segunda-feira, 19 de novembro de 2018

Dead Train in the rain XCIV

    Segredos, lutos e transformações. A estação 94 tem uma história dura e crua para contar, mas é para o seu bem. Tenham discernimento e embarquem, o trem vai partir.


O documentário vai ao ar. “The Sunsadow’s Secrets” será exibido em três partes (...) Ele demonstra estar muito bem informado, porque cita Naomi em várias passagens (...) relata factos que só quem é de Sunshadow costuma conhecer. No final das contas, o primeiro episódio presta um grande serviço à cidade. O segundo dia, com audiência muito alta, trata do milagre de Sunshadow, que começou com a reinauguração da ferrovia, teve um empurrão fortíssimo com a visita de Jose De Lane e não parou mais. Em quase vinte anos, frisa sempre, a população quase quadruplicou e a cidade construiu uma infraestrutura absolutamente surreal, que conta até com linhas de metrô para Summerfields (...) O terceiro dia, já com patrocinadores se digladiando e apelando para golpes baixos, esmiúça as relações da Dead Train com os maiores líderes mundiais, citando ainda a vastidão do conhecimento científico e o intelecto privilegiado de Richard (...) As coisas complicam quando fala da facilidade com que eles deslocam grupos dos federais e do serviço secreto, exibindo documentação autêntica e vídeos bastante confiáveis (...) Sunshadow, com foco para a Dead Train, principalmente a figura de Patrícia, entra para o mundo das teorias conspiratórias e lendas urbanas.

A organização fica sóbria. Embora tenham detido o grupo de traidores, ele repassou material confidencial para aquele apresentador (...) a exposição feita de Time Travel e principalmente da agente Princess é irreversível. As identidades secretas estão preservadas, sim, mas estas dependem das que foram expostas, para continuarem a existir. Josephine liga para ela...

- A cidade inteira está sóbria, Jose. Esse palhaço fez um espetáculo bonito nos primeiros dias e depois nos expôs como em um circo de horrores.

- Podemos fazer algo por você?

- No... Será dar mais holofotes para quem precisa mergulhar na escuridão. Vou tocar a vida e ficar atenta... Provavelmente ele não sabe o estrago que causou. Das meias verdades que ele mostrou, nascerão milhões de lendas e qualquer pedaço de chocolate que eu comer em público, será visto como uma mensagem cifrada para os guardiões da constelação de Órion.

- Compreendo. Vou falar com Tobby, ele vai saber como e quando isso pode ser revertido. Onde está Ricky?

- Estudando com Marcia... Que coisa mais linda! Ele está fazendo o mesmo que meu pai fez por mamãe. Pelo menos nossas intimidades não foram expostas...

O efeito é rápido. O escritório central recebe uma avalanche de pedidos para entrevistas, declarações, para acabar com a fome na África, pela paz mundial e até pela antecipação da volta de Jesus. Se havia na opinião pública algum degrau separando Patrícia Petty de Jose De Lane, ele não existe mais (...) Têm compromissos profissionais e filantrópicos agendados, precisam arcar com eles, inclusive um show beneficente que Audrey pediu. Aliás, os seis decidem lançar lá algumas músicas inéditas, que estarão no próximo álbum. Parar de viver não vai deter o desmoronamento do mundo. Depois o reconstroem, agora precisam trabalhar.

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Tobby entrega um calhamaço para Matthew. Avisa que são lendas urbanas e teorias conspiratórias absolutamente absurdas, mas com vagas citações de fontes sérias (...) para as pessoas passarem a desacreditar e até verem como piada, tudo o que se disser sobre a banda e Sunshadow, que as próprias não confirmarem...

- Poxa... Legal! É assim que vocês fazem pra salvar o mundo, de vez em quando?

- Espalhar teorias conspiratórias é a forma mais fácil de desacreditar a hipótese de uma conspiração. Algumas pessoas vão acreditar nelas e espalhar de forma tão inconveniente, que ninguém vai mais dar ouvidos. Estamos fazendo isso por Sunshadow, mas principalmente por eles. Entenda, são boatos necessários e nem precisam ser publicados pelo Coast to Coast News, mas pelos seus antigos empregos, que são dados a sensacionalismos. Podemos falar com seu chefe?

- Sócio. Eu comprei 30% do jornal. Mas vamos lá.

