quarta-feira, 1 de maio de 2019

Dead Train in the rain CCXXXIII

    Subindo o Delaware. A estação 233 alimenta o jet set e as teorias consiratórias, para variar. Todos à bordo, o trem vai partir.


O que falta ao resort? Falta praticamente ser inaugurado (...) está tudo pronto para receber os estressados e os recém-casados que já fizeram reservas. O treinamento e a capacitação tomaram a maior parte do tempo, os funcionários terão que lidar com gente do mundo inteiro. Os últimos detalhes são expostos com a paciência necessária, os seis aprovam e mandam executar, então os quatro olham para Patrícia e Rebeca...

- Não, o resort não será uma base secreta para nossas operações... No máximo uma conexão, mas totalmente desvinculada da administração.

- Vai ter gente de vocês lá, não vai?

Ranata faz a pergunta com uma cara que desata os risos. Elas esclarecem que todo e qualquer lugar pode servir para contactos, basta ser necessário (...) Robert as lembra bem desse bônus geográfico...

- Well... Bobby, se for preciso a gente manda homens maus pra lá e eles descem a porrada – responde Rebeca!

- Vocês têm “homens maus”?

- Eu sou uma deles!

- Ah, claro... Mas nem pense em ir para o campo de batalha, mamãe iria grudar em você...

- Ela já foi... Não posso dizer onde e quando, mas ela já precisou derrubar muita gente de uma só vez. Ela é uma colaboradora de elite, faz parte da nossa cúpula.

- Assim como você salvou Reagan...

- Ela precisou salvar outro figurão e evitar uma guerra, Ron. Ela literalmente salvou a humanidade. Mas nada disso está previsto para o resort, fiquem sossegados!

Em meio ao quase desespero de Ronald e Robert, acolhidos pela encrenqueira mestra, os trabalhos fluem com eficácia. Mas eles a fazem prometer que vai evitar a todo custo outro episódio assim. Ela não pode prometer, ninguém na organização pode (...) Sua parceira principal está agora concluindo o monitoramento de seus negócios, sempre os usando como suporte para os assuntos da organização. Volta escoltada para casa, para o alívio dos pais.

Não precisou partir nenhuma mandíbula nos últimos meses (...) Os paparazzi já tinham uma certa reverência para se aproximar dela, agora têm medo mesmo. Ficam quase sempre à distância, exceto Henry, que teve mais medo do que todo mundo e o utilizou para salvar a própria pele (...) Mesmo assim cuida de chegar sempre pela frente e de mãos visíveis (...) Lá está sua pequena ao portão, com o pai e as avós, escancarando o sorriso assim que a vê. A maternidade adoptiva não ajudou a amornar sua agressividade, pelo contrário, agora ela tem uma criaturinha dependendo de que acerte muito mais do que erre, em breve serão duas... Na verdade age como se Abgail já tivesse nascido.

Giovanni recepciona sua esposa e os vigilantes, há um jantar calórico e nutritivo para repor suas energias e seu humor. Tudo muito italiano à mesa, com elementos americanos e brasileiros, como banana frita (...) Ela acorda no horário de sempre, puxa o marido e o leva aos exercícios diários, Grenade precisa ir junto (...) O frio dando seus útimos suspiros ajuda, mas não muito, sabem que ele voltará várias vezes ao longo de 2015. Quando faz menção de se sentar, o Beastie é puxado para os exercícios de relaxamento, para a finalizalização da rotina. Não é um relaxamento relaxante para quem não está acostumado. O mergulho forçado na piscina ajuda a relaxar do relaxamento.

Phoebe aproveita para adiantar alguns assuntos com a comparsa, mas tudo absolutamente pessoal. Voltam a se reunir para decisões corporativas, antes de arrumar as malas para o próximo show, em Dover. Patrícia reitera aos onze que estão em um esforço para ajudar a manter o país íntegro e unido em uma era de conflitos internos (...) A presença de Ronald sempre foi motivo para um cessar fogo, por isso a história do casal e suas ligações pessoais devem sempre estar na ponta da língua. Haverá contactos secretos, nada que demande ir às armas (...) Outro assunto é a nova onda de ameaças de sucessores de desafetos, em especial os fanáticos religiosos, agora com o agravante da presença das marroquinas em Sunshadow...

