Tudo pela família. A estação 89 mostra que mesmo os maiores mestres podem ser surpreendidos, e por isso os verdadeiros têm a humildade como virtude. Não se assoberbem e embarquem, o trem vai partir.
A gauchada se
amontoa em frente ao Beira-Rio (...) Tatiane e Frederico chamam atenção, despencaram de Recife para reverem seus
ídolos ao vivo, então descobriram que também são um pouco célebres. Julia os
nota na multidão, cutuca Patrícia e...
- Uhuuuuuu! Tatty!
Fred! Venham aqui!
Assistirão ao
show do palco mesmo. Aproveitam para colocar as fofocas em dia. Vão para os
bastidores, há muito o que conversar até a apresentação começar.
A noite fria não
afugenta aquela gente acostumada a enfrentar invernos abaixo de zero. Quando os
seis sobem ao palco é como se uma nova revolução farroupilha começasse (...) Porto Alegre inteira treme e
dança.
Voltam na manhã
seguinte para Los Angeles, deixando e levando uma boa impressão, e alguns
recados bem dados a quem foi de direito. Julia tem um relatório extenso e
pormenorizado para repassar a Tobby, ela está certa de que Lucille fará parte
do ressurgimento das divas do jazz, que já pedem por sucessoras.
&
Vão os seis,
Richard e dois agentes disfarçados, com Mikomi (...) Rebeca
tem uma katana nas costas, para qualquer emergência. Felizmente vêem que o
velho Satoro foi sincero e compreende a precaução, infelizmente vêem a moça
quase se desesperar com a iminência do desfecho. Trouxe-lhe photos de sua casa
e de Sakura (...) se interessa, quase vê na neta
a filha em tenra idade. A casa com forte inspiração nipônica lhe agrada muito,
até mesmo aos irmãos ainda ressentidos.
Ele dá início à
formalização do pedido de desculpas, é um rito simples. Ele abençoa a filha,
seu casamento, e o irmão mais velho lhe devolve o quimono que deixou (...) Só então ele morre.
Não há delongas e
as arestas internas são aparadas no decorrer do funeral. Voltam para Sunshadow
assim que tudo termina, também para não prolongar a exposição de Mikomi aos
parentes que ainda não a aceitaram.
&
Renata volta de
Goiânia com a família. O câncer de pulmão finalmente levou Quimbim embora (...) Entre os companheiros de estrada, ela conta em detalhes o que se passou,
diz o histórico do tio e dá notícias de um garotinho...
- Ela parecia
bem, parecia não entender direito o que estava acontecendo.
Patrícia se
recosta na poltrona, sóbria, olha de volta para a amiga...
- Menos mal... Matt
parou mesmo de fumar?
- Se não parou de
vez, vai parar, nem que seja na porrada!
- E por falar em
porrada – diz Rebeca – como os três foram recebidos?
- Parece que eles
já se conformaram. A Carol conseguiu conversar sem grilo com alguns, mas Claire
e Just mudaram muito para o gosto deles. Não houve hostilidades, mas houve
cochicho pelos cantos, acho que até eu entrei nas bocas de alguns. Sabem,
aquela história de “A rica apareceu” e “Será que tem repórter (além do Matt)
por perto” e similares. Deus, como a família pode ser cruel!!
- Como se o clima
de enterro não fosse o bastante!
Vêem Matthew
chegar com uma cara de luto ainda maior do que a que trouxe do Brasil. Ele pede
que Ronald segure Rebeca e alguém segure Robert. Patrícia, notando a gravidade,
se encarrega. Ele dá em primeira mão uma das piores notícias que poderiam
receber. Na semana anterior, Rebeca tinha conversado com ele por telephone.
Confidenciou que estava em vias de se livrar do empresário (...) Ele chegou a sugerir um show conjunto, para
comemorar a nova fase. Foi tudo o que ela sempre quis ouvir dele, ficou de bom
humor pelo resto da semana, esperançosa, até aquele início de tarde...
- Gente, é com o
coração dolorido que eu comunico a morte de nosso amigo e rei Elvis Aaron
Presley.
Os dois precisam
mesmo ser contidos, especialmente Rebeca. Decerto que eles vão para Memphis,
acompanhados de Chuck e Mamma Buzzy. Pela primeira vez membros dos Street
Warriors e dos Hell Angels se cruzam e se despedem em paz. Renata olha ao
redor, se furta de dizer algumas coisas, se ocupa em consolar (...) A última viagem que ele faz na terra, como não poderia
deixar de ser, é em um Cadillac.
De volta a
Sunshadow Patrícia chama Renata, a conhece muito bem e sabe que tem algo
entalado na garganta...