Conversam com ele, depois combinam uma reunião reservada, em um bueiro (...) preparado, já acostumado a reuniões reservadas de políticos que foram desalojados pela organização (...) pequenos jornais começam a alardear (...) segredos que a CIA fez de tudo para ocultar da imprensa livre, só não explicam como estariam vivos, depois disso. Coisas como “Robert Spring forjou a morte e escondeu Elvis em Sunshadow” começam a pipocar pelo país, sendo importadas por outros. Também há uma alegando que Renata foi vista em vários lugares ao mesmo tempo, só não dizendo que o facto foi de três cidadãos em lugares distintos e distantes a terem visto saindo da chocolateria.

Pouco demora para pessoas crédulas espalharem versões aumentadas dos boatos. Alguns alertando para terem cuidado com o que falam de Rebeca Spring, ela pode surgir de repente, atrás de você e... Ah, oi, Rebby...

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Audrey e Melinda não são moças precoces nos hábitos dos jovens, pelo contrário (...) aprenderam a se segurar e se cercar de todas as precauções possíveis. Filhas exemplares, consideradas meio caretas por alguns amigos, embora rechacem o rótulo, elas ficaram de fora da liberação sexual que os jornais insistem em dizer que 150% dos americanos praticam. Tomam religiosamente os anticoncepcionais e preferem se virar sozinhas a aceitar qualquer intimidade sem preservativo (...) Mas diz a lenda que de 99,99% se salta para 100,01%, sem jamais tocar nos cem por cento, uma marca tida como utópica por qualquer cientista sério.

Audrey chega à casa da irmã quase chorando, como quem vai pedir ajuda à avó, com um envelope nas mãos. Patrícia interrompe a conversa com o filho sobre o diário de Naomi...

- Audrey!

- Patty, me ajuda!

Richard vai ajudar a acudir a tia, enquanto a mãe lê o conteúdo do envelope. Acha exagero esse medo todo, mas de qualquer forma não tarda seus pais tomarem conhecimento...

- É do Fred?

Ela firma com a cabeça (...) Vão com ela à chocolateria, ter com Frederick Brook. Ele fica imensamente feliz em ver a namorada com irmã e sobrinho, mas nota a cara de choro e se preocupa...

- Nós precisamos conversar, Fred – diz, mostrando o envelope da clínica.

É rápido. O rapaz quer e o velho Weasley Brook fica feliz de fazer parte da família. Ok, desta vez farão à  moda antiga, para a moça ficar mais segura. Nancy e Richard já sabem que Audrey foi vista chorando (...) Patrícia já pede que controlem os ânimos, pois está tudo acertado. Primeiro o pedido...

- Senhor e Senhora Gardner, eu venho pedir Audrey em casamento.

Diante do sorriso tímido do rebento, os dois comemoram. Patrícia espera pela conclusão  do festejo, que se dá quando Brain reconhece o semblante de Princess e nota o envelope em suas mãos. Ele olha para Audrey...

- Você está grávida? Estava com medo de nos contar?

- Minha filha, por quê?

- Eu tentei fazer tudo certo, mas deu errado...

Pronto, ela começa a chorar de novo (...) Os deixam namorando e se consolando, enquanto tratam com o avô dele as questões do casamento. Patrícia nota em Melina um sorriso amarelo, como quem diz “E eu?”...

- Vem cá... Não tenha pressa. Aproveite para paparicar mais um sobrinho, depois vocês trocam de papéis.

- Mas a Dee vai embora...

- Não. Eu moro na quadra de cima e vocês entram na minha casa sem pedir licença. Vocês já dormiram lá várias vezes... Ô Audrey! Não esquece de reservar um quarto pra sua irmã chorona, na sua casa nova...

- Chorando, Mel? Por quê?

Trata de acalmar a irmã e fazer o noivo prometer um quarto para ela (...) Daqui a pouco começa a nevar e Patrícia espera poder descansar um pouco. Por agora apenas espera que a irmã se acalme (...) a leva para seu quarto de solteira e pede que não sejam incomodadas...

