Segredos, lutos e transformações. A estação 94 tem uma história dura e crua para contar, mas é para o seu bem. Tenham discernimento e embarquem, o trem vai partir.
O documentário
vai ao ar. “The Sunsadow’s Secrets” será exibido em três partes (...) Ele demonstra
estar muito bem informado, porque cita Naomi em várias passagens (...) relata factos que só quem é de
Sunshadow costuma conhecer. No final das contas, o primeiro episódio presta um grande
serviço à cidade. O segundo dia, com audiência muito alta, trata do milagre de
Sunshadow, que começou com a reinauguração da ferrovia, teve um empurrão
fortíssimo com a visita de Jose De Lane e não parou mais. Em quase vinte anos,
frisa sempre, a população quase quadruplicou e a cidade construiu uma
infraestrutura absolutamente surreal, que conta até com linhas de metrô para
Summerfields (...) O terceiro dia, já
com patrocinadores se digladiando e apelando para golpes baixos, esmiúça as
relações da Dead Train com os maiores líderes mundiais, citando ainda a
vastidão do conhecimento científico e o intelecto privilegiado de Richard (...) As coisas complicam quando fala da facilidade com que eles deslocam
grupos dos federais e do serviço secreto, exibindo documentação autêntica e
vídeos bastante confiáveis (...) Sunshadow, com foco para a Dead Train, principalmente a
figura de Patrícia, entra para o mundo das teorias conspiratórias e lendas
urbanas.
A organização
fica sóbria. Embora tenham detido o grupo de traidores, ele repassou material
confidencial para aquele apresentador (...) a exposição feita de Time Travel e principalmente da
agente Princess é irreversível. As identidades secretas estão preservadas, sim,
mas estas dependem das que foram expostas, para continuarem a existir.
Josephine liga para ela...
- A cidade
inteira está sóbria, Jose. Esse palhaço fez um espetáculo bonito nos primeiros
dias e depois nos expôs como em um circo de horrores.
- Podemos fazer
algo por você?
- No... Será dar
mais holofotes para quem precisa mergulhar na escuridão. Vou tocar a vida e
ficar atenta... Provavelmente ele não sabe o estrago que causou. Das meias
verdades que ele mostrou, nascerão milhões de lendas e qualquer pedaço de chocolate
que eu comer em público, será visto como uma mensagem cifrada para os guardiões
da constelação de Órion.
- Compreendo. Vou
falar com Tobby, ele vai saber como e quando isso pode ser revertido. Onde está
Ricky?
- Estudando com Marcia...
Que coisa mais linda! Ele está fazendo o mesmo que meu pai fez por mamãe. Pelo
menos nossas intimidades não foram expostas...
O efeito é
rápido. O escritório central recebe uma avalanche de pedidos para entrevistas,
declarações, para acabar com a fome na África, pela paz mundial e até pela
antecipação da volta de Jesus. Se havia na opinião pública algum degrau
separando Patrícia Petty de Jose De Lane, ele não existe mais (...) Têm compromissos profissionais e filantrópicos
agendados, precisam arcar com eles, inclusive um show beneficente que Audrey
pediu. Aliás, os seis decidem lançar lá algumas músicas inéditas, que estarão
no próximo álbum. Parar de viver não vai deter o desmoronamento do mundo.
Depois o reconstroem, agora precisam trabalhar.
&
Tobby entrega um
calhamaço para Matthew. Avisa que são lendas urbanas e teorias conspiratórias
absolutamente absurdas, mas com vagas citações de fontes sérias (...) para as pessoas passarem a desacreditar e
até verem como piada, tudo o que se disser sobre a banda e Sunshadow, que as
próprias não confirmarem...
- Poxa... Legal!
É assim que vocês fazem pra salvar o mundo, de vez em quando?
- Espalhar
teorias conspiratórias é a forma mais fácil de desacreditar a hipótese de uma
conspiração. Algumas pessoas vão acreditar nelas e espalhar de forma tão
inconveniente, que ninguém vai mais dar ouvidos. Estamos fazendo isso por Sunshadow,
mas principalmente por eles. Entenda, são boatos necessários e nem precisam ser
publicados pelo Coast to Coast News, mas pelos seus antigos empregos, que são
dados a sensacionalismos. Podemos falar com seu chefe?
- Sócio. Eu
comprei 30% do jornal. Mas vamos lá.
