De periferia a metrópole. A estação 75 mostra a outra face da virada de mesa, para o indivíduo e para o grupo. Sejam previdentes e embarquem, o trem vai partir.
Rebeca conclui seu teste (...) ela está apta a se
tornar condessa. Já podem planejar o casório. Sai da residência do conde com
seu amado, com um sorriso de triunfo bem esticado. Vai o casal à casa de
Patrícia, tratar de negócios. Já têm pronto o esboço de uma marca de alimentos
para o custeio das obras assistenciais da banda. A baixinha chega com as mãos
na cintura, desfilando de nariz empinado (...) Ronald dá a boa notícia e a festa começa, ela é carregada
pela sala por meia hora e jogada na piscina, onde todos pulam em seguida.
A agenda é extensa, com pausas para
amamentação. Victória digita ao computador as decisões conclusivas da reunião,
para serem imediatamente arquivadas e impressas, para posterior envio ao
arquivo do escritório central. Lucille e Marina cuidam de organizar e arquivar
o material já utilizado (...) A primeira pausa é marcada por ataques de fofura,
especialmente de Renata, que sonha diuturnamente em amamentar também. Robert
tem planos com Mikomi para que o primeiro filho nasça quando Rebeca estiver
para se casar ou já em lua de mel, no máximo (...) Tratarão do concurso para os fãs brasileiros.
O trabalho dura o dia inteiro, quase
invadindo a noite, mas conseguem coisas importantes. Pela primeira vez poderão
fazer um show sem patrocínio externo, embora seja apenas um teste (...) Avisam às três garotas que elas irão junto, assim
que Renata trouxer seu filho ao mundo. Matthew precisa de ajuda na organização
e arquivo de seu trabalho, elas serão bastante úteis. Enzo e Ronald ficam
felizes com a evolução das irmãs (...) estão prontas para agir directamente no trabalho midiático da banda. Para
elas é óptimo, até agora só conheciam a parte chata do trabalho, e é muito
trabalho muito chato! Mas as três já têm suas poupanças e arcam sozinhas com
suas despesas particulares, o que suas amigas nem sonham ainda. As três são
vistas, em suas horas de folga, passeando em coloridas Vespas (...) Rosa para Marina, Amarela para Victoria e Verde
para Lucille.
Entretanto (...) A inveja e o despeito as segregam aos limites de Sunshadow, tanto por parte de
riquinhas mimadas (...) quanto
por parte das que não movem um dedo, mas gostariam de ser independentes como
elas. Ambas precisam de terceiros para terem o que desejam, as três amigas
simplesmente contam com seus proventos (...) Os irmãos as amparam, transferem sua experiência, mas
para garotas desabrochando a rejeição é sempre importante, isso pesou na
decisão de incorporá-las às turnês (...) Conhecerão gente nova, de bocas menos abertas do que suas mentes e
dedos menos rígidos do que suas condutas, serão aceitas por gente que não seria
aceita se não fosse famosa.
&
Norma e Robert batem à porta da casa de ampla
varanda (...) parece que o filho gasta
uma fortuna com jardineiros, mas é tudo obra e manutenção da nora, que atende
de pronto...
- Senhor e Senhora Spring, que honra!
Desculpem, mas Bobby está em reunião, na casa de Patty.
- A gente sabe – responde Robert.
- Viemos visitar você.
- A mim? Oh... Entrem!
A japonesa sorridente ainda mantém os cabelos
curtinhos, mas já têm mais volume e brilho (...) O interior da ampla casa é uma união feliz de dois mundos, Bobby fez
questão de que ela mantivesse sua personalidade e suas tradições mais caras, de
onde nasceu o jardim da frente, com um extenso lago de carpas. A felicidade que
o filho estampa no rosto (...) os levou a decidir
ver como andam os bastidores dessa felicidade toda. A casa está um brinco,
limpíssima, organizadíssima, decorada com miniaturas das culturas americana e
japonesa, alguns bonsais, um bibelô em forma de cachoeira jorrando bastante
água, baguás e todas as janelas e portas abertas (...) o tamanho compacto os faz parecerem poucos, espalhados pela casa. Em
um aparador estão photographias, inclusive com os sogros. Norma não poupa
elogios...
- Meus Deus, esta casa está um brinco! Dá até
receio de pisar neste chão tão limpo!
- Obrigada, mãe-na-lei! Mas o mérito não é só
meu, eu pago uma moça para vir três vezes por semana e me ajudar na limpeza
pesada.
- Mesmo assim! Manter a casa limpa assim é
uma arte!
