Moscou treme. A estação 258 mostra que a importância de um remédio amargo para evitar o agravamento de uma doença. Embarquem, o trem vai partir.
Chega o dia de verem os protótipos. Um seleto
grupo de cerca de quinhentas pessoas está presente, são os potenciais
compradores dos carros. Estão ambos sob véus de seda azul marinho(...) Uma leve curvatura na linha
de cintura eleva o porta-malas e faz lembrar os clássicos de outrora, dando um
discreto aspecto sinuoso e atraente aos modelos. 223” de comprimento no
Cadillac, 221” no Lincoln, interiores que não devem em nada aos Rolls Royce de
Patrícia, uma precisão de ajustes digna da indústria aeroespacial e tudo o que
há de mais avançado em tecnologia embarcada (...) O dia inteiro de
test drive, explicações e até uma palestra dos representantes, todos assinam os
contractos e mais de dez mil carros serão produzidos, assim que construírem as
linhas de montagem. As duas equipes voltam felizes da vida para Detroit, mas
não os protótipos, são de Patrícia.
Aisha espera pelas novidades. Poderia ver
pelo tabletrain, mas está ocupada dando instruções aos anigos que aderiram à
linha dos doze anos (...) Ela é taxativa e reiterante em pedir sigilo absoluto, mesmo que
permaneçam muçulmanos, seriam vistos como apóstatas por muitos grupos. Pede
ainda que as crianças aprendam a manter segredo do que acontece em casa.
Desliga e se põe a meditar, então se lembra dos shows que a banda fará na
Geórgia e na Rússia. Sabe o que a avó fará, entre as apresentações, ela vai
aproveitar o inevitável para costurar um pouco mais esta fase dos planos
gerais. Eles também sabem disso, e vão aproveitar para seus países serem
colocados em posições mais aprazíveis na escala da organização (...) estão providenciando um pequeno evento de carros da era
soviética, para agradá-la e facilitar as conversas.
Ela chega com os comparsas, todos rindo e
comentando sobre os carros. Aisha desce para ter notícias (...) Patrícia e Sanaa percebem, a conhecem o suficiente
para saberem que está fingindo que não estava mergulhada em seus abismos (...) estava falando com gente que
ficou no oriente médio e deu instruções pormenorizadas de comportamento, aos
que decidiram raciocinar...
- Ela respondeu “Não desconfio de Allah,
desconfio dos homens que se intitulam detentores de Sua verdade. Homens não são
confiáveis”. Ela conseguiu sair pela tangente, desta vez, mas está tremendo até
agora, espero ter ajudado.
Os adultos se olham, compreendem a
preocupação da menina. Ela conta de uma conversa que teve com um cliente (...) Precisou explicar-lhe didaticamente, que
os capítulos escritos em Meca eram muito tolerantes, mas o livro perdeu o
coração quando os capítulos de Medina sucederam (...) fora que foi escrito em árabe clássico, que pouca
gente compreende, mesmo nativos do oriente médio...
- É como falar latim a um homem ocidental
comum, de pouca cultura. Por isso eu defendo o retorno às origens, de antes de
os chefes tribais trocarem o amor pelo poder. Os cristãos ainda têm uma
facilidade negligenciada para acessar os idiomas originais da bíblia, mas essas
tribos simplesmente aceitam a tradução que têm e querem impô-la aos outros...
Allah, minha testa tá pesada de novo! Estou fazendo aquela cara de novo... Vou
brincar com bonecas...
Vai ao porão, manipular as figuras, enquanto
os trenzinhos e autos de linha perambulam pelo cenário (...) Avó e mãe da garota descem,
Patrícia comentando o quanto Aisha tornou-se uma companheira valiosa, muito
além dos assuntos confidenciais. Só por ajudar e monitorar Elias, ela
tranqüiliza a avó, Sandra, Enya e a CIA. Esta, aliás, está observando o enviado
da Culture Train à Rússia, juntamente com a FSB. O rapaz conversa e negocia (...) e
depois voar à Geórgia. Do hotel ele manda pormenores do que já conseguiu,
enquanto os serviços secretos tentam em vão interceptar a comunicação entre os
smartrains...