Conversam com
ele, depois combinam uma reunião reservada, em um bueiro (...) preparado, já acostumado a reuniões reservadas de
políticos que foram desalojados pela organização (...) pequenos jornais começam a alardear (...) segredos que a CIA fez de tudo para ocultar
da imprensa livre, só não explicam como estariam vivos, depois disso. Coisas
como “Robert Spring forjou a morte e escondeu Elvis em Sunshadow” começam a
pipocar pelo país, sendo importadas por outros. Também há uma alegando que
Renata foi vista em vários lugares ao mesmo tempo, só não dizendo que o facto
foi de três cidadãos em lugares distintos e distantes a terem visto saindo da
chocolateria.
Pouco demora para
pessoas crédulas espalharem versões aumentadas dos boatos. Alguns alertando
para terem cuidado com o que falam de Rebeca Spring, ela pode surgir de
repente, atrás de você e... Ah, oi, Rebby...
&
Audrey e Melinda
não são moças precoces nos hábitos dos jovens, pelo contrário (...) aprenderam a se segurar e se cercar de todas as precauções possíveis. Filhas
exemplares, consideradas meio caretas por alguns amigos, embora rechacem o
rótulo, elas ficaram de fora da liberação sexual que os jornais insistem em
dizer que 150% dos americanos praticam. Tomam religiosamente os
anticoncepcionais e preferem se virar sozinhas a aceitar qualquer intimidade
sem preservativo (...) Mas diz a lenda que de 99,99% se salta para 100,01%, sem jamais
tocar nos cem por cento, uma marca tida como utópica por qualquer cientista
sério.
Audrey chega à
casa da irmã quase chorando, como quem vai pedir ajuda à avó, com um envelope
nas mãos. Patrícia interrompe a conversa com o filho sobre o diário de Naomi...
- Audrey!
- Patty, me
ajuda!
Richard vai
ajudar a acudir a tia, enquanto a mãe lê o conteúdo do envelope. Acha exagero
esse medo todo, mas de qualquer forma não tarda seus pais tomarem
conhecimento...
- É do Fred?
Ela firma com a
cabeça (...) Vão com ela à chocolateria, ter com Frederick
Brook. Ele fica imensamente feliz em ver a namorada com irmã e sobrinho, mas nota
a cara de choro e se preocupa...
- Nós precisamos
conversar, Fred – diz, mostrando o envelope da clínica.
É rápido. O rapaz
quer e o velho Weasley Brook fica feliz de fazer parte da família. Ok, desta
vez farão à moda antiga, para a moça
ficar mais segura. Nancy e Richard já sabem que Audrey foi vista chorando (...) Patrícia já
pede que controlem os ânimos, pois está tudo acertado. Primeiro o pedido...
- Senhor e
Senhora Gardner, eu venho pedir Audrey em casamento.
Diante do sorriso
tímido do rebento, os dois comemoram. Patrícia espera pela conclusão do festejo, que se dá quando Brain reconhece
o semblante de Princess e nota o envelope em suas mãos. Ele olha para Audrey...
- Você está
grávida? Estava com medo de nos contar?
- Minha filha,
por quê?
- Eu tentei fazer
tudo certo, mas deu errado...
Pronto, ela
começa a chorar de novo (...) Os
deixam namorando e se consolando, enquanto tratam com o avô dele as questões do
casamento. Patrícia nota em Melina um sorriso amarelo, como quem diz “E eu?”...
- Vem cá... Não
tenha pressa. Aproveite para paparicar mais um sobrinho, depois vocês trocam de
papéis.
- Mas a Dee vai
embora...
- Não. Eu moro na
quadra de cima e vocês entram na minha casa sem pedir licença. Vocês já
dormiram lá várias vezes... Ô Audrey! Não esquece de reservar um quarto pra sua
irmã chorona, na sua casa nova...
- Chorando, Mel?
Por quê?
Trata de acalmar
a irmã e fazer o noivo prometer um quarto para ela (...) Daqui a pouco começa a nevar e Patrícia
espera poder descansar um pouco. Por agora apenas espera que a irmã se acalme (...) a leva para seu quarto de
solteira e pede que não sejam incomodadas...
