quarta-feira, 17 de outubro de 2018

Ded Train in the rain LXI

    A obra de Naomi renasce. A estação 61 mostra o tiro pela culatra do mal para o mau. Sejam minimamente bons e sejam bem-vindos ao trem, que já vai partir.


Toda a banda é fã da série Star Trek. Pela primeira vez na história um programa de televisão mostra uma mulher negra em posto de comando, na ponte de uma nave, em vez da copa, servindo cafezinho. Não só isso, mostra um japonês como oficial, um russo como tripulante e não inimigo infiltrado, um escocês como chefe de engenharia e um alienígena no elenco principal (...) Richard em especial, vê muita coisa cientificamente viável nos episódios, embora a tecnologia dos anos 1960 ainda não permita a maioria absoluta delas. Só não sabem se uma frota militar teria a serenidade necessária, com tantas tripulantes circulando pela nave com aqueles vestidos curtíssimos. De qualquer forma (...) a mensagem da série condiz com a philosophia da Dead Train.

Fim do episódio, voltam à rotina cruel. Patrícia reúne os amigos para elaborar a agenda para o ano que vem. Ela quer envolver as famílias no trabalho da banda, especialmente porque Lucille, Marina e Victoria estão ficando grandinhas (...) São chamadas e convidadas a ganhar seu próprio dinheirinho, com serviços leves que não comprometerão seus estudos. Convidadas de forma contundente e persuasiva, não querem as três jogando seu tempo no lixo. Começam agora mesmo, arquivando a papelada à medida que os seis concluírem os tópicos. Enzo levanta a questão das apresentações conjuntas com outros artistas...

- Tem alguns que só querem aparecer com a gente, não têm quase nada a ver com nossa linha de trabalho. Destaquei dois, devidamente comentados...

Eles lêem o relatório. As três garotas (...) não poderão dizer uma palavra do que não lhes for permitido. Concordam com ele, mas talvez a diferença de focos seja aproveitável. Além do mais, precisam dar chance e visibilidade a gente nova, como aconteceu consigo no início da carreira. Decidem que pedirão um esboço do que eles têm em mente, então decidirão se compensará. Entregam os papéis para as adolescentes e passam para outro assunto, mas este é rápido, se recusam categoricamente a assinar com uma marca picareta. A próxima é uma fábrica de instrumentos musicais (...) ligam para o escritório, autorizando marcarem uma reunião. Tudo pronto, vão para os assuntos internos, um deles é Marina, que foi flagrada pelo pai aos beijos com um garoto, na escola. Enzo e Sílvia precisaram se desdobrar para apagar o incêndio, mas não tiram a razão dos pais, o menino é novo na região e praticamente desconhecido. Os dois tomam a frente e vão falar com os pais dele.

Lá fora, Nancy recebe Deborah e Gerald. Vieram dar a Richard a notícia do primeiro sobrinho. Acabam de voltar do médico (...) hoje veio a confirmação. A alegria extra do homem é pelo castigo que os filhos fujões terão, porque a criança vai herdar sozinha o que lhe restou do patrimônio, que hoje inclui duzentos carros antigos de exposição e um museu com mais de mil itens.O médico é um ex-agente secreto (...) desta vez ele preferiu que o amigo tivesse uma surpresa. De outras coisas ele é o primeiro a saber, como os avanços do programa espacial americano e pesquisas para baterias tracionárias completamente novas, que estão quase que emperradas por causa da abundância e baixo preço do petróleo.

As gêmeas olham com estranheza, se perguntando “Tem uma criança aí dentro?” vendo os pais alisarem a barriga da tia. Elas (...) levantam a barra da saia, para verem onde está a criança...

- Were, mom?

As gargalhadas chamam a atenção dos seis, que largam as discussões tensas (...) para verem o motivo de tanta alegria. A massagista é carregada por eles para o sofá e dengada. Patrícia se ajoelha diante da tia e abraça-lhe o ventre, como fazia com a mãe. As gêmeas insistem em saber como a criança foi parar na barriga da tia, ela explica às irmãs o que aconteceu...

