A vida em luz e sombra. A estação 243 traz boas notícias em meio a tragédias superexpostas. Embarquem, o trem vai partir.
Os seis dão um ultimato à Cadillac e à
Lincoln, querem modelos interessantes desta vez, e não querem saber de relação
custo/benefício! Algumas centenas de amigos e concidadãos se juntam a eles (...) Querem classe e estilo, não só recheio de acessórios, que qualquer carro médio
tem, mesmo que precisem pagar por edições de nicho. Patrícia se despede dos
executivos e se volta para os comparsas, sorridente e serelepe. Às vezes eles
não entendem que o consumidor não dá a mínima para as teorias estatísticas do
departamento de marketing (...) A fase difícil da tecelagem passou, eles conseguiram cativar uma
clientela especializada, a demanda já era grande e a BMW fez o favor de
aumentar a produção mundial da fibra de carbono, reduziram sem querer os custos
dos productos de uso automotivo. A fibra de vidro terá que rebolar para sobreviver
a longo prazo, porque a médio já está comprometida.
Todos a favor da nova linha para pneus de
alta resistência, mandam para as fábricas envolvidas se virarem agora. Dão uma
olhada nas filiais na América do Sul, praticamente só as chilenas não têm sido
motivo de preocupação (...) Concluem os procedimentos legais, compram mais um pedaço de uma fábrica
de locomotivas e encerram esta parte de seu trabalho (...) Antes que terminem seu expediente formal,
GM e Ford mandam respostas bem parecidas, basicamente perguntando quanto
estariam dispostos a pagar por versões especiais...
- Meus queridos – responde Patrícia – nós
temos smartphones e tablets de duzentos mil dólares cada um. Não estamos
preocupados com preço, só com qualidade.
Eles entenderam o recado, Patrícia é
ovacionada pelos companheiros e pelas netas presentes. As garotas se lembraram
das vezes em que Hassam simplesmente encomendou lotes do que queria (...) Richard liga para a mãe,
os abrigos estão prontos, aprovados e as locomotivas já começaram a ser
guardadas como se deve. Vão todos ver o espetáculo. Lá estão os Krumb, que de
casa viam a fila gigantesca de comboios. Primeiro vai a última da fila para o
desvio e de lá para o complexo entroncamento (...) uma a uma, com calma,
até que a Chesapeak & Ohio também descansa em seu lar, de onde pouco sairá.
Ao redor uma turba de jornalistas, paparazzi e blogueiros registrou as
manobras, que atraíram uma multidão de sunshadowers e turistas.
Um fã (...) pergunta quando poderão passear naqueles trens. Logo atrás o
responsável em Michigan pelo turismo no Estado repete e agora uma multidão quer
passear naqueles trens elegantes e luxuosos...
- Por que eu tenho a impressão de que Sniders
mandou gente pra atiçar essa sanha? Ok, vamos falar a respeito... Estes trens
são históricos, são únicos entre si e não têm pares no mundo. Não vou
coloca-los no mercado de viagens turísticas só porque dá dinheiro, minha
intenção é preservá-los. Meu filho aventou a possibilidade de uso comercial,
mas eu tenho um pé atrás com os cuidados que equipes de filmagem teriam com
eles, porque o seguro não vai me dar um igual ao danificado, enquanto ele sofre
reparos. Entretanto, não é justo que essas montanhas de ferro fiquem como
cadáveres embalsamados no mesmo lugar, nem meus carros mais raros ficam uma
semana sem funcionar. Por isso deixo nas mãos da equipe de meu filho todo o
planejamento de uso recreativo delas.
Aquilo foi um “sim”, mas com todas as
ressalvas bem claras. Não será turismo de massa e não será todos os dias (...) a imprensa especializada obtém permissão para photographar aqueles
trens, acompanhada de funcionários do museu. Os seis voltam para seus afazeres
civis (...) As Lices
bebês, por exemplo, estão muito visadas pela imprensa. O casamento de Evelyn e
Leonard os fez relembrar e a curta paz das descendentes de Karen terminou. Não
que Lyonel não esteja na mira do jet set, mas aquelas três são mais carregadas
de mistério, e herdaram da avó as polêmicas que a acompanham desde que começou
a carreira.
Arthur volta de um encontro com
colaboradores, na mão um pequeno pistão bastante gasto. Foi tudo o que sobrou
de uma missão arriscada de um agente na Líbia, era da motocicleta dele...
