Os desgostos da liderança. Patrícia desenha sem intelectualismos para a estação 80 ser didática sem ser arrogante. Embarquem e ponham em prática, o trem vai partir.
Um show em um campeonato de arrancada, o
ambiente de Richard. Seus compressores são caros, mas são feitos com engenharia
refinada, com alto grau de customização. Alguns carros são muito parecidos com
os de rua, mas (...) não
passam de bolhas de fibra de vidro colocadas nos chassis de corrida. Desta vez
puderam trazer suas famílias (...) o programa barulhento é familiar e o show será à tarde.
Enquanto isso, Princess e Brain conversam de
modo cifrado com agentes secretos do mundo inteiro, disfarçados (...) Tudo com
suas famílias ao lado. Deixam Nancy e as crianças com Arthur, ele já foi
instruído de como deve distraí-las. Vão ver uma gasolina com um aditivo
especial. A vasilha plástica, branca e bastante opaca, é enchida com o
combustível e colocada na bancada, o peso do líquido faz o tampo baixar um
milímetro e o aditivo magnético passa a interagir com a corrente magnética (...) São mensagens curtas e cifradas
que aparecem muito rapidamente (...) O governo odeia cada dia mais precisar de Richard, odiará
mais ainda quando descobrir que também precisa de Patrícia. Ela pega uma
peneira, mergulha na gasolina e a ergue, deixando o líquido se esvair
rapidamente de volta à vasilha...
- Entenderam agora qual é o erro? Embora
todas as limalhas ajam em conjunto, elas são independentes, não permanecem
juntinhas para facilitar a filtragem. O próprio funcionamento do motor as
produz. Se elas não forem coletadas por um filtro magnético tão logo entrem no
circuito do óleo, vão causar estragos no motor e gerar mais limalhas, por
abrasão. Elas devem ser captadas imediatamente, em pequenos filtros magnéticos
em pontos estratégicos, assim sempre serão poucas e sempre fáceis de controlar.
Não será colocando um filtro grande e vistoso que isso vai acontecer, elas não
vão parar dentro dele para admirar, muitas vão escapar e vão se multiplicar.
- A não ser, claro, que os gênios lá, decidam
que vale à pena destruir o carro inteiro para conter essas limalhas. Terão óleo
limpo, sim, mas inútil, não haverá mais onde aplicá-lo.
A conversa não dura muito, nem deve. Muita
gente por ali sabe quem são e que estão tratando de algo que lhes interessa,
não podem dar chances de eles se aproximarem e ouvirem demais. Os dois saem do
paddock deixando a vida secreta lá dentro, conversando agora sobre mecânica de
motores mesmo, como os milhares de HP que aqueles monstros despejam em poucos
segundos (...) Alguém chama os dois de volta e aponta para a televisão...
- Lembram-se dos avisos que demos ao COI?
- Não...
Patrícia balbucia um lamento, vendo a
televisão estragar uma das melhores estratégias antiterror que um país poderia
executar (...) a imprensa pode sim atrapalhar
uma operação policial, porque se o mundo vê o que está acontecendo lá, os terroristas
também podem...
- POR QUE DIABOS ELES NÃO CORTARAM A ENERGIA??!
Richard mal termina de bradar e a desgraça
acontece, a delegação israelense é massacrada em rede mundial de televisão.
Acabaram de dar aos extremistas judeus a carta branca de que precisavam (...) à margem do relacionamento razoável
que os cidadãos comuns de ambos os lados têm. O barril de pólvora acaba de
explodir. Mais meses de trabalho em vão. Os outros correram ao paddock, quando
ouviram o berro do mecânico (...) Nancy o abraça, para lhe dar algo que ele pode proteger de imediato. Se
estivesse lá teria sabotado as transmissões televisivas e cortado a energia,
por mais antidemocrático que possa parecer (...) O show é mantido, mas os dezoito sobem ao palco
com braçadeiras pretas.
&
No ano seguinte um estilhaço da explosão
atinge os americanos, pelas mãos de quem julgavam ser um aliado. Kadaff
contraria o senso comum de que ninguém trocaria um mercado certo por um aumento
de preços (...) Ser caro
não é o pior, o pior é o risco de desabastecimento. Cruzar o país em um carro,
como o americano se acostumou, passa a oferecer uma incerteza que ele jamais
pensou que fosse ter. Os japoneses não ficarão ilesos, mas começam a sorrir,
seu argumento de economia de combustível finalmente vai seduzir o mercado onde
há anos insistem em se manter. Patrícia vai à rádio, a pedido de Daniel, falar
aos concidadãos...
