Um milagre em Sunshadow! A estação 129 põe mais um caso no arquivo de "não sei" dos cientistas, para a felicidade geral da banda. Sorriam e embarquem, o trem vai partir.
Josephine chega a Sunshadow assim que a turba
midiática dispersa. Encontra seus pupilos na Máquina de Costura (...) falando justo do motivo de sua visita...
- Ele tá bem, Jose. Conseguiram repor os
dentes dele, a fase mais aguda passou e logo ele vem pra suíte que as meninas
prepararam.
- Fisicamente bem, mas...
- Vamos precisar da Frida. Ele está se
sentindo um nada, por não ter conseguido evitar e a Sandra estar na UTI...
- Grant não imaginava que a situação no
Brasil fosse se barbarizar tanto! Ele pode me receber?
Leva-a ao hospital. Encontram médicos
sorridentes (...) pela alta que estão assinando. Iriam chamar Patrícia para vir buscar o rapaz,
quando viram tudo ao redor escurecer, perder a graça e sucumbir à presença da
diva de bilhões, a musa de gerações, sua majestade galáctica Jose De Lane.
Patrícia dispara serelepe para o apartamento, quer (...) abraçar seu afilhado pela primeira vez. Há coisas que nunca mudam, ele também
se vicia naquele abraço. Há coisas que nunca mudam, ele também quase cai de
joelhos diante de Josephine. Há coisas que nunca mudam, a imprensa está lá fora
e clica como se não houvesse amanhã. Mary Ann está no meio, para garantir (...) uma notícia decente. Enquanto os outros sites se
perguntam quem é aquele baixinho estrupiado e remendado entre as divas
supremas, os sites do Interesse Popular, Sunshadow News e Coast to Coast on
line apresentam “Este é Elias, primo de Renata Rodrigues. Ele quase foi morto
por uma gangue de torcedores de futebol, em um país que não se importa com o
cidadão honesto até precisar de seu voto” surpreendendo o mundo. Os herdeiros
de Suzuki falam imediatamente com Mikomi, para esclarecer essa história...
- Sim, é verdade! Todos, inclusive Bobby,
foram socorrê-lo e à filha, vítimas dos malfeitores.
- Ele tem uma filha? Onde ela está?
- No hospital, ela sofreu ferimentos mais
graves, precisará de internação prolongada.
Mais ou menos o mesmo que Fester e Matthew
enfrentam em seus respectivos jornais. O show business entra em parafuso, há
quase zero informação a respeito dele na internet. O rapaz conhece a Máquina de
Costura (...) Ana
Clara não perderia isso por nada, está com as sobrinhas para recepcionar e
tentar atenuar um pouco a tristeza de um pai aflito. Ele está tímido e
assustado, hesitou em aceitar a alta, não queria se afastar da filha...
- Meu querido, você fez tudo o que poderia,
quando decidiu acelerar pra cima daqueles marginais. Agora é com os médicos.
Você não vai querer que ela te veja assim, quando tiver alta. Só mais uma
coisa, eu te conheço melhor do que imagina, sei das suas tendências a se
rebaixar, evite me dar um desgosto se lembrando: você não é visita, não é
hóspede e não está aqui de favor, você é minha família. O que lhe oferecermos é
seu. Compreendeu?
É levado para sua suíte, não muito menor do
que sua casa (...) O
convencem a ir ao baptismo de Nanako, caçula de Sakura. Renata argumenta que a
banda toda é uma família desde que eram crianças, mas é Nancy que assume o
controle (...) Se Patrícia o vê com olhos maternos,
ela o vê com olhos de avó...
- Meu querido, faz tantos anos que te
acompanho, você me deixou aflita tantas vezes, não é justo que nos negue essa
convivência enquanto estiver aqui...
Carinho, respeito e um pouco de chantagem
emocional. Então os seis podem levá-lo para providenciar um guarda-roupas
decente, sob medida e prêt-à-porter (...) É claro que incluem peças da franquia da banda, é claro que ele pode
e deve escolher roupas também para Sandra, é claro que ele sai das lojas
completamente diferente de quando entrou. Vão tagarelando consigo até a Máquina
de Costura, ele fica confuso em saber que tanta gente o conhece e preza. Ligam
do hospital, retiraram os últimos fragmentos de vidro da órbita ocular da
menina.
