sábado, 19 de janeiro de 2019

Dead Train in the rain CXL

    Incubação invernal. A estação 140 move algumas peças no xadrez da trama, para preparar os próximos capítulos. Fiquem atentos e embarquem, o trem vai partir.


De olhos marejados, já em casa, Norma sorri diante do pequeno Robert Richard. O velho Gardner se emociona com a homenagem, promete em público que vai amparar e instruir o menino (...) inclusive, quem sabe, ensinar a salvar o mundo...

- Então pode preparar um lugar na sua oficina, Seu Richard, porque o senhor não sai daqui antes dos cento e vinte anos – sentencia Renata.

- É sério isso? WOW! Deus, você não existe, mas obrigado!

A entrevista terminou, mas a repórter e o cinegrafista também babam pelo menino. Como o pai, é muito pequeno, mas os médicos prometeram que vai crescer mais do que ele, no que Elias os olhou com cara de “É gozação?” (...) Sandra já protocolou o pedido de trocar as fraldas e amamentar o irmão. Enquanto Enya é mimada e paparicada, Eduarda, Patrícia e Nancy tentam convencer Elias a avisar à família (...) Ele consente que a tia informe, mas avisa que não terá uma resposta entusiasmada. Engana-se, a mãe fica quase histérica, ansiosa por conhecer o primeiro neto. Quando se dá conta do conteúdo da resposta, Eduarda já a transmitiu e ouve com dor o que esperava: “Sandra também é minha filha”. Ele se volta para o caçula e trata de acostumar os dois aos cuidados para com o irmão.

Ele viaja para São Paulo poucos dias depois, mas (...) voltará para o fim de ano. A garota passa a levar o irmão caçula consigo para onde vai (...) Na volta do pediatra, com Norma ao volante do Impala 2006, com kit Gardner Hybrid Hub 100HP, falam da popularidade que o pai simplesmente ignora, preferindo concentrar-se em realizar o que não pôde na juventude. Patrícia, após analisar alguns vídeos da coleira de Lady Spy, vai ter com esposa e filha do rapaz...

- A Rê me repreendia quando eu tinha ataques de velhice, agora eu compreendo por que. Já viu meu perfil na rede? Viu quanta gente pergunta pelo perfil que ele não quer abrir?

- Estou quase convencendo ele, Patty. A gente conversa na cama, enquanto espera o sono vir, você não imagina como ele coopera quando está aconchegado num abraço e consegue descansar.

- Espero que consiga. Ele é um homem de negócios, a reação do público numa rede social é um termômetro importante. Ele está perdendo uma extensão importante da vida deste século.

- Acho que eu tenho um pouco de culpa, madrinha... Ele leu as merdas que o povo escreve, vendo o meu perfil, e ficou decepcionado. Eu devia ter acompanhado ele e mostrado as coisas que ele gosta.

- Sua falha foi bem pequena, meu amor. Vocês sabem que ele queria ser eremita? Agradeçam sua tia Eduarda por isso não ter acontecido...

Conta algumas histórias que as chocam, revela uma face extremamente sombria do afilhado, que mesmo Sandra não conhecia. Quando ele volta do Brasil (...) Sandra lhe mostra no tablet Dead Train algumas páginas do facebook (...) com temas de que ele gosta. Os afagos da esposa não o convencem a gostar e querer freqüentar aquele pardieiro digital, mas o convencem a abrir a conta.

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Ouvindo “Give me The Good News” do Crocodile Harris, Sandra e Phoebe (...) entendem um monte de coisas e sacrifícios que já sabem que Patrícia e Rebeca fazem praticamente todos os dias. Faz parte das “boas-vindas” de Julia aos que se mostram aptos a ingressarem na organização...

- O que nossas bem amadas ajudam a fazer, elas não viverão para ver realizado. A intenção final da organização que integramos é unificar os governos mundiais, começando por unificar o continente americano. Não há outro meio de impedir de forma perene que uma guerra extermine quase toda a humanidade. A ONU falhou vergonhosamente em transformar as contendas em simples concorrências comerciais, simplesmente porque muita gente lá dentro tem mais poder a ganhar com o sofrimento de países inteiros, do que o dinheiro que ganharia com uma era consistente de paz. Toda a violência em que está se tornando a Primavera Árabe, é resultado directo dessa inoperância. Seu bisavô Richard foi o primeiro em todo o Michigan a entrar para o grupo, e mal entrando ele fez uma revolução!

Conta o que as duas podem saber (...) Alguns atentados de que a imprensa não soube e eles evitaram, elas podem saber...

- Não é exagero quando chamo a Patty de “Minha Rainha”. Ela quase levou um tiro na cabeça, para evitar a terceira guerra mundial de dentro da Casa Branca...

