segunda-feira, 5 de novembro de 2018

Dead Train in the rain LXXX

    Os desgostos da liderança.  Patrícia desenha sem intelectualismos para a estação 80 ser didática sem ser arrogante. Embarquem e ponham em prática, o trem vai partir.


Um show em um campeonato de arrancada, o ambiente de Richard. Seus compressores são caros, mas são feitos com engenharia refinada, com alto grau de customização. Alguns carros são muito parecidos com os de rua, mas (...) não passam de bolhas de fibra de vidro colocadas nos chassis de corrida. Desta vez puderam trazer suas famílias (...) o programa barulhento é familiar e o show será à tarde.

Enquanto isso, Princess e Brain conversam de modo cifrado com agentes secretos do mundo inteiro, disfarçados (...) Tudo com suas famílias ao lado. Deixam Nancy e as crianças com Arthur, ele já foi instruído de como deve distraí-las. Vão ver uma gasolina com um aditivo especial. A vasilha plástica, branca e bastante opaca, é enchida com o combustível e colocada na bancada, o peso do líquido faz o tampo baixar um milímetro e o aditivo magnético passa a interagir com a corrente magnética (...) São mensagens curtas e cifradas que aparecem muito rapidamente (...) O governo odeia cada dia mais precisar de Richard, odiará mais ainda quando descobrir que também precisa de Patrícia. Ela pega uma peneira, mergulha na gasolina e a ergue, deixando o líquido se esvair rapidamente de volta à vasilha...

- Entenderam agora qual é o erro? Embora todas as limalhas ajam em conjunto, elas são independentes, não permanecem juntinhas para facilitar a filtragem. O próprio funcionamento do motor as produz. Se elas não forem coletadas por um filtro magnético tão logo entrem no circuito do óleo, vão causar estragos no motor e gerar mais limalhas, por abrasão. Elas devem ser captadas imediatamente, em pequenos filtros magnéticos em pontos estratégicos, assim sempre serão poucas e sempre fáceis de controlar. Não será colocando um filtro grande e vistoso que isso vai acontecer, elas não vão parar dentro dele para admirar, muitas vão escapar e vão se multiplicar.

- A não ser, claro, que os gênios lá, decidam que vale à pena destruir o carro inteiro para conter essas limalhas. Terão óleo limpo, sim, mas inútil, não haverá mais onde aplicá-lo.

A conversa não dura muito, nem deve. Muita gente por ali sabe quem são e que estão tratando de algo que lhes interessa, não podem dar chances de eles se aproximarem e ouvirem demais. Os dois saem do paddock deixando a vida secreta lá dentro, conversando agora sobre mecânica de motores mesmo, como os milhares de HP que aqueles monstros despejam em poucos segundos (...) Alguém chama os dois de volta e aponta para a televisão...

- Lembram-se dos avisos que demos ao COI?

- Não...

Patrícia balbucia um lamento, vendo a televisão estragar uma das melhores estratégias antiterror que um país poderia executar (...) a imprensa pode sim atrapalhar uma operação policial, porque se o mundo vê o que está acontecendo lá, os terroristas também podem...

- POR QUE DIABOS ELES NÃO CORTARAM A ENERGIA??!

Richard mal termina de bradar e a desgraça acontece, a delegação israelense é massacrada em rede mundial de televisão. Acabaram de dar aos extremistas judeus a carta branca de que precisavam (...) à margem do relacionamento razoável que os cidadãos comuns de ambos os lados têm. O barril de pólvora acaba de explodir. Mais meses de trabalho em vão. Os outros correram ao paddock, quando ouviram o berro do mecânico (...) Nancy o abraça, para lhe dar algo que ele pode proteger de imediato. Se estivesse lá teria sabotado as transmissões televisivas e cortado a energia, por mais antidemocrático que possa parecer (...) O show é mantido, mas os dezoito sobem ao palco com braçadeiras pretas.

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No ano seguinte um estilhaço da explosão atinge os americanos, pelas mãos de quem julgavam ser um aliado. Kadaff contraria o senso comum de que ninguém trocaria um mercado certo por um aumento de preços (...) Ser caro não é o pior, o pior é o risco de desabastecimento. Cruzar o país em um carro, como o americano se acostumou, passa a oferecer uma incerteza que ele jamais pensou que fosse ter. Os japoneses não ficarão ilesos, mas começam a sorrir, seu argumento de economia de combustível finalmente vai seduzir o mercado onde há anos insistem em se manter. Patrícia vai à rádio, a pedido de Daniel, falar aos concidadãos...