&
Norma dorme pensando no marido (...) Aquela cama ficou muito grande, não tem mais o ronco dele
para embalar seu sono. Não percebe que dorme e só acorda com o chamado aflito
de Enya, abraçada à mãe, aliviada por o pior não ter acontecido. É hora de se
levantar e recomeçar a vida. Vida que Elias monitora de perto, em mais uma
visita à filha sedada (...) Eduarda e
Renato se empenham em acolhê-lo, são carinhosos, respeitam sua necessidade
momentânea de silêncio. No fundo, eles sabem, o rapaz queria estar no lugar
dela, trocaria sem hesitar se fosse possível. Ficou a cargo dos dois dar ao
Brasil notícias dele, mas dão também da menina, que ainda hoje não desceu aos
pais dele, menos ainda aos parentes do pai.
Ficaram tempo suficiente para ele se assegurar
de que a filha está estável, o acolhem e rumam para voltar, encontram Norma ainda
no hospital...
- Oi. É ele o Elias?
Os acompanha. Decidiu não se isolar em seu
luto e foi ver se pode ajudar o brasileiro. É uma surpresa grata (...) ela percebe similaridades dele para
com o falecido. Os tios falam dele o que o próprio não diz, que já chegou a
tirar da boca para a filha comer bem e se recuperar rápido de uma virose...
- Que pai maravilhoso! Essa menina não te
escolheu, Deus pegou a cabecinha dela, virou e disse “Ele é o seu pai,
esqueça-se dos outros”...
No hospital o monitoramento detecta sinais de
maior actividade cerebral, por experiência a equipe deduz que o subconsciente
está trabalhando, ela finalmente voltou a sonhar. Informam Patrícia a respeito
e ela repassa ao afilhado assim que ele chega (...) Sakura e Kenji voltam de um show cheios de presentes dos fãs
da moça, que então passa a se inteirar em detalhes sobre o drama de Elias. Os
pais lhe contam com cuidado, eles sentem a dor dele e querem muito que Sandra
volte a dar-lhe problemas, justificando o apelido “Sandra Pancada” que ganhou
dos desafetos. Enquanto ela não acorda, ele é apresentado a um mundo
completamente novo de ciência e tecnologias, no momento aprende a operar e dar
manutenção nos diversos tipos de impressoras 3D que Patrícia tem no porão,
supervisionado pelo velho Gardner...
- Não tem problema o filamento secar dentro
da injetora?
- Não, ele é termoplástico. Derreterá de novo
assim que você ligar e ela esquentar.
Zigfrida também ajuda, faz o que pode para
compensar as severas interrupções do tratamento psicológico (...) Renata leva em consideração o histórico de pressão
e repressão absurdas a que ele foi submetido até a adolescência. Ela o
acompanhou...
- Rê, não fale nada pra Patty, mas ele não
ter se matado foi um milagre, porque a tendência...
- Eu sei, ele ainda tem tendências suicidas.
O medicamento para elas está agora na UTI, de cabeça raspada, só agora
começando a reagir e com várias cirurgias ainda por fazer.
- Obrigada por me avisarem sem querer...
Desculpem, ouvi por acaso. Dizer que me preocuparam é o óbvio, mas vocês me
deram uma solução em que eu não tinha pensado. Pai, você terminou com ele?
- Não! Ainda falta desossar, rechear e levar
ao forno!
As psicólogas desatam a rir, o próprio Elias
dispara pela primeira vez (...) Patrícia desce ao
porão (...) faz um pedido, quer ser madrinha da Sandra também, mas
desta vez quer cerimônia e um buffet. Sobe avisando Renata de que ela vai
celebrar a afiliação.
&
Uma conversa com Nancy e Stephanie rende
surpresas agradáveis. Elias revela o modo como educa a filha, uma de suas
regras é deixar a genialidade para quem sabe apreciá-la, para as provas
medíocres da escola deve dar respostas condizentes...
- Ela aprendeu rápido. Foi uma tranqüilidade,
uma preocupação a menos, porque o pavio curto dela já me rende outras
suficientes. “Não” é uma das palavras que ela ouve sem eu precisar dizer, basta
ela ler meu rosto.
- Então ela não vai ter dificuldades com a
gente. Steph, você assume assim que ela acordar.