- Irmã, talvez
essa ligação tão íntima com Audrey tenha te feito algum mal. Você está
acostumada a tê-la por perto sempre que quer, e vice-versa. Vocês cresceram
grudadas, não perceberam uma que a outra já era uma mulher, só se deram conta
disso com o choque do casamento acertado de última hora. Vovó teve uma conversa
assim comigo há quase trinta anos, dias antes da tragédia... Audrey não é sua
boneca, Melinda, você não vai encontrá-la na estante, te esperando, sempre que
quiser dar um abraço ou trocar a roupinha. Não é o caso, ela vai morar perto
daqui, na cidade nova, mas você precisa aprender que as pessoas vão embora. Nem
sempre é porque querem, meu amor, na maioria das vezes é porque a função delas
em nossas vidas acabou; ou talvez porque a função dessa pessoa em nossas vidas
mudou, é o caso dela.
Suspira e pensa
por alguns segundos. Ajeita a manga da camisa rosa e continua...
- Eu tinha seis
anos e vivia em um conto de fadas, ele acabou quando a casa antiga foi
incendiada. Pouco depois eu precisei ir com Enzo e Ron para Summerfields; foram
duas mudanças drásticas de uma só vez. Mamãe tinha um emprego de caixa no posto
da saída, ela conseguiu improvisar uma área para complementar nossa formação,
incluindo Bobby e Rebby. Poucos anos depois a Rê apareceu, era uma menina muito
esquisita! Entrou por livre e espontânea pressão para a nossa turma...
- Há, há, há, há,
há...
- O conto de
fadas não existia mais, mas era uma vida mansa. Não, claro, a gente ralava de
verdade, mas não era essa loucura de hoje. Tínhamos uma vida muito boa e
tranqüila! Por anos nos reunimos no trem morto, ficamos conhecidos como “the
dead train gang”. A gente teve uma formação musical sólida, então cantávamos de
vez em quando, até vir a idéia de fazer isso profissionalmente. Um dia deixamos
isso claro e a vida mansa acabou. Dois anos carregando pedra morro acima. Eu já
estava com quatorze, quando ajudei Jose na estrada. Foi quando passei a guardar
alguns segredos. Percebeu quantas mudança aconteceram até aqui? Bom.
Encontramos o Matthew pelo caminho, em um incidente grave, e a vida da Rê
guinou completamente, por conseqüência a nossa também. Depois veio a ligação da
Jose, após nossa estréia incidental; então já tínhamos perdido completamente a
controle da vida e todos os nossos planos mudaram sem pedir permissão. A partir
daquele momento eu não era mais a Patty da rua sem saída, uma carga de
responsabilidade muito grande pousou nos meus ombros e só cresceu com o tempo.
Veio a fama,
ajudamos Bobby e Mascote a comprar a casa dos pais deles, mas também vieram os
inimigos. Isso é inevitável no sucesso, honey. Se você o tem, também tem
inimigos, tenha procurado por eles ou não, é irrelevante. Vieram os atentados,
o assédio daquele maníaco pervertido... Apareceu uma menina chamada Melinda
Gonzáles, que me mostrou o quanto eu estava sendo egoísta em me fechar nos meus
problemas. Como eu amei aquela menina! E como ela ficou feliz, quando soube de
você! Quase tanto quanto eu. Quando ela morreu, um pedaço de mim foi junto. Foi
mais uma ruptura traumática. Não importa o quanto você saiba e se prepare,
Melinda, a morte te machuca do mesmo jeito. Arthur foi um dos meus bálsamos,
tudo melhorou na minha vida, depois dele. Tudo mesmo!
A grande turnê me
fez amadurecer mais rápido, eu tinha que comandar e controlar dezessete
pessoas, doze eram adultos, alguns poderiam ser meus pais. E mesmo assim, após
a notícia de um desaforo maior do que o Mississipi, a Mascote fugiu ao controle
e transou com o Ron... Ela gritou feito uma louca, parecia uma narradora de
rodeio! Do que está rindo? Foi barra, cara! Eu não sabia onde enfiar a cabeça!
- Rá, rá, rá, rá,
rá, rá, rá, rá, rá...
- Trouxemos a
Miko conosco, da última etapa da turnê. Foi uma alegria inesperada. Os anos
passaram na dureza cotidiana, que já era confortável para nós, até que o
pervertido ficou mais agressivo e eu precisei de escolta até para ir à praça.
