quinta-feira, 1 de novembro de 2018

Dead Train in the rain LXXVI

    Segredos e responsabilidades. A estação 76 traz à tona aquele elemento melindroso que sustenta tudo mais: a vida pessoal. Evitem a piada do pavê e embarquem, o trem vai partir.


Milhares de ghost drivers (...) Cantam “Hug Now” assim que Matthew aparece e corre para o chão, para registrar a chegada do Dead Train. Richard precede Patrícia, que usa uma bata longa com fendas até o quadril e pantalonas, ambas em um azul bem claro, (...) Um paparazzo conseguiu passar a conversa em um amigo de uma emissora e embarcou no helicóptero de filmagem, de onde tira photos simplesmente fantásticas. Robert sai em seguida, depois Renata, Enzo, Rebeca e Ronald. Três figurinhas (...) os seguem, precedendo os músicos de apoio. As garotas até se assustam com sua estréia, com o mar da fãs, com as reações histéricas, com os paparazzi apontando aquelas câmeras (...) estão todos curiosos para saber quem são as três meninas que acompanham a banda.

É a primeira vez que viajam a trabalho, por isso sabem que não podem olhar com muita gula para as piscinas do hotel, que devem esquecer paqueras e lembrar que estão sob rigorosa disciplina alimentar (...) a primeira coisa que fazem, assim que se instalam, é ler as apostilas que trouxeram. Seus irmãos estão com os outros músicos, conhecendo o estádio onde será o show. Os ajustes da acústica já são bem conhecidos, resolvem os problemas de ecos e interferências como só profissionais experientes conseguem (...) usando os próprios operários como público de teste, espalhando-os pelas cadeiras e eles dizendo se o som chega bem e onde estão. Voltam ao hotel para a coletiva, verem como as garotas estão e planejar o show de amanhã.

A primeira pergunta que ouvem é “Quem são as três adolescentes que vieram com vocês?”. Enzo e Ronald gostariam que não fosse necessário, mas sabiam que teriam que responder...

- São nossa irmãs. Elas trabalham com a gente há alguns anos e agora fazem parte da nossa equipe – diz Ronald.

- Em que elas vão trabalhar, exactamente?

- Secretariado. Mas no momento estão na suíte, fazendo a lição de casa – diz Enzo.

Aquela história de novo, todo mundo ouve, ri e não acredita. Não tentarão ser mais convincentes, suas irmãs precisam aprender a lidar com as seqüelas da fama que as ronda. Elas terminam os exercícios de hoje (...) Descem, como lhes foi instruído, acompanhadas por um empregado do hotel e chegam ao local da coletiva, mas sem sair dos bastidores. Matthew as recebe...

- Vocês fiquem aqui, por enquanto, já houve muitas perguntas a seu respeito. Se aparecerem a coletiva não termina nunca.

- O Enzo está aborrecido! O que houve?

- Tenho colegas de profissão que dão corpo à palavra “Mala”, Marina. Estou anotando nestes bloquinhos, depois quero que me ajudem a organizar tudo pelos nomes dos jornalistas que anotei.

Elas começam ali mesmo, adiantando bastante o trabalho dele. Assim que a coletiva termina, ele lhes dá o restante e pede que voltem para cima (...) Voltam com os irmãos e músicos de apoio para as suítes. Enzo avisa que está bem, aquilo faz parte do ofício.

De tardinha, com o crepúsculo já pedindo licença para passar, as três terminam com Matthew a parte midiática do dia...

- Agora é só mandar o material para New York e poderemos descansar. Quero dizer uma coisa a vocês três, não dêem declarações a respeito da banda nem do que quer aconteça aqui. Eu sei que já ouviram isso da Jose, mas reitero que o sossego de seus irmãos depende da mínima e precária privacidade que nós conseguirmos. Amanhã cedo haverá um passeio promocional, vocês poderão se divertir um pouco, mas quero que fiquem dentro do grupo, sempre com um adulto do lado.