- Sunshadow, é Patrícia Petty Gardner quem fala. Tempos sombrios se debruçam sobre o mundo e a América não ficará livre de suas gélidas trevas. Sobre o temor de escassez de combustível, infelizmente será inevitável por algum tempo, talvez anos. Mas é possível contornar isso. Pisem mais leve, não queiram ter acelerações vigorosas desnecessariamente, são elas que mais queimam gasolina. Andar uma milha a mais, deixando o carro em um lugar mais afastado, no fim de um ano produz uma economia considerável. Evitem arrastar um trailer ou levar bagagens pesadas sem necessidade. Dêem carona, um carro cheio consome menos do que quatro ou cinco que só levam seus motoristas, nisso nossos carrões são melhores do que os pequenos, especialmente em topografias acidentadas. Se puderem, tenham um segundo carro pequeno e econômico, deixando nossos tradicionais e confortáveis carrões para as compras, passeios em família ou viagens. Sempre que possível, usem o nosso bom e eficiente transporte público. Não é um bicho de sete cabeças, pede apenas uma readequação de hábitos, não precisaremos abrir mão de nosso estilo extravagante de vida, apenas adequá-lo. Alguns empreendimentos especializados estão sendo construídos nos arredores da cidade, para atenuar os efeitos, mas eles sozinhos não podem fazer milagres. Sobre os choques que temos sofrido com os noticiários dos últimos anos, infelizmente tende a piorar. Um monte de picaretas do marketing estava esperando por uma chance assim, para começar a vender felicidade artificial às pessoas, que se sentirão cada vez mais deprimidas e perdidas. Assim como pedi que adequem seus hábitos, peço que prestem mais atenção aos seus filhos. Eles serão assediados pela mídia, que vai tentar convencê-los de que têm direito inato à liberdade plena e irrestrita, que sabemos que não existe no mundo real, e essa liberdade alardeada será vinculada ao consumo de seus productos. A Dead Train é uma empresa, vocês sabem disso, mas nos pautamos pela ética, jogamos pesado, mas jogamos limpo o jogo do capital, por isso eu tenho tranqüilidade em pedir que digam NÃO aos seus filhos, como eu digo ao meu. Não comprem só porque eles estão com vontade de ter, vontade é coisa do momento e quase sempre um reflexo do que viram de relance, como em um comercial indecoroso de televisão. Os acostumem a ajudar nas tarefas domésticas, eles não podem ter vergonha de ajudar em casa, para o quê a disseminação do hábito pela cidade inteira ajudaria muito. Os acostumem a ter horários certos para tudo, desde a hora de acordar até a de dormir e descansar. Um pouco de disciplina não fará mal algum aos nossos filhos, mas fará uma diferença gigantesca quando as coisas começarem a ficar realmente ruins. Vocês todos ainda se lembram como todos nós fomos educados, incluindo nós, da banda. Tentem, por amor aos seus filhos, colocar um pouco disso, só um pouco em prática. Será muito incômodo, é mais confortável ter o sorriso fácil com um presente que não fizeram por merecer, mas é um conforto traiçoeiro. A fama de esnobes que começamos a ganhar fora de nossos limites tenderá a crescer, mas é absolutamente necessário e imperioso que tomemos a educação de nossos filhos, porque há marginais à espreita, prontos para tomar o lugar de um pai negligente. É tudo o que eu peço. Obrigada.

Josephine ouviu, avisada por Richard. Está ciente (...) das trevas que se avizinham, mas como gostou de tê-la ouvido falar daquele jeito! Quem dera todos os artistas fizessem o mesmo para seus fãs. A mensagem é repassada para várias rádios do país, deixando os mais liberais de cabelos em pé, mas conseguindo angariar simpatias. Em Sunshadow ela sabe que a pupila terá adesão maciça, com reflexo nas cidades vizinhas, mas no primeiro alívio na crise (...) tem certeza de que os pais voltarão a afrouxar a mão. Mas não podem fazer mais do que já estão fazendo, ao menos não por hora.