Foi um tempo triste. Então o Chuck ligou pro Ron e... Meu Deus, que loucura! Eu
ainda tinha a imagem de garotinha, já adulta, e andei de moto pela primeira
vez. FOI O MÁXIMO! Mas com moto não se brinca, e eu passei a usar jeans, camiseta
de malha, botas e blusão de couro. Desta vez eu causei o choque, meio mundo
demorou meses para digerir essa nova fase, foi quando ele me pediu em
casamento. Também foi quando o infeliz tentou matá-lo, então mandaram ele para
cá. Eu fiquei furiosa! Eu decidi que nos casaríamos em breve e aconteceu,
usando a convenção de fãs para causar a surpresa. Na lua de mel houve outra
mudança drástica, Gregory Winston, na verdade, era Arthur do Prado Ribeiro,
brasileiro, com mãe e irmãos; Mel, ele mudou completamente! O garoto acanhado
engrossou a voz, ficou altivo e passou a tomar decisões importantes sozinho. A mudança
da família para Detroit só consolidou tudo. Veio o atentado, quando eu iria
contar da minha gravidez, o parto do Ricky... Poucos anos depois a tragédia do
Bobby e da Miko... Acho que se ele pudesse, teria pulado da cadeira de rodas e
se enterrado com o filho. Tínhamos a Frida, que evitou a perpetuação daquela
depressão funesta, e ajudou a preparar os dois para a vinda da Sakura. A turnê
no Brasil foi a primeira vez que uma banda levou a família inteira! Foi uma
loucura!
- Re, re, re, re,
re... Eu me lembro, re, re, re, re...
- Você sabe que
papai e eu temos ligações com gente grande, isso nos torna mais sensíveis aos
acontecimentos de efeito global. Pois o mundo começou a desabar nos últimos dez
anos e nós não pudemos fazer muito mais do que assistir e tentar tocar a vida.
Isso acabou se refletindo nas nossas vidas, especialmente nos negócios, quando
os pilantras ficaram mais ousados e começaram a se misturar aos bons parceiros.
Precisamos ficar mais atentos, com isso o estresse aumentou. Perdemos Elvis...
Havia um sonho que tínhamos de gravar um disco com ele... Dinheiro nenhum paga
isso... Perdemos John e as expectativas para os dez anos seguintes se foram com
ele, fora que agora muita gente está com medo de se aproximar de fãs. Estamos
replanejando tudo do zero. Sabe o que é isso em uma corporação do porte da Dead
Train Corporation? Por último foi David... Sabemos por experiência interna que Romy
nunca mais vai ser a mesma! Nunca! Ela vai ter que viver sem ele, como eu vivo
sem vovó... Compreende o que eu quero dizer, Melinda? As mudanças não nos pedem
licença, elas vêm e se instalam quando estamos nos sentindo confortáveis e
seguros em nossas rotinas. De em breve em diante, a sua será ocupar sozinha
aquele quarto. Quando quiser ver Audrey, terá que ir visitá-la, mas ela então
terá uma família para cuidar e nem sempre estará à disposição. O que eu sou
hoje é resultado do modo como eu enfrentei as mudanças.
A moça fica
taciturna (...) As duas administradoras
tinham planejado trabalhar juntas com a irmã, mas agora Audrey terá que ajudar
a administrar a rede de franquias da chocolateria. Ela sai do quarto, desce e
vai até sua gêmea...
- Dee... Nossa
parceria na banda fica pra outra ocasião...
- Aconteceu, Mel...
Um dia as coisas se acomodam e a gente revê os planos...
- Dee... Eu te
amo.
As duas choram
abraçadas (...) os caminhos delas já não são
mais paralelos. Patrícia observa a choradeira da mesma posição (...) com a cabeça no nível do forro, sóbria e silente. Sem
querer, começa a ter o comando da família, só que há muito essas mudanças não
lhe passam mais despercebidas. Renata sabe disso e tem feito preces por ela,
para que suporte o fardo herdado da avó.
Mesmo com choro,
e muito choro, o casamento é festivo. Audrey e Frederick voam para Peeble
Beach, de onde voltarão para sua casa nova. E a volta é outro dilúvio, foi a
primeira vez que elas ficaram uma semana sem se ver, mas diante da felicidade
da irmã, Melinda até se sente culpada (...) mas cada reencontro é uma festa. Festa que
atenua mais um luto, Romy Schneider morreu, como disseram os médicos, de
coração partido. A conspiração das louras sofreu um desfalque. Como que para
compensar o trauma da moça, o destino lhe dá a honra do desespero, com sete
meses e meio a criança decide que quer nascer e pronto! A emergência a faz
pegar o Delahaye 1930 do velho Brook e disparar com a irmã para a maternidade (...) É um pandemônio! Fred chega correndo, tropeçando e trombando em tudo
e em todos, ainda cheirando a chocolate, mas não tem jeito. O choro saudável de
Stephanie debela todos os temores, em dois dias ambas voltam para casa.