- Como vocês falam em Goiás, estão pulando o córrego! Desta vez estão forçando a barra mesmo! Vamos ficar atentos, assim como aqueles radicais se viram no dever de matar Ahmed, eles também podem se ver no de ferir um de nós. Temos uma gestante conosco, que sabe se defender, mas é uma gestante e não preciso lembrar do que já passou.

- Eu não vou deixar ela sozinha.

- Nem deve, figlio, mas você não é o Superman. A Phee vai acompanhar vocês, se precisarem sair...

- Não grila, tio Enzo, a gente já combinou ficar de grude até essa menina sair ao mundo.

Enzo agradece, enquanto Alice abre o email da mãe e vê alguns nomes que lhe são conhecidos (...) Aciona o aplicativo de gravação e começa a abrir, são gente inconveniente, gente chata e gente perigosa, alguns reúnem os três adjetivos. Duvida que aqueles nomes sejam todos verdadeiros (...) a gravação guarda em seu dossiê particular. Vai falar com a avó a respeito, sem revelar detalhes demais. Silvia ama ter a bisneta em casa, mas fica preocupada com o que a neta diz. Liga para Enzo e as três estão com eles em poucos minutos. Patrícia elogia a iniciativa do dossiê (...) eles só estão produzindo provas contra si. Envolve as duas na conversa sobre o show (...) também para distraí-las daquelas ameaças.

Dean levanta o dedo, todo mundo sabe que vai sair besteira, mas por isso mesmo querem ouvir...

- A gente vai fazer o passeio de ônibus ou pelo Delaware?

Claro, todo mundo ri mesmo, mas também todo mundo começa a ver nexo nessa piada sem noção. Patrícia liga para Richard...

- Como? Quem teve esse idéia maluca... Ah, claro, um maluco... Ok, a gente vai providenciar. Precisamos de um barco para subir o Delaware...

Todos olham para ele com caras de quem não entendeu a piada...

- É pro seu próximo cosplay, amado?

- Não dá idéia! Mamãe quer parte do percurso do passeio oficial no Delaware! Ela pediu, você sabe como ela pede!

- Hey, agora que me dei conta – diz Glenda! A gente não pensou no próximo cosplay do Ricky!

Eles trabalham, mas trabalham no meio da zoeira em torno do grandalhão. Marcia liga para Kenji e pede que ajude a pensar em algo. Os fãs estão se preparando sem saber da surpresa, tem gente ganhando um extra com broches e camafeus artesanais alusivos à banda.

Quando o Airtrain é visto pelo telescópio de um ghost driver, a histeria se alastra por Dover (...) O 747-400 aterrissa, taxia e aquela cena se repete, para o deleite dos fãs. Klauss corre para registrar a chegada do Dead Train, só isso já rende photos para artigos especializados. Patrícia aparece à porta da fortaleza voadora em um abrigo azul claro de jersey sobre o vestidinho minimalista preto e pronto (...) Ninguém ali quer ser discreto, ninguém desconhece a história e as tragédias que eles superaram, ninguém se esqueceu do que eles fizeram por Melinda.

Drones por toda parte, todos monitorados por Phoebe e Sandra, alguns deles de gente da organização (...) O mar de fãs e paparazzi seria perigoso, se não se tratasse de ghosth drivers, e se não houvesse uma legião da guarda imperial em cada canto do país; estão mais seguros do que o presidente (...) mas seguem por um caminho estranho. Descem em um píer, entram em uma grande lancha e fazem bagunça Delaware acima, em um episódio que suscita teorias conspiratórias de alto nível, com milhares de câmeras registrando, como se dissessem que é Patrícia quem manda neste país, outros deliram menos e interpretam como um apoio ao uso de hidrovias. Claro que a segurança entra em pânico, mas se torna um dos passeios oficiais mais apoteóticos da história da música moderna. Voltam à terra e retomam o caminho para o hotel. Há paparazzi que vivem só de Dead Train e seus contactos não é à toa.