- Fala, Rê.
Ela olha para os
lados, para ter (...) de que Rebeca
não vai aparecer e depois sair pelo mundo em busca de vingança, então fala bem
de perto, em voz baixa...
- Foi homicídio
culposo. Ele foi morto pelos medicamentos que tomou por ordens médicas, não
precisava deles.
Patrícia se
senta, põe as mãos juntas, diante do rosto, raciocina um pouco...
- Marilyn também,
mas o caso dela foi acidental, o que duvido que tenha sido com Elvis. Vou
contar isso a quem é preciso, mas mantenha em segredo, pelo menos até aquele
porco holandês morrer e despencar nos umbrais mais profundos.
Star acredita,
embora não possa enjaular ninguém com base em revelação mediúnica. Brain vê
nexo e consistência, porque conhece a estirpe daquele holandês e sabe que ele
seria capaz de matar a si mesmo se sobrevivesse para pegar o dinheiro (...) Doom também concorda e lamenta que alguns grupos não o tenham
contractado, para terem o mesmo fim. O que Princess diz é consistente o
bastante para o caso ser incluído no acervo activo da organização.
Passam para uma
notícia amena, dos bastidores da política brasileira. Os esforços estão dando
frutos, o que compensa a frustração do que está acontecendo no oriente médio (...) Só os preocupa que pessoas plantadas na oposição agora sejam vistas
como a própria oposição, pelo povo, isso vai comprometer qualquer esforço para
tirar o país da lama.
&
Patrícia faz o curativo
na mão esquerda do filho. Nada de grave, apenas se empolgou muito e acabou se
ferindo, enquanto ajudava o avô na oficina (...) as máquinas jamais perdoam. Ainda
dói um pouco mas...
- Faz parte. Pode
ir e tome cuidado, máquinas-ferramentas não são brinquedos!
Richard observa sorridente,
cutucando Arthur, que também sorri. Ela levou a sério a decisão de não dar
moleza para seu rebento. Ela e Sunshadow inteira, a cidade começa a ser
conhecida como “The British Kid’s City”. Uma cidade onde as crianças se
acostumam a ajudar em casa assim que aprendem a andar (...) os adultos voltam aos
seus assuntos, por iniciativa dela...
- Nós temos um
problema na Pérsia, e nós ajudamos a causar esse problema.
Entram na biblioteca,
para tratarem do assunto. Mohammad Reza fez tantas besteiras que (...) vai deixar que ele arque com as
conseqüências e avisa à CIA que isso (...) foi
exaustivamente alertado...
- Eu avisei que
não se ameaça de morte quem não a teme! Nós temos soldados assim, vocês não
aprendem nem com os exemplos de casa?
Star deixa
Princess descascar os chefes da inteligência (...) finaliza avisando que se não fizerem mais besteiras, talvez a América não
seja conhecida no oriente médio como o reino de satanás...
- Mas eu sei que
seria esperar muito de vocês, pedindo isso. De resto, meus parabéns pela
operação Cascata.
- Eu não vou
perguntar como você soube disso, porque era altamente secreta!
- Ow, me
desculpe. Na próxima vez os deixaremos acreditarem que sabem mais do que nós.
Os três fugitivos já foram entregues a Moscou, não vão mais causar problemas.
- Que porra! Além
de ver um alto segredo esfregado na minha cara, ainda sou obrigado a
agradecer?? Obrigado, Organização Sem Nome. CIA desligando!
Aos poucos o som
de risadas invadem as duas bibliotecas (...) A organização não tem e continuará não
tendo nome (...) Vêem o pequeno plantado a poucos metros da porta da biblioteca...
- O que vocês
tanto fazem lá dentro?
- Quer saber?
- Posso?
- Pode, quando
tiver idade e juízo. Até lá você ficará de fora. Deixe eu ver essa mão.
A paciência lhe é
ensinada pacientemente por pais, tias e avós. Audrey e Melinda estão quase
conseguindo o que queriam, mas está saindo caro (...) Há
um protocolo extenso a seguir, o que inclui terminar os estudos. Sim, eles
também se perguntam o que aqueles três tanto fazem trancados naquela
biblioteca (...) entretanto, já ajudam a organização do
modo mais rudimentar, avisam aos adultos sobre qualquer anomalia, qualquer
turista tentando ser muito discreto, qualquer paparazzo que pergunte mais do
que os paparazzi costumam perguntar, qualquer câmera indiscreta, qualquer um
tentando estabelecer um debate em praça pública. Hoje viram algo estranho...
- Como ele era?
