As divas. A estação 240 traz um problema não tão problemático, e uma lição do que é ser uma celebridade. Todos à bordo, o trem vai partir.
A chance de bilhões pelo mundo reverem Jose
De Lane. O documentário em seis partes começa com o tema de “Iron Flowers”, o
primeiro filme da diva. Photos inéditas dela ainda bebê, em Champagne, ilustram
a narrativa de uma das maiores amigas que conseguiu no cinema. Alguns detalhes
da imigração vêm a público (...) como
os pais terem trabalhado no navio para pagar a passagem da família, e ela ter
aparecido de surpresa como garçonete, para ajudar. Nem todos sabem que ela
exerceu o ofício até Grant conseguir levá-la para os estúdios (...) Claro que o atentado não poderia ficar de fora, mas
oficialmente e para o documentário, foi um acidente causado por um ébrio.
Não demoram a chegar aos anos 1960 e, claro,
ao primeiro encontro de Josephine com Patrícia. De então em diante sua história
e a dos seis tornaram-se quase uma só (...) As polêmicas ficam
mais numerosas, como ela previu, à medida que o documentário avança no tempo. O
jet set praticamente para, enquanto anotações são feitas, imagens colhidas,
trechos pirateados, enfim (...) O documentário termina com uma pergunta sobre seu
afastamento das telas...
- Não acredito que no cinema de hoje, com a
tônica que hoje tem, haja espaço para alguém como eu. Não descarto voltar a
actuar, mas por agora eu simplesmente não me vejo mais diante das câmeras.
A declaração é sucedida de “The End” e um
vasto letreiro de créditos, ao som do final de “Miss Pilot”, enquanto a tela
escurece lentamente em close no rosto da estrela. Imediatamente os sites
especializados iniciam uma corrida para ver quem será o primeiro a publicar uma
matéria que mereça ser chamada de matéria (...) E o vencedor é...
- O Matthew de novo... Porra...
Sim, Matthew Tamasauskas, que teve sangue
frio para não babar pela diva durante o documentário, e ainda citou seu
primeiro contacto com ela em um texto que estava praticamente pronto (...) Não se preocupou em ser bombástico,
parecer descolado, buscar referências em outras fontes, simplesmente se valeu
de seu cabedal (...) Agora, regozijando de sua vitória infantil, porque admite que foi só
isso mesmo, ele baba enquanto comenta com a esposa sobre o documentário.
Em seu palacete, com seu feliz consorte, ela
manda a Bart uma mensagem de aprovação. Gostou do resultado e reitera o que
disse na última cena (...) Dá uma olhada em
câmeras de segurança de pontos importantes, recebe algumas mensagens secretas,
alguns figurões imploram por ajuda... (...) Julia assume alguns
deles, Bart outros, Patrícia pega os piores e lhes dá esporros homéricos, assim
fica só com o que realmente é de sua competência. Termina e vai gerir seus
negócios, nunca é inoportuno ver por si o que está acontecendo. Lá fora uma
massa de fofoqueiros profissionais espera por uma aparição e sonha com uma
declaração, que no fundo eles sabem que não virá.
Zigfrida na linha, ela avisa que está
chegando para uma conversa de comadres (...) começa com “Estamos ficando velhas para sermos
velhas, mas foda-se” da sueca. Comparam-se a locomotivas a vapor; antigas,
obsoletas, desprezadas por muitos, mas a cada dia encantam mais e deixam as
modernas tímidas quando passam. E é uma aerodinâmica Baldwin 4-6-4 Class I-5
dourada e vermelha com sete vagões de primeira classe e dois de carga, de 1937,
que chega a Sunshadow, comprada da Chesapeak & Ohio, quando trens a vapor
estavam fadados ao esquecimento e às siderúrgicas (...) É presente de
um fã enciumado e indignado com Hassam (...) Ela não tem como recusar, porque os herdeiros foram com seus
filhos pequenos fazer a vontade do pai.