Atravessam mais um mar de fãs, jornalistas, paparazzi, blogueiros e aliens disfarçados, então entram no hotel, se desmanchando de rir. A idéia maluca foi de Dean, então ele é carregado pelo salão principal até todos ficarem cansados, o que demora.

As manchetes são ainda mais hilárias do que a aventura, os teóricos da conspiração parecem ter voltado aos anos setenta e fumado tudo a que tinham direito (...) É a parte mais divertida do trabalho deles, na verdade a única que preserva sua sanidade. Se dispersam um pouco, para o tradicional reconhecimento de território, quando conhecem os trabalhadores que vão serví-los, os hóspedes quase residentes que preferem ser paparicados em um hotel de luxo a serem tratados como dementes em um asilo, os agentes infiltrados com quem trocam informações e também o jardim. Lá também encontram um agente croata escondido, Rebeca tem uma conversa (...) dá instruções claras, deposita cem mil dólares na sua conta, para não depender de decisões de burocratas e eles se despedem; ele muito feliz.

Enzo, Giovanni, Jerry e Dean estão fazendo palhaçadas em uma sacada interna, rindo de si mesmos. Deixa-os e vai rindo até sua líder e confidente (...) diz que resolveu a questão com o agente e não precisa se preocupar com isso...

- Não me preocupo. Esse é um dos assuntos que estão encaminhados e em boas mãos. Senta.

- Você viu a diferença do Elias?

- Com essa gravidez, vi. É outra pessoa, até as dores diminuíram! Dizer que estou amando é cair no óbvio, mas estou amando tudo isso!

- Você costuma ficar só quando está deprimida, mas está feliz aqui!

- Aproveitando a dispersão pra fazer um balanço íntimo. Mês que vem tem a inauguração do resort, a gente poderia gravar um clipe lá. Talvez de “Sands in my eyes”.

- Taí uma boa! Vamos chamar os outros pra conversar!

Se reúnem de improviso e acertam, gravarão o clipe da canção, então terão que levar uma equipe inteira para Marrakesh. Patrícia liga para o filho e pede que providencie tudo (...) Ainda pergunta se não escolheu seu cosplay para a próxima convenção...

- Amada escolheu por mim... Viking. Daquela série de tevê...

- Galera, o Kenji está fazendo um cosplay de viking pro Ricky!

Mais motivo para festa, deboche e risadas. À tarde vão conhecer espaço reservado para o show (...) os fãs pediram encarecidamente que não deixassem os de outras cidades de fora, tiveram que arranjar ao ar livre para acomodar mais de trezentas mil pessoas. As lojas e os restaurantes da cidade já agradecem pelo incremento na circulação.

Testam como sempre a acústica, com centenas de plantas ornamentais à disposição para fazer os ajustes finos. Usam a polifonia de Carly para o serviço, com os membros da banda espalhados nos extremos do ambiente. Feito, partem para um ensaio improvisado (...) A pausa para o lanche. Sandra liga para a casa dos pais, para saber da filha e tem da mãe que voltaram a incomodar seu pai, mas ele se saiu bem, respondendo “Não me importa a opinião alheia, me importa o tratamento que recebo. Ao contrário do que você faz parecer, o americano médio tem me tratado muito bem” (...) Verão isso na volta, por agora têm uma visita inesperada, o casal Barry-Kelly despencou de Dallas para ir ter com a avó adoptiva da donzela muçulmana (...) Andora toma a palavra...

- Quando você as levou para Los Angeles e se encontraram com nossos bisnetos... Derik tem trocado cartas com Darifa e acabou gostando dela, mas os pais dele têm alguns receios. Fale desse islamismo dos doze anos... Sim, cartas, dessas de papel mesmo! Ele está apaixonado!