Patrícia sai da rádio de mãos dadas com Arthur, sendo cumprimentada pelos concidadãos, que confessam não terem sabido que a situação é tão grave. Eles se conhecem (...) lembranças e histórias da liderança discreta de Naomi ainda vivem na intimidade de Sunshadow. Os dois encontram uma pequena multidão em sua sala de estar (...) Silvia com um sorriso esticado e Mikomi com um meia-boca...

- Está com cara de “notícia boa, mas não tanto assim”.

- Devem ter me ouvido ao rádio, mas acredito que não foi só isso. Oi, gente! Que convenção de doidos varridos é essa em minha sala?

- Irmã, em primeiro lugar nós estamos orgulhosos de você! Em segundo lugar, decidimos que a sua casa é o nosso ponto de encontro, nosso fórum e nosso tribunal.

- Encontro para quê, neste caso, Mascote?

- Duas boas notícias, uma com viés traumático, e uma notícia estranha. Qual querem primeiro?

- Só um instante... Pelas caras e pelas mãos nos ventres, teremos que carregar Silvia e Mikomi, acertei? Então vamos festejar, depois vamos à trolha!

As duas gestantes são carregadas pela sala, com festa, o que ajuda a animar a japonesa (...) Agora a notícia estranha, que Renata informa...

- Seu pai é um gênio! Deus colocou um ateu como a maior mente que esta espécie já viu. Não sei como poderemos agradecer o que ele tem feito por nós. Só ele para saber de coisas que são tão pouco conhecidas do público!

- Ei, que conversa é essa? Essas falas são minhas! Pai, você salvou a humanidade enquanto eu estava fazendo meu comunicado?

- Não a humanidade inteira, mas uma parte dela que se mostrou extremamente preciosa. A Eddie estava reclamando que teve dores de cabeça no autódromo, e não foi por causa do barulho nem  pela insolação, já que ficou à sombra quase o tempo todo.

- Maluquinha, você já está bem?

- Ela está, graças ao Seu Richard. As dores de cabeça dela eram por causa das letras coloridas nos carros e nos cartazes. Seu pai fez alguns testes e ligou pra Frida, ele disse do que desconfiava e ela concordou; A Eddie é sinesteta. Ela Enxergou movimentos, sentiu texturas e cheiros, viu formas, ouviu melodias e timbres em alto volume, enfim, ela teve uma sobrecarga de informações com aqueles letreiros coloridos, daí teve uma dor de cabeça forte...

Patrícia ouve, enquanto carrega e mima a menina (...) O comportamento dela nunca foi normal, nem para os padrões de Sunshadow, agora ele é bem explicado pela síndrome descoberta...

- Olha pra mim, Maluquinha. O que você vê?

- Bolinhas fofas de veludo azul bem clarinho.

- Faz sentido, eu sou adorável e amo a cor azul. A gente vai cuidar de você. De hoje em diante vamos evitar fontes muito coloridas, ok? Avise quando alguma coisa te irritar. E reitero Miko, nós vamos te proteger até o último instante, você vai amamentar essa criança. Agora pensei em uma coisa, como você se sente com nossas músicas?

Enquanto conversam, Marcia e Richard começam a ter um diálogo pueril, ainda sem formação de palavras. Os seis vão aos instrumentos e pedem que a menina desenhe como puder o que sentir (...) vêem que ela herdou o talento da irmã, desenhou padrões geométricos com anotações sobre cores, sons e texturas.

Zigfrida chega na manhã seguinte, excitada pela primeira paciente sinesteta. Ela vê os desenhos e já começa a maquinar algumas coisas (...) ela praticamente vive em outro mundo. A vida moderna, com seus excessos, conclui, é um verdadeiro tormento para ela. Eddie percebe timbres, melodias, formas, cores, sabores, odores, movimentos, temperaturas e texturas o tempo todo (...) Os outros sentidos dependem de estímulos específicos. Letras coloridas a irritam, simplesmente não consegue ler um texto longo que não tenha todas as letras pretas (...) A sueca procura o modo mais didático para falar aos responsáveis pela menina...

