quarta-feira, 23 de janeiro de 2019

Dead Train in the rain CXLIV

    De volta à vida de espionagens. A estação 144 adensa o clima com um tópico que nunca teve lugar para amenidades. Respirem fundo e embarquem, o trem vai partir.


Neste clima misto de comemoração, alívio e procupação, abrem o Sunshadow Dead Train Fan Week. Homer e Margareth vão pela primeira vez, convidados pela nora. Desde o primeiro os posteres dos seis integrantes estão lá, renovados todos os anos (...) É quase impossível não comparar aquelas imagens com as do clipe “Our Last Afternoom”, eles já são cronologicamente idosos (...) Há uma ala só para a história do evento, onde é inevitável emergir o luto e escorrerem algumas lágrimas. Os fãs de carteirinha se sentem íntimos dos ídolos, e sabendo que há quatro jovens sendo treinados pela banda, eles também recebem muito do carinho que dispensam aos seis. Phoebe em particular já é um mito.

Laura e Daniel estão lá, como sempre, prestigiando e contabilizando o incremento do erário (...) até as cidades vizinhas lucram com o turismo (...) Com os turistas vêm as imprensas especializadas, não só a de celebridades, também a de viagem e turismo, a conspiratória, a de negócios, a fajuta dos serviços secretos e a das cidades vizinhas. Algumas ainda tentam emplacar eventos locais, mas o fator relevância pesa contra. Jeffrey e Melanie conseguem atrair gente para a escola onde estudaram (...) mas é só e tudo viabilizado pelo metrô intermunicipal de Sunshadow.

Poucos dias depois é (...) o aniversário da princesa Patrícia Alander. Sunshadow enche de novo. Pela primeira vez Carly é convidada, verá tudo de dentro, com os colegas de música e, inevitavelmente, dividirá algumas páginas de tablóides com eles. Enquanto o mundo lá fora desaba, Sunshadow é só festa. Embaixadores, representantes de monarcas, estrelas de elite e agentes secretos (...) Alguns começam a ver Phoebe ao lado das avós, agindo como elas, quase se esquecendo de que é viúva, enquanto Serena, Rose e Naomi brincam em um lugar seguro, preparado para isso (...) As tentativas de aproximação são sempre acompanhadas da presença de pais, avós, bisavós, dois ou mais deles ou todos juntos. Quando é Angel, todos confiam no taco dela; quando é Phoebe, todos confiam no taco dela, mas não nos forasteiros de olhos gulosos.

As festividades sunshadowers do ano terminam com o Sunshadow Racer Motor Show, que prima por nunca se repetir. Prodígio conseguido pelos (...) incansáveis laboradores da Culture Train e sua imensa facilidade para a pesquisa. Amilton e Eddie acabam ajudando os outros na Gardner Company, e Phoebe ajuda-os na organização dos eventos. Não é difícil como o começo, quando eram só os quatro jovens adultos enfrentando o gênio experiente e sem censura de Richard (...) Este festival de mecânica é ironicamente mais fácil do que os demais, porque envolve as duas companhias, podem trabalhar em ambas sem sobrecarga.

As grandes novidades são a evolução da engenharia de materiais, e o avanço brutal na tecnologia das baterias. Richard levou protótipos de motores com estatores resfriados com nitrogênio líquido (...) Além dos componentes de produção, com ligas e compósitos altamente leves e resistentes, o que por tabela barateia as ligas que passam a ser comuns (...) Os simpatizantes da organização lotados na CIA vão falar com Brain, perguntar se não seria interessante que o presidente os conhecesse...

- Não vejo interesse propriamente dito. Star está muito cautelosa, vocês sabem que ela tem razões. Se for necessário, nos revelaremos, se não... Nada muda!

- Bem, desculpe o aparente egoísmo, mas a gente quer poupar a nossa pele.

- O presidente Obama está nos escalpelando! Depois que ele foi chamado para uma reunião, após a festa da posse e descobriu por quê não poderá cumprir com todas as promessas de campanha...

- Ah... Vamos ser sinceros, vocês mentem demais! Não precisariam mentir nem metade do que mentem! Cedo ou tarde o povo toma conhecimento e tudo pelo que lutaram cai por terra, porque mesmo que digam toda a verdade, ninguém vai acreditar nela!

- Um dia o povo também descobre vocês, e aí?

- Nós não somos o governo, não temos que dar explicações ao erário, ao congresso, a ninguém. O que fazemos é com recursos próprios, não temos um erg de vantagem pessoal e nenhum de nós sequer sonha em ter um busto em uma praça. Entenderam a diferença? Eu não lhes devo satisfações, mas vocês me devem, eu pago os seus salários.