E os paparazzi perderiam mais essa? Lá estão
eles, registrando o constrangimento da líder do Dead Train, agora com seu
próprio trem. Ele veio fumegando veloz de Columbus, esbanjando classe, força e
vigor, como sua nova dona. Claro que o trem chamou atenção pelo caminho, mas
ninguém imaginava que...
- Este é um dos sete que meu pai restaurou
com muito amor e respeito pela senhora – diz a primogênita. Os outros estão só
aguardando seu aceite para virem também.
Agora ela sente o estômago cair. Xinga Hassam
de todos os nomes e idiomas que conhece, em pensamento, porque foi ele quem
começou essa encrenca (...) O atenuante é que as
filhas de Johnny O’Sullivan não fazem parte do espólio. O requinte dos carros é
quase uma desforra, com todo o glamour e extremo luxo da época. A receita
federal fica novamente muito feliz.
Há uma ferrovia para a fazenda, esta é a boa
notícia (...) Ela chama o filho para um canto, pretextando mostrar os cilindros daquela
gigante e pede “Pense em algo, por favor, rápido”...
- Podemos usar de vez em quando para
filmagens, cenas de filmes de época... Vou chamar os engenheiros e providenciar
um estacionamento emergencial, com coberturas, no trecho da ferrovia para a
Culture Train.
- Faça isso, eu não estou com cabeça para
pensar a respeito.
Os outros já autorizados estão saindo agora
para Michigan. Chegam em menos de um dia, bem antes de qualquer coisa ficar
pronta, mas ganham cobertura temporária (...) Patrícia suspira, enquanto os turistas se
deleitam com a paisagem. Josephine chega para ver aquilo, já imaginando que só
ela está preocupada com a situação. Nancy confirma, porque para todos os outros
é uma festa...
- Vieram com crianças porque sabiam que assim
ela não recusaria.
- Eu vou pedir uma investigação para
encontrar mais prováveis repetidores. Do avião eu vi a fila de trens, eles são
lindos! É um tremendo exagero, mas um exagero lindo!
- Ela repetiu em voz baixa até chegar em casa
“Tenho quase setenta anos, por que isso agora?”
- Quase setenta anos e linda de morrer, ela
sabe disso.
- Sabe, mas não leva à sério.
- Hey, vocês duas! Eu estou ocupada, mas
estou ouvindo.
A resposta vem com risos. Ela (...) vai ter com as duas. A conversa
rende uma idéia, ela não pode impedir que as pessoas lhe dediquem homenagens (...) mas pode pedir que façam isso de forma
proveitosa. Manda avisar que estará ao vivo da Naomi Petty Green Children
Foudation, directo para o seu canal, fazendo um comunicado aos que desejam
realmente demonstrar seu carinho e deixar-lhe mais bens. Quer que todas as
crianças estejam lá, agindo normalmente, mesmo prevendo algumas interrupções.
Enquanto as redes sociais pegam fogo,
milhares de novos seguidores se inscrevem para não perderem o início da
transmissão e o jet set começa a faturar com o assunto, ela vai se produzir.
Quer deixar claro que está muitíssimo bem de vida, que poderia viver mil anos
na esbórnia (...) Vai manter a discrição até lá, chama seu cabeleireiro e a
maquiadora (...) Os paparazzi os viram
entrar, disseminam e a fofoca corre solta.
Quer ir só, mas as ordens são outras, Nancy e
Josephine entram com ela no Corvair e as três saem com a capota fechada. Na
fundação encontram os outros cinco à espera (...) Ela ajeita a
faixa rosa creme nos cabelos, o mesmo tom da saia média e da orquídea pintada à
direita do peito, na camisa pregueada de seda de mangas longas com leves
bufantes e gola redonda, fechada por um camafeu de sua avó. Posiciona o
tabletrain, abre seu canal, temporiza e vai sentar-se com os outros. 3... 2...
1...