Ela compreende. Não é por ser sua neta, mas a moça de olhos de mel e sorriso largo é linda de morrer (...) A surpresa é o apaixonado que se declarou pelos bisavós, que não queriam que ele estragasse tudo e maculasse a amizade que têm com aqueles seis. Ela (...) liga para Amina e a coloca na conversa, já advogando em favor daquele galã desajeitado com cara de mau e coração de manteiga. A marroquina desconfia, mas aceita uma visita do rapaz para conversarem a respeito, já perguntando como ele é. Patrícia o descreve e...

- Insha’Allah! Trabalhador, rico, responsável e bonito... Ok, ganhou um ponto.

- E é ele que vai herdar a minha fazenda em Dallas, os outros não gostam dela mesmo.

Começa a farra. Com mais de cem anos, ele não se vê mais na obrigação de pensar antes de falar. Mas falou com uma ponta de mágoa (...) todos os outros falam em vender as coleções para liberar espaço, mesmo que seja como ferro-velho.

Eles ficam para o show. Se hospedam por esta noite e a próxima. Eles vão se aboletar no apartamento e a banda vai de bom humor para a coletiva. Alguém pergunta o que Elias quis dizer (...) Sandra se adianta e resume com “Você pode pensar o que quiser dele, só não pode faltar com o respeito. Simples assim”. E já que ela se apresentou, o casal é alvejado com perguntas sobre a gravidez e a reação de Inga, quando soube. Eles não delongam (...) Alguém menos tonto pede a vez e pergunta sobre as canções que fizeram em um só dia, isso rende respostas mais extensas e se ramifica em mais perguntas correlatas (...) “Nunca” é a resposta de Patrícia e Renata, perguntadas quando Phoebe vai correr de biquíni pelas ruas novamente.

Deixam Klauss, Matthew, Nina e Lola aparando arestas (...) Estranham não terem perguntado sobre a posição de Ronald em relação às tensões raciais. Terminam e vão se juntar aos outros, para o jantar. Os texanos participam, mas sabendo que o cardápio é bem balanceado (...) Vão dormir com a tranqüilidade de quem sabe que está fazendo tudo o que pode e tem as condições para ver seus esforços vingarem. O show da noite seguinte povoa os sonhos dos músicos. Em Sunshadow Darifa sonha com outra coisa, um texano sem muito jeito com as palavras que ela ajudou a superar a timidez. Mas não abre mão de continuar a morar em Sunshadow.

A alvorada costumeira, com os cuidados necessários a Sandra, depois um pulo na piscina e as agentes estão prontas para o dia. Vão surpreendendo a criadagem pelo caminho, como a assombraram durante o treino diário (...) Por boca miúda disseminam o que viram, enquanto a banda toma seu café. Saem os cinco ônibus ao ensaio, alguns paparazzi aproveitam a polarização da segurança para receber encomendas de amigos de dentro do hotel. Na arena provisória o clima é tranqüilo (...) Voltam ao hotel para o almoço e a sesta, tudo fica silencioso como um berçário de hospital, com os bebês dormindo. No meio da tarde eles acordam e se aprontam para o show. As moças, como de hábito, deslumbrantes. Rita e Madeleine usam camafeus com a face da bisneta, uma ajeita os cabelos da outra e a farra recomeça (...). Boatos de que seriam lésbicas já rodou o mundo várias vezes.

Com gente de Estados vizinhos, o público é maior do que a população de Dover. Quando Rita anuncia o início do show e os seis entram de mãos dadas, a polícia tem uma idéia do que seria uma revolta popular (...) dão a impressão de que demoliriam todas as cidades por onde passassem. No palco, comandando o espetáculo, vêem a única pessoa que seria capaz de deter aquela multidão. Ela anima os músicos de apoio e a orquestra, enquanto acompanha os comparsas e dá olhadas nos bastidores, até ser sua vez de cantar, então Phoebe assume a função. A interação com o público a juda a manter o pique da plateia (...) Desta vez o saldo é todo positivo. Voltam a Sunshadow na manhã seguinte, quando os texanos também voltam para casa, preparar o rapaz para a visita.

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