domingo, 5 de maio de 2019

Dead Train in the rain CCXXXVII

    Iniciativa. A estação 237 traz o resultado da combinação de liberdade com bom senso, tudo bem desenhado. Todos à bordo, o trem vai partir.


É uma operação delicada, que demanda sangue frio e perícia (...) Medo é coisa que ela não tem. Sangue frio e perícia, ela tem de sobra. Sandra presenciou um acidente na rodovia, prestou os primeiros socorros e agora, em caráter emergencial, extrai os fragmentos aço com cromeamento vagabundo, que funcionaria como arame farpado em mãos destreinadas (...) Quase três horas de uma cirurgia que não poderia esperar que os especialistas da área se desocupassem das outras vitimas. A gestante sutura a incisão e dá seu trabalho por concluído. O paciente vai para a UTI e ela para o escritório, relatoriar os procedimentos, só então conclui seu retorno para casa.

Encontra marido e filha à sua espera, na recepção do hospital. Grenade não poupa elogios...

- Ela nem piscou! Parecia que já sabia tudo o que tinha pra fazer ainda dentro do carro! Quando saiu, era como se tivesse decorado um roteiro!

- Foi mal, depois passo um memorando retroativo pedindo permissão para salvar quatro vidas. Cara, tô exausta! Segurei a respiração várias vezes, pra não causar mais ferimentos internos.

Vão para casa, prometendo para mais tarde declarações para a imprensa (...) Às vezes eles se esquecem de que ela é médica. Strip os recebe assim que abrem a porta, fica a cargo de Inga e dos dois motoqueiros brincar com ela, Sandra só quer ficar quietinha e encolhida nos braços do marido.

À tarde os dois vão ao ensaio da banda. Encontram Enzo à porta do estúdio, atendendo alguns fãs (...) com aquele olhar plácido, aqueles gestos bem elaborados e aquelas palavras doces. Ele vê o caçula se aproximar com sua consorte e vai recepciona-los (...) Grenade tem algumas horas de descanso, enquanto os músicos trabalham. Patrícia fala sobre os locais dos próximos três shows, inteira a banda dos problemas que têm se agravado e do cuidado que deverão ter em cada cidade. Agora vira-se para Sandra, estende os braços e a moça vai receber os afagos, a recompensa pelo feito desta manhã e ainda ter disciplina para comparecer ao ensaio.

O tabalho começa com os exercícios vocais, depois afinação de vozes e instrumentos. As canções do próximo álbum não serão tocadas em público até Novembro (...) Voam dois dias depois para Columbia, já avisados de que alguns insistirão na conversa de Patrícia ter trazido muçulmanas para território americano (...) Descem suavemente no Columbia Metropolitan Airport. Telões dão aos que não conseguiram entrar a visão do Airtrain concluindo o taxiamento, a escada se posicionando e Klauss correndo para fazer o registro da banda, então Patrícia aparecendo linda e gloriosa em seu conjunto rosa claro com camisa branca lisa, e a saia indo até abaixo dos joelhos. Alguns drones no horizonte dão imagens privilegiadas, mas serão abatidos se chegarem muito perto.

Um cartaz dentro do prédio diz “We know what you did for the Marmelades”, a família que Sandra salvou na estrada. Aquela carinha linda, antes sóbria, se acende em um sorriso. Logo ao lado outro com “We’ll never forget what you did for Melinda” (...) Fazem a farta e tradicional distribuição de carinho entre os fãs e vão para o hotel. Desta vez as agentes têm a tranqüilidade de se hospedarem no estabelecimento de um colaborador da organização. Ele (...) cuidou para que o hotel estivesse vazio, quando eles chegassem. Há trocas de sinais secretos na recepção, há mais colaboradores trabalhando lá do que Princess imaginava. Está à vontade; ela manda naquele lugar!

Vai serelepe informar aos companheiros que praticamente o hotel inteiro é de gente sob seu comando (...) Uma mensagem informa que os donos daquela casa em Arkansas estão dispostos a trocá-la por uma próxima a postos de trabalho (...) Patrícia autoriza o negócio e vai dar a notícia aos outros. À tarde uma entrevista, um dos temas surpreende, é sobre os Opel Stovebolt de sua coleção. Não querem comemorar antes da hora, mas as pessoas estão se acostumando a surpreendê-los positivamente. Alguém finalmente fala das marroquinas e então só Patrícia fala (...) Vem uma novata aliviar o clima, perguntando sobre o salvamento e a cirurgia que Sandra fez. No placar geral, venceram os bons. Voltam aos seus aposentos para a refeição balanceada a que têm direito nesta semana, até voltarem para casa.

O Memorial Stadium é vistoriado em detalhes. A acústica está perfeita, vêem então os acessos e os serviços básicos (...) Tudo em ordem, vão ao palco fazer os testes práticos, ou seja, vão tocar alguma coisa de improviso. Tudo corre dentro do esplendor e do fascínio a que estão acostumados, mas não os operários (...) Naomi os observa dos bastidores. Se inspira em um texto para convidar as pessoas a pensarem duas vezes antes de optarem por algo só por ser o mais barato...