- Os dois queriam ter filhos, queridas. Ele tem um pininho e ela tem uma abertura, eles juntaram os dois, um pedacinho dele entrou nela, juntou com o pedacinho que já tinha lá dentro e formaram um comecinho de bebê, menor do que uma ervilha. Ele vai crescer, criar bracinhos, perninhas, cabecinha e assim que estiver pronto, ele sai.

- Pela boca?

- Não, pela aberturinha dela, como vocês nasceram.

- Eu não teria explicado melhor – diz Nancy.

- Agora sei que meus netos vão ser tratados como gente. Olha a cara do Chuck!

- Broto, a gente vai adoptar essa tua explicação, valeu?

- Ninguém precisa apelar pra obscenidades para ser sincero com uma criança.

- Honey, are you still reading those books?

- Yes, moomy. Why?

- Você está começando a falar como sua avó!

- True? Só um instante...

Leva as irmãs para o piano e pede que repitam seus movimentos, uma de cada vez. Ela já tinha começado com o aprendizado das pequenas, com cantigas da bélle époque. Em minutos, Renata chega com a pequena Eddie e a entrega, com um sorrisão enorme de quem sabe que ela não vai recusar. Patrícia não pretende ser uma reedição de Naomi (...) mas quer fazer ao menos um pouco do que ela fez pelas crianças da cidade. A iniciativa tem a adesão da banda inteira, rapidamente a casa fica pequena, a solução é formalizar o que estavam fazendo, seis meses depois inauguram a Naomi Petty Green Children Foundation, com atendimento a crianças especiais. É este o legado que queriam deixar à posteridade. Matthew esfrega nas caras dos detratores da banda a matéria (...) que fez com esmero e requintes de crueldade midiática, mostrando o quanto muita gente que poderia ajudar, declaradamente não dá a mínima (...) “This is the Dead Train”.

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O grupo dela tira A++. A experiência prática substituiu duas coisas que tomam muito tempo, a consulta contínua aos manuais e as tentativas (...) Enquanto eles podem sair, deixando o ambiente limpo, com os outros ainda tentando montar os hidráulicos simples, os três colegas de seu grupo a enchem de beijos, finalmente vencendo a resistência que tinham contra ela...

- Falem sério, o que vocês fazem fora da faculdade? Não praticam? Vocês não vão ter sempre um mecânico prático para fazer o serviço! Antes disso, ainda terão que apresentar um projecto de conclusão de curso! Vocês parecem que nunca pegaram areia para fazer um molde!

- A gente é... Bem, a gente tem compromissos quase todas as noites...

- Que se resumem a safadeza ou se trancar no quarto com livros de teorias.

- É... Basicamente isso – diz envergonhado.

Já vestindo o blusão dos Street Warriors, mas mantendo-o aberto, os convida para algumas aulas práticas na sua oficina. Pede que pensem bem na chance que estão recebendo e liguem, quando decidirem. O motoqueiro que a acompanha não disfarça os risos, diz que achou pouco (...) Os que não tiveram sua ajuda demoram a terminar a montagem, e um pouco mais a limpar a sujeira que fizeram, por ligar conectores com o óleo sob alta pressão. Esperam pelos outros cinco, para a panelinha de praxe do intervalo. Enzo e Silvia são os primeiros, ele rindo de pena dos outros, que acreditam (...) que podem enganar facilmente uma grande corporação apenas seguindo suas regras...

- É gente que nunca pôs a mão na massa, lê Maquiavel e pensa que pode dominar o mundo corporativo! Eles cairiam direitinho em todas as armadilhas que já evitamos, eu fiz o teste para confirmar!

- Então temos uma pandemia de teorismos retóricos. Pergunte aos meus colegas qualquer parâmetro de pneumática, eles te respondem na hora, mas peça para colocar em prática para ver! Ficam olhando a máquina sem saber onde liga.

Os outros chegam (...) Rebeca tem colegas que acham que simplesmente apresentar a constituição, já faria um criminoso pensar duas vezes. Ronald e Robert lamentam que candidatos a embaixadores acreditem que uma argumentação forte sempre será respeitada. Renata já identificou (...) gente que vê o paciente como mero objecto de estudos; se ele cometer suicídio, seria apenas mais um capítulo para um doutorado. Ela conclui, ouvindo os outros, que o mundo está perdendo da humanidade o que ela tem de melhor. Jeffrey se aproxima, recebeu um panfleto na rua, quando vinha para a universidade, o título “Caridade ou oportunismo?” precede um curto texto que tenta desqualificar a iniciativa da fundação para as crianças, sem indicação de um autor...