- Pra onde vamos?

- Uma fábrica de aviões está entre nossos patrocinadores, ela pediu nossa presença em uma exposição de arte que também patrocina. Lá vocês poderão ficar mais à vontade, mas lembrem-se, isso aqui não é Sunshadow.

- Passando medo nas minhas irmãs, carcamano?

- Enzo, você está melhor?

- Sono bene, ragazza. Venham.

- A gente agradece pelos avisos, Matt, mas vamos ficar com elas por perto o tempo todo. Vem com a gente, a Rê quer falar com você. Agora vocês vão ter a parte legal do trabalho.

Os dois cuidam das irmãs como se fossem suas filhas. Estão em um auditório, conversando animadamente sobre o passeio de amanhã (...) Elas recebem livretos explicativos e miniaturas em cartões-postais dos quadros expostos (...) Há uma mesa posta com frutas, mel, queijos variados e sucos em temperatura amena, tudo de primeira e sem regulação. Patrícia leva as três ao banquete...

- Sirvam-se. Lá na frente tem goiabas e nozes do Brasil.

Dispensa-lhes os cuidados de que necessitou, quando tinha a idade delas (...) São chamadas para verem os slides, para saberem o que vão encontrar e transmitirem a naturalidade que o evento demanda. É uma exposição grande, com obras que remetem ao vôo, à liberdade e às saudades, propositalmente pensada pela equipe de marketing da companhia aérea que também patrocina a turnê.

Na manhã seguinte vão de ônibus ao museu, mas descem meia quadra antes, para chamarem a atenção do público para a exposição (...) Patrícia vai de braços dados com o pai, eles têm um encontro camuflado com agentes da ABIN. Lamentam que Renata não possa saber (...) A cidade pára para vê-los passar, eles atravessam a rua e até o trânsito paralelo quase pára. Eles entram e convidam a população a entrar também, Patrick chega a atravessar a rua e ajudar um casal de idosos. Entram no museu e o alvoroço começa, a tietagem divide espaço com as obras de arte. Os agentes brasileiros se aproximam...

- Oi! Quando vocês vão fazer um show no Brasil?

- Assim que Sófocles deixar – responde Richard.

- Ah, ele deixa! A gente até põe tapete vermelho no aeroporto de Guarulhos, pra vocês!

A empolgação dos agentes mostra que eles também acharam ridícula a tentativa de retaliação à Renata. A conversa cifrada informa que o General Figueiredo se empenhou pessoalmente em fazer o analphabeto funcional manter sua língua enorme dentro da boca. Os comunistas que pretendiam combater já começam a ser vistos como coitadinhos (...) e o cretino quer combater justo pessoas que não caem na conversa mole deles! Trocam algumas informações mais (...) e o casal toca em algo mais ameno, quer saber o segredo do vigor físico e da jovialidade que mantém...

- Não há segredo. Vocês aprenderam isso na escola, mas um médium de vocês resumiu isso em três pontos...

- Disciplina, disciplina e mais disciplina. O Seu Richard não tem a menor dificuldade em se manter longe dos excessos da vida moderna. Por que eu tive a impressão de que a conversa de vocês me interessaria?

- Porque interessa, Rê. Estamos tratando de um show em São Paulo ou no Rio de Janeiro, talvez em ambos.

- E aquele doido varrido que quer me expatriar?

- Aquele doido foi varrido para o seu devido lugar. Avisem que a gente vai sondar e ver a possibilidade de fazer dois shows.

Eles se despedem e Renata fica a olhar para os dois, desconfiada...

- Isso é tudo?

- É tudo o que você pode saber, por enquanto. Confia na gente, essa encrenca não vai durar para sempre, um dia toda a verdade poderá vir à tona e... Meu Deus, estou ficando velha!

- Ra, ra, ra, ra, ra, ra, ra, ra... Falando igual ao seu pai...