- Certo, para os shows está tudo bem... Você
notou um ponto vermelho piscando na janela de mapas? Pois abra-a. Não se esqueça
da guerra fria, tome cuidado com o que for dizer.
Richard avisa que estão tentando interceptar
a comunicação (...) Desligam e a equipe começa a trabalhar na publicidade dos shows, serão
realmente dois na Rússia, onde uma equipe do governo consegue uma prova
concreta da ligação da casa de Alander com os Romanov. Patrícia recebe na mesma
noite, da diplomacia russa, a documentação (...) Com marido e filhos presentes, ela lê, olha de soslaio para o
funcionário da embaixada (...) Não duvida
da autenticidade documental, aquilo para si é facto consumado, ela, Arthur e
Richard sabem, porém, que esse empenho todo em comprovar essa ligação
intenciona uma aproximação, bem como facilitar uma futura aliança com a
organização...
- Ele não dá ponto sem nó, é muito esperto!
Meu bom amigo, agradeça Putin de todo coração em meu nome, diga que
conversaremos com tranqüilidade antes do primeiro show. Vai ser difícil separar
paparazzo de espião do governo... Vai ser uma turnê muito louca.
- Quer que eu vá com vocês?
- Não, meu querido, não será necessário,
mamãe ficará bem. Ele só quer conversar e garantir que não nos viraremos contra
a Rússia; o que está completamente fora de nossos propósitos. Vamos comer...
Venha também, é nosso convidado.
Ela também tem suas artimanhas, convidar o
visitante para a mesa é um gesto diplomático que cai no gosto do Kremlin. Na
manhã seguinte, começando os trabalhos, a cidade inteira toma conhecimento da
novidade. A Casa Branca também (...) Alguns patrocinadores ficam receosos,
por conta dos embargos, mas eles não foram chamados, a banda pretendia arcar
com tudo. Ficou acertado que as sucursais europeias e japonesas arcarão com o
patrocínio (...) a Dead Train Corporation vai se mostrar inteira.
&
A campanha publicitária já começa na Croácia,
Georgia e Rússia, repleta de mensagens cifradas (...) Na América isso gera mais e lucrativas
polêmicas, como se Patrícia estivesse desafiando a Casa Branca, quando na
verdade está atendendo a um pedido precidencial. Yuri ajuda mais desta vez,
ensinando um russo bem básico aos que ainda não o conhecem, incluindo leitura,
mesmo assim aconselha aos músicos de apoio e os três novatos da nova formação,
que não saiam de perto dos outros. Robert e Ronald já receberam dezenas de
pedidos para conversas informais, por parte de diplomatas da Europa oriental (...) Não nos esqueçamos de que estarão viajando a trabalho, portanto o regime
alimentar começa uma semana antes do embarque.
No dia e na hora marcados, o Airtrain é
seguido pelo Airwagon para Moscou. As agências de inteligência do mundo inteiro
os acompanham, inclusive por rastreamento e imagens de satélites, que graças a
alguns hackers vazam e fazem a alegria dos fãs e da imprensa especializada. Já
fora do espaço aéreo americano, Patrícia abre comunicação entre os dois Boeings
e repassa suas instruções...
- São povos muito, mas realmente muito
hospitaleiros. São mais cordiais do que parecem, por isso mesmo é fácil ofender
um deles. Se virem gente quase se engalfinhando na rua, não se preocupem, é uma
conversa mais exaltada, mas amistosa. Tenham muito tato, mente aberta, não
saiam de perto de quem fala bem os idiomas locais e vão se divertir muito.
Questões legais e polêmicas reiteradas, estão
prontos para enfrentar três públicos novos (...) Entram em espaço aéreo russo e os procedimentos são iniciados,
a torre já os tem no radar e anuncia à multidão a chegada da banda. O Airtrain
aterrissa e os mais velhos têm uma amostra do que temiam, durante a primeira
guerra fria, dizer que o aeroporto treme é literal. Mais de meio milhão de fãs (...) Os texanos vêem isso pela
televisão e juram vingança, tratam de ligar para a Culture Train e negociar uma
série de shows no Estado.