- Parecia o Kojak
com barba.
- Aquele pastor
de novo! O que ele disse, além da merda de sempre?
Audrey
pormenoriza o episódio, incluindo que alguns se converteram estranhamente
rápido e fácil. Richard responde que era gente dele mesmo (...) para convencer a população...
- O engraçado é
que ele nunca foi dado a explanações sem uma equipe de apoio... Havia algum
utilitário por perto? Um furgão, um caminhão estranho?
- Um furgão Dodge
1970 preto com os vidros escuros, que eu nunca tinha visto por aqui – diz
Amilton.
- Câmera
escondida. Podem apostar que logo ele aparece na televisão dando provas de que
está convertendo a cidade do pecado e pedirá donativos para continuar com sua
cruzada. Muito bem, crianças, sua parte foi bem feita, agora é com a gente. Vão
descansar e mantenham a discrição.
- Tem algo de
errado, pai?
- Talvez
Sunshadow seja a única coisa certa no mundo, Melinda. Por isso devemos manter a
lucidez sempre, por mais que a alienação pareça atraente.
- E é muito! É
como doce para diabéticos – diz Nancy, saindo da varanda. Quer dizer que o
filho daquele pilantra agressor de filha alheia virou testa de ferro? Ferro
também se quebra. Entrem e se lavem, tem algo para vocês comerem.
- Às vezes me
pergunto até onde você sabe do que eu faço.
- Quer uma pista?
Ok. Não estranhe se um dia eu meter uma bala na testa do primeiro vagabundo que
tentar pôr a mão em um de vocês.
- Você sabe
atirar?!
Ela olha para os
lados, tira a pistola debaixo da saia, põe o silenciador e acerta três baratas
que tentavam entrar pelos espaços da cerca de madeira...
- Oh, honey –
diz, alisando o espesso queixo do marido chocado. “Na alegria e na tristeza, na
saúde e na doença, até que morte nos separe”, lembra-se? Ninguém vai se
aproximar de minha família sem me dar satisfações. Sim, eu também tenho meus
segredos.
Agora ele entende
por que ela raramente tem usado calças (...) Ela entra meiga e
feminina para alimentar suas caçulas e os amigos, requebrando delicadamente,
como uma dama. Ela sabe o que ele vai fazer agora, ele sabe que ela sabe e vai
mesmo contar para Patrícia e Josephine...
- Daddy! Mommy is a maternal killer?!
- Três baratas do
outro lado do terreno, todas em movimento caótico! Um tiro em cada uma! Se
brincar, a mira dela é melhor do que a minha!!
- Mon Dieu! Mas
onde Mamãe Broto aprendeu a atirar assim?!
- Juro, me perdoe
a injustiça, pensei que você tinha ensinado a ela, para que pudesse se
defender.
- Eu jamais daria
uma pistola com silenciador para uma mulher ciumenta, Richard!
- Graças a Deus
eu sou um bom genro!! Mas com quem ela aprendeu, para nem nós sabermos quem
foi?!
- Eu vou falar
com ela.
Patrícia se
desloca até a casa dos pais, dá uma olhada e vê três marcas de tiro (...) saber que sua
mãe não só manda em todo mundo como agora tem condições de mandar no mundo
inteiro a assusta. Entra e vê aquela mulher tão linda, tão amável e tão
caprichosa servindo os quatro garotos (...) Tanta feminilidade, tanta delicadeza no trato, então se lembra
que tudo o que pensa sobre ela, os chefes de serviços secretos também pensam a
seu respeito...
- Mom? Can I talk with you?
- Sim, honey,
podemos conversar. Exceto sobre o assunto pelo qual sei que veio.
- Pelo menos pode
me dizer como?
- No. Aprenda com
suas irmãs e aguarde até eu decidir que vocês podem saber.
- Mamãe tem um
segredo que nem você conhece?!
- Oh... Ra! Ra!
Ra! Ra! Ra! Ra! Ra! Ra...
Melinda dispara a
rir, sentindo o gosto doce da vingança. Os outros a seguem e as mousses esperam
mais um pouco pela ingestão...
- O que posso
dizer é que isso TAMBÉM é para vocês não se preocuparem comigo, quando
precisarem se ausentar por longos períodos.
A convence a pelo
menos conversar com Josephine a respeito, enquanto os garotos comem. A diva
tenta pegar alguma pista no meio do que a amiga disser, mas está difícil, ela
comede as palavras (...) Faz-se um silêncio súbito e ela volta a perguntar...
- Chérie, você
andou nos estudando nestes anos todos?