- Todo mundo gosta de algo bonito, bem feito e sem rebarbas, mas vocês precisam saber que um trabalho bem feito demora a ser feito, uma pessoa precisa ficar mais tempo trabalhando para conseguir um bom resultado...

Não vão cinco minutos de inspiração e mais um e meio para escolher a ilustração, um bolo de confeitaria ricamente decorado. Matthew (...) vê o alerta de actualizações do site. O final “Se você quer uma coisa boa, mas não aceita pagar o preço justo, alguém pode ter pagado mais do que a diferença, talvez com a própria vida” é um soco no estômago de quem não vê nada demais em preferir artigos feitos sob condições degradantes. Isso inspira outro artigo...

- Beringher, vá dar uma olhada na coluna da Naomi, acho que tem um belo gancho para seu artigo de hoje.

Ele vai e vê naquelas palavras doces, mas duras, a escada de que precisava para sua crítica severa aos maníacos por aparentarem o que não são. Renata (...) faz questão de transmitir para o telão do palco, para todo mundo ler. Os operários de cara se lembram da mão de obra americana (...) trocada por trabalho escravo de presos políticos de países adorados por intelectuais teóricos de ar condicionado. Renata não se furta de levar a menina nos ombros (...) Também não demora a aparecer o primeiro desafeto a acusando de querer dizer como as pessoas devem viver, mas isso só dá mais cartaz à petiz.

À noite o show de verdade. Os operários que viram o ensaio estão lá e vêem que mesmo o mais alto nível pode melhorar. Som puro, vozes cristalinas, agudos afinados e graves estremecedores (...) Voam de noite mesmo para Harrysburg, Patrícia e Rebeca lendo em privacidade relatórios repassados no hotel. São avisados de que um grupo de teóricos dos antigos astronautas está na cidade, com farto equipamento de análise e comprou ingressos. A leitura do relatório é momentaneamente interrompida por rajadas de risos quase insanos; o piloto brinca anunciando os procedimentos de “harrysburguerrissagem”.

Em meio aos fãs, lá estão eles, também fãs, mas com postura mais reservada (...) Uma verdadeira romaria segue até o hotel os que são considerados os últimos heróis da música pop (...) O gerente se identifica como membro da guarda imperial e se põe quase literalmente aos pés de Patrícia. Já na suíte, à sós com a banda...

- Eu compreendo essas caras de espanto... Eu não esperava que gente nossa estivesse tão activa desde os colaboradores de base!

- O que isso quer dizer, além de que ninguém vai te tocar sem ser pulverizado?

- Por aí mesmo, Ron... Estão preocupados demais comigo, os últimos informes que tivemos devem ter deixado eles inseguros.

- E do que se tratam esses informes?

- Que mundo, não bastasse estar desabando, vai virar pelo avesso... Gente que até agora está nos dando trabalho, vai acabar se aliando a nós, como na segunda guerra... Hey, não é algo ruim! É óptimo! Eles estão preocupados porque há pessoas que são contra isso e farão de tudo para evitar, mas não tem mais volta! O holocausto nuclear que tantos queriam, está praticamente fora de questão. Sim, é para comemorar, não muito, mas é.

- Os problemas são: Essa gente é confiável? Será aceita facilmente como aliada?

- Para ambas as perguntas a resposta é não. Por isso a necessidade de vigília permanente, que nossos colaboradores estão levando a sério demais.

- Colaboradores é como vocês se tratam, certo?

- Inclusive sua digníssima esposa, sim. Não há privilégios entre nós, há méritos.

A conversa dos dois vai longe(...) e se expande para todos os integrantes, inclusive a orquestra. O resultado é visto e ouvido no palco (...) O cansaço e as tensões musculares são consideravelmente menores, Eddie vê tons mais pastéis e sente odores mais florais enquanto ajuda na massagem. Os patrocinadores chorões agradecem tanto quanto o público. Voam para Boston, onde as agentes percebem que os colaboradores de base decidiram por si proteger a banda, seis deles conseguiram se empregar no hotel. Patrícia liga para Josephine, que está com Bart, vendo em primeira mão o documentário sobre sua vida. A diva (...) soube de tudo quando tudo estava acontecendo. Conversarão a respeito na escala em Los Angeles.

Vão ao ensaio e encontram mais colaboradores entre os operários, com estes Patrícia conversa reservadamente...

- A gente não tinha pensado em uma ação orquestrada, foi coincidência. Avisamos a um colaborador de Little Rock e ele disse que outros tinham a mesma idéia. Parece que o nosso wifi estava ligado!

- Ok, eu desconfio quem seja esse wifi. Vocês avisem à gerência que são os únicos com passe livre para estes andares.

Vai ter com Renata, mas Naomi se adianta com “Foi ela mesma” antes de soltar uma pergunta. Foi Naomi que os inspirou, para proteger a neta nesta fase crítica de sua missão. Patrícia se resigna “Quem sou eu para discutir com minha avó?” (...) Em Sunshadow, Glenda dispara a rir, deixando os outros perplexos e ansiosos para ouvir a piada e rir também. Foi ela quem providenciou a conecção para Naomi inpirar tão clara e simultaneamente seus colaboradores. Ela explica a travessura interdimensional...