A matriarca está decidida (...) não deixar que interrompa por mais tempo sua formação,
porque conteúdo já viu que ela só recebe em casa, lendo e conversando com o
pai. Ainda querem entender, e para isso falarão com mais gente, como em condições
tão desfavoráveis (...) ele conseguiu
esse sucesso; só discrição não explica tudo.
Naomi chega antes de um mês se completar. Ela
olha aquela Gardner nascida fora da família, acaricia o rosto do perispirito e
não tem palavras para expressar a alegria que sente, pelo efeito agregador que
ela já começou a exercer na cidade. Patrícia (...) Vê o médico monitorando, ele convida, ela se traja e entra na sala,
então a menina fica agitada...
- Pai.. Pai... Pai!
- Meu Deus, ela está acordando!
- Sandra! Sandra, fique quieta. O Elias está
bem, ele está trabalhando e assim que puder, vem visitar você.
- Quem tá aí? Eu tô cega!
- Não, é só um curativo que os médicos
colocaram para proteger seus olhos, você passou por várias cirurgias... Como é
bom ver você acordada, meu Deus...
- E o meu pai? Ele machucou? Se machucaram
ele, eu vou dar porrada naqueles vagabundos!
Trata de acalmar a ferinha. As funções
melhoram de repente (...) Os especialistas
fazem os exames e ela está inacreditavelmente bem...
- Porra, vocês não cansam de atacar o meu ateísmo?
Isto aqui é milagre!
- Ei, não adianta falar inglês pra me
enganar, meu pai me ensinou um monte de idiomas, tô entendendo tudo! Qualé a de
vocês?
- A nossa, encrenquinha, é te levar do
hospital assim que te derem alta, e parece que vai ser logo. Seu pai está
cuidando da sua viagem pra Sunshadow.
- Woohooo!
Os cabelos já ganham volume, mas estão bem
curtos. Três horas e os médicos atônitos lhe dão alta, desde que descanse por
hoje, só por precaução, e mantenha o curativo nos olhos até amanhã de manhã (...) Arthur
chega com o Corvair (...) Pelo caminho, com a velocidade baixa, ela nota que
praticamente todos ao redor falam inglês com sotaque bem carregado. Começa a
desconfiar que não está em Goiânia. Gostaria de pular, tirar o curativo e ver o
que está acontecendo, mas ainda precisará de fisioterapia (...) Apurando a audição, ela nota familiaridades na
voz de Patrícia, que se apresenta sem se revelar e lhe fala em tom muito
carinhoso.
Passam pela casa de solteira, Nancy vê aquela
carona ao lado da filha, que confirma e ela vai à rede social da cidade, avisar
todo mundo. Richard fica feliz, mas atordoado. A turma do trem morto e sua prole
inteira chegam antes deles. Elias (...) fica sem repertório para se expressar. Se aproxima do Chevy azul quase
não acreditando...
- Minha filha...
- Pai?
Mesmo com as estaturas já próximas, ele a
carrega (...) como se fosse uma porcelana rara,
enchendo-a de afagos até uma poltrona...
- Meu pai... Meu paizinho... Fiquei
preocupada... Obrigada, moça! Obrigada por cuidar dele pra mim. Te agradeço
direito amanhã de manhã... Onde é que a gente tá mesmo?
- Ela é da família, meu amor. Estamos na casa
de parentes até podermos voltar pra nossa. Agora descanse... Está com fome? Ela
pode comer?
Providencia um mingau de amido de milho e
frutas vermelhas picadas, para ela digerir melhor. Rebeca exibe um sorriso
enorme, ela poderia ser sua filha, de tão parecida consigo...
- Quer proteger mesmo o seu pai, Sandra?
- Nunca mais vou deixar vagabundo tocar a mão
nele! Vou quebrar todo mundo na porrada!
- Sou professora de artes marciais, vou
treinar você.
- Opa! Isso muito me interessa!
- Pronto, você não sabe o estrago que fez!
- Re, re, re, re, re, re... Que estrago coisa
nenhuma! Estrago ela vai fazer, se for novamente necessário. A propósito, a Patrícia,
a moça que te trouxe, é madrinha do seu pai.
- Você nunca me contou isso.
- Coma mais e fale menos... Tem um monte de
coisas que você precisa saber a meu respeito, mas vamos deixar para amanhã
cedo, quando você acordar.
- Uau! A gente faz parte de alguma máfia?
- Mais ou menos. Por isso fui buscar vocês de
avião, quando soube. Lady Spy, vem... Conheça a Sandra...
