavaleiro de rodas terá que enfrentar, se quiser a mão da donzela gigante?
- Dos tesouros que amealhou durante a vida e
terá que abrir mão para entrar na floresta encantada do gênio topológico?
- Hey, isso dá um romance!
- Vamos terminar nossa trilogia sádica e
começamos com ele.
- Ele me pareceu muito desapontado, quando
soube que Phee é praticamente virgem!
Ela está no momento desenvolvendo seu
projecto de doutorado (...) uma versão
tosca da prototipadora que está aperfeiçoando para a organização. Imprime
algumas nanoestruturas de teste, de vários materiais, coloca tudo em um
microscópio electrônico e se põe a estudar os resultados. Salva tudo no tablet
e vai ver os outros (...) Aproveita (...) para checar os assuntos virtuais da banda
e da corporação, sentada em meio às flores silvestres do jardim, em sua blusa
de gola ampla e saia média, tudo no mais neutro bege que encontrou. Trabalha
rápido, quer dar todas as atenções aos três, que começam a chegar. De longe um
paparazzo manda para a revista a “underware fashion” com que a garota tenta sem
sucesso ser discreta (...) logo os patrocinadores oferecem descontos fajutos em conjuntos
semelhantes.
Um certo motoqueiro também vê e fica
caidinho. Pensa em ir falar com os pais dela, mas eles vão ter consigo...
- Albert Witchwort, queremos falar com você.
A voz grave, cavernosa e potente do Capitão
Gardner ecoa pela chefatura (...) O rapaz pensou que nunca mais teria
medo, depois de ter voltado da guerra, mas agora está com medo. Marcia (...) mais
parece uma criança ao lado do marido...
- Nossas mães nos contaram a seu respeito. Você
deve compreender – diz a mãe – que ainda é um desconhecido para nós, o
sunshadower é naturalmente desconfiado de estranhos.
- Eu não fui destratado aqui.
- Não confunda as coisas – diz o pai. Nós
somos humanos, ser desconfiado não me impede de ser civilizado. Você deve
aprender certas lições, para ter alguma chance com minha filha.
A filha está no ensaio. Estão evoluindo
rápido, mas Happy Moon não vai antecipar muito sua estréia (...) Carly está consciente de quase tudo, só saberá da nova
formação da banda quando estiver pronta. Preocupa a apache (...) os dois restantes ainda não terem aparecido. Devem estar por aí,
gastando seu tempo em alguma distração, em um posto de beira de estrada,
mudando os planos (...) e rumando para Sunshadow (...) Lá vai a Toyota Tundra vermelha seguir as
placas até encontrar a única entrada para a cidade. Lá está ela, e lá longe
está a mítica Sunshadow.
De cara passam pela Suburban com Karen ao
volante e Claudett de carona, as Lices estão atrás. Chegam à rua Pink Coal, exclusiva
para pedestres, que dá acesso à praça do trem morto (...) Tem fila, mas os fãs não se furtam de pisar onde os seis amigos fizeram
sua primeira apresentação pública. Lá está a primeira Brook’s Hot Chocolate (...) E encontram ninguém menos
do que a líder, a diva, a lenda, a magnânima, a maravilhosa, sua alteza real a
princesa Patrícia, a conversar com irmã e sobrinha...
- Estamos conversadas? Sábado você leva seu
rapaz para um almoço em família e resolvem tudo. Depois a gente se fala mais, sobre
as gêmeas. Agora vou à fundação, ver como estão os quatro.
O casal com os dois garotos fica paralisado,
até um deles levantar o dedo e chamar a atenção dela. Mudaram-se há menos de
dois meses para Detroit (...) Os convida a conhecerem a fundação (...) os adultos
estão um pouco fora de forma, ao contrário dos garotos, que levaram a sério as
broncas dadas em fãs, nas últimas turnês. Olham ao redor, é uma cidade vintage
com focos de invasão contemporânea.
A
Naomi Petty Green Children Foundation (...) Enquanto gente com
pompa e diploma reclama do mundo, ela o educa. É um universo totalmente novo
para os quatro, uma estrutura e uma philosophia fora de série. Acompanham
Patrícia até o conservatório...
- Eu não tenho muito mais a fazer por eles,
mas não lhes diga isso. Vão poder estrear uns dois ou três meses antes do que
eu previa. Daí minha preocupação, porque os outros vão aparecer muito tarde.
- Vamos trabalhar com o que temos, Moon.
Vocês quatro, vão pra minha casa, comam alguma coisa e descansem. Eu gostaria
muito de ter seis para o jubileu de ouro...
- Seus amigos?
- Recém-chegados a Michigan. Ann, George e os
gêmeos Jerry e Dean.
A tentativa de se desmistificar para os fãs
tem um sucesso e um fracasso, eles viram que é humana, mas uma humana que fez
sozinha mais do que muitos Estados pelo mundo (...) a maestrina tem um lampejo, gostou muito das vozes e da entonação dos
garotos. A mãe diz que eles cantam junto com o MP3, desde crianças, e ela fica
esperançosa. Chama-os para cantarem algo, corrige, afina, eles voltam a cantar
e Vulcana faz sinal de “investigue-os” para Princess.
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