Os velhos amigos. A estação 221 inicia a nova fase de nossa viagem, com emoções e tensões crescentes. Respirem fundo e embarquem, o trem vai partir.
Sobre envelhecer (...) os seis concedem uma coletiva a
respeito. Também querem tocar nos sete partos e na adoção, mas isso deixarão
para momento oportuno. Por agora querem saber o que os seis ídolos de bilhões
pensam a respeito. Patrícia começa com “Estamos envelhecendo muito bem,
obrigada, mas envelhecer não é necessariamente bom... Quase nunca é”. Ela foi
franca logo de cara, o que significa que o assunto é sério (...) São lembrados do clipe “Our Last Afternoom”,
em que aparecem como figuras decrépitas, muito diferentes das que apresentam
hoje.
Sobre a decisão de namorar Arthur tão jovem e
jamais ter tido outro homem, quando a época era de liberação sexual...
- Há pessoas que escolherão liberdades
diferentes das suas. Me casar sem ter conhecido outro homem faz parte das
minhas.
Sobre brigas e desentendimentos, todos
apontam para ela, a líder e mediadora da turma. Falam de coisas que pouca gente
soube na época, como a inciação de Rebeca no caratê, o envolvimento rápido e fulminante
de Robert e Mikomi...
- E como essa conversa de “Subaru” evoluiu
para um relacionamento mais íntimo?
- Não tão íntimo! Não no começo.
- Não nos cinco primeiros minutos, depois
rolou que foi uma beleza – retifica Rebeca o irmão!
Robert enrubesce. O auditório leva alguns
segundos para esvair as gargalhadas. A entrevista evolui mais leve do que
esperavam, inclusive com Patrícia e Rebeca dando dicas de exercícios (...) Renata estava muito
quietinha, então alguém pergunta sobre como se sente sendo um sex simbol até
hoje, mesmo bisavó...
- Eh... Eu sou?
- Sim, você é.
- Pra quem, além do Matt? Gente, eu tenho 68
anos!
- Oh, grandma – exclama o auditório quase em
uníssono!
Dura cerca de quinze minutos além do
previsto, mas os bisbilhoteiros concluem que os seis envelheceram com maestria.
Eles saem e deixam sua assessoria de imprensa cuidar do resto, com Matthew na
batuta. Ele encara o rapaz que fez a pergunta indiscreta à sua esposa, para
isso Klauss se presta como moderador.
Os seis vão ver a agenda de shows do ano.
Audrey e Melinda esperam para conversar a respeito, porque tem gente querendo
ser incluída no roteiro (...) O primeiro caso é
mesmo da Espanha (...) mas tem Portugal,
que nunca recebeu a visita a banda (...) Os chanceleres se envolvem na negociação, sob o
rígido olhar de Princess a dizer quem realmente manda; se ela for, vai dar
ordens e eles não vão gostar, mas terão que obedecer. Acertam os dois shows na
Espanha, um em Lisboa e um no Porto.
Viram-se para a nova formação. Estão repletos
de bebês que não podem simplesmente ser deixados com suas avós. Valerá a
experiência da turnê no Brasil, mas agora têm algo mais urgente a comunicar aos
três forasteiros dos seis. Os seis se olham, se viram para eles, pensativos,
então Renata quebra o silêncio...
- Carly, Jerry e Dean... Vocês ainda precisam
saber de uma última coisa sobre suas funções na banda... A gente não pegou
vocês só para ajudar com os músicos de apoio, tanto que participam de negócios
que eles não. Vocês são nossos substitutos. Quando nós faltarmos, e certamente
iremos todos no mesmo dia, vocês assumem. É por isso que somos tão rigorosos
com vocês, estarão prontos para assumir quando formos embora.