Os outros, inclusive Elias, não sabem o que Julia está dizendo para as duas, mas imaginam, quando elas saem já se agarrando a Patrícia, Arthur, Rebeca e aos Richards, principalmente Phoebe em seus quase 6’4” (...) Sandra também não é mais uma baixinha atrevida, está com quase 1,8m de atrevimento. Julia vê feliz a cena, bate de leve duas vezes com a mão fechada no peito, mostrando rapidamente o polegar quando o toca, para dizer que elas estão prontas para o aprendizado (...) elas já estão acostumadas aos rigores necessários.

A neve finalmente cai e as saídas diminuem. Sandra dá mais atenção aos irmãos, enquanto os adultos usufruem do descanso compulsório (...) Glenda cuida dos seus para a primavera, está organizando um festival de cosplay (...) quer toda a máfia sunshadower envolvida nesta primeira edição. Volta ao seu retiro de inverno e à sua meditação assim que conclui o planejamento. Muitos já começam a escolher a fantasia (...) Patrícia reporta a Josephine e ela concorda que esse festival vai facilitar muitos contactos, comunica aos colaboradores pelo mundo a respeito, depois às agências de inteligência. Pensa em ir vestida como sua protagonista em Miss Pilot, de 1968.

Phoebe termina de ler o diário de Naomi (...) vai reler de vez em quando para clarear as idéias. Guarda-o na bilbioteca, na sua prateleira exclusiva. Serena e Rose a seguem, balbuciando suas conversinhas pueris, enquanto Naomi dá seus sinais de prodígio ao piano. Ela dedilha até encontrar uma seqüência agradável, então a repete (...) Renata Liga para a mãe, Eduarda adora ouvir a pequerrucha dedilhar tão bem aquele teclado. Algo não muito diferente das trisnetas (...) Os pais da garota chegam com uma surpresa, os avós paternos das pequeninas. Homer chora muito quando abraça os bebês, quis se jogar no túmulo para ser enterrado com o filho, o teria feito se Phoebe não o tivesse impedido.

Bart conversa com Patrícia e Arthur, quer a ajuda de Robert para o filho sair dessa depressão prolongada, não agüenta mais vê-lo chorar pelos cantos, ele se lembra praticamente de tudo o que fez com o filho em todos os dias da vida dele (...) Ele se prontifica com prazer, mas adverte que se apoiou muito em Mikomi, que é uma esposa extraordinária. Homer tem problemas com a sua, ela (...) finge que só tem filhas. Se empacotam e vão ter com eles. Esperavam que Homer ficasse menos triste com as netas no colo, mas o que vêem é quase um milagre, o casal brinca com as netas como se o luto já estivesse cicatrizado (...) Eles voltam menos tristes para Los Angeles, após a promessa de retribuição da visita.

Em um rincão do país, uma igreja fundamentalista cogita usar estupro correctivo contra Karen e Claudett (...) A promessa é que os autores poderão simplesmente carregar e desposar as duas (...) Julia toma conhecimento e informa Patrícia. Não vai contar isso a Enzo de jeito nenhum, informa sua equipe local...

- Enzo não deve saber disso sob hipótese alguma. Não agora. Chuck, destaque alguém para um serviço reservado, de preferência um casal. Mascote, tá na hora de Alice saber de alguns apuros da mãe.

Alguns novatos do bando são destacados (...) Patrícia e Rebeca conversam reservadamente com a mulher mais madura da casa, avisando apenas que os fanáticos se lembraram de sua mãe...

- Não posso deixar isso acontecer! A minha mãe não! Meu Deus, onde ela está agora?

A acalmam com exercícios de respiração e instruções pormenorizadas (...) Providenciam contacto da garota com Zigfrida, para ajudá-la a lidar com isso. Para Karen, só a verdade que pode digerir, a sueca vai ajudar Alice a lidar com a carga de responsabilidades (...) A moça agradece, já pegou a filha tomando conta da papelada da academia e respondendo correspondências profissionais, quando estava muito ocupada.

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- No... Não, nem pensar!

- Mas, Phee! Você vai ficar linda nele!

- Eu não vou usar esse maiozinho de Mulher Maravilha, ainda mais este desenhado por aquele tarado brasileiro! No! Vou escolher outra coisa. Ainda se fosse o uniforme original... Hmm...