- Irmã, talvez essa ligação tão íntima com Audrey tenha te feito algum mal. Você está acostumada a tê-la por perto sempre que quer, e vice-versa. Vocês cresceram grudadas, não perceberam uma que a outra já era uma mulher, só se deram conta disso com o choque do casamento acertado de última hora. Vovó teve uma conversa assim comigo há quase trinta anos, dias antes da tragédia... Audrey não é sua boneca, Melinda, você não vai encontrá-la na estante, te esperando, sempre que quiser dar um abraço ou trocar a roupinha. Não é o caso, ela vai morar perto daqui, na cidade nova, mas você precisa aprender que as pessoas vão embora. Nem sempre é porque querem, meu amor, na maioria das vezes é porque a função delas em nossas vidas acabou; ou talvez porque a função dessa pessoa em nossas vidas mudou, é o caso dela.

Suspira e pensa por alguns segundos. Ajeita a manga da camisa rosa e continua...

- Eu tinha seis anos e vivia em um conto de fadas, ele acabou quando a casa antiga foi incendiada. Pouco depois eu precisei ir com Enzo e Ron para Summerfields; foram duas mudanças drásticas de uma só vez. Mamãe tinha um emprego de caixa no posto da saída, ela conseguiu improvisar uma área para complementar nossa formação, incluindo Bobby e Rebby. Poucos anos depois a Rê apareceu, era uma menina muito esquisita! Entrou por livre e espontânea pressão para a nossa turma...

- Há, há, há, há, há...

- O conto de fadas não existia mais, mas era uma vida mansa. Não, claro, a gente ralava de verdade, mas não era essa loucura de hoje. Tínhamos uma vida muito boa e tranqüila! Por anos nos reunimos no trem morto, ficamos conhecidos como “the dead train gang”. A gente teve uma formação musical sólida, então cantávamos de vez em quando, até vir a idéia de fazer isso profissionalmente. Um dia deixamos isso claro e a vida mansa acabou. Dois anos carregando pedra morro acima. Eu já estava com quatorze, quando ajudei Jose na estrada. Foi quando passei a guardar alguns segredos. Percebeu quantas mudança aconteceram até aqui? Bom. Encontramos o Matthew pelo caminho, em um incidente grave, e a vida da Rê guinou completamente, por conseqüência a nossa também. Depois veio a ligação da Jose, após nossa estréia incidental; então já tínhamos perdido completamente a controle da vida e todos os nossos planos mudaram sem pedir permissão. A partir daquele momento eu não era mais a Patty da rua sem saída, uma carga de responsabilidade muito grande pousou nos meus ombros e só cresceu com o tempo.

Veio a fama, ajudamos Bobby e Mascote a comprar a casa dos pais deles, mas também vieram os inimigos. Isso é inevitável no sucesso, honey. Se você o tem, também tem inimigos, tenha procurado por eles ou não, é irrelevante. Vieram os atentados, o assédio daquele maníaco pervertido... Apareceu uma menina chamada Melinda Gonzáles, que me mostrou o quanto eu estava sendo egoísta em me fechar nos meus problemas. Como eu amei aquela menina! E como ela ficou feliz, quando soube de você! Quase tanto quanto eu. Quando ela morreu, um pedaço de mim foi junto. Foi mais uma ruptura traumática. Não importa o quanto você saiba e se prepare, Melinda, a morte te machuca do mesmo jeito. Arthur foi um dos meus bálsamos, tudo melhorou na minha vida, depois dele. Tudo mesmo!

A grande turnê me fez amadurecer mais rápido, eu tinha que comandar e controlar dezessete pessoas, doze eram adultos, alguns poderiam ser meus pais. E mesmo assim, após a notícia de um desaforo maior do que o Mississipi, a Mascote fugiu ao controle e transou com o Ron... Ela gritou feito uma louca, parecia uma narradora de rodeio! Do que está rindo? Foi barra, cara! Eu não sabia onde enfiar a cabeça!

- Rá, rá, rá, rá, rá, rá, rá, rá, rá...

