quinta-feira, 4 de abril de 2019

Dead train in the rain CCVI

    O sacrifício de Sandra. A estação 206 tem choro e sangue, mas há pessoas que mesmo a morte precisa respeitar. Todos à bordo, o trem vai partir.


Pelas ruas da Philadelphia, cercados de fãs por todos os lados, finalmente os amigos de Sunshadow põe o pé na estrada e desestressam (...) Quatro deles sabem que entre os fãs e paparazzi, há agentes americanos e estrangeiros tocando a gerra fria por debaixo do pano. Chegam ao hotel com alguma dificuldade, a massa de populares ficou muito compacta nos últimos cem metros (...) Atravessam o mar de fãs e paparazzi, distribuem abraços e entram. Patrícia é avisada de protestos que estão acontecendo, felizmente com pouca gente, mas são protestos contra a “invasão muçulmana” que começou por Sunshadow.

Patrícia até ensaia uma resposta, mas Naomi se adianta com “Leiam a parábola do bom samaritano e tentem aprender alguma coisa”. É ovacionada pela banda. A carregam pelo salão e sobem. A resposta da menina é divulgada e os envolvidos na confusão se recusam a comentar (...) Mas Renata não deixa a caçula sem os mimos merecidos, ela falou com firmeza e tranqüilidade (...) Matthew se derrete todo, começa a preparar um espaço com mesinha e cadeira, para ela se acostumar a fazer isso profissionalmente.

Sanaa também se comove, gosta daquela garotinha calada e discreta, agora vai dar-lhe mais atenção. Volta às suas alunas assim que elas descansam da primeira aula, agora é a parte pesada da dança. À tarde eles concedem uma coletiva, por conta das polêmicas mais recentes, incluindo a demonstração surreal de força de Phoebe...

- O que eu tenho a dizer? Que eu me cuido, só isso. Todas essas coisas que todo mundo sabe e ninguém pratica.

- Levantar setecentos quilos?

- Se não se cuidar, não vai levantar nem setenta.

Alguém aproveita para perguntar sobre os acordos gastronômicos em uma casa com onze muçulmanas. Patrícia responde que (...) elas só precisam respeitar e a respeitam. Fica Klauss aparando arestas e esclarecendo pontos, auxiliado por Lola e Nina (...) Não foi uma coletiva boa nem ruim, foi a média.

O ensaio é concorrido, já tornou-se um espetáculo à parte (...) os mais novos ainda não estão acostumados ao modo Dead Train de fazer as coisas, aquela sucessão de afinações e sincronizações parece não ter fim, os correspondentes mais jovens se perguntam quando o ensaio vai de facto começar. Bem, na verdade já começou, mas estão na fase preparatória, para os mínimos detalhes não se tornarem grandes tropeços. Concluída esta fase, ele compreendem por que os ensaios são tão concorridos, bem como o lema “Eles fazem cansados e com sono o que você não faz em sua melhor forma”.

Se aquilo foi só um ensaio, bem, o show mostra aos neófitos por que a Dead Treain é a maior banda da história (...) Voam de volta após verem como estão as entidades que assistem, já cansados e revigorados pela música. Para trás deixaram alguns fanáticos impotentes e temerosos pelo que pode acontecer à humanidade, ante a iminência do casamento de um judeu com uma muçulmana. Patrícia foi taxativa: Se quiserem se depenar por isso, podem começar a soltar penas, porque eles querem e vão se casar, e será em breve.

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Sandra e Giovanni acompanham Sanaa, Suha e Amina a Detroit, para uma visita à avó com quem falam tão pouco. Um sheik local pediu para conversar com elas, em família mesmo, recebendo preventivamente dos pares algumas advertências, como a de que aquele é um lar cristão reencarnacionista (...) Ele os olhou com sarcasmo, com cara de “Querem me ensinar o quê, bebês?”. Elas usam hijabs com alegres estampas florais (...) Os casamentos iminentes já seriam motivo (...) ele conhece gente que não vê problema em escolher quem amar e matar quem não merecer ser amado, elas seriam alvos certos...

- Sabem essa gente que diz “No tempo do profeta não havia esse tipo de música”, mas utiliza tecnologias que também não existiam naquela época? É gente assim que me faz preocupar com vocês, e não é pouca gente.