Há um silêncio lúgubre na sala. Aos poucos
Carly começa a soluçar e chora (...) Esperavam por isso, mas deixam Phoebe, Sandra e Giovanni cuidarem
de consolar a parceira. Eles precisam se acostumar a se amparar mutuamente (...) Continuam a explicar as
motivações, a necessidade de a banda ter continuidade pelo menos pelos próximos
cinqüenta anos (...) Os seis já estão enturmados,
conhecem bem o trabalho e já trabalham sincronizados, que é o básico para darem
conta do recado.
Vêem que é desnecessário delongar (...) então são breves nas
instruções aos três. Deixam claro que não se arrependem de nada, mesmo com as
represálias sofridas, e que eles devem manter esse mesmo espírito para
acimentar sua união (...) Dedicam o resto da tarde aos laços com os novos
garotos (...) As
solteiras voltam praticamente todas ao mesmo tempo, notam o leve teor de
madeira do oriente que paira no ambiente, não é comum quando os doze estão
juntos.
A nova formação volta para casa no fim da tarde,
quase anoitecendo, com aquelas caras de que a reunião poderia ter sido mais
animada. Phoebe entra na Caixinha de Música recepcionada por Spark (...) Marcia desce para receber a
filha e a vê bem menos contente do que o normal para um fim de trabalho...
- Vovó contou pro pessoal da nossa verdadeira
função na banda... A Carly chorou.
- É, estava na hora mesmo... Agora vai ser
com você, baby.
- Comigo não tem problema. Os três é que vão
precisar de um período de adaptação, eles ainda se verão como membros de apoio
por algum tempo. As meninas?
- Deixei seu pai e seu marido vestindo elas
lá em cima, não demoram. Pra mim também é estranho, mamãe ainda é forte e
bonita... Faz parte da vida.
Os dois descem ouvindo os sussurros ecoando
pela sala de estar. Genius e Rebel reconhecem aquela expressão em Angel. Ela
explica, mas em um tom mais leve para não preocupar as filhas.
&
Aisha é admitida para a guarda imperial. Tem
a honra e responsabilidade de acompanhar de perto, in loco, a vida de Patrícia (...) Julia tem o prazer de nomear e dar a primeira função à
agente Chocolate. A cúpula da organização, Ursula e Barney estão lá, mas Sanaa
fica de fora da biblioteca. Infelizmente o que a filha vai saber não pode sair
daquele círculo (...) saberá mais coisas do que é seguro para um civil. Os inimigos de sua avó no
oriente médio são uma delas. Todos eles; nomes, localizações, motivações do
ódio e problemas de saúde de cada um. Após as explicações, lhe é mostrado em
seus próprios gadgets train os recursos que só quem entra para a guarda
imperial conhece...
- Wow...
- Este é o seu botão de pânico. Ele só
reconhece você e só você viva pode acioná-lo. Ele vai chamar todos os agentes
em um raio de cem quilômetros, seja da guarda imperial, da liga ou da
organização.
Instruções dadas, Patrícia vai afagar a neta
e as portas da biblioteca são abertas. Sanaa se apressa, dentro de suas
possibilidades, em ir ter com a garota (...) Só descobre que a filha agora sabe mais do que pode
contar, pode mais do que deve mostrar e jamais estará sozinha (...) Por agora farão a
confraternização, mas a marroquina agora está permanentemente de prontidão, até
morrer. Billy entende pouca coisa além de “Agora ela salva o mundo”, nunca teve
contacto com serviços secretos, ou pelo menos acreditava jamais ter tido, sua
sogra o faz se lembrar que tem ligações e influência com o poder.
Agentes mais próximos à organização tomam
conhecimento e ficam cientes do respeito que devem manter (...) Aisha retoma à tarde sua rotina, encarada por
Sabaya, que a olha como se tivesse algum segredo...
- Eu tenho. Mas são segredos, não posso
contar... Vamos voltar ao trabalho, curiosa?