- Trouxe para vocês não serem pegos de surpresa. Não tem autoria, mas imagino quem seja.

- Então desembucha – diz Rebeca!

- Lembram daqueles três idiotas? Eles conseguiram entrar para uma faculdade de música, não a nossa, o empresário deles tem sido acusado de disseminar boatos e difamações contra músicos concorrentes.

Se surpreendem por eles terem conseguido terminar o colégio, mas difamar concorrentes sempre foi um dos expedientes preferidos daquele homem, ele simplesmente não sabe jogar limpo. Renata conclui novamente (...) o mundo está perdendo da humanidade o que ela tem de melhor. Voltam aos compromissos acadêmicos, que lhes mostram a imensa habilidade humana de voltar a reincidir em um erro pela enésima vez, mal o tendo cometido. Parecem não se importar com as conseqüências de seus actos, usando sempre o bordão “Nada pessoal, são apenas negócios”, no que Rebeca emenda sem medo com “Conversa de criminoso para atenuar a pena” (...) Felizmente tem uma carreira sólida e promissora como cantora, seu senso de ética afastaria a maioria absoluta dos clientes, mas sua intenção é assessorar a própria banda, como todos os outros.

Em Sunshadow, parte do bando de Chuck finalmente conhece Gregory. Josephine e Bartholomew acharam por bem mandá-lo para lá, pois um homem estranho estava rondando sua residência sobre rodas. Pretendem que fique por lá por um mês...

- Agora eu sei o que a Patty sente, Mrs. Gardner.

- Não vai durar a vida inteira, Greg. Na pior das hipóteses, ele já não é jovem e tem vida desregrada, vai morrer antes de todos nós.

- É um consolo, mas ser refém de um maníaco é como ser condenado por um crime que não cometi.

- Fica frio, irmão! A gente vai te acompanhar pra todo lado. Além disso, você saiu no lucro, vai ver seu broto todos os dias.

- Aliás, ela deve chegar logo, já estou ouvindo os motores.

Chegam. Patrícia e seu segurança descem da Fat Boy conversando sobre aqueles colegas (...) O homem até treme de medo de imaginar os carros que aqueles engomadinhos podem vir a colocar no mercado...

- Seu medo não é injustificado, por isso mesmo acredito que acabaremos importando mão de obra qualificada, especialmente a japonesa... Greg!

O rosto taciturno da moça se acende. Ela não quer saber o que ele faz ali, não antes de envolvê-lo completamente e sufocá-lo com um beijo. O assediador está conseguindo o exacto oposto do que pretendia (...)  Ela decide que ele vai aprender a guiar motocicletas, porque já aprendeu e amou. Tão logo têm seu descanso, ele tem as primeiras aulas, logo em uma enorme Harley Davidson Electrica Glide. Essas aulas viram um programa em Sunshadow, a vizinhança se amontoa para rir. A cidade nova os observa de onde (...) As praças arborizadas que envolvem a cidade velha deram saída à rua secular.

Gregory consegue aprender, mas precisa de prática para sair pela estrada, porque Patrícia pretende passear com ele assim que essa situação se resolver. Richard (...) observa os dois, feliz. Em uma tarde dessas, chama o rapaz, para ele ver sua amada domando uma enorme fresadora industrial, onde vários rotores de compressores são usinados ao mesmo tempo, suspensos em uma espécie de lança giratória. Ele não faz idéia do que seja todo aquele maquinário, mas fica impressionado com a habilidade industrial da amada. Alguns têm opcionais interessantes (...) motores eléctricos com embreagens (...) que fazem o compressor acelerar mais rápido do que o próprio motor do veículo, por poucos segundos, garantindo uma aceleração mais vigorosa, que é o que mais interessa em uma prova de arrancada.

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Nancy lamenta estragar a alegria reinante, mas Josephine acaba de ligar avisando que o motorhome de Gregory foi incendiado. Testemunhas viram um Mustang azul parar ao lado do veículo e alguém quebrar uma das janelas com um coquetel molotov. Não sobrou absolutamente nada do motorhome, o Mustang era furtado e foi (...) carbonizado. Têm certeza de que foi Conrad Petrus, que parece ter enlouquecido de vez ou assumido quem realmente é...