- Sunshadow, é Patrícia Petty Gardner quem
fala. Tempos sombrios se debruçam sobre o mundo e a América não ficará livre de
suas gélidas trevas. Sobre o temor de escassez de combustível, infelizmente
será inevitável por algum tempo, talvez anos. Mas é possível contornar isso.
Pisem mais leve, não queiram ter acelerações vigorosas desnecessariamente, são
elas que mais queimam gasolina. Andar uma milha a mais, deixando o carro em um
lugar mais afastado, no fim de um ano produz uma economia considerável. Evitem
arrastar um trailer ou levar bagagens pesadas sem necessidade. Dêem carona, um
carro cheio consome menos do que quatro ou cinco que só levam seus motoristas,
nisso nossos carrões são melhores do que os pequenos, especialmente em
topografias acidentadas. Se puderem, tenham um segundo carro pequeno e
econômico, deixando nossos tradicionais e confortáveis carrões para as compras,
passeios em família ou viagens. Sempre que possível, usem o nosso bom e
eficiente transporte público. Não é um bicho de sete cabeças, pede apenas uma
readequação de hábitos, não precisaremos abrir mão de nosso estilo extravagante
de vida, apenas adequá-lo. Alguns empreendimentos especializados estão sendo
construídos nos arredores da cidade, para atenuar os efeitos, mas eles sozinhos
não podem fazer milagres. Sobre os choques que temos sofrido com os noticiários
dos últimos anos, infelizmente tende a piorar. Um monte de picaretas do
marketing estava esperando por uma chance assim, para começar a vender
felicidade artificial às pessoas, que se sentirão cada vez mais deprimidas e perdidas.
Assim como pedi que adequem seus hábitos, peço que prestem mais atenção aos
seus filhos. Eles serão assediados pela mídia, que vai tentar convencê-los de
que têm direito inato à liberdade plena e irrestrita, que sabemos que não
existe no mundo real, e essa liberdade alardeada será vinculada ao consumo de
seus productos. A Dead Train é uma empresa, vocês sabem disso, mas nos pautamos
pela ética, jogamos pesado, mas jogamos limpo o jogo do capital, por isso eu
tenho tranqüilidade em pedir que digam NÃO aos seus filhos, como eu digo ao meu.
Não comprem só porque eles estão com vontade de ter, vontade é coisa do momento
e quase sempre um reflexo do que viram de relance, como em um comercial indecoroso
de televisão. Os acostumem a ajudar nas tarefas domésticas, eles não podem ter
vergonha de ajudar em casa, para o quê a disseminação do hábito pela cidade
inteira ajudaria muito. Os acostumem a ter horários certos para tudo, desde a
hora de acordar até a de dormir e descansar. Um pouco de disciplina não fará
mal algum aos nossos filhos, mas fará uma diferença gigantesca quando as coisas
começarem a ficar realmente ruins. Vocês todos ainda se lembram como todos nós
fomos educados, incluindo nós, da banda. Tentem, por amor aos seus filhos,
colocar um pouco disso, só um pouco em prática. Será muito incômodo, é mais
confortável ter o sorriso fácil com um presente que não fizeram por merecer,
mas é um conforto traiçoeiro. A fama de esnobes que começamos a ganhar fora de
nossos limites tenderá a crescer, mas é absolutamente necessário e imperioso
que tomemos a educação de nossos filhos, porque há marginais à espreita,
prontos para tomar o lugar de um pai negligente. É tudo o que eu peço.
Obrigada.
Josephine ouviu, avisada por Richard. Está
ciente (...) das trevas que se avizinham, mas como
gostou de tê-la ouvido falar daquele jeito! Quem dera todos os artistas
fizessem o mesmo para seus fãs. A mensagem é repassada para várias rádios do
país, deixando os mais liberais de cabelos em pé, mas conseguindo angariar
simpatias. Em Sunshadow ela sabe que a pupila terá adesão maciça, com reflexo
nas cidades vizinhas, mas no primeiro alívio na crise (...) tem certeza de que os pais voltarão a
afrouxar a mão. Mas não podem fazer mais do que já estão fazendo, ao menos não
por hora.