- Nós precisamos de vocês.

- Aha, agora a coisa muda de figura. Falarei com Princess, verei o que posso fazer. Agora desamarrotem essas testas e aproveitem o evento.

Cumpre com a promessa, mas Patrícia não vê a menor conveniência em se revelarem agora. Ela volta às demonstrações de metalurgia com moldes por prototipação rápida, prometeu pensar no caso, mas não se anima nem um pouco.

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Anima-a a pressa com que as filhas saem daquele Indy, é sinal de vida nova! Corre, as pega com seu E-rod e dispara para a maternidade (...) Agora começa a inspiração para o segundo livro da trilogia. Como era de se esperar, Natasha é quase transparente (...) Sendo avó das duas, Patrícia as manterá na Máquina de Costura, que é mais apropriada para o sossego de que necessitam do que suas casas. Só Colleen ter avós paternos lhe traz uma proto ruga de preocupação, mas (...) por agora quer paparicar suas descendentes.

Elas insistem e no dia seguinte, amparadas, estão ambas de novo no evento, com os rebentos nos braços. Algumas pessoas se assustam com Natasha (...) Com os dias as meninas dão menos trabalho do que se esperava (...) O certo é que os quatro se dão relativamente bem, com visitas regulares de avós e bisavós. A neve não impede que os novatos recebam ajuda, mas reduz o assédio da imprensa (...) Elizabeth e Prudence experimentam dedicar tempo exclusivo a alguém, normalmente só o faziam uma à outra. As meninas se admiram com as luzes natalinas, ajudam a manter a família coesa com trocas emergenciais de fraldas, dão inspiração para suas mães e tiram horas preciosas de sono dos pais. Perto dali, uma avó descansa a cabeça no ombro do amado e cúmplice, contabilizando quatro crianças para por no colo e abraçar. A mãe de duas delas aparece de camisa xadrez e calças leggin, indiferente ao termômetro preguiçoso...

- Estamos a sós? Reportei a Genius e ele achou por bem eu comunicar pessoalmente. Fui ameaçada de morte. Rastreei a mensagem, ela tinha um I.P falso, veio de dentro da CIA.

Richard mandou a filha falar pessoalmente aos avós para ela não ver e não se preocupar com sua fúria. Ele liga para Star e ela pede explicações à agência...

- Meu Deus... Que vocabulário mais chulo! Vamos investigar, mas facilitaria muito se o governo soubesse de vocês e com quem está lidando, teríamos uma justificativa consistente para uma varredura interna. Por esses teores eu não saberia dizer quem foi.

- Muito bem, falarei com Princess e Brain, proceda com o que achar necessário.

O simpatizante pede aos colegas que investiguem uma suspeita de uso indevido dos computadores oficiais, depois vai ao director tratar do assunto...

- Há algo mais que você saiba e nós não? Há algum alien infiltrado na agência, ou um portal estrelar sendo construído debaixo da Casa Branca? Você nos deve explicações, Barry.

- Darei com prazer, senhor, mas... É ela!

- “She”?

- A agente Star, chefe da organização.

- “Organization” who?

- Não tem nome. Muita gente a chama por apelidos locais, mas...

- Então mais gente sabia disso, exceto a CIA?

- Gente de gestões anteriores, de outros serviços secretos, chefes de Estado... Star?

- Está com ele? Deixe que eu me apresente...

- Alô... Jose De Lane!!!

Mesmo já idosa e há anos longe das telas, sua voz é inesquecível. Ela pede que agende um encontro da cúpula com o presidente e seus secretários, concorda que a primeira dama esteja presente (...) No dia marcado a cúpula e a parte ameaçada estão lá. É a primeira vez de Angel em uma reunião deste nível. A imprensa não falta, Washington nunca perdeu a majestade da espionagem internacional, e a cúpula da organização na Casa Branca é prato cheio para a aparelhagem mais sofisticada de suas agências. Claro, paparazzi praticamente pendurados nas árvores, como frutas podres invernais.

O início da conversa é ameno com a tietagem correndo solta, mas o tom muda assim que entram na sala oval. Star apresenta-se como tal e os demais em suas identidades secretas. Faz um resumo do que é a organização (...) O presidente fica curioso, sua primeira pergunta é “Como você entrou nessa vida?”...

- Aquele acidente em que perdi meu marido e o filho que esperava, foi na verdade um atentado...