- Bem... Vocês estão prontos para apagar incêndios a qualquer momento? Vão precisar. A síndrome dela é relativamente rara, com essa diversidade é extremamente rara. Em muitos momentos as pessoas simplesmente não vão entendê-la, o comportamento dela poderá ser confundido com loucura ou agressividade, porque a sensibilidade dela é muito grande. Vou trabalhar para ela conseguir lidar bem com suas sensações sem reações exageradas, mas vou precisar que vocês três participem.

Com a sobrinha no colo, a menina ouve atenta. Zigfrida toma cuidado com o tom de voz, pode desencadear texturas ásperas e odores desagradáveis à paciente (...) Por enquanto ela ouve flautas doces em tons de salmão, quase dorme.

&

Arthur ajuda Patrícia na educação musical de Richard, ao piano, quando o telephone toca. É Carolina, que está para precisar de serviços de uma boa psicóloga também...

- É isso mesmo. O Justino se atirou nos braços da Susie e vai assumir o Eliot.

- Mas esse é o meu irmão! Ele merece um prêmio!

- E a Ana Clara se atirou nos braços de outra moça...

- Eh... Outra moça?

Patrícia alerta e leva o menino nos braços até o marido. De início acredita que o cunhado está enrolando duas moças, mas...

- Põe o som ambiente... Mother in low, you’re right?

- Não, não tô, Patty... Minha cabeça tá toda caraminholada!

- Onde ela está, agora?

- Tá com essa moça, na varanda do apartamento... Judith Banner.

- Pode repetir o nome dela? Judith Banner? Magra, olhos profundos, nariz proeminente e ri em prestações?

- Conhece, querida?

- A garota, na época, que deu o fora no Bobby.

- Putz que paralho!

- Continuem conversando, vou avisar a Mascote sobre...

- Tank you for the key, Patty. Valeu por deixar a porta sempre aberta, eu ouvi tudo. Vim te trazer o relatório da Lucille, ficou pra lá de bom. Carol, é Rebeca quem fala. Avisa pra Claire que controle essa namorada dela, porque eu não vou perdoar uma só lágrima que fizerem o Bobby derramar. Se deixar ele em paz, eu nem ligo se aparecer por aqui, combinado?

- Se ela aparecer por aqui, eu vou dar bom dia e seguir meu caminho. Você está me protegendo muito, irmã, vou ficar mimado!

- Um instante, vocês dois. Mais alguém aí vai entrar? Ron? Enzo? Rê? Imposto de renda? Não? Legal. Carol, Eu espero que ela não magoe a Claire como fez com o Bobby, espero sinceramente. Não sei se ela mudou, mas não tenho fé nisso, sei que ela tem tendências a acreditar em boatos e dar as costas sem ouvir outras versões dos factos. Alerta a Claire a respeito. Não se incomode com as ameaças da Mascote, o Bobby é um homem e não vai beber de água que já correu.

- Não mesmo! Rebby, olha pra mim.

Ela levanta o olhar, como quem espera por uma reprimenda por um mal feito, mas encontra um sorriso que arreganha outro em seu rosto...

- Eu te amo, encrenquinha! Eu costumo dizer que tenho três mães, duas mais velhas do que eu; Norma Spring e Josephine Delacroix. A outra apareceu bem depois de mim e vai ser condessa. Vem cá...

Abraça a baixinha, já frenética (...) Pede licença e leva a irmã para tomar um chá consigo e Mikomi. Robert incorporou algumas tradições da esposa, o chá é só uma delas, tem vários quimonos para usar em casa e deixou de usar tênis, usa mocassins para facilitar deixá-los de fora de alguns ambientes (...) Mikomi se sentiu muito prestigiada, normalmente os americanos insistem que os imigrantes incorporem as suas; como é em todas as partes do mundo, inclusive no Japão. Não voltou para lá desde que perdeu o filho.

Patrícia orienta a sogra (...) enquanto Zigfrida faz algumas dinâmicas com Eddie e todos os que a cercam, neste caso acaba incluindo Amilton, Audrey e Melinda. A sueca trata de mandar-lhe algumas recomendações emergenciais assim que toma conhecimento. Na Suécia o homossexualismo é tolerado desde o início do século (...) ela ainda hoje estranha as reações de outros gentílicos. Já está juntando material para seu pós-doutorado, seus amigos e pacientes não cessam de fornecer subsídios para suas pesquisas. Mas confessa que não esperava que Ana Clara fosse se revelar, nem que isso aconteceria com uma figura detonadora.