Knockout ouve com atenção. Vai ao toillete como desculpa para informar a organização a respeito, com o devido sigilo e agilidade, para voltar rápido. O restante da visita é ameno, Carolina e William mimam as moças, principalmente a gestante. O sheik Ahmed ouve feliz como as adultas estão difundindo a cultura marroquina  (...) A despedida é alegre, com promessas de retorno, até Sandra encarnar a agente ao perceber a aproximação de gente suspeita (...) os elementos sacam armas pesadas, ela grita para todos se abaixarem e faz o que pode para defendê-los antes que comecem a atirar. Consegue, mata todos, mas paga caro. Um Tesla Model S chega fritando pneus a Detroit, seguido por seis furiosos Plymouth Superbird. Os temores do sheik estavam mais próximos do que ele imaginava, e gente que ele não imaginava também queria derramar sangue em nome de seu deus, descendentes dos inimigos originais de Patrícia.

Elias invade desfigurado o hospital, quer ver a filha a qualquer custo. Os casais entram em seguida com Enya, são levados a Giovanni quando ele recebe a boa e a má notícia; Sandra vai sobreviver, mas as crianças foram acertadas em cheio (...) Elias começa a sentir dores mais fortes e precisa ser amparado. A relatividade faz aquele fim de tarde passar em uma semana. Em quatro dias Sandra pode voltar para casa, deprimida e chorosa, mas não mais do que o pai.

A imprensa se delicia, radicais islâmicos e cristãos desferiram sua ira “santa” contra o mesmo alvo (...) Moema e Valdomiro se apressam em voar para Sunshadow, levando os netos, não querem de modo algum que eles tenham muito contacto com os pais e percam a evolução que já conseguiram.

Patrícia está em casa, deprimida, mas ciente de que o treinamento que a afilhada recebeu foi decisivo para sua sobrevivência (...) O que a preocupa agora, é o estado de espírito do casal e do afilhado. Ele está se enterrando no trabalho para conseguir lidar com a tragédia, deixando a esposa mais triste e preocupada do que já estava. Renata assegurou que nada daquilo estava previsto, a moça não deveria ter sido sequer ameaçada por aqueles sujeitos, quanto mais sofrer um atentado tão grave.

De manhã cedo (...) ela se vê pelo espelho. Aquele olhar tristonho, aquela pele descuidada, aquelas olheiras, aquele cabelo embaraçado, aquela cabeça baixa e se transforma...

- Toma vergonha nessa cara de bunda, quenga safada!

Giovanni pula da cama ao ouvir o brado. Vai ao lavabo procurar pela esposa...

- Que porra você tá fazendo da vida, sua fresca? Toma jeito de gente ou te encho de porrada! Você, vem logo! A gente tá há quase uma semana sem treinar, vamos logo tirar esse atraso!

Lá está ela, agora o rapaz reconhece a esposa, aquela é a Sandra Pancada por quem se apaixonou (...) ela vai firme e altiva com o marido à Máquina de Costura, suscitando a festa por onde passa, festa que acorda os fãs que foram prestar solidariedade. Ela acena como se fosse um general entrando na cidade conquistada. Patrícia fica imensamente feliz, corre para abraçar e sacolejar a moça, então a carrega para dentro, coordenando pessoalmente seus exercícios de hoje. Amina, Suha e Sanaa em especial a paparicam, lhe devem suas vidas.

Após o caratê, vai ter com o pai, que a vê com aquele olhar vivo e decidido, então pode se deixar desabar e é acolhido. Os biológicos se apressam para irem ver e também entram na dança (...) Vão Enzo, Silvia, Enzo, Maria, Laura e Daniel ver por si o milagre. Nem Sandra Pancada pode com Sandra Pancada! Ela avisou com firmeza para não adiarem um show sequer, vai a todos.

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Não, ela não se esqueceu dos abortos, não se esqueceu do atentado e não está alheia ao facto de ter seus próprios inimigos grandes, por ter matado quem queria matar todo mundo (...) Sandra está cantando com a banda em Baltimore, após uma entrevista em que tentaram encurralar Ronald, por conta de sua intimidade com policiais de um Estado tradicionalmente considerado conservador e acusado de racista, quando na verdade é altamente miscigenado e cuca fresca, ele simplesmente chamou uma policial negra que estava no recinto e disse “Sabem aquela moça cujos quadros feitos com serragem colorida eu compartilho? É ela”. Deixou claro que não vai participar da tentativa escusa de dividirem o país em negros e brancos (...).