- Começou a
esquentar. Eu sou professora, lembra-se? Estou acostumada a lidar com turmas,
me lembro de cada aluno que tive até hoje, sei muito bem o que esperar de cada
um deles, inclusive da excelentíssima senhora minha filha.
- Oh, então foi
isso! Patrícia teve mesmo a quem puxar! Ficaremos de olho em você, Nancy, para
evitar que se precipite. É para seu próprio bem.
- No problem.
Também ficarei de olho em vocês, mas prefiro não saber de certos detalhes
enquanto não for absolutamente necessário, eu gosto da vidinha que levo.
- É bom saber disso.
Quem mais sabe de suas habilidades de atiradora?
- Devo supor que
a turma toda de vocês. Além disso, mais duas pessoas de minha inteira
confiança. Bem, está na hora da aula dos pequeninos. Onde está o meu Ricky?
Ela procura o
menino e o leva para casa (...) Em dez minutos o jardim da casa está cheio de crianças tendo aulas
extras e mais aprofundadas, sempre com música permeando cada assunto. Patrícia
conta o que pode aos companheiros, deixando muitas caras no chão e uma
aspirante a condessa fazendo algazarra na sala, berrando “É das minhas!”.
Zigfrida chega na
manhã do dia seguinte, ciente de que Nancy saberá o porquê da visita (...) Renato pergunta à esposa se foi realmente necessário e uma boa
idéia ensinar Nancy a atirar, ela se tornou rapidamente um ás do gatilho...
- Foi o tio
Quimbim quem recomendou por mensagem mediúnica, você sabe disso!
- E se ela fugir
do controle? E se tiver um ataque de ciúmes, começar a atirar em todo mundo...
- É pra isso que
a mãe dela está de olho! Por que esse medo agora, como se houvesse meios de
voltar no tempo?
- Dudu, ela mal
sabia segurar um revólver, quando começou! Em uma semana pegou o jeito e mais
uma foi o bastante para se tornar o gatilho mais rápido de Michigan! Nós
criamos um monstro!
- Que nada! Quem
garante que ela não é uma Queixada reencarnada longe da família? Só recobrou o
que já sabia! Eu tô é adorando isso! Você viu como ela ficou confiante? Saiu
falando que agora pode ajudar mais do que atrapalhar a Patty! Ela não é uma
assassina, Renato, é uma mãe cuidadosa!
- Uma mãe
cuidadosa que acerta um alvo móvel a mais de cem metros de distância! O pior é
a gente não poder vigiar de perto pra não dar bandeira! O Ritchie vai me matar!
- Vai nada! Nem
precisa vigiar, meu amor! Se o tio mandou a gente ajudar é porque ela não vai
fazer besteira. Mais do que isso, é porque a mira dela será necessária em algum
momento de crise, você sabe disso tão bem quanto eu!
Enquanto isso, Nancy
recebe Fälkstaden com um sorriso de quem sabe o que está acontecendo e pegará a
primeira mentira que ouvir...
- Meus amores,
deixem mamãe salvar o mundo com a Frida, vão passear... Ok, pode falar.
- Quando o
Ritchie me falou eu ri da cara dele. Depois a Jose me falou e eu comecei a
levar a sério, o Greg deu graças a Deus por ser um bom genro e então eu decidir
vir.
- Ra, ra, ra, ra,
ra, ra, ra, ra, ra... O Greg é demais! Eu adoro aquele garoto!
- Ele vai gostar
de saber. Eu só quero saber por que você decidiu que era necessário aprender a
atirar... e ter uma arma desse calibre atada às suas lindas pernocas?
- Me diga, o que
eu poderia fazer se alguém atacasse minhas filhas?
- Hum, entendi.
Tem medo de ficar impotente, em uma emergência.
- Tenho e você sabe que o perigo é real. Em caso de acidente, eu posso
agir imediatamente, sem pestanejar. Em caso de um daqueles fanáticos tentar se
vingar da Patty nas gêmeas, eu ficaria sem ação, não sou exactamente uma Mulher
Maravilha, você sabe.
Zigfrida fica
feliz de ter feito a pergunta certa, no tom certo e no momento certo (...) pede uma demonstração, para avaliar o
nível de periculosidade da mulher. Alguns minutos e ela vê que é altíssimo,
Nancy consegue ser tão letal quanto um sniper de elite (...) Fica tão estupefata com o feito, vendo aqueles furos tão próximos
no fim do percurso das argolas, que acaba se encantando com o caso e faz
questão de acompanhar de perto sua amiga. As conclusões preliminares
tranqüilizam, mas foram tiradas de um momento de muita calma e de bom humor,
então têm validade restrita.
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