sábado, 11 de maio de 2019

Dead Train in the rain CCXLIII

    A vida em luz e sombra. A estação 243 traz boas notícias em meio a tragédias superexpostas. Embarquem, o trem vai partir.


Os seis dão um ultimato à Cadillac e à Lincoln, querem modelos interessantes desta vez, e não querem saber de relação custo/benefício! Algumas centenas de amigos e concidadãos se juntam a eles (...) Querem classe e estilo, não só recheio de acessórios, que qualquer carro médio tem, mesmo que precisem pagar por edições de nicho. Patrícia se despede dos executivos e se volta para os comparsas, sorridente e serelepe. Às vezes eles não entendem que o consumidor não dá a mínima para as teorias estatísticas do departamento de marketing (...) A fase difícil da tecelagem passou, eles conseguiram cativar uma clientela especializada, a demanda já era grande e a BMW fez o favor de aumentar a produção mundial da fibra de carbono, reduziram sem querer os custos dos productos de uso automotivo. A fibra de vidro terá que rebolar para sobreviver a longo prazo, porque a médio já está comprometida.

Todos a favor da nova linha para pneus de alta resistência, mandam para as fábricas envolvidas se virarem agora. Dão uma olhada nas filiais na América do Sul, praticamente só as chilenas não têm sido motivo de preocupação (...) Concluem os procedimentos legais, compram mais um pedaço de uma fábrica de locomotivas e encerram esta parte de seu trabalho (...) Antes que terminem seu expediente formal, GM e Ford mandam respostas bem parecidas, basicamente perguntando quanto estariam dispostos a pagar por versões especiais...

- Meus queridos – responde Patrícia – nós temos smartphones e tablets de duzentos mil dólares cada um. Não estamos preocupados com preço, só com qualidade.

Eles entenderam o recado, Patrícia é ovacionada pelos companheiros e pelas netas presentes. As garotas se lembraram das vezes em que Hassam simplesmente encomendou lotes do que queria (...) Richard liga para a mãe, os abrigos estão prontos, aprovados e as locomotivas já começaram a ser guardadas como se deve. Vão todos ver o espetáculo. Lá estão os Krumb, que de casa viam a fila gigantesca de comboios. Primeiro vai a última da fila para o desvio e de lá para o complexo entroncamento (...) uma a uma, com calma, até que a Chesapeak & Ohio também descansa em seu lar, de onde pouco sairá. Ao redor uma turba de jornalistas, paparazzi e blogueiros registrou as manobras, que atraíram uma multidão de sunshadowers e turistas.

Um fã (...) pergunta quando poderão passear naqueles trens. Logo atrás o responsável em Michigan pelo turismo no Estado repete e agora uma multidão quer passear naqueles trens elegantes e luxuosos...

- Por que eu tenho a impressão de que Sniders mandou gente pra atiçar essa sanha? Ok, vamos falar a respeito... Estes trens são históricos, são únicos entre si e não têm pares no mundo. Não vou coloca-los no mercado de viagens turísticas só porque dá dinheiro, minha intenção é preservá-los. Meu filho aventou a possibilidade de uso comercial, mas eu tenho um pé atrás com os cuidados que equipes de filmagem teriam com eles, porque o seguro não vai me dar um igual ao danificado, enquanto ele sofre reparos. Entretanto, não é justo que essas montanhas de ferro fiquem como cadáveres embalsamados no mesmo lugar, nem meus carros mais raros ficam uma semana sem funcionar. Por isso deixo nas mãos da equipe de meu filho todo o planejamento de uso recreativo delas.

Aquilo foi um “sim”, mas com todas as ressalvas bem claras. Não será turismo de massa e não será todos os dias (...) a imprensa especializada obtém permissão para photographar aqueles trens, acompanhada de funcionários do museu. Os seis voltam para seus afazeres civis (...) As Lices bebês, por exemplo, estão muito visadas pela imprensa. O casamento de Evelyn e Leonard os fez relembrar e a curta paz das descendentes de Karen terminou. Não que Lyonel não esteja na mira do jet set, mas aquelas três são mais carregadas de mistério, e herdaram da avó as polêmicas que a acompanham desde que começou a carreira.

Arthur volta de um encontro com colaboradores, na mão um pequeno pistão bastante gasto. Foi tudo o que sobrou de uma missão arriscada de um agente na Líbia, era da motocicleta dele...