Não delonga, mas é precisa nas explicações (...) Sempre desconfiaram de Sunshadow, mas (...) As teorias conspiratórias passam a ser bobagens perto do que já sabem. A surpresa vem com advertências dadas pela jovem (...) agente Angel (...) Algumas coisas ela pode revelar, como os cálculos topológicos que geraram os algoritmos que os equipamentos da organização utiliza, deixando a era digital para trás. A aplicação avançada desses cálculos permanecerá em segredo por algum tempo.

Após várias advertências sérias e uma ajuda inestimável, Star faz o sinal e encerra a pauta da organização (...) Abrem a porta, o momento agora é para amenidades e tietagem.

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Enquanto Patrícia e Rebeca falam com Sandra sobre a visita oficial à Casa Branca (...) Elias atende uma ligação da mãe, que fala com menos rispidez da garota. Ele fala baixo, seco, quase monossilábico, para não chamar a atenção dos outros. Sempre funciona, sempre que Phoebe não está por perto. Ela conta às avós, que não sabem se comemoram pelo tom mais ameno ou lamentam pela frieza (...) pedem à garota que não conte isso a outros, muito menos à Sandra. Voltam para fora cientes de que ninguém vai insistir em saber sobre o que conversavam. Todos em Sunshadow têm algum segredo.

A neve cedeu lugar a um bocado de sujeira, fácil de se limpar, mas o frio ainda vigora. Exceto Phoebe, todos ainda usam agasalhos pesados, ela apenas uma blusa de crochê (...) De longe ela vê um rosto familiar, um dos radicais em quem está de olho. Cutuca Patrícia, ela confirma, é um dos sucessores do pastor electrônico que iniciou a demonização do Dead Train. Phoebe (...) identifica uma van próxima, com os vidros escurecidos...

- Quase certeza de que estão filmando.

À noite a suspeita de Patrícia se confirma (...) lá está o pastor em uma montagem digital que mostra Sunshadow em chamas, com demônios perseguindo os cidadãos, o chão se abrindo e ele incólume. Mais cafona e manjado do que vender a ponte do Brooklin, mas atinge em cheio os fiéis. Não são menos perigosos do que os radicais muçulmanos (...) No último quadro do programa ele elege um novo alvo, revela que Greta fez um tratamento com células-tronco para curar-se, “intrometendo-se nos segredos de Deus, que proíbe tudo isso”. Ao mesmo tempo a CIA liga para Richard, descobriram quem mandou a ameaça de morte para Phoebe, é um desertor muito bem treinado em ciberataques (...) suspeitam que ele esteja envolvido no ataque ao sistema financeiro americano, talvez seja agente duplo.

Richard se apressa para conter e acalmar o neto, ele conhece o sujeito. Lhe repassa sua experiência, recomenda apenas que seja duro quando o governo se pronunciar, para deixar claro que o serviço será feito quer eles o façam, quer não. Phoebe está com Renata e Marcia, na praça do trem morto (...) assistindo o show de precocidade de Naomi, Rose e Serena (...) Orientadas por Stephanie, elas conseguem manter o comportamento pueril em crianças que já compreendem que as pessoas ficam doentes e vão embora. Ouvem um estrondo de motores se aproximando, levantam-se. Phoebe vê de longe (...) porque a visão também foi aprimorada pela genética.

Conta doze motoqueiros em formação compacta. Chuck (...) chama alguns homens e desce com eles. Não quer alarmismo, ainda se lembra bem dos apuros da época de bando errante, mas as coisas mudaram muito e para muito pior, nos últimos anos...

- Salve, gente fina!

- Salve, gente fina! Somos os Beasties, eu sou Dark, líder do bando.

- Pode me chamar de Chuck, eu mando nesses safados dos Street Warriors.

- Puta que pariu, cara! A gente pensava que vocês fossem lendas ou tivessem se aposentado!

- He, he, he! A gente só fixou raízes e agora ganha pra fazer o que sempre fez. Continuamos os mesmos merdas de sempre. Que mandam?

- A gente queria conhecer a cidade, saca? Viemos de La Grande, Oregon. Alguns aqui estiveram no Iraque e no Paquistão... Caramba, é a Renata Rodrigues!

- Sim, mas não se incomodem comigo, podem continuar conversando, está interessante.

A tietagem tem início, os paparazzi registram aqueles motoqueiros mal encarados se ajoelharem diante dela. Eles repetem “Nunca vamos esquecer o que vocês fizeram por Melinda” (...) Chuck pede que tragam uma ficha do bando (...) A noite mal se anuncia, mas eles têm a impressão de que foi um dia de cento e vinte horas.

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