- Desta vez não, fogo – diz patrícia, cerrando os dentes e fechando os punhos. Greg, a gente se casa ainda neste ano. Vai ser um casamento de arromba, mas só vão saber quando a gente estiver em lua de mel. Mãe, a gente vai morar aqui mesmo, por enquanto. Esse sociopata que apareça aqui, para ver o que é bom! Vocês estão todos convocados! Pai, avise quem tiver que avisar, eu vou colocar o Dead Train ciente e em ação. Ninguém de fora deve sequer suspeitar disso, é segredo de Estado!

- Se lascou, hein, garoto!

- Você não volta mais pra Hollywood!

Os motoqueiros começam a rir e a jogar o jovem para cima (...) A banda faz com sua líder o mesmo que os guerreiros fizeram com Gregory. Josephine chega no mesmo dia, desce do Packard Super Clipper e já corre para abraçar a protegida. Estavam, naquele momento, planejando chamar os presidentes dos fã-clubes para uma reunião de urgência, mas só saberiam na hora que se trataria de seu casamento. Com filhos, por enquanto, não dá para arcar (...) mas ela faz questão de aumentar a família...

- Não precisa fazer essa carinha de pidona, Jose, você vai ser a minha madrinha.

Desta vez a diva é que (...) corre e grita pela sala e volta a encher a pupila de afagos. Ninguém esconde o sorrisão, mas ninguém toca no assunto. Os preparativos são conduzidos do mesmo modo como Naomi escondeu os livros que ganhou dos judeus, aproveitarão os compromissos ordinários para encobrir tudo. Primeiro reservam o novo centro de convenções da cidade, paralelamente à busca de alguém que celebre o casamento religioso, mas (...) ficam com um impasse, até Renata se levantar...

- Com licença. Já que fazemos questão de sigilo, eu poderia me oferecer?

- Você já pode celebrar casamentos?

- Eu também tenho meus bastidores, querida. Meus momentos de solidão não são para aliviar TPM, como muita gente pensa, mas para meditar a respeito de meus estudos doutrinários. Se me permitir, eu celebro o seu casamento.

É aceita de imediato. Patrícia sai imediatamente com a mãe, para reservar o centro de convenções, ela avisa que estão planejando uma reunião dos fã-clubes da banda, que haverá câmeras, imprensa e tudo mais. Marcada a data do evento, que será uma surpresa para o já eterno prefeito Daniel Stewart, também convidado. Agora vão telephonar para os fã-clubes do país e do exterior, por consideração, afinal sabem do empecilho que um oceano impõe.

Richard vê a chance de dar um ponto final ao drama, combina com seus colaboradores de deixar vazar a localização e um roteiro falso de lua de mel (...) escolherão um destino falso propositalmente de difícil acesso, para ser convincente. Enquanto isso, providenciará um motorhome novo para o genro, como presente de casamento, inspirado na gigantesca 4-4-4-4 da praça central.

No dia seguinte, na faculdade, a jovem e altiva mulher não disfarça a felicidade. Mais do que apenas se casar com seu amado, como se fosse pouco, dará um tapa na cara do maníaco; se bem que quer mesmo é dar-lhe uma surra completa, com direito a meses no hospital, antes de ele ir para a cadeia. Os colegas decidiram aceitar a ajuda, agendam um fim de semana para aprenderem na prática a profissão que escolheram, embora só um ou dois deles soubessem realmente do que o curso trata.
Ao redor do globo terrestre, os fãs tratam de espalhar a notícia do primeiro evento oficial dos fã-clubes. O escritório central passa o dia respondendo a milhares de ligações, confirmando para o próximo outono (...) O evento é extraoficialmente batizado de “The Sunshadow’s Dead Train Fan Week”. Milhares de fãs começam a contar as economias (...) e a reler suas coleções do almanaque da banda, não querem fazer feio se algum repórter decidir abordar algum desavisado. A imprensa e a imprensália ligam para Los Angeles, confirmam e começam a soltar artigos torpes, superficiais, cheios de folclores e fáceis de vender. Os negócios da banda se beneficiam disso, de carona também a assistência social do sexteto.

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