Richard observa a filha fazer à amiga o mesmo apelo que lhe fez há alguns anos. A capacidade intuitiva da brasileira o impressiona (...) conversará com Star em momento oportuno. Voltam à exposição de arte, têm um público para incentivar e três novatas para vigiar. Os irmãos delas parecem estar dando conta do recado, mas são adolescentes e não querem se arriscar por pouco.

À tarde, após a diversão, elas são postas para uma sesta, como todos os outros (...) As três ganharam câmeras, para treinarem e quem sabe tirarem algumas poses interessantes para a banda. Vão todos tirar um cochilo, após Richard dar instruções a alguns agentes que estão em missão na cidade. O governo odeia precisar dele, mas as baixas diminuíram muito desde que passou a contar com seus préstimos e seu gênio, especialmente porque a organização (...) é mantida pelos seus próprios membros, que se mantém com seu trabalho.

À noite as três entram em êxtase. A sensação de se estar do outro lado do show é indescritível. Vêem de perto o poder de comando da líder (...) Os seis andam e dançam pelo palco, enquanto Rebeca manda seu recado...

- Who’s do you love, some body or the mirror? For who’s you cry, for a friend or yourself?...

A acidez toma conta do ambiente e ajuda a digerir a realidade, com tempero metaleiro. No intervalo eles descem aos bastidores, já procurando pelas novatas, enquanto Deborah faz seu trabalho. Os que podem aproveitam para namorar, os músicos comem bananas para repor as energias (...) É um show normal da Deat Train, em que ninguém sabe o que sairá do palco até eles começarem a cantar, e o repertório é muito grande para cantarem todas as canções da banda.

Voltam na manhã seguinte aos Estados Unidos, descendo em Los Angeles e indo ter com Josephine. A festa de recepção integra a parte boa do trabalho (...) Patrocinadores grandes querem saber se seriam admitidos, sem o risco de serem comprados também...

- Ra, ra, ra, ra, ra, ra, ra, ra, ra...

- Do que estão rindo? É sério! Eles viram vocês se aproveitando de um momento de vacas magras e tomarem conta de nacos bem grandes! Depois viram ajudando eles a se reerguerem rapidamente e ficaram assustados!

Eles riem mais alto ainda. Wallstreet descobriu que não são apenas empresários de si mesmos, eles sabem jogar o capitalismo como gente grande (...) A segunda boa notícia é que vários artistas de peso estão tomando suas dores e os defendendo publicamente, inclusive o direito de Bobby ser marido de uma moça que nem era nascida, quando Pearl Harbor foi atacada. Quase todos eles entraram na campanha pelo casamento inter-racial, especialmente focando Rebeca e Ronald.

Um pouco de vida civil, para não enlouquecerem com o estrelato. Se espalham pela mansão (...) mas Josephine quer falar com Enzo, Ronald e suas irmãs. Talvez pelo susto elas se portaram bem, mas Marina ainda se incomoda com as perguntas estúpidas que insistiram em fazer ao irmão...

- Você sabe que seu irmão foi o primeiro amigo de Patrícia?

- Não, eu não sabia! Vocês namoraram?

- No, ragazza, non! Eu comecei a estudar com ela no jardim da casa antiga, a avó dela era nossa professora. Crescemos juntos, comme fratelli. O Ron veio pouco depois, quando os pais dele decidiram que uma mulher tão culta e lúcida, que foi professora na bélle époque, seria a melhor professora para seu herdeiro.

- E foi mesmo! Nós crescemos como fôssemos irmãos, entendem? Infelizmente é uma face perversa da fama, porque o mundo inteiro sabe dessa nossa proximidade. Atacando um de nós eles sabem que atingiriam a Patrícia por tabela. Se o alvo fosse eu, Rebeca teria revidado na hora. Perceberam o jogo rasteiro? Pois vão se acostumando porque é um dos expedientes preferidos da imprensa.