Patrícia sai da rádio de mãos dadas com
Arthur, sendo cumprimentada pelos concidadãos, que confessam não terem sabido
que a situação é tão grave. Eles se conhecem (...) lembranças e histórias da liderança discreta de Naomi
ainda vivem na intimidade de Sunshadow. Os dois encontram uma pequena multidão
em sua sala de estar (...) Silvia com um sorriso esticado e
Mikomi com um meia-boca...
- Está com cara de “notícia boa, mas não
tanto assim”.
- Devem ter me ouvido ao rádio, mas acredito
que não foi só isso. Oi, gente! Que convenção de doidos varridos é essa em
minha sala?
- Irmã, em primeiro lugar nós estamos
orgulhosos de você! Em segundo lugar, decidimos que a sua casa é o nosso ponto
de encontro, nosso fórum e nosso tribunal.
- Encontro para quê, neste caso, Mascote?
- Duas boas notícias, uma com viés
traumático, e uma notícia estranha. Qual querem primeiro?
- Só um instante... Pelas caras e pelas mãos
nos ventres, teremos que carregar Silvia e Mikomi, acertei? Então vamos
festejar, depois vamos à trolha!
As duas gestantes são carregadas pela sala,
com festa, o que ajuda a animar a japonesa (...) Agora a notícia estranha, que
Renata informa...
- Seu pai é um gênio! Deus colocou um ateu
como a maior mente que esta espécie já viu. Não sei como poderemos agradecer o
que ele tem feito por nós. Só ele para saber de coisas que são tão pouco
conhecidas do público!
- Ei, que conversa é essa? Essas falas são
minhas! Pai, você salvou a humanidade enquanto eu estava fazendo meu
comunicado?
- Não a humanidade inteira, mas uma parte
dela que se mostrou extremamente preciosa. A Eddie estava reclamando que teve
dores de cabeça no autódromo, e não foi por causa do barulho nem pela insolação, já que ficou à sombra quase o
tempo todo.
- Maluquinha, você já está bem?
- Ela está, graças ao Seu Richard. As dores
de cabeça dela eram por causa das letras coloridas nos carros e nos cartazes.
Seu pai fez alguns testes e ligou pra Frida, ele disse do que desconfiava e ela
concordou; A Eddie é sinesteta. Ela Enxergou movimentos, sentiu texturas e
cheiros, viu formas, ouviu melodias e timbres em alto volume, enfim, ela teve
uma sobrecarga de informações com aqueles letreiros coloridos, daí teve uma dor
de cabeça forte...
Patrícia ouve, enquanto carrega e mima a
menina (...) O comportamento
dela nunca foi normal, nem para os padrões de Sunshadow, agora ele é bem
explicado pela síndrome descoberta...
- Olha pra mim, Maluquinha. O que você vê?
- Bolinhas fofas de veludo azul bem clarinho.
- Faz sentido, eu sou adorável e amo a cor
azul. A gente vai cuidar de você. De hoje em diante vamos evitar fontes muito
coloridas, ok? Avise quando alguma coisa te irritar. E reitero Miko, nós vamos
te proteger até o último instante, você vai amamentar essa criança. Agora
pensei em uma coisa, como você se sente com nossas músicas?
Enquanto conversam, Marcia e Richard começam
a ter um diálogo pueril, ainda sem formação de palavras. Os seis vão aos
instrumentos e pedem que a menina desenhe como puder o que sentir (...) vêem que ela herdou o talento
da irmã, desenhou padrões geométricos com anotações sobre cores, sons e
texturas.
Zigfrida chega na manhã seguinte, excitada
pela primeira paciente sinesteta. Ela vê os desenhos e já começa a maquinar
algumas coisas (...) ela
praticamente vive em outro mundo. A vida moderna, com seus excessos, conclui, é
um verdadeiro tormento para ela. Eddie percebe timbres, melodias, formas, cores,
sabores, odores, movimentos, temperaturas e texturas o tempo todo (...) Os outros sentidos dependem de estímulos
específicos. Letras coloridas a irritam, simplesmente não consegue ler um texto
longo que não tenha todas as letras pretas (...) A sueca procura o modo mais didático para falar aos responsáveis pela
menina...
- Bem... Vocês estão prontos para apagar
incêndios a qualquer momento? Vão precisar. A síndrome dela é relativamente
rara, com essa diversidade é extremamente rara. Em muitos momentos as pessoas
simplesmente não vão entendê-la, o comportamento dela poderá ser confundido com
loucura ou agressividade, porque a sensibilidade dela é muito grande. Vou
trabalhar para ela conseguir lidar bem com suas sensações sem reações
exageradas, mas vou precisar que vocês três participem.