O 747-400 aterrissa, taxia, seguido de perto
pelo vice, a porta se abre e Klaus provoca a histeria coletiva (...) É a primeira
aparição do Dead Train no leste europeu. Patrícia surge majestosa, linda,
altiva e resplancecente, então todos os alarmes activados em um raio de um
quilômetro disparam. A imprensa registra gulosa a descida da banda e da
orquestra, enquanto a televisão prepara retrospectivas. Alguns funcionários do
governo soltam “Finalmente eles puderam vir” (...) O que eles vêem
é algo impressionante, é gente até onde a vista alcança, os acenos retribuídos
geram mais abalos císmicos e algumas janelas trincam. O Texas não vai deixar
isso barato, não mesmo, são eles os exagerados neste planeta!
A acolhida carinhosa aos fãs gera uma onda de
choros compulsivos, como se eles não estivessem preparados para receber aquela
graça de sua princesa; o governo deixou vazar isso. Estar diante das lendas
vivas da música redime todos os seus pecados e os faz se arrependerem de todas
as suas faltas. E Phoebe? A nova menininha mandona causa palpitações a medida
em que avança e cumprimenta seu público (...) Os ônibus os levam ao hotel totalmente dedicado e preparado para eles.
Patrícia observa aquele exagero, pensando no que o presidente estaria tramando.
A resposta do público é espontânea, mas ali tem dedo dele. Passam pela Praça
Vermelha, Patrícia avisa que vai querer um diorama daquilo.
Chegam ao hotel e dão de cara com uma
exposição de carros soviéticos. Patrícia, Sandra e Phoebe suspiram. Volgas, muitos
Volgas em excelente estado, alguns em condições excepcionais. Gaz, Zaz, Tatra, caminhões
e motocicletas Ural; várias delas em várias versões, incluindo M-17 com
sidecars. Ladas a rodo, Moskvitch e até uma limusine Chaika importada de volta (...) As autoridades assistem aliviadas e
sorridentes, pela televisão, as reações da mulher mais perigosa do mundo.
Deixam sete milhões de dólares na Rússia, boa parte daqueles veículos segue
agora mesmo para Sunshadow (...) Quando voltar vai ver, conhecer e experimentar direito sua aquisição,
por agora o prazo é curto para esse entretenimento.
Os texanos anotam tudo, farão algo maior e
melhor, eles vão ver só! Os músicos (...) vão para o
teatro do hotel (...) Puderam ver de perto o
comportamento do nativo, mas aquilo foi um momento festivo, as coisas ficam
feias quando um russo se irrita; cohecem Yuri o suficiente para saberem disso.
É ele quem aparece no telão, para alguns recados rápidos e dicas de
comportamento...
- Mas vocês vão ter mesmo é que aprender na
prática. Minha dica é que ninguém fique sozinho, e sigam as ordens da Patty
como se suas vidas dependessem disso, porque podem depender. Quanto ao resto...
Se joguem! Já sabem o que não devem fazer, do resto podem se lambuzar!
- Só um adendo – adverte Patrícia – Ninguém
vai se jogar à gula coisa nenhuma! O hotel já sabe o que pode e o que não pode
nos servir, estamos viajando a trabalho. Agora vão passear e conhecer o
ambiente, o almoço ainda vai demorar um pouco... Mascote, vamos...
Vão no horário combinado ter com um agente do
governo. Ele cumprimenta, dá as boas vindas e confirma os compromissos (...) Qualquer coisa de que precisarem, será só chamar. Voltam e chamam Renata para
uma conversa reservada. O camafeu tem uma câmera oculta, pelo vídeo pedem que a
amiga fale o que puder daquele mensageiro, para o caso de terem deixado passar
alguma coisa (...) a brasileira
entrega o jogo todo. Agora chega de salvar o mundo (...) precisam de suas vidas civis em dia para o que virá.
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