- Saudações, meus queridos. Eu venho em
primeiro lugar agradecer os protestos de carinho com que sempre nos recebem, e
as dedicatórias efusivas que eu já recebi. Em segundo lugar, eu gostaria de
deixar clara a minha posição sobre os tributos que me dedicam. Eu sou uma
pessoa bem sucedida também financeiramente, meu patrimônio me garantiria uma
vida suntuosa se eu decidisse parar de trabalhar hoje; claro que isso nem se
passa pela minha cabeça. Justo por ser tão bem sucedida, me incomoda que
pessoas estejam dedicando suas vidas para de deixarem presentes que considerem
à minha altura. Seria injusto de minha parte pedir que parem de me homenagear,
cada um sabe o que sente e eu não tenho o direito de arbitrar a respeito,
contudo não é coerente dedicarem o fruto de uma vida de trabalho a quem já tem
uma fortuna. Se querem prestar tributo ao Dead Train, peço que direcionem seus
esforços para ajudar no trabalho humanitário que fazemos. Todos os integrantes
da banda são muito ricos, não é a gente rica que suas homenagens materiais
devem ser dirigidas. Nós, eu em especial, ficaríamos muito felizes em ver mais
gente amparando os necessitados, principalmente as crianças e os idosos. Temos
muita gente vivendo sob tetos improvisados neste país, por isso peço que nos
ajudem em uma senda para a qual todo recurso é pouco... Oi, meu amor, o que
foi?
Ela conversa com a criança, que só queria um
pouco de atenção e depois volta ao seu grupo. A intervenção descontraiu um
pouco o clima. Continua...
- Aquela criança é filha de concidadãos meus,
ela estuda com crianças que não têm família. Esses órfãos estão bem amparados
aqui, à espera da adoção que nem sempre vem, mas há instituições pelo país que
terminam o mês sem saber se conseguirão manter as portas abertas até o fim do
próximo. Eu peço de coração que ajudem. Não podemos estar em todos os lugares e
ajudar todas as pessoas, embora às vezes lhes pareça, isso é trabalho para uma
nação unida. Se eu souber de ghost drivers ajudando a manter um asilo, uma
escola pública, uma creche, a praça do bairro que seja, eu ficarei muito feliz
e muito agradecida. Tudo o que nós fazemos só é possível porque vocês nos
ajudaram a fazê-lo durante muito tempo, hoje temos uma independência financeira
que nos permite só tocar onde e quando queremos, por isso peço que continuem a
nos ajudar de outra maneira, estendendo o nosso trabalho para as comunidades em
que vocês vivem. No caso dos que têm somas mais robustas para deixar, escolham
instituições sem fins lucrativos, há muitas pela América, em nosso site temos
links para vocês escolherem as que melhor representam seus anseios. Não é
ingratidão de nossa parte, compreendam, é uma questão de dar esperanças a quem
já se vê privado dela. Assevero por testemunho a diferença no rosto de um idoso
asilado, quando vai para seu banho de sol e encontra um jardim bem cuidado, uma
pintura refeita na área de convivênvia, um ingrediente novo na refeição... Para
quem está nessa situação, qualquer coisa, qualquer coisa mesmo faz muita
diferença. Não é o caso de julgar erros e escolhas, isso deve ficar restrito ao
ambiente profissional e ainda assim com muito critério. Nós somos um povo
solidário, ao contrário do que a mídia tenta fazer parecer. Provem isso a si
mesmos, me encham de alegria, doem recursos e tempo para quem não tem nada.
Doar recursos à assistência social é o mesmo que doar para mim, só que de forma
indirecta. O que vocês fizerem aos necessitados, estarão fazendo a mim também.
Obrigada.
Nancy encerra a transmissão e as redes
sociais explodem (...) Os oito voltam à Máquina de Costura esperando que o pedido
surta os resultados desejados. Atravessam um mar de repórteres, paparazzi,
blogueiros e outras criaturas do filo. Querem fechar esta semana pesada com uma
reunião recreativa, sem pensar em mais nada além de coisa nenhuma.
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