Autoridade. A estação 201 Mostra os ingredientes de uma liderança nascente, e a força da consolidada. Todos à bordo, o trem vai partir.
Mikomi conversa com Mary Ann na Maison (...) Falam das crianças, a
japonesa conta das travessuras de Nanako e Hiroshi, os dois se especializaram
em investigar boatos da internet (...) Melody, Tracy e Gina estão estudando tecidos novos, incluíram testes de
resistência e inflamabilidade. Sobre Sakura...
- Ela se tornou uma ponte entre ocidente e
oriente, está empenhada em deixar uma boa impressão de um lado para o outro.
Bobby já pediu para moderar, que ela está fazendo o trabalho de embaixadores.
- É uma garota responsável... Talvez demais...
Patty, meu amor, você tem notícias da Sakura?
- Tenho, tia, acabei de dar uma bronca nela,
por excesso de trabalho. Mandei o avião dar meia volta e ela chegará em alguns
minutos, para descansar.
O avião pousa e Mikomi está lá, com olhar
triunfal em seu vestidinho minimalista rosa sem mangas, esperando pela filha. A
leva primeiro para exames médicos, depois para (...) a casa da mamãe, onde recebe os cuidados de que necessita e adiou
indefinidamente (...) À tarde, após a
reunião chata, estressante e nem um pouco engraçada, os seis vão ver a moça.
Robert trata de afagar a filha e aplacar o aborrecimento...
- Já explicamos a todo mundo que você
precisou voltar para uma emergência médica. E não é que os exames revelaram
justo isso? Você não tem que carregar o mundo em seus ombros, isso é função da
sua tia Patty.
Finalmente ela consegue rir (...) Patrícia espera todos se
recuperarem e avisa à teimosa que a quer em plenas condições, antes de se
aventurar novamente pelo mundo, tentando promover a paz e o entendimento...
- Não é fácil como parece. Há muitas pessoas
que simplesmente não toleram a existência do outro, elas não vão te poupar se
você as deixar em paz, porque seu objetivo é ser o único grupo humano do mundo.
Não se iluda, minha querida, existem sim pessoas que se esmeram em ser
realmente más, e esses apelos de internet não as comovem, só alimentam seu
ódio. Bobby, vou ensinar alguns macetes para ela, assim que o médico liberar,
nem um segundo antes.
- Tá, eu entendi... Só uma perguntinha...
Como você fez o avião voltar?
- Eu mandei voltar e ele voltou, simples
assim. Tá pensando o quê, menina? A menininha mandona agora é a Phee, hoje eu
sou a princesa mandona.
- Se você mandar, por exemplo, explodir um
país...
- Nem brinca, Sá. Nem brinca. Tem gente que
leva muito a sério o que eu digo... Inclusive Hassam... Por isso eu não falo
com chefes de Estado, quando estou de mau humor.
- Acho que ninguém deveria negociar nada de
mau humor, especialmente assuntos de Estado.
- Mas eles o fazem. Eles o fazem.
O vôo foi retomado normalmente (...) À imprensa,
sabendo que se trata de Sakura Spring, só dizem que o excesso de trabalho
estava minando sua saúde. A imprensa, tendo em mãos o boato de quem teria dado a
ordem para o avião voltar, lucra horrores com polêmicas novinhas, quando as
antigas nem esfriaram ainda.
Na manhã seguinte ela começa o tratamento,
alguns problemas foram detectados em estágio muito inicial. Patrícia se dá por
satisfeita (...) Voltam à
programação normal. Conversam sobre negócios, falam de problemas que brotaram
do nada, começam a rir deles e terminam rindo de si mesmos (...) Sobre o trem morto, querem
saber a quantas andam as investigações sobre sua origem...
- Praticamente travadas. Ele tem tantas peças
de tantas origens, que não dá para dizer quem o fabricou. A falta da caldeira
agrava tudo. O último prefeito vendeu o que podia, para suprir o orçamento, só
não vendeu a locomotiva inteira porque apanharia.
- Por falar em locomotivas, lembrei de uma
novela brasileira! Oi, gente!