Aquele lugar à
mesa ainda incomoda, mas a felicidade de Audrey faz tão bem a Melinda, que ela
apoia o queixo com a mão esquerda, olha para a cadeira vazia e sorri. Foi o que
Patrícia disse, todo mundo acaba amadurecendo por bem ou por mal, é melhor
escolher o caminho mais suave. Aliás, a diva decide antecipar um pouco a estréia
da irmã, a coloca para organizar o caos em que está o escritório central (...) Será melhor para ela, vai deixar de sofrer o pouco que ainda sofre todos
os dias, ficará hospedada com Josephine, não poderiam escolher melhor. Toda
essa felicidade prepara os ânimos para o segundo luto do ano. Renata recebe a
notícia em primeira mão, acredita ser providência divina que Josephine esteja
com Patrícia. Ela atravessa com pressa a Avenida Nova, seguida da filha
atônita...
- Meus amigos...
General Nelson, por favor, abrace a Jose... Por favor! Seu Richard, a Patty...
Vou ter que ser directa... A... A Grace sofreu um acidente gravíssimo e parece
que...
As duas confiam
na médium, por isso mesmo começam a se desesperar, tornando necessário o amparo.
Minutos depois a televisão anuncia a tragédia, poucos dias e o pior acontece. A
conspiração das louras agora se resume a Josephine e Patrícia. Sua Sereníssima
Alteza Grace Patrícia Grimaldi é sepultada diante dos prantos em soluços de
Rainier III e de um planeta que não bastasse estar mergulhando em uma depressão
severa, perde em poucos anos três de seus maiores ícones (...) Patrícia toma uma decisão difícil (...) evitará ir a Mônaco por alguns anos, sabe que tem muita gente capaz
de explorar sua semelhança com a amiga falecida sem se importar com o
sofrimento que causaria ao principado. E por falar em mudanças, este ano foi
realmente terrível. Tão terrível que fragilizou uma das pessoas mais poderosas
do mundo, aponto de (...) se deixar acolher pelo velho herói de guerra Jeremy Nelson. Ele
não faz parte da organização, mas é um dos maiores apoiadores e admiradores de
seus membros, inclusive a todo poderosa Star, sua velha amiga Josephine...
- Você conhece
minha vida, Jeremy. Sabe que eu sou uma mulher amargurada e talvez não possa
retribuir a sua dedicação...
- Jose, não venha
me falar em lutos, eu vim da pior guerra da história. Eu não sou um daqueles
idiotas que desprezaram Norma e Rita por não serem o que o cinema mostrava. Eu
não quero aquela imagem animada na tela, eu quero você. Diga que sim...
Diante de seus
pupilos, todos fazendo sinal de positivo, a francesa não consegue esconder o
sorriso enorme. Ela apenas segura com delicadeza o rosto endurecido pelas
guerras e faz uma cena naturalmente cinematográfica, o beija como se fosse a
conclusão de um filme triste. O primeiro beijo, fora os falsos dos papéis, em três
longas décadas, desde que sofreu o atentado (...) São
carregados pelos seis até a sede de peraltices acabar. Alguns dias depois,
Patrícia sai do palacete para atender aos jornalistas e fãs curiosos. Para ela
ir, em vez de Matthew ir ter consigo, é porque aquela comemoração lá dentro tem
muito calibre...
- Boa noite.
Acredito que sei por que vocês estão aqui e não vou enrolar. Não posso deixar
que entrem porque é uma cerimônia íntima e restrita, em que nossa amada Jose De
Lane e o herói Jeremy Nelson estão comemorando o matrimônio recém atado. É só.
Com licença.
Ela se vira e
segue ao palacete (...) Mas acaba de detonar
uma bomba atômica! Enquanto o Coast to Coast News e o Sunshadow News
compartilham uma matéria completa, os outros se apressam em colocar (...) a notícia do casamento. “Jose De Lane se casa
em segredo”, “Jose De Lane não está mais só”, “Jose reencontrou o amor” e “A
diva e o herói” estampam as capas dos jornais na manhã seguinte (...) Josephine, que era
praticamente virgem de novo, acorda ouvindo passarinhos verdes. Tem a alegria
de ver um homem digno ao seu lado (...) Não haverá lua de mel, vão
simplesmente tocar a vida juntos, doravante. O inverno logo os obriga a fazer
os exercícios na academia da residência, mas conseguiram dar um tapa na cara
safada do ano de 1982.
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