- Por que diabos eles queriam atingir a Patty?

- Eu poderia tecer uma palestra completa, chérie – diz, alisando o rosto da garota indignada. Tudo, entretanto, se resume a uma palavra: Inveja. Patrícia é tudo o que eles gostariam de ser, eles e metade da humanidade, só que essa metade da humanidade mantém a inveja no modo de admiração, já eles querem depredar para não se sentirem tão medíocres.

- Não tem como evitar?

- Non, petit fleur. Infelizmente vocês têm que aprender a conviver com isso, faz parte do ofício de seus irmãos. Há algo que gostaria de dizer e está entalado?

- Dire, Marina, siamo una famiglia. Enzo, lei há una cosa da dirti.

- Io... Eu tenho ciúmes da Silvia... É isso...

Enzo balança a cabeça, ri um pouco (...) Estranhou mesmo ela ser a única na família a não se enturmar com sua esposa, quando a apresentou como namorada. Ele se levanta, tira a irmã da poltrona, se senta e a põe no colo...

- Quando eu deixei de te dar atenção, Marina?

- Não briga comigo, Enzo...

- Não vou brigar. Me diga, sem medo de me constranger, alguma vez eu te negligenciei? Seja por cansaço, irritação pelo trabalho, os desesperos pelos quais passamos, o que for, pode falar que eu escuto.

- Não...

Ele beija o rosto da garota e a mima por alguns minutos. Pensa no que dizer aos pais, mas principalmente à esposa, que trabalha duro ao seu lado (...) Victoria é bem mais prática e racional, até no corte do cabelo, não leva tanto as coisas para o lado pessoal. Marina, pelo contrário, é a passionalidade em pele de mulher, viu em Silvia a possibilidade de nunca mais ver o irmão...

- Patty, você está por perto?

- Já vou, só aguarde um minuto... Com licença... Que linda reunião de família! E que linda carinha de choro, o que foi?

- Senta, que tem história. Ela tem ciúmes da Sílvia.

Patrícia se recosta na poltrona e ouve a história. Se lembra de quando ele estava marcado para morrer, fica séria, pensa se já não seria hora de ele saber alguma coisa a respeito (...) Olha para a diva, faz um sinal discreto para conversarem depois, se levanta e vai aos irmãos...

- Ele sempre será o seu irmão. Absolutamente nada neste mundo vai mudar isso, nem o casamento. Se ama mesmo o seu irmão, tente se entender com a Silvia, ela não vai te trazer problemas de espécie alguma, é uma das pessoas mais inofensivas do mundo.

Meia hora depois está a sós com Josephine, há muito que o assunto estava na ponta da língua e precisava de um gancho para tocar nele...

- Todas as ramificações da Cascavel Branca foram realmente eliminadas? Os neonazistas têm algo a ver com ela?

- Sim, todas. Os idiotas que pensam que a Alemanha é o paraíso de suas idéias, não têm qualquer ligação com ela. Algo a incomoda?

- A própria philosophia da organização. Não seria hora de ele saber dos riscos que correu?

- Não vejo por que não! Mas ele vai ficar muito assustado, por isso ainda não contamos.

- Ele é a melhor pessoa do mundo para contar pra Silvia.

Chamam Richard e com ele contam a Enzo, do modo mais suave possível (...) explicando assim o comportamento superprotetor de Patrícia na época. Ele balança a cabeça, anda pela sala do escritório, olha para eles...

- Tudo isso só para atingir Laura? Que baixeza!

Volta a se sentar, sempre lhe sendo reiterado que o perigo acabou (...) Se lembra da atitude protetora da amiga naquelas ocasiões, se o tivessem alvejado ela teria recebido os tiros. Lacrimeja, olha para Patrícia, que faz uma expressão muito meiga. Não hesita em ir, se ajoelhar, beijar suas mãos e se prostrar em suas pernas...