Zigfrida, linda em sua idade bastante madura,
chega se anunciando, arrancando risos da sobrinha outrora ranheta (...) A sueca
distribui abraços e sacolejos entre os seis, depois vai para as marroquinas,
abraçar e sacolejar até não restar nenhuma seriedade entre elas. Lady Spy se
esgueira por entre as pernas e pula no colo da psicóloga. Ela fala a sós com
Patrícia e Rebeca, enquanto Ingrid conta a triste história de Asma...
- Um problema com religiosos, é que muitos
têm uma espécie de interruptor subconsciente, uma vez acionado ele desliga
parcial ou totalmente o discernimento. É o que acontece com muitos fiéis dessas
igrejas que te perseguem, basta o pastor dizer uma palavra-chave, após a
preparação, que eles entram em uma espécie de transe e têm seu próprio
julgamento substituído pelo do pastor. É assim com qualquer radical, de
qualquer religião e, nos últimos tempos, até com alguns ateus. Qual a má
notícia? Nossas amadas marroquinas, apesar dos esforços de Hassam, tinham os
seus. Fraquinhos e extremamente limitados, mas finham. Qual a boa notícia? Esse
interruptor pode ser removido e trocado por uma ligação directa, o que elimina
sua ação de uma vez por todas. Foi o que eu fiz com elas. Não quis te assustar,
por isso trabalhei em sigilo, fiz os testes e agora elas estão plenamente aptas
a viver e conviver no ocidente.
- O que poderia ter acontecido?
- Nada de grave, justo porque Hassam fez um
trabalho magnífico, mas aborrecimentos e constrangimentos seriam inevitáveis...
e claro que você, tendo mostrado desde o começo quem manda, inibiu essa
tendência.
- Valeu... Você sabe que peguei amor nessas
meninas...
- Seguindo a philosophia de um menino por quem
pegou amor desde o começo, sim, eu sei. Agora, elas já tiveram problemas,
falando com quem ficou em Marrakesh?
- Não dá pra não estranhar. Elas eram donas
de casa, as mais novas estavam se acostumando a ser donas de casa, mesmo com
profissões possíveis pela frente, agora temos seis delas independentes e donas
de seus narizes, três estão de caso com ocidentais, um deles judeu e o outro
ateu, e as três já garantiram que vão se casar e procriar. Imagine a fofoca que
deve estar rolando! Muita gente já deve considera-las apóstatas.
- Xiiii... Ok, aqui elas estão seguras, mas
não podemos fazer de Sunshadow uma bolha de sobrevivência.
- De boa, mulher, a gente avisa nossa gente e
a América inteira fica de olho nelas... Igual a Patty de olho na Sá, mandando o
avião dar meia volta, ra, ra, ra, ra, ra...
- Assumindo sua coroa, majestade?
- Foi necessário. Eu conversei com médico
dela, antes de tomar aquela decisão.
- E aquele pouso secreto do Air Force One?
Também foi após consulta médica?
- Não brinca, Mascote! Deus sabe o que
aconteceria, se aquele avião caísse, principalmente em área residencial... Que
choro é esse? Yasmin!
Ela quase arromba as portas da biblioteca e
corre para o jardim. Ingridi acabara de contar a história triste de Asma (...) Todas estão tristes, entre menancolica e
chorando, mas o choro enlutado e escandaloso é o dela. Patrícia a pega no colo
e leva para dentro, onde a nina até ela se acalmar. É um alívio ver em seu colo
o que Zigfrida lhe disse (...) Decide
que é hora de todas elas, antes que as mais velhas se casem, lerem o diário de
Naomi.
Nesta noite (...) Phoebe lê para elas como se fosse uma historinha de ninar, mas com
factos históricos (...) Ela aproveita para as filhas também ouvirem. O tom carinhoso e
severo Patrícia reconhece, era como sua avó falava consigo. A moça aproveita o
efeito de memória falsa para integrar melhor as marroquinas à família. Na
terceira noite de conto, elas já se sentem descendentes de Naomi. Zigfrida fica
espantada, aquela moça a surpreende sempre, mas não se acostuma com as
surpresas. Ela usou o tom certo para cada uma em cada momento, leu com o
cuidado necessário e não excedeu as páginas necessárias, para poder comentar o
conteúdo.