A Sandra tocou uma montanha de demonstrações de amor dos fãs, muitas delas materiais. Mais protestos de afeição e solidariedade em Bismarck e Pierre. De lá voam para Los Angeles, onde Josephine a cerca e a Giovanni com cuidados. Em uma hora os dois estão relaxados o suficiente para poderem se separar por alguns minutos, quando Star chama os outros para uma reunião. Ela abre a pauta da organização e vai directo ao assunto...

- Você não imagina como eu chorei pelo seu drama, Knockout, mas também não imagina o quanto estou orgulhosa de você. Você foi perfeita! Eu gostaria de ter algo para uma reprimenda, mas percebi que seria só um escape pelo risco de perdermos você! A sua actuação foi irrepreensível, não havia nada mais que você pudesse fazer além daquilo, sem contar que todos os civis saíram ilesos, nossos amigos nos serviços secretos estão encantados com você! Mesmo depois de tudo, em poucos dias, você nos aparece forte e implacável como sempre foi! Seu pai tem algo a ver com esse caráter e eu vou enchê-lo de beijos por isso. Barbarian e Angel, quero que vocês e Mamãe Broto treinem melhor nossa garota, ela provou que merece subir um degrau na organização. Firehair, tome conta dos dois.

- Na verdade a gente chora todo dia, quando a sós, mas depois toca a vida.

- Eu já suspeitava, mas foi bom você ter falado de cara, facilita meu trabalho.

Encerrada a pauta, Star fecha a sessão e Josephine abraça a protegida. Subir um degrau, neste caso, significa poder lidar directamente com agentes secretos sem autorização prévia, iniciar uma missão por conta própria, entre outras liberdades (...) Na volta, as marroquinas se juntam para recepcionar com amor sua salvadora. Em alguns lugares do mundo, chefes de serviços secretos se debruçam sobre suas escrivaninhas, a lamentar a descoberta de mais uma agente de alto nível na inteligência independente (...) Pensarão muito bem antes de se meterem com Knockout e seus protegidos.

Moema e Valdomiro ajudam Elias e Enya a se recuperarem do desespero, enquanto isso. Os sobrinhos da fera vêem o vídeo e passam a ter muito mais respeito pela tia (...) No Brasil, os desafetos engolem seco cada vez que o registro da câmera de segurança é mostrado, ela só foi atingida porque eram muitos atirando ao mesmo tempo e de várias direções. Os irmãos da atiradora de elite suam frio (...) Já a Casa Branca, a CIA e o Pentágono, não há consenso além de que a organização é mais perigosa do que pensavam, e que devem dar graças a Deus de não estar do outro lado da contenda.

Nancy cumpre com sua parte e inclui a bisneta postiça no seu “curso secreto” de tiro. Ao fim de mais uma aula, Phoebe vai abraçada à sua comparsa e grude à casa da bisavó (...) Sandra faz questão de manter o queixo erguido, para dar aos haters o desprazer de verem-na bem e disposta. Ela vai ver no que pode ajudar na fundação, vê muitas crianças travessas precisando de intervenção médica. Pega a paramentação em seu armário e começa a cuidar daqueles monstrinhos. Não consegue deixar de pensar que no ano seguinte poderiam ser seus filhos sob seus cuidados. O último pestinha com machucado é justo seu irmão caçula. A este sim, pode se permitir desmanchar um pouco e encher com todos os mimos, beijos e afagos a que tem direito de dar.

Volta com ele para casa, ao lado de Kurt com Stanley nos braços. Ele avisa de cara...

- Você sabe que não me engana, certo?

- Sei. Também sei que vai respeitar minha situação.

- Respeitarei, mas colaborarei para dar fim a ela. Pretende mesmo voltar a engravidar?

- Assim que estiver em condições. Tomara que a Abigail esteja em condições de tentar de novo.

- Estará. Lidia disse que estará, mas com algumas seqüelas... Vai ser mais agressiva, pelo trauma.

- De boa, tiro isso de letra.

Descem até a Máquina de Costura, onde as bênçãos da madrinha são sagradas. Voltam pela Open Street a pé mesmo, conversando. Saúdam e dão atenção aos fãs pelo caminho, como de hábito. Chegam à casa de solteiros recebidos com festividade (...) Vão dormir tranqüilos ao fim desta jornada.

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