Lá perto, Ellizabeth e Prudence fazem um
laboratório, fundem alumínio; latinhas de cerveja e refrigerante. Derramam o
metal líquido no molde de argila, que endurece e racha rapidamente, deixando
algumas marcas da rachadura e uma pequena assimetria no brasão que as duas
inventaram. A partir daquilo vão desenvolver a trama do quarto livro da novela (...) por agora querem escrever
logo a história que levou a personagem a falsificar um brasão (...) Depois de vinte e sete páginas que se
tornarão trinta ou mais, depois da revisão, vão falar com a mãe. Usaram
alumínio, mas o metal usado pela personagem seria certamente chumbo, então
precisam de detalhes...
- Vocês sabem que a fundição de chumbo pode
ser neurotóxica? Se sua personagem usou chumbo naquela época, é bom que tenha
sido em poucas vezes.
Ursula observa Patrícia esclarecer as filhas,
enquanto medita a respeito (...) ela volta à conversa sobre a Rússia de hoje e o oriente médio. Ursula
sempre se perguntou sobre a repentina falta de transparência russa e o apoio
que a imprensa interna passou a dar a um governo que ela mesma denunciava. “Democracias
são exceções no mundo, no oriente são praticamente um exotismo” foi a
introdução dada pela anfitriã...
- Eu sabia que a situação por lá era
diferente, mas não a esse ponto. Por aqui se romantiza demais o hemisfério
oriental.
- Muito mais do que seria salutar. As pessoas
ainda procuram por uma civilização sábia e perfeita, que sabem não ser esta,
por isso se afeiçoam facilmente às que parecem ser seus contrapontos.
- Ainda estamos buscando o Eldorado, é isso?
- Em vez de construí-lo aqui. Sim, é isso.
- Phillip costuma dizer que salvar as pessoas
delas mesmas, é o salvamento mais difícil. Com vocês isso se estende a uma
dimensão assustadora.
- Ter que salvar o mundo de si mesmo é parte
da rotina. A parte irritante, diga-se de passagem.
Algumas garotas marroquinas ainda digerem
declarações inesperadas de São Valentim, quando Ursula e Barney voltam para Los
Angeles. Elas ainda não se acostumaram às “facilidades” de relacionamento do
ocidente (...) Aisha (...) está focada na carreira e nas novas
responsabilidades. Acha difícil encontrar alguém que aceite sua vida dupla e,
especialmente, não saber o que faz em metade dela.
O problema que Patrícia e seus comparsas têm
agora é outro, precisam levar alguns petizes para os shows na Península Ibérica.
Não é um problema ruim, ela até gosta dele. Vai muita gente, muita gente da
corporação já está lá, então não chega a ser um problema grande (...) Quer saber? Vão se esbaldar, vão tirar de
letra! Os seis acertam os pontos finais e entregam a Marcia, para que a Culture
Train conclua sua parte. Os quatro shows estão confirmados (...) os patrocinadores estão fazendo fila no escritório
central, para alguns deles Melinda faz aquela cara de desforra que todos odeiam
ver, mas precisam encarar...
- Ora, ora, ora... Bem-vindo...
Ele treme nas bases. Aubrey pede licença e
vai desatar de rir no lavabo. Alguns patrocinadores (...) só precisaram ligar, negociar e assinar a nova
parceria em momento oportuno. Já os larápios, estes são tratados com todo o
rigor da lei da oferta e da procura de uma banda que não precisa ser
patrocinada. Quando as duas voltam a Sunshadow, além da recepção histérica com
abraço císmico de Audrey, ela tem a sensação plena do dever cumprido, e da
desforra efetivada. Toda a organização para os shows está pronta (...) e ela está exausta. Quer alguns dias de vadiagem para descansar.
Vai com a irmã e a filha para a saída e dá de cara com um homenzarrão barbudo,
com os cabeços já volumosos...
- Lindinho?
- Ele tá ou não virando um Deus do Trovão?
- Misericórdia, ele é meu sobrinho!
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