Nancy nota a mudança de reverência para com
sua mãe (...) agora falam dela como sua
ancestral (...) A matriarca
deixa-as com as crianças e vai ter com a bisneta, na fábrica. Vê um anel de
metal soltando vapor frio com uma Supergirl clássica de metal flutuando embaixo,
orbitando o suporte central. Ao lado está uma espécie de geleca translúcida que
muda de forma, aparentemente com comandos do aparelho que a suporta.
Decididamente aquilo lhe parece um laboratório de cientista louco, mas é o de
Phoebe. Vê a bisneta montando uma turbina de reação, que pretende que produza
pelo menos 1000kg de empuxo. É o primeiro protótipo funcional da Gardner...
- Vovó!
A engenheira competente e eficiente dá lugar
à bisneta meiga e carinhosa. Ela apresenta a alvorada de uma nova era para a
fábrica e para a família. Aquilo, explicando à bisavó, não só parece como é uma
turbina de avião, mas com alguns aprimoramentos (...) Já conversaram com
a fábrica, o próximo Airtrain terá turbinas Gardner. Richard chega, alertado
pelos funcionários e tem alguns minutos quentes com a esposa, depois ele
explica o que farão após os testes, então ela explica o que veio fazer...
- A Phee integrou de vez as nossas novatas à
família. Eu não imagino um modo de agradecer por isso, nunca vi aquelas meninas
tão radiantes e tão felizes em falar de mamãe!
- Não me surpreende, ela faz o mesmo aqui,
com os funcionários. Temos dez imigrantes que ela ajudou a se adaptarem ao
nosso modo de vida, foi incrivelmente rápido. É a sucessora da Patty!
- Você tem falado com o Elias?
- Todos os dias, praticamente... Até porque o
Albert está protegendo ele, então eu sei até do que não pergunto. Fora que a
Pancada fala no pai sempre que se lembra dele, qualquer motivo serve.
- Isso explica... Como você está no
aprendizado cabalístico?
- Eu precisaria de um rabino experiente, para
me avaliar.
Ela consegue. Itzhak traz o de sua sinagoga (...) Ficam seus
parceiros ao redor, acompanhando o diálogo, inclusive Nancy. O rabino muitas
vezes se esquece que está falando com uma garota não judia, que poderia ser sua
neta ou até bisneta. A conversa termina com o sacerdote aturdido, mas Nancy
está perfeitamente esclarecida, Phoebe conseguiu igualar a sabedoria de Naomi,
embora ainda tenha todo o frescor juvenil em seus trejeitos.
&
Quase um mês de intervalo até o próximo show;
os seis aproveitam para adiantar assuntos e dar recados a picaretas, ainda há
gente querendo perder as calças. Robert cita o caso de um sujeito que abriu
seis contas bancárias em Estados diferentes, para tentar enganar a corporação e
desviar o pagamento a fornecedores. As coisas iam bem para ele até começar a
agir, o departamento financeiro ligou imediatamente para o parceiro, antes de
fazer o depósito (...) Vão para a situação da propriedade em Marrakesh,
que está com as obras a pleno vapor, apesar de tudo...
- O problema é todo cultural. Não há qualquer
inconveniente de outra natureza, por isso o treinamento tão rigoroso dos
funcionários – diz Patrícia.
- A situação lá não está muito boa para
turismo.
- Não, Bobby, não está... Mas tem gente que
visita o Marrocos assim mesmo, visita a Turquia, até o Irã! Mas o grosso do
negócio será o de espaço para repouso mesmo, talvez se torne uma clínica... E o
bunker será um ítem de segurança para qualquer eventualidade... Provavelmente
será necessário.
- Desfranze! Desfranze! Isso, desfranze a
testa... Pronto... A gente não pode fazer nada mais, Super Patty! Vamos focar o
que pode ser feito, certo?
- Certo... O museu. O pessoal do Veteran Car
club quer conhecer o meu acervo, eu penso em trazer o presidente do clube em
breve, e uma excursão de antigomobilistas durante o festival da saudade. O que
acham de um bom argumento turístico?
Conversam e planejam, depois vão à copa
forrar os estômagos. Luppy os observa de olhos arregalados, pensativa,
preocupando a patroa