Com a sobrinha no colo, a menina ouve atenta.
Zigfrida toma cuidado com o tom de voz, pode desencadear texturas ásperas e
odores desagradáveis à paciente (...) Por enquanto ela ouve flautas doces em
tons de salmão, quase dorme.
&
Arthur ajuda Patrícia na educação musical de
Richard, ao piano, quando o telephone toca. É Carolina, que está para precisar
de serviços de uma boa psicóloga também...
- É isso mesmo. O Justino se atirou nos
braços da Susie e vai assumir o Eliot.
- Mas esse é o meu irmão! Ele merece um
prêmio!
- E a Ana Clara se atirou nos braços de outra
moça...
- Eh... Outra moça?
Patrícia alerta e leva o menino nos braços
até o marido. De início acredita que o cunhado está enrolando duas moças,
mas...
-
Põe o som ambiente... Mother in low, you’re right?
- Não, não tô, Patty... Minha cabeça tá toda
caraminholada!
- Onde ela está, agora?
- Tá com essa moça, na varanda do
apartamento... Judith Banner.
- Pode repetir o nome dela? Judith Banner?
Magra, olhos profundos, nariz proeminente e ri em prestações?
- Conhece, querida?
- A garota, na época, que deu o fora no
Bobby.
- Putz que paralho!
- Continuem conversando, vou avisar a Mascote
sobre...
-
Tank you for the key, Patty. Valeu por deixar a porta sempre aberta, eu ouvi tudo. Vim te trazer o
relatório da Lucille, ficou pra lá de bom. Carol, é Rebeca quem fala. Avisa pra
Claire que controle essa namorada dela, porque eu não vou perdoar uma só
lágrima que fizerem o Bobby derramar. Se deixar ele em paz, eu nem ligo se
aparecer por aqui, combinado?
- Se ela aparecer por aqui, eu vou dar bom
dia e seguir meu caminho. Você está me protegendo muito, irmã, vou ficar
mimado!
- Um instante, vocês dois. Mais alguém aí vai
entrar? Ron? Enzo? Rê? Imposto de renda? Não? Legal. Carol, Eu espero que ela
não magoe a Claire como fez com o Bobby, espero sinceramente. Não sei se ela
mudou, mas não tenho fé nisso, sei que ela tem tendências a acreditar em boatos
e dar as costas sem ouvir outras versões dos factos. Alerta a Claire a
respeito. Não se incomode com as ameaças da Mascote, o Bobby é um homem e não
vai beber de água que já correu.
- Não mesmo! Rebby, olha pra mim.
Ela levanta o olhar, como quem espera por uma
reprimenda por um mal feito, mas encontra um sorriso que arreganha outro em seu
rosto...
- Eu te amo, encrenquinha! Eu costumo dizer
que tenho três mães, duas mais velhas do que eu; Norma Spring e Josephine
Delacroix. A outra apareceu bem depois de mim e vai ser condessa. Vem cá...
Abraça a baixinha, já frenética (...) Pede licença e leva a irmã para tomar um chá consigo e
Mikomi. Robert incorporou algumas tradições da esposa, o chá é só uma delas,
tem vários quimonos para usar em casa e deixou de usar tênis, usa mocassins
para facilitar deixá-los de fora de alguns ambientes (...) Mikomi se sentiu muito prestigiada,
normalmente os americanos insistem que os imigrantes incorporem as suas; como é
em todas as partes do mundo, inclusive no Japão. Não voltou para lá desde que
perdeu o filho.
Patrícia orienta a sogra (...) enquanto Zigfrida faz algumas dinâmicas com Eddie e todos os que a
cercam, neste caso acaba incluindo Amilton, Audrey e Melinda. A sueca trata de
mandar-lhe algumas recomendações emergenciais assim que toma conhecimento. Na
Suécia o homossexualismo é tolerado desde o início do século (...) ela ainda hoje estranha as reações de outros gentílicos. Já
está juntando material para seu pós-doutorado, seus amigos e pacientes não
cessam de fornecer subsídios para suas pesquisas. Mas confessa que não esperava
que Ana Clara fosse se revelar, nem que isso aconteceria com uma figura
detonadora.