- Trouxemos a Miko conosco, da última etapa da turnê. Foi uma alegria inesperada. Os anos passaram na dureza cotidiana, que já era confortável para nós, até que o pervertido ficou mais agressivo e eu precisei de escolta até para ir à praça. Foi um tempo triste. Então o Chuck ligou pro Ron e... Meu Deus, que loucura! Eu ainda tinha a imagem de garotinha, já adulta, e andei de moto pela primeira vez. FOI O MÁXIMO! Mas com moto não se brinca, e eu passei a usar jeans, camiseta de malha, botas e blusão de couro. Desta vez eu causei o choque, meio mundo demorou meses para digerir essa nova fase, foi quando ele me pediu em casamento. Também foi quando o infeliz tentou matá-lo, então mandaram ele para cá. Eu fiquei furiosa! Eu decidi que nos casaríamos em breve e aconteceu, usando a convenção de fãs para causar a surpresa. Na lua de mel houve outra mudança drástica, Gregory Winston, na verdade, era Arthur do Prado Ribeiro, brasileiro, com mãe e irmãos; Mel, ele mudou completamente! O garoto acanhado engrossou a voz, ficou altivo e passou a tomar decisões importantes sozinho. A mudança da família para Detroit só consolidou tudo. Veio o atentado, quando eu iria contar da minha gravidez, o parto do Ricky... Poucos anos depois a tragédia do Bobby e da Miko... Acho que se ele pudesse, teria pulado da cadeira de rodas e se enterrado com o filho. Tínhamos a Frida, que evitou a perpetuação daquela depressão funesta, e ajudou a preparar os dois para a vinda da Sakura. A turnê no Brasil foi a primeira vez que uma banda levou a família inteira! Foi uma loucura!

- Re, re, re, re, re... Eu me lembro, re, re, re, re...

- Você sabe que papai e eu temos ligações com gente grande, isso nos torna mais sensíveis aos acontecimentos de efeito global. Pois o mundo começou a desabar nos últimos dez anos e nós não pudemos fazer muito mais do que assistir e tentar tocar a vida. Isso acabou se refletindo nas nossas vidas, especialmente nos negócios, quando os pilantras ficaram mais ousados e começaram a se misturar aos bons parceiros. Precisamos ficar mais atentos, com isso o estresse aumentou. Perdemos Elvis... Havia um sonho que tínhamos de gravar um disco com ele... Dinheiro nenhum paga isso... Perdemos John e as expectativas para os dez anos seguintes se foram com ele, fora que agora muita gente está com medo de se aproximar de fãs. Estamos replanejando tudo do zero. Sabe o que é isso em uma corporação do porte da Dead Train Corporation? Por último foi David... Sabemos por experiência interna que Romy nunca mais vai ser a mesma! Nunca! Ela vai ter que viver sem ele, como eu vivo sem vovó... Compreende o que eu quero dizer, Melinda? As mudanças não nos pedem licença, elas vêm e se instalam quando estamos nos sentindo confortáveis e seguros em nossas rotinas. De em breve em diante, a sua será ocupar sozinha aquele quarto. Quando quiser ver Audrey, terá que ir visitá-la, mas ela então terá uma família para cuidar e nem sempre estará à disposição. O que eu sou hoje é resultado do modo como eu enfrentei as mudanças.

A moça fica taciturna (...) As duas administradoras tinham planejado trabalhar juntas com a irmã, mas agora Audrey terá que ajudar a administrar a rede de franquias da chocolateria. Ela sai do quarto, desce e vai até sua gêmea...

- Dee... Nossa parceria na banda fica pra outra ocasião...

- Aconteceu, Mel... Um dia as coisas se acomodam e a gente revê os planos...

- Dee... Eu te amo.

As duas choram abraçadas (...) os caminhos delas já não são mais paralelos. Patrícia observa a choradeira da mesma posição (...) com a cabeça no nível do forro, sóbria e silente. Sem querer, começa a ter o comando da família, só que há muito essas mudanças não lhe passam mais despercebidas. Renata sabe disso e tem feito preces por ela, para que suporte o fardo herdado da avó.

Mesmo com choro, e muito choro, o casamento é festivo. Audrey e Frederick voam para Peeble Beach, de onde voltarão para sua casa nova. E a volta é outro dilúvio, foi a primeira vez que elas ficaram uma semana sem se ver, mas diante da felicidade da irmã, Melinda até se sente culpada (...) mas cada reencontro é uma festa. Festa que atenua mais um luto, Romy Schneider morreu, como disseram os médicos, de coração partido. A conspiração das louras sofreu um desfalque. Como que para compensar o trauma da moça, o destino lhe dá a honra do desespero, com sete meses e meio a criança decide que quer nascer e pronto! A emergência a faz pegar o Delahaye 1930 do velho Brook e disparar com a irmã para a maternidade (...) É um pandemônio! Fred chega correndo, tropeçando e trombando em tudo e em todos, ainda cheirando a chocolate, mas não tem jeito. O choro saudável de Stephanie debela todos os temores, em dois dias ambas voltam para casa.