Glenda não desiste. Bruxas são piores do que sogras fiscais do imposto de renda (...) Ainda há uma carta na manga, na verdade duas. Mostra para Patrícia e Renata um croqui com Phoebe no uniforme usado por Lynda Carter (...) Elas se desmancham, já a imaginam girando com o uniforme militar, tirando as peças no giro e se mostrando naquele maiô. Avós conquistadas, vai falar com a mãe da beldade, os olhos daquele rostinho de adolescente brilham. Fechado o triângulo, vai tratar com a própria sobre a sugestão das avós...

- Fazer um strip-tease na frente de todo mundo... Glee, o que você anda bebendo?

- Calma, não diga nada agora! Isto foi apenas um devaneio de minha tia, sua avó, e a tia Patty comprou o sonho. Então, eu estava pensando em uma piscina aquecida com bar e fraldário, por isso o maiô...

A primeira maluquice do ano vai ficando menos absurda (...) especialmente porque o lugar ficará no segundo pavimento, menos exposto a curiosos...

- Só me resta a dúvida do motivo de você querer que eu use isto.

- Digamos que faz parte de um encantamento complexo e demorado demais para eu descrever.

- Não seria para Eros, espero.

- No. É para os dragões, mas é uma longa e intrincada história. Um dia te conto.

- “Dragões” para um festival de primavera?

- Pois é, há algumas obviedades enganosas que preciso debelar. Conto depois do inverno. Então, vai experimentando o conjunto, eu tenho que voltar para o meu retiro.

Ela vai para a Máquina de costura, completamente empacotada, enquanto Phoebe se despede à porta, de regata e malha preta, insensível aos -13°C. Desta vez uma mamarazza está por perto para registrar (...) Phoebe torna-se novamente alvo de teorias conspiratórias. Pelo menos o treinamento para o Dead Train ainda está sob sigilo.

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Sandra explica às amigas (...) os problemas que enfrenta hoje para se encontrarem. Não é só, como se fosse pouco, porque é filha de uma super model, prima, sobrinha e afilhada de ídolos da música mundial, sócia de uma franquia que cresceu muito e ainda por precisar seguir um rigor acadêmico bem maior do que as três estão acostumadas; é o conjunto de tudo e mais um pouco que elas não podem saber...

- Foi por isso que eu trouxe vocês pra cá, curtir esse fim de férias comigo. É mais fácil do que eu ir pra Gioiânia só para visitar vocês.

- A gente te perdoa!

- Ah, e como perdoa!

- ESTAMOS EM SUNSHADOW!!! Wooohoooooooo!

- Com licença...

- Tio Bobby!

As três ficam quase catatônicas (...) até uma delas começar a tremer e ter convulsões. O socorro vem nos braços fortes e no tratamento experiente do comendador, que sabe há anos o que fazer neste caso...

- Está acordando... Você está bem?

- Aaaaaaaaaah... S-seu tio? Ah-ba-ba-ba-ba-ba-ba... Mamãe...

Desmaia de novo. Enzo chega logo depois e elas surtam, veio avisar que as estão esperando na Máquina de Costura (...) Vão tremendo, puxadas pela amiga e pelos ídolos. O Cavaleiro do Império Britânico afaga a pretensa nora até lá, atiçando a sanha das três. Chegam e elas se comportam como se estivessem diante de um santuário, vêem lá dentro os outros quatro com seus pares, decidindo como irão ao primeiro Sunshadow Otaku Week (...) Enzo anuncia as novatas, elas acenam trêmulas diante dos ídolos...

- O amor da madrinha trouxe as amigas para nos visitar?

- As únicas que eu tenho no Brasil, madrinha... Espera elas surtarem um pouco.

E surtam tanto que assustam Lady Spy. Sandra as contém, antes que entrem em colapso (...) Ânimos fragilmente estabilizados, as três se vêem em uma cilada, Patrícia, Rebeca e Renata se sentam com elas (...) As três começam a ver a amiga com outros olhos, aquela intimidade quase consangüínea com as lendas vivas as faz vê-la como sendo também ela uma lenda, uma diva, um ídolo, uma descendente do Dead Train. Sandra ganha suas primeiras fãs...

- Vocês beberam alguma coisa da casa da mamãe até aqui?

A sala se enche com gargalhadas. Patrícia vai abraçar a afilhada, que nem começou a cantar e já tem fãs de verdade...

- Amor da madrinha já é admirada! Enzo, olha o tamanho dela e o do Tota! Imagina o tamanho dos seus netos!

- Eu nem vou imaginar agora, vou ficar maluco! Vamos dar uma palha para nossas visitantes!

Oh! O privilégio! A prerrogativa! A honraria suprema de um show particular do Dead Train! (...) Elas têm orgasmos.