Acertam a ida da família para Sunshadow, sem
Judith (...) Patrícia alisa a
ginoclave que ganhou de Josephine, organizando a avalanche de informações novas
que recebeu em pouquíssimo tempo. Desta vez (...) só faltam Rebeca e Ronald. Princess
vai ao computador, digita as senhas necessárias, lê o que precisa do computador
de alguém em Washington e deixa seu recado cifrado na caixa de mensagens. Quer
respostas para ontem. Richard volta com Richard nos braços, levou Arthur ao
aeroporto, foi solicitado para o planejamento de um filme...
- Rede de computadores?
- Yeap. É impressão minha ou o mundo começou
a desabar antes do tempo?
- Começou mesmo. As fábricas de reciclagem e
a produção de combustível vegetal estão em andamento, ficarão prontas no prazo.
Mas não é isso que te preocupa, filha.
- Não. Mascote, Ron e minha cunhada são
minhas preocupações no momento. A Judith não é flor que se cheire, as pessoas,
para ela, são brinquedos de um playground. A Claire, por mais que tenha mudado,
ainda tem valores arraigados, vai sofrer muito se for tratada assim. Ela é
muito romântica... Mais do que o Bobby. Sabe o que mais? Estou descuidando de
mim! Olha essa pele, estou fantasmagórica! Só consigo sair no fim da tarde ou
de noite, deve fazer um século que não pego sol!
Sobe à sua suíte e o que vê é desolador, seus
biquínis e maiôs são todos anteriores a 1970, a maioria de antes de 1968 (...) algumas de suas peças de
uso diário já estão defasadas, não vintage, mas fora de moda mesmo. Vê uma
photographia do halloween passado, compara e vê uma diferença gritante de tons.
Sempre foi clara, mas agora está ficando transparente...
- O que a Jose diria se me visse assim?
- Eu diria “já para fora, mocinha!”. Está
claro que você precisa de roupas novas tanto quanto de sol. Vamos, eu te
acompanho.
Mesmo com bronca tem abraço. Patrícia saltita
serelepe até a diva, abraça, afaga e sacoleja. As pessoas lhe tinham reportado
sua preocupação com a líder da banda (...) A casa está impecável, Richard está
saudável e feliz, os negócios da banda prosperam e seu trabalho na organização
é motivo para ataques histéricos de tiranos, mas se esqueceu de si. Richard diz
para irem sossegadas, ele, Nancy e as gêmeas cuidam com prazer do menino.
Os paparazzi fazem festa. As duas entram em
algumas lojas e depois no shopping center, as sacolas proliferam. Todo mundo vê
as duas divas entrando em uma loja de trajes de praia, todo mundo vê Patrícia
escolhendo maiôs e biquínis, ninguém vê Patrícia experimentando (...) deixam o resto para a imaginação dos leitores, e a
criatividade dos ilustradores. Passam também em uma loja de tecidos (...) Josephine aproveita e compra umas fazendas também,
aproveitará para encomendar suas peças sob medida.
A frente da alfaiataria fica coalhada de
gente com câmeras em punho. Com algum esforço conseguem registrar uma
costureira tirar as medidas (...) Elas não se demoram, escolhem mais alguns tecidos lá mesmo, ajudam
no desenho dos modelitos e voltam. A brincadeira não saiu barato, mas ajudou
Patrícia (...) para si mesma ela não tirava o terninho de executiva e agente
internacional, nem o avental de Mamãe Brotinho (...) os paparazzi agradecem encarecidamente, conseguiram material
para mais de um mês de fofocas e discussões acaloradas em programas bobos sobre
celebridades bobas. Mas ver a moça nos biquínis novos, nem pensar!
Em casa encontra a família feliz inteira.
Para eles sim, mostra o que comprou. Comprou propositalmente biquínis com
ajustes, para a mãe poder usar também. As cores desta vez são berrantes, com
estampas e até alguns com frases engraçadas (...) Pela primeira vez em muitos anos
Josephine põe um biquíni, tudo registrado em photos e vídeo, com a banda
inteira presente, em um arquivo que não irá a público tão cedo; até para não
matar actrizes mais jovens de inveja, as fofocas de despeitadas por ela nunca
ter posado nua são profícuas, tanto quanto falsas. Encontrar os seis em seu
caminho (...) foi a melhor coisa
que aconteceu em sua vida, a contagem do tempo ficou bem mais tranqüila e
complacente.
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