Aquele lugar à mesa ainda incomoda, mas a felicidade de Audrey faz tão bem a Melinda, que ela apoia o queixo com a mão esquerda, olha para a cadeira vazia e sorri. Foi o que Patrícia disse, todo mundo acaba amadurecendo por bem ou por mal, é melhor escolher o caminho mais suave. Aliás, a diva decide antecipar um pouco a estréia da irmã, a coloca para organizar o caos em que está o escritório central (...) Será melhor para ela, vai deixar de sofrer o pouco que ainda sofre todos os dias, ficará hospedada com Josephine, não poderiam escolher melhor. Toda essa felicidade prepara os ânimos para o segundo luto do ano. Renata recebe a notícia em primeira mão, acredita ser providência divina que Josephine esteja com Patrícia. Ela atravessa com pressa a Avenida Nova, seguida da filha atônita...

- Meus amigos... General Nelson, por favor, abrace a Jose... Por favor! Seu Richard, a Patty... Vou ter que ser directa... A... A Grace sofreu um acidente gravíssimo e parece que...

As duas confiam na médium, por isso mesmo começam a se desesperar, tornando necessário o amparo. Minutos depois a televisão anuncia a tragédia, poucos dias e o pior acontece. A conspiração das louras agora se resume a Josephine e Patrícia. Sua Sereníssima Alteza Grace Patrícia Grimaldi é sepultada diante dos prantos em soluços de Rainier III e de um planeta que não bastasse estar mergulhando em uma depressão severa, perde em poucos anos três de seus maiores ícones (...) Patrícia toma uma decisão difícil (...) evitará ir a Mônaco por alguns anos, sabe que tem muita gente capaz de explorar sua semelhança com a amiga falecida sem se importar com o sofrimento que causaria ao principado. E por falar em mudanças, este ano foi realmente terrível. Tão terrível que fragilizou uma das pessoas mais poderosas do mundo, aponto de (...) se deixar acolher pelo velho herói de guerra Jeremy Nelson. Ele não faz parte da organização, mas é um dos maiores apoiadores e admiradores de seus membros, inclusive a todo poderosa Star, sua velha amiga Josephine...

- Você conhece minha vida, Jeremy. Sabe que eu sou uma mulher amargurada e talvez não possa retribuir a sua dedicação...

- Jose, não venha me falar em lutos, eu vim da pior guerra da história. Eu não sou um daqueles idiotas que desprezaram Norma e Rita por não serem o que o cinema mostrava. Eu não quero aquela imagem animada na tela, eu quero você. Diga que sim...

Diante de seus pupilos, todos fazendo sinal de positivo, a francesa não consegue esconder o sorriso enorme. Ela apenas segura com delicadeza o rosto endurecido pelas guerras e faz uma cena naturalmente cinematográfica, o beija como se fosse a conclusão de um filme triste. O primeiro beijo, fora os falsos dos papéis, em três longas décadas, desde que sofreu o atentado (...) São carregados pelos seis até a sede de peraltices acabar. Alguns dias depois, Patrícia sai do palacete para atender aos jornalistas e fãs curiosos. Para ela ir, em vez de Matthew ir ter consigo, é porque aquela comemoração lá dentro tem muito calibre...

- Boa noite. Acredito que sei por que vocês estão aqui e não vou enrolar. Não posso deixar que entrem porque é uma cerimônia íntima e restrita, em que nossa amada Jose De Lane e o herói Jeremy Nelson estão comemorando o matrimônio recém atado. É só. Com licença.

Ela se vira e segue ao palacete (...) Mas acaba de detonar uma bomba atômica! Enquanto o Coast to Coast News e o Sunshadow News compartilham uma matéria completa, os outros se apressam em colocar (...) a notícia do casamento. “Jose De Lane se casa em segredo”, “Jose De Lane não está mais só”, “Jose reencontrou o amor” e “A diva e o herói” estampam as capas dos jornais na manhã seguinte (...) Josephine, que era praticamente virgem de novo, acorda ouvindo passarinhos verdes. Tem a alegria de ver um homem digno ao seu lado (...) Não haverá lua de mel, vão simplesmente tocar a vida juntos, doravante. O inverno logo os obriga a fazer os exercícios na academia da residência, mas conseguiram dar um tapa na cara safada do ano de 1982.

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