- Nosso colaborador pulou e, como estava usando uma bata na cor da areia, o caça seguiu a moto solitária e a detonou. Alguém o denunciou como jornalista causador de problemas, um SU30 o perseguiu até não haver mais onde ele se esconder e travarem a mira... Só sobrou isto da moto e do hospital que estava perto...

- Vocês me dêem licença, preciso mandar uma ordem expressa.

- Greg, eu não sou especialista em armamento de guerra, mas para sobrar só um pistão...

- Eles queriam ter certeza de que não sobraria nada dele, Bobby. Não somos só nós que fazemos merda em combate, só que aqui as nossas aparecem, lá é crime fazer uma denúncia dessas.

Há alguns instantes de silêncio recheado de expressões preocupadas. A questão ali não foi só eliminar um inconveniente, mas dar provas inequívocas de poder e desdém para com a vida de quem, mesmo sem querer, atravessar o caminho do regime...

- Se for quem estou pensando, ele está bem, vai dar um jeito de pegar a família e se mandar dali.

- Sim, ele está bem, só com ferimentos leves. Está a caminho do Marrocos, há gente nossa à espera dele. As informações que ele mandou batem com as que a CIA recebeu de seus contactos, estão cozinhando a população para causar mais comoção interna em favor dos tiranos aliados do Assad. Mas não se esquentem por causa dele, o que lhe cabe está guardado e crescendo. Vamos comer.

Têm o que comemorar por hoje, vão se concentrar nisso. Alice chega com Ana Galice e as marroquinas, ciente do que aconteceu. Entrega-as aos avós e dá a aula de geopolítica internacional por encerrada. Elas estão prontas para enfrentar as lorotas da mídia sem sentirem um liquidificador agindo em seus cérebros (...) Ela não se vai tão cedo, não com o avô ali, querendo saber de seus problemas e ligando para Silvia, que não perde a chance de ir ter com neta e bisneta.

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Sandra termina de pentear Inga, a coloca no carro e a leva para os exames de rotina. O Messerschmit preto vai tranqüilo pela Sunset Street até a Open Street. Elas acenam para Nancy, depois viram na alameda e acenam para Luppy (...) O pequeno alemão não queima gasolina e óleo dois tempos, mas uma cara mistura de álcool e óleos vegetais altamente refinados e tecnológicos, com um lubrificante sintético não menos barato, que se dissolve em água e CO2 assim que queima. O preço alto é a desvantagem que limita a mistura a poucos, pelo menos para uso cotidiano (...) Escoltando vão Dirt Job e Grenade em suas Electrica Glides totalmente personalizadas, usando o mesmo combustível, mas sem os achaques de “motoqueirinhos de porta de boate” como eles dizem.

Sandra não contava com uma espera calma e silenciosa, mas encontram Marie com Zsa-Zsa e as petizes precisam ser contidas (...) Atestadas as saúdes, especialmente as vocais, as monstrinhas são levadas à fundação, onde há estrutura para elas esbanjarem energia sem explodir tudo. Nancy não as deixa sair sem uma conversa reservada. Primeiro quer monitorar a gestação in loco, quer um relatório pormenorizado de tudo o que for relevante. Quanto à miniatura de Zigfrida, quer saber do assédio que ainda há de preconceituosos que dizem combater preconceitos, alguns deles já teriam arranjado famílias brancas para receberem a pequena, em troca de um bebê negro. A nobre suspira fundo e quase chora, não quer sequer cogitar a hipótese (...) Rebeca, sabendo, treina decaptação rápida.

Por toda Sunshadow há quem pelo menos conviva com gente que passa por isso. Não formalmente, há entidades que negam adoções a sunshadowers (...) Formar famílias “homogêmeas” para “evitar transtornos” é sempre a desculpa. A resposta de Nancy é esfregar nas fuças as mentiras que contam em seus discursos, sem dó de quem usa crianças como escudo ideológico e doutrinário. No momento ela cuida de três transferências de responsabilidade, como prefere chamar, uma delas com adotantes e adoptados completamente diferentes entre si (...) Volta para casa com tudo encaminhado, encontra Albert na saída, escoltando as meninas. Aretha já (...) consegue compreender rápido o que as gêmeas estão fazendo, ainda que não saiba do que se trata.