- Pelo macio... Cara, tô fraca, não consigo
coordenar direito... Putaquepariu! Um mês??? Ai, Jesus, vou ser reprovada por
falta!
- Aquela escola patética não vai fazer-lhe
diferença alguma. Sua educação agora é nossa responsabilidade. Só descanse por
hoje, amanhã cedo a madrinha te dá uma surpresa muito boa.
- O álbum duplo “The Dark Shine” do Dead
Train?
- Completo, com brochura, pôsteres e autographado.
- Pai, tem certeza de que a gante não morreu
e não tá no Nosso Lar? Esse álbum nem chegou no Brasil ainda!
- O Brasil, minha filha, é um imenso motor
sem transmissão. Potente, ruge forte, mas não sai do lugar... O que foi?
- Elias, tu sei um genio!
- Inglês, espanhol, até francês ouvi aqui!
Agora também italiano? Gente, fala sério, que lugar é esse?
- É a casa da sua madrinha, que fica em
frente à casa da sua prima, que sou eu. Agora quieta o rabo aí, encrenquinha,
descansa que amanhã a gente faz uma festa em sua homenagem... Com o kit
completo “The Dark Shine”. Acredite, a gente consegue.
- Deixa com a gente, tia Rê! Vamos levar ela
pra suíte que Betty e eu cuidamos dela.
Robert carrega a menina com cuidado (...) Pelo cheiro ela vai conhecendo o ambiente, já
percebeu que é muito arborizado, talvez tenha até piscina (...) As primas ficam consigo,
tratando de conhecer e saber como lidar com seu pavio curto. Hoje Elias dorme
feliz.
A manhã seguinte é de suspense. O médico (...) constacta o milagre de que o
colega falou. Ela olha ao redor, acerta o foco, vê um ambiente refinado e
imenso, olha para o lado e vê o pai. Sorri, segura seu rosto, encosta nele e
chora, contagiando-o. Patrícia bate na porta com delicadeza, em seu vestido
azul escuro cinturado, barra no meio das panturrilhas...
- Amores da madrinha, vim cumprir minha
promessa.
Aquele par de olhos azuis nunca ficou tão
arregalado. Sandra (...) fica completamente
aphônica...
- Wellcome to Sunshadow, honey. Vem pra
madrinha!
Não discute, pula nela (...) então também se vicia naquele abraço,
recebendo e ouvindo carinhos de quem tinha escassas esperanças de um dia
conhecer. Forte, a carrega nos braços para surtar de uma vez, diante da sala
cheia. E surta, por alguns instantes perde a noção de realidade e delira, nada
que um afago da madrinha não resolva...
- Pai! A gente... Eles... Isso aqui...
- Nós somos da família, Sandra. Renata,
Arthur e Ana Clara são nossos primos, Eduarda e Renato são nossos tios, por
conseqüência Patrícia é nossa prima, também nossa madrinha, o resto você deduz.
Vamos contar a história completa assim que liquidarmos com o buffet, depois do
seu batismo.
Levam-na ao jardim, com a brisa já anunciando
o frio, Renata e Marcia (...) sacralizam a afiliação.
Nancy (...) Conversa com a menina para traçar a
estratégia de sua formação. As coisas começam a fazer sentido naquela cabecinha
operada, mas tudo tem proporções tão descomunais, que fica perdida. O pai lhe
conta da primeira vez que ouviu falar de Patrícia e Renata, dos contactos
intermediados, do primeiro diálogo, as ajudas que receberam e os motivos de
nunca ter lhe contado tudo isso...
- Mas agora eu sei...
- Porque já não adianta tentar esconder, o
planeta inteiro nos conhece! Não posso colocar os pés para fora sem um
paparazzo eternizar meus passos, você terá que aprender a lidar com isso.
- Foda-se... Tô feliz... Cheguei ao nirvana e
ninguém vai tirar isso de mim... A dureza não importa mais, o secretário boçal
da escola não importa mais, eu tiro tudo isso de letra agora...
- Você não vai voltar para aquele antro de
dementação – corrige Nancy. Suas professoras agora somos nós. Depois da festa, e
que você descansar, terá sua primeira aula àquele piano.
Percebeu que a vida pós coma não tem nada a
ver com a de antes. Lhe são feitas as mesmas advertências que Elias recebeu,
inclusive de se comportar como gente da casa.
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