- Quer dizer que em qualquer parte do mundo aonde minha mãe vá, haverá alguém pronto para protegê-la? Eu agradeço muito! Agora eu só preciso fazer uma ligação restrita e saber como vão as coisas, quando ela não puder atender.

Liga para Nancy e Richard, a matriarca não se furta de fazer uma ligação agora para o número pessoal de um deles e ter informações sobre a filha (...) Deixa seu número à disposição para toda e qualquer novidade importante. Richard fica feliz, tem mais ânimo para tocar os detalhes finais da hibridação de um transatlântico de uso particular, especialmente porque o cliente não se preocupou em investir cem milhões para fazer o serviço como deve ser feito.

A noite do show é marcada por um pequeno protesto no caminho para o estádio, com cartazes exigindo que Ronald abandone a Dead Train e passe a tocar “músicas de negros” em vez de “trair a raça” (...) No interevalo do show, ele pede um minuto...

- Eu peço licença para pedir aos nossos fãs, seguidores e companheiros de mais de cinqüenta anos de estrada, que não arruínem tudo pelo que trabalhamos tanto para construir. Não tentem combater segregação com segregação, anti-cultura com anti-cultura, violência com violência, ódio com ódio, ignorância com ignorância. O incidente do caminho do hotel para cá me fez lembrar de uns garotos em uma faculdade africana, que queriam simplesmente abolir a ciência, porque ela seria invenção da cultura ocidental, querem impor pura e simplesmente suas crenças religiosas como dogmas científicos, tal qual fazem os racistas que usam a bíblia como desodorante. Eu não toco para etnias, raças (que não existem na humanidade), para gentílicos, para biótipos ou qualquer grupo fechado. Eu toco para meus fãs, para vocês, para todos os ghost drivers. É por isso que eu estou com meus cinco companheiros há mais de meio século nesta estrada, mesmo depois de todos os atentados de que vocês bem sabem, mas aquela turminha lá atrás finge que não aconteceram. Não existe essa história de “o que ele faz é ódio e o que eu faço é justiça”, a troca de rótulos não altera o conteúdo da garrafa. Aprendam com os erros deles e evitem cometê-los. Obrigado.

A ovação seria óbvia (...) mas o que ele disse tocou nos brios dos ghost drivers. Claro que a imprensa registra imediatamente, com os desafetos da banda usando isso para acusar Sunshadow inteira de ser um reduto de extrema direita medieval onde crianças são prometidas para casamento antes de seus pais nascerem.

Quando finalmente estão no Jose’s Hotel, a diva explica às quatro parceiras o que aconteceu, já avisada sobre o que Naomi disse...

- Vocês bem sabem que a autonomia de nossos colaboradores é um dos ingredientes de nosso sucesso, não posso impedí-los de iniciar uma investigação de pequena monta por conta própria ou de utilizar meios próprios para isso. Entretanto, quando vocês me reportaram que naquele hotel, praticamente todos são gente nossa, a notícia se espalhou na organização e milhares pelo mundo comunicaram terem feito o mesmo.

- Assim como Angel às vezes me assusta, usando essa liberdade para gerar progressos científicos – diz Princess.

- Você ainda não viu metade. Espere a gente chegar em casa...

- Algo que queira reportar, Angel?

- O desenvolvimento motor de dobra está na fase final. Agora preciso calibrar e encontrar um veículo para testar um protótipo.

Olham para ela, especialmente Nelson, como se tivesse dito que encontrou o Santo Graal no porão de casa. A explicação é o que ela pode explicar a quem não tem pós doutorado em física (...) Com a agenda apertada de shows, preferiu falar pessoalmente a respeito do que deixar todos no suspense, antes de embarcar. Com seu tabletrain mostra o que já conseguiu...

- Não precisa envolver o veículo inteiro no campo, basta envolver um átomo e todos os outros vão criar seus próprios campos, que formarão o campo de dobra de tudo o que estiver a até cem metros da nave. Tomando é claro, as dimensões de uma nave para uma tripulação robusta, áreas de lazer e serviços essenciais, cabines, compartimentos de carga e agregados. Por isso o consumo de energia é comparativamente tão baixo.

- E agora, Star? O que conto ao Pentágono?

- Melhor deixar que Angel mesma conte, ela vai saber o que revelar.

Nelson abre o canal, faz o anúncio e coloca a moça para falar (...) Ela mede o que diz, deixa o Pentágono quase eufórico com o início das pesquisas que já estão na fase de testes práticos...

- Pode-se ainda utilizar o desligamento de gravidade para usar corpos massivos como estilingues e livrar-se deles assim que atingir a velocidade desejada...

É complicado demais para quem não tem pós doutorado. Josephine e Nelson voam com eles para Sunshadow, para verem de perto o trabalho. Um astrofísico os encontrará lá.

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