A matriarca decide entrar na caixinha de Música e encontra Eduarda monitorando a neta, para que não volte a se exceder no trabalho. Mesmo com substitutos a moça precisa socorrer de vez em quando, a experiência que acumulou só ela tem (...) Alguns dias de tranqüilidade na dureza cotidiana cuidam de arrefecer tudo. Fabrícia se desacostuma a pegar o ônibus para ir à esquina, caminhar três ou quatro quilômetros para ir e outros para voltar, torna-se parte de sua rotina (...) A cabeleira crespa bem mais volumosa e brilhante se faz notar na BYOP, de onde reassume suas responsabilidades em São Paulo (...) Eddie ainda não está segura de que ela pode tocar a vida sem acompanhamento, vai demorar um pouco até Elias selecionar um terapeuta a quem possa confiar sua amiga de horas difíceis.

Volta para casa a tempo do encontro com os agentes da CIA (...) Desta vez terão que aceitar a companhia também de dois dos motoqueiros mais barras pesadas. Mas também os que mais se derretem com crianças, por isso Inga está com o pai, visitando os avós. Enzo e Silvia estão gostando da freqüência com que os netos os visitam (...) Robert Richard foi passear com Norma na chocolateria. Os agentes falam com certo desgosto, sem revelar detalhes que Sandra conhece bem, mas dizem que mesmo para veteranos calejados é muito ruim ter que apertar as mãos de quem mataria todos os mericanos, se pudesse. Elias olha para Sandra, se volta para o casal e diz “Aperte com as mãos suadas, eles ficarão com cheiro de americano e o espalharão por onde passarem” (...) o humor se reverte na hora.

Patrícia, à bordo de um Corvair Yenko Stinger branco de listras azuis, toma conhecimento dessa mudança de ânimo (...) Vai para a pista desenferrujar ela mesma seu coupé. Não são mais do que quinze minutos, mas o suficiente para desmentir maus mitos a respeito do modelo, especialmente a segunda geração. Ela não é uma piloto de ponta, mas reconhece rapidamente as limitações e as potencialidades do que dirige; e aplica isso na administração. Devolve o carro à sua vaga, cercada de câmeras, e volta para casa, assim que der uma passada pela Culture Train. Vê Hamira e Samira testando uma aparelhagem nova, um monitor com várias câmeras de alta definição do outro lado mostra em tempo real, a animação interagindo com o ambiente real. Isso não é só divertido, facilita bastante a criação dos cenários que (...) A diva se põe entre as duas, as abraça pelos ombros...

- Nós precisamos de algo para um clipe e acredito que isto cabe direitinho... Galera, venha me encontrar na Culture Train. Tenho uma coisa bem legal para a banda.

Antes de falarem em negócios, todos querem brincar com aquilo. As marroquinas digitalizam os seis, caricaturizam levemente as imagens, mudam as roupas e os avatares seguem fielmente os movimentos deles, com base nos sensores que levam dos pés às cabeças. No dia seguinte gravam sério (...) roteiro da casa de solteira de Patrícia à praça do trem morto, de lá para a Máquina de Costura, com seus avatares partindo da adolescêncica até a idade avançada de agora. As duas mudam o que é necessário na hora, durante as reexibições da animação (...) os seis aprovam e o clipe está pronto.

A enorme família da banda o vê em primeira mão, com um entusiasmo quase igual ao deles. Foi o clipe mais rápido e barato que já fizeram. Klauss conversa com Billy, Matthew, Mikomi e Mary Ann, para verem o que e como vão publicar. Não se trata só de um clipe, é uma inovação que vai beneficiar bastante os artistas pequenos e em início de carreira (...) Os artigos vão a público e a expectativa para o novo álbum cresce (...) Darifa chega à noite, amparada pelo marido, para entregar os exames aos bisavós da criança. Não contou e não pretende contar que agora é cristã, apesar de manter hábitos marroquinos no cotidiano e na culinária. Aos que ficaram no Marrocos...

- Não vai, não precisa e não deve – diz Patrícia. Esse assunto fica em Sunshadow.

Derik não esconde a ansiedade para ter o bebê nos braços, bem como a paciência tipicamente oriental que a esposa lhe empresa tem ajudado também nos negócios. Agora eles querem saber da hóspede, o texano ficou estarrecido quando viu o vídeo do crime, nem animais de abate são tratados daquela forma. Chamam Fabrícia, que se nega a sair da copa, então vão eles para lá. Ela está se esbaldando com aquela fartura e diversidade de frutas (...) As duas falam de gestante para gestante, isso ajuda bastante a brasileira, aos poucos as duas tricotam e nos dias subseqüentes a amizade engata.

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