- Você foi minha mãe naqueles momentos.

- E vou ser sempre que for necessário.

Afaga os caracóis do amigo, deixando-o extravasar no abraço às suas longas pernas a gratidão que tem. Sente o coração morno, se recosta mais na poltrona, suspira e sorri como se estivesse em êxtase. Aquela sensação de acolher e dar carinho é muito boa (...) a gratidão recebida é um momento de paraíso. Lhe instruem da maneira como deve contar isso à Silvia e Laura, destacando que deve começar deixando claro que o perigo não existe mais. Chamam os outros quatro, para que também fiquem cientes.
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Richard segura Richard, que se encanta com o ferrorama da mãe. Vinte anos e ainda funciona como novo (...) O pequeno, com os poucos dentes que já tem, sorri e se agita nos braços do avô carinhoso. Nancy desce ao porão a tempo de ouvir as primeiras verbalizações do neto...

- Dah... Ah, da-dadadadadadadadada... Ahhh!

Os dois se desmancham completamente pelo pequeno. Correm com ele para a sala de estar (...) O bebê se anima com a corrida e começa a tagarelar, bem diante dos pais. Patrícia tem o impulso de levá-lo ao piano, tocar alguns acordes e ver o resultado, o menino desata a rir, ela toca um trecho de “Brasileirinho a Vapor” e o resultado se repete...

- Da-da da-da da-da...

Bate palminhas rústicas, enquanto a mãe toca. Ela olha para a família presente, para as irmãs serelepes e derretidas...

- Está na hora de começar a educar este menino. O que não significa que vocês duas ficarão livres, podemos cuidar dos três.

Ela o põe para dedilhar as teclas, vira uma bagunça sonora, mas todos lá já esperavam por isso (...) Os avós observam o pequenino ser educado pela mãe, que inclui as pequenas irmãs na empreitada.

Perto dali, Enzo observa a conversa entre sua esposa e sua irmã (...) para que as duas se entendam sem que a boa convivência dependa de sua presença perene; se bem que Marina agora tem pouco tempo para pensar em discórdias, trabalha e estuda.

O oposto vive Robert, que tem na irmã o cupido de seu casamento. Rebeca ajuda a cuidar de Mikomi (...) nisso acaba aprendendo jardinagem também. Ronald observa de longe com o amigo, comentando sobre o entrosamento das duas.

Renata aproveita um dia em que Matthew pode ficar em casa, para ensinar Eddie sem negligenciar Marcia. Pequi fica por perto (...) alertando com boa antecedência quando a bebê precisa trocar a fralda. Ela diz “Não sei se é seu carma, mas vai te dar bônus, então me ajuda aqui” para a irmã, quando a meleca é muita.

Longe dali, Julia sabe do último baile ao qual não foi convidada. Tem seguido à risca as orientações de seus ídolos, mas isso tem lhe custado muitas amizades de infância. Chega ao quinto andar (...) Desaba no sofá, chuta os sapatos para longe, desabotoa o uniforme quente e deixa o sutiã ver o que ainda resta de luz do dia; há meses que procura um emprego melhor, mas estar empregada lhe toma boa parte do tempo que poderia usar na busca. Liga a televisão e seleciona as cartas, dividindo em contas, para papai, para mamãe, propagandas idiotas, para Julia... Opa! Olha para a remetente e vê “Patrícia Petty Gardner, Sunshadow Michigan, 59 Open Street”...

- “A gente não se esqueceu de você, estamos acompanhando os seus progressos, cientes do preço que pagou por eles. Você não precisa de amiguinhas fúteis de horas alegres, você tem amigos aqui...”

Com a carta foram três photographias da banda com seus rebentos. Ela chora, repetindo freneticamente “Meu ídolo! Meu ídolo! Eu amo! Amo! Amo!” (...) Consegue agüentar mais alguns meses naquela lanchonete horrorosa.

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