- Nosso colaborador pulou e, como estava
usando uma bata na cor da areia, o caça seguiu a moto solitária e a detonou. Alguém
o denunciou como jornalista causador de problemas, um SU30 o perseguiu até não
haver mais onde ele se esconder e travarem a mira... Só sobrou isto da moto e
do hospital que estava perto...
- Vocês me dêem licença, preciso mandar uma
ordem expressa.
- Greg, eu não sou especialista em armamento
de guerra, mas para sobrar só um pistão...
- Eles queriam ter certeza de que não
sobraria nada dele, Bobby. Não somos só nós que fazemos merda em combate, só
que aqui as nossas aparecem, lá é crime fazer uma denúncia dessas.
Há alguns instantes de silêncio recheado de
expressões preocupadas. A questão ali não foi só eliminar um inconveniente, mas
dar provas inequívocas de poder e desdém para com a vida de quem, mesmo sem
querer, atravessar o caminho do regime...
- Se for quem estou pensando, ele está bem,
vai dar um jeito de pegar a família e se mandar dali.
- Sim, ele está bem, só com ferimentos leves.
Está a caminho do Marrocos, há gente nossa à espera dele. As informações que
ele mandou batem com as que a CIA recebeu de seus contactos, estão cozinhando a
população para causar mais comoção interna em favor dos tiranos aliados do
Assad. Mas não se esquentem por causa dele, o que lhe cabe está guardado e
crescendo. Vamos comer.
Têm o que comemorar por hoje, vão se
concentrar nisso. Alice chega com Ana Galice e as marroquinas, ciente do que
aconteceu. Entrega-as aos avós e dá a aula de geopolítica internacional por
encerrada. Elas estão prontas para enfrentar as lorotas da mídia sem sentirem
um liquidificador agindo em seus cérebros (...) Ela não se vai tão cedo,
não com o avô ali, querendo saber de seus problemas e ligando para Silvia, que
não perde a chance de ir ter com neta e bisneta.
&
Sandra termina de pentear Inga, a coloca no carro
e a leva para os exames de rotina. O Messerschmit preto vai tranqüilo pela
Sunset Street até a Open Street. Elas acenam para Nancy, depois viram na
alameda e acenam para Luppy (...) O pequeno alemão não queima gasolina e óleo
dois tempos, mas uma cara mistura de álcool e óleos vegetais altamente
refinados e tecnológicos, com um lubrificante sintético não menos barato, que
se dissolve em água e CO2 assim que queima. O preço alto é a
desvantagem que limita a mistura a poucos, pelo menos para uso cotidiano (...) Escoltando vão
Dirt Job e Grenade em suas Electrica Glides totalmente personalizadas, usando o
mesmo combustível, mas sem os achaques de “motoqueirinhos de porta de boate”
como eles dizem.
Sandra não contava com uma espera calma e
silenciosa, mas encontram Marie com Zsa-Zsa e as petizes precisam ser contidas (...) Atestadas as saúdes, especialmente as vocais, as monstrinhas são
levadas à fundação, onde há estrutura para elas esbanjarem energia sem explodir
tudo. Nancy não as deixa sair sem uma conversa reservada. Primeiro quer
monitorar a gestação in loco, quer um relatório pormenorizado de tudo o que for
relevante. Quanto à miniatura de Zigfrida, quer saber do assédio que ainda há
de preconceituosos que dizem combater preconceitos, alguns deles já teriam
arranjado famílias brancas para receberem a pequena, em troca de um bebê negro.
A nobre suspira fundo e quase chora, não quer sequer cogitar a hipótese (...) Rebeca,
sabendo, treina decaptação rápida.
Por toda Sunshadow há quem pelo menos conviva
com gente que passa por isso. Não formalmente, há entidades que negam adoções a
sunshadowers (...) Formar famílias
“homogêmeas” para “evitar transtornos” é sempre a desculpa. A resposta de Nancy
é esfregar nas fuças as mentiras que contam em seus discursos, sem dó de quem
usa crianças como escudo ideológico e doutrinário. No momento ela cuida de três
transferências de responsabilidade, como prefere chamar, uma delas com
adotantes e adoptados completamente diferentes entre si (...) Volta para casa
com tudo encaminhado, encontra Albert na saída, escoltando as meninas. Aretha
já (...) consegue compreender rápido o que as gêmeas estão fazendo,
ainda que não saiba do que se trata.