Acertam a ida da família para Sunshadow, sem Judith (...) Patrícia alisa a ginoclave que ganhou de Josephine, organizando a avalanche de informações novas que recebeu em pouquíssimo tempo. Desta vez (...) só faltam Rebeca e Ronald. Princess vai ao computador, digita as senhas necessárias, lê o que precisa do computador de alguém em Washington e deixa seu recado cifrado na caixa de mensagens. Quer respostas para ontem. Richard volta com Richard nos braços, levou Arthur ao aeroporto, foi solicitado para o planejamento de um filme...

- Rede de computadores?

- Yeap. É impressão minha ou o mundo começou a desabar antes do tempo?

- Começou mesmo. As fábricas de reciclagem e a produção de combustível vegetal estão em andamento, ficarão prontas no prazo. Mas não é isso que te preocupa, filha.

- Não. Mascote, Ron e minha cunhada são minhas preocupações no momento. A Judith não é flor que se cheire, as pessoas, para ela, são brinquedos de um playground. A Claire, por mais que tenha mudado, ainda tem valores arraigados, vai sofrer muito se for tratada assim. Ela é muito romântica... Mais do que o Bobby. Sabe o que mais? Estou descuidando de mim! Olha essa pele, estou fantasmagórica! Só consigo sair no fim da tarde ou de noite, deve fazer um século que não pego sol!

Sobe à sua suíte e o que vê é desolador, seus biquínis e maiôs são todos anteriores a 1970, a maioria de antes de 1968 (...) algumas de suas peças de uso diário já estão defasadas, não vintage, mas fora de moda mesmo. Vê uma photographia do halloween passado, compara e vê uma diferença gritante de tons. Sempre foi clara, mas agora está ficando transparente...

- O que a Jose diria se me visse assim?

- Eu diria “já para fora, mocinha!”. Está claro que você precisa de roupas novas tanto quanto de sol. Vamos, eu te acompanho.

Mesmo com bronca tem abraço. Patrícia saltita serelepe até a diva, abraça, afaga e sacoleja. As pessoas lhe tinham reportado sua preocupação com a líder da banda (...) A casa está impecável, Richard está saudável e feliz, os negócios da banda prosperam e seu trabalho na organização é motivo para ataques histéricos de tiranos, mas se esqueceu de si. Richard diz para irem sossegadas, ele, Nancy e as gêmeas cuidam com prazer do menino.

Os paparazzi fazem festa. As duas entram em algumas lojas e depois no shopping center, as sacolas proliferam. Todo mundo vê as duas divas entrando em uma loja de trajes de praia, todo mundo vê Patrícia escolhendo maiôs e biquínis, ninguém vê Patrícia experimentando (...) deixam o resto para a imaginação dos leitores, e a criatividade dos ilustradores. Passam também em uma loja de tecidos (...) Josephine aproveita e compra umas fazendas também, aproveitará para encomendar suas peças sob medida.

A frente da alfaiataria fica coalhada de gente com câmeras em punho. Com algum esforço conseguem registrar uma costureira tirar as medidas (...) Elas não se demoram, escolhem mais alguns tecidos lá mesmo, ajudam no desenho dos modelitos e voltam. A brincadeira não saiu barato, mas ajudou Patrícia (...) para si mesma ela não tirava o terninho de executiva e agente internacional, nem o avental de Mamãe Brotinho (...) os paparazzi agradecem encarecidamente, conseguiram material para mais de um mês de fofocas e discussões acaloradas em programas bobos sobre celebridades bobas. Mas ver a moça nos biquínis novos, nem pensar!

Em casa encontra a família feliz inteira. Para eles sim, mostra o que comprou. Comprou propositalmente biquínis com ajustes, para a mãe poder usar também. As cores desta vez são berrantes, com estampas e até alguns com frases engraçadas (...) Pela primeira vez em muitos anos Josephine põe um biquíni, tudo registrado em photos e vídeo, com a banda inteira presente, em um arquivo que não irá a público tão cedo; até para não matar actrizes mais jovens de inveja, as fofocas de despeitadas por ela nunca ter posado nua são profícuas, tanto quanto falsas. Encontrar os seis em seu caminho (...) foi a melhor coisa que aconteceu em sua vida, a contagem do tempo ficou bem mais tranqüila e complacente.

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