O porão da Máquina de Costura revela mais espantos, além do lendário e nunca publicado ferrorama de Patrícia. As impressoras 3D que ela tem fazem as da BYOP parecerem de brinquedo (...) Sandra quer dividir com elas tudo o que aprendeu e construiu e, à moda da família Dead Train, faz uma proposta às três, que conversem com seus pais e abram franquias em sociedade da Sandra Cocada em Goiânia...

- Eu não trouxe vocês só para curtirem, trouxe também pra ajudar quem nunca saiu do meu lado nas piores crises. Se vocês e seus pais aceitarem, podem deixar todo o resto por minha conta, inclusive o treinamento.

Ela exprime gratidão pelas amigas (...) e vê no pé de meia a melhor forma de fazê-lo. Patrícia está à entrada do porão, ouvindo e sorrindo, corre para a sala e recomeça com a festa, quando ouve o aceite. Liga para Audrey e avisa que a Brook’s pode se preparar para entrar no Brasil. De lá parte um comentário de um cantor em seu perfil oficial...

- O que é “Dead Train”? Que nome mais ridículo e americanizado é esse? Nunca ouvi falar! Patrícia Petty? Não conheço, em que puteiro ela trabalha? Só conheço música da minha gente, do meu país, que fala da nossa realidade e não precisa de lobby pra ser o que é. Música deve ser instrumento de conscientização, de discussão, de sociabilização, de empoderamento e visibilidade dos desassistidos, não pra encher as rádios com “Meu amorzinho, meu beijinho alienadinho”. Ninguém respondeu minha pergunta, deve ser lenda urbana então.

Os primeiros cinqüenta comentários são tão elogiosos quanto prolixos e retóricos, mas a ira dos ghost drivers não tarda...

- Patrícia Petty: Doutora em engenharia mecânica, quase cinqüenta anos de carreira internacional sólida, trânsito livre nas mais altas espheras do poder no mundo, líder da maior e mais respeitada banda da história, socorreu centenas de pequenos e médios negócios quando a crise eclodiu, ajuda a manter centenas de instituições de educação e amparo das mais diversas, financia pesquisas científicas, trabalha desde criança com o pai, evitou que sua cidade natal morresse, vive muito aquém de suas possibilidades, não mama no erário, et cetera.

- Se isso não basta, ô babaca, vai aqui algumas traduções de alguns dos mais de mil sucessos de quem compõe e canta AO VIVO as próprias músicas, sem atacar as dos outros...

- Você é quem mesmo? Já salvou a vida de alguém, fresco? Sabia que ela pode te processar?

Doze das canções mais tocadas da banda (...) eliminam os argumentos do cantor, porque muitas delas se aplicam com uma luva ao Brasil. A imprensa (...) trata de divulgar o quebra-pau cibernético pelo mundo. Sandra toma as dores de sua família antes que Julia precise sujar seu teclado...

- Quantos shows gratuitos você fez às próprias custas? Não ouvi! Nenhum, Né? Mas shows hiperfaturados para inaugurações públicas notoriamente fraudulentas no nordeste, foram quantos? Foram muitos! É só ver nos links aqui em baixo, onde aliás, está a sua moral para falar dos outros, sonegador safado! Enquanto você posa de intelectual falsamente preocupado com os mais pobres, eles praticam a ajuda sem remuneração a quem precisa, seu Zé Mané de play back! Ao contrário de você, seu porra, eles nunca faltaram a um show, nunca negaram abraço a um fã e nunca deram entrevistas pra depois falar mal da emissora! E tem mais, plagiador de merda...

Ela não pára de escrever até ter toda a sua fúria expressa em bytes, e é claro que a imprensa especializada publica tudo (...) Todos reconhecem a Sandra Pancada naquele longo e beligerante comentário. Todos pensariam que é Rebeca, não fossem o avatar e o nome no cabeçalho. Ele apaga todos os comentários que não o agradam, mas para isso servem o botão “print screen” e a agilidade de uma imprensa que ama um mal feito! Elias põe a filha no colo, até sua ira (...) Phoebe vai ter com a parceira, a pedido das avós...

- Eu nem quero pensar no que você teria feito se a “conversa” tivesse sido ao vivo... Não, não me conte, encrenqueira. Só vamos deixar algumas coisas claras, para evitar exploração excessiva do seu temperamento explosivo... Seu pai já te disse que tudo o que disser ou calar, será usado contra você...

Usando um uniforme militar administrativo, pois estava experimenando seu cosplay após os ajustes finais, ela fala mansa e pausadamente (...) Elas serão membros da nova formação da banda, não podem se expor de graça. Rebeca, por sua vez, publica apoio incondicional à discípula, no blog e no perfil, só então Phoebe sabe dos teores envolvidos, bufa de raiva e diz que Sandra deveria é ter enfiado um murro pelo monitor.

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