A matriarca decide entrar na caixinha de
Música e encontra Eduarda monitorando a neta, para que não volte a se exceder
no trabalho. Mesmo com substitutos a moça precisa socorrer de vez em quando, a
experiência que acumulou só ela tem (...) Alguns dias de tranqüilidade na
dureza cotidiana cuidam de arrefecer tudo. Fabrícia se desacostuma a pegar o
ônibus para ir à esquina, caminhar três ou quatro quilômetros para ir e outros
para voltar, torna-se parte de sua rotina (...) A cabeleira crespa bem mais volumosa e brilhante se faz notar na
BYOP, de onde reassume suas responsabilidades em São Paulo (...) Eddie ainda não está segura de que ela pode tocar
a vida sem acompanhamento, vai demorar um pouco até Elias selecionar um
terapeuta a quem possa confiar sua amiga de horas difíceis.
Volta para casa a tempo do encontro com os
agentes da CIA (...) Desta vez terão que aceitar a
companhia também de dois dos motoqueiros mais barras pesadas. Mas também os
que mais se derretem com crianças, por isso Inga está com o pai, visitando os
avós. Enzo e Silvia estão gostando da freqüência com que os netos os visitam (...) Robert Richard foi
passear com Norma na chocolateria. Os agentes falam com certo desgosto, sem
revelar detalhes que Sandra conhece bem, mas dizem que mesmo para veteranos
calejados é muito ruim ter que apertar as mãos de quem mataria todos os
mericanos, se pudesse. Elias olha para Sandra, se volta para o casal e diz
“Aperte com as mãos suadas, eles ficarão com cheiro de americano e o espalharão
por onde passarem” (...) o humor se reverte na hora.
Patrícia, à bordo de um Corvair Yenko Stinger
branco de listras azuis, toma conhecimento dessa mudança de ânimo (...) Vai para a
pista desenferrujar ela mesma seu coupé. Não são mais do que quinze minutos,
mas o suficiente para desmentir maus mitos a respeito do modelo, especialmente
a segunda geração. Ela não é uma piloto de ponta, mas reconhece rapidamente as
limitações e as potencialidades do que dirige; e aplica isso na administração.
Devolve o carro à sua vaga, cercada de câmeras, e volta para casa, assim que
der uma passada pela Culture Train. Vê Hamira e Samira testando uma aparelhagem
nova, um monitor com várias câmeras de alta definição do outro lado mostra em
tempo real, a animação interagindo com o ambiente real. Isso não é só
divertido, facilita bastante a criação dos cenários que (...) A diva se põe entre as duas,
as abraça pelos ombros...
- Nós precisamos de algo para um clipe e
acredito que isto cabe direitinho... Galera, venha me encontrar na Culture
Train. Tenho uma coisa bem legal para a banda.
Antes de falarem em negócios, todos querem
brincar com aquilo. As marroquinas digitalizam os seis, caricaturizam levemente
as imagens, mudam as roupas e os avatares seguem fielmente os movimentos deles,
com base nos sensores que levam dos pés às cabeças. No dia seguinte gravam
sério (...) roteiro da casa de solteira
de Patrícia à praça do trem morto, de lá para a Máquina de Costura, com seus
avatares partindo da adolescêncica até a idade avançada de agora. As duas mudam
o que é necessário na hora, durante as reexibições da animação (...) os seis aprovam e o clipe
está pronto.
A enorme família da banda o vê em primeira
mão, com um entusiasmo quase igual ao deles. Foi o clipe mais rápido e barato
que já fizeram. Klauss conversa com Billy, Matthew, Mikomi e Mary Ann, para
verem o que e como vão publicar. Não se trata só de um clipe, é uma inovação
que vai beneficiar bastante os artistas pequenos e em início de carreira (...) Os artigos vão a público e a expectativa
para o novo álbum cresce (...) Darifa chega à noite, amparada pelo marido, para entregar os exames aos bisavós
da criança. Não contou e não pretende contar que agora é cristã, apesar de
manter hábitos marroquinos no cotidiano e na culinária. Aos que ficaram no
Marrocos...
- Não vai, não precisa e não deve – diz
Patrícia. Esse assunto fica em Sunshadow.
Derik não esconde a ansiedade para ter o bebê
nos braços, bem como a paciência tipicamente oriental que a esposa lhe empresa
tem ajudado também nos negócios. Agora eles querem saber da hóspede, o texano
ficou estarrecido quando viu o vídeo do crime, nem animais de abate são
tratados daquela forma. Chamam Fabrícia, que se nega a sair da copa, então vão
eles para lá. Ela está se esbaldando com aquela fartura e diversidade de frutas (...) As duas
falam de gestante para gestante, isso ajuda bastante a brasileira, aos poucos
as duas tricotam e nos dias subseqüentes a amizade engata.
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