- Venham, tenho bolinhos de arroz! Sirvam-se.
O caminhoneiro por hobby ainda tenta entender
aquela decoração, baseada no feng-shui. Acha bonita, mas cresceu acostumados
aos exageros americanos e achá-los normais. Mas os bolinhos de arroz da nora já
são lendários. Mikomi nunca escondeu que o amor por Bobby vai além do casamento
e da relação marital, ele é seu ídolo, agradece todos os dias pela
interferência de Rebeca (...) Se servem, conversam enquanto comem, percebendo que a
devoção de fã da esposa é um dos ingredientes da felicidade de seu rebento.
Robert sempre lhe disse que queria que fosse ela mesma o tempo todo (...) ela se sentiu muito à vontade para ser
esposa e fã ao mesmo tempo, tietando o marido sem medo de outra fã entrar na
casa e interromper o namoro.
Robert chega e tem uma surpresa muito feliz,
corre para fora e chama a irmã, que encontraria a casa vazia...
- Oi, Miko! Tem bolinho de arroz sobrando aí?
- Oi, Rebby! Tem mais. Se não der eu frito
outros.
Expulsa de sua família natal, ela se sente
bem acolhida na do marido. O trabalho de hoje foi muito produtivo, tiveram bons
progressos e abocanharam (...) antigos patrocinadores. Apesar do conforto em que vivem, os seis estão longe de
aparentar o que realmente podem ter. Na garagem, ao lado do poderoso Superbird,
uma Toyota Corolla Deluxe Wagon modelo 1971, vermelha reluzente, repousa com
poucas milhas rodadas (...) Ela mostra aos sogros aquele carrinho estranho, com jeito europeu e
cara americana. Os leva para um passeio, e eles estranham aquela alavanca no
assoalho, mais ainda o modo de trocar as marchas. Os irmãos ficam a sós na
casa...
- Como eu gosto da Miko! Cara, ela é tão
gente fina que dá raiva!
- Ra, ra, ra, ra, ra, ra, ra, ra... Eu te
amo, Mascote. Devo esse casamento de sonhos a você.
- Não tem nada que eu não faça por você,
Bobby. Nada mesmo.
Ele a chama para o sofá e começa a mimá-la (...) Conversam em tom
baixo, para poderem ouvir a queda d’água artificial do aparador. Ele diz que já
estão planejando um sobrinho para ela poder brincar, levar de moto às
escondidas, puxar as orelhas quando achar necessário...
- Jura? Cara, eu vou mandar fazer uma micro
Harley de pedal e rodinhas pra ele! Sobrinho meu não vai andar de velocípede!
- Só se for igual à sua.
- Vai ser! Vou até mandar colocar um
motorzinho eléctrico, quando ele tiver idade.
A Corolla chega do breve passeio, com Norma
ao volante. Foi mais fácil do que imaginava, gostou dela, mas sentiu falta do
torque e da capacidade de carga das wagons americanas.
&
Daniel pede desculpas, mas precisa de
aconselhamento. Patrícia, com Richard nos braços, e Arthur o recebem (...) O bom controle demográfico, a
injeção de recursos e a coesão de seus habitantes, transformaram Sunshadow em
uma das melhores cidades do mundo para se viver. Mesmo com a cidade nova, o
município não inchou, não há áreas pobres e os cidadãos mais humildes têm um
bom padrão de vida e de consumo, mas (...) as
cidades vizinhas pararam de crescer para todos os lados, estão começando a
crescer para cima de Sunshadow (...) Se antes o
sunshadower precisava sair para ter boas opções de trabalho, hoje são os
vizinhos próximos que buscam na cidade uma chance de ascensão. Em Summerfields,
por exemplo, restaurantes já fecharam, porque seus clientes habituais
arranjaram empregos melhores em Sunshadow...
- Juro que por essa eu não esperava, Daniel!
Há o risco de bairros clandestinos começarem a aparecer nos limites da cidade,
com isso a criminalidade crônica chegaria aqui.
- E os picaretas dos meus colegas estão
mandando infraestrutura para essas periferias, para mandar o problema pra
gente, entendeu minha preocupação?
- “Forgotten” in live, dear! Agora todo mundo
quer vir para cá e os sacanas se aproveitam disso.
- Sim, nem vergonha na cara eles têm, nem
para disfarçar! Eu sei o que vamos fazer, mas isso vai nos custar caro, não tanto
em dinheiro, mas vai. Daniel, isso vai nos dar a fama diametralmente oposta à
antiga, mas vai resolver o problema. Vamos investir nessas cidades...
Convoca uma reunião com os empreendedores de
Sunshadow (...) Terão que investir nas
cidades vizinhas para que os desvairos de seus prefeitos não os atinjam (...) Weasley Brook é o primeiro a se oferecer, há muito tempo quer transformar seu
negócio em uma franquia e vê no problema uma oportunidade (...) quer tomar o
país inteiro. A iniciativa encoraja os demais, Patrícia e Richard cuidam de
organizar a empreitada. Sugerem que incluam Detroit, que está começando a
mancar e precisará de toda ajuda que puderem oferecer.
Richard planeja construir sua fábrica em uma
das cidades vizinhas (...) paralelamente estender a rede de espionagem e assegurar mais solidez nas
operações da organização. Agora Daniel tem um motivo para construir um metrô,
ainda que signifique dar infraestrutura de graça às cidades vizinhas, mas é um
investimento na tranqüilidade de sua própria cidade.
Contractam pesquisadores locais para a
sondagem de mercado em cada cidade. O efeito Dead Train causou um choque (...) ainda mais depois que a cidade
se tornou ponto de encontro de artistas de primeira grandeza e gente poderosa,
que às vezes são as mesmas pessoas. Quando os investimentos começaram, e a mão
de obra local se tornou insuficiente, os forasteiros viram uma oportunidade (...) mas às custas do desinteresse por suas próprias
cidades, que começaram a decair. A idéia é evitar problemas em Sunshadow,
preservando suas vizinhas. Em dois meses os primeiros empreendimentos são
abertos e as pessoas passam a tomar seu desjejum na Brook’s Hot Chocolate (...) especialmente no inverno. A periferia, agora, são
as outras cidades. Vingança? Imagina! Mas um chocolate quente é tão doce!
&
Sunshadow pára em frente à casa de Mikomi e
Robert, os passantes ficam extasiados com a cena das cerejeiras em flor. As
mudas (...) deram sua primeira florada séria, o terreno da
casa fica totalmente cor de rosa. Todo mundo quer aparecer em uma photographia
em frente à casa, até o casal os convidar a tirarem lá dentro...
- Sério? A gente pode mesmo?
- Claro! Só tomem cuidado, porque o jardim da
Mikomi é bastante delicado.
O Mikomi’s Garden ganha fama rapidamente (...) A
serenidade passou a ser parte do comportamento de Bobby, desde que se casou ele
se deixou plácida e deliberadamente influenciar pela esposa. Rebeca sabe disso,
sabe e agradece. O irmão era um moleque comum (...) estava desperdiçando o cavalheiro que tinha dentro de si nas ruas
de Summerfields, após as aulas. Já viu muito cara legal afundar por causa de
sirigaitas, mas também viu muitos saírem da lama por causa de uma boa esposa;
seu irmão era um cara legal que se casou com uma mulher incrível (...) Hoje ele é um dos diplomatas
mais centrados do mundo.
É em meio a toda essa paz e quietude, que
lembra a colônia espiritual construída recentemente sobre Sunshadow, que Renata
chama Matthew...
- Matt! Vai nascer!
A integrante mais discreta da banda sempre
foi a que teve a vida mais escancarada, involuntariamente (...) Josephine chega quando Marcia começa a dar seus
primeiros berros no mundo. Fica a cargo de Arthur registrar a família, sob
orientação de Matthew...
- Vê se não faz sombra. Legal? Então pode
clicar, Greg.
Ele clica, assim que a mamãe consegue parar
de rir (...) O apelido ainda
é o que Arthur mais ouve, quando alguém o chama. Mas a photographia sai e os
fãs conhecem a herdeira da brasileira, aguardando ansiosos pelos que faltam.
Podem voltar para casa no mesmo dia, com Eduarda se responsabilizando pela
assistência à filha, levando Eddie junto, para (...) ganhar um pouco de responsabilidade. A primeira noite da pequena, fora
do útero, é de uma paz fora do comum, para o alívio dos pais e do labrador.
Na manhã seguinte tem visitas, Patrícia leva
Richard, Audrey e Melinda. As meninas já sabem trocar fraldas (...) As duas assombram, trocam e limpam
Marcia em um minuto. Renata as olha, abre um sorriso e já sabe aos cuidados de
quem deixará a filha, quando estiver fora. A bronca que as três receberam deu
belos resultados. Eduarda e Renato chegam logo em seguida com Eddie, aos poucos
Pequi começa a fazer a farra, correndo entre os visitantes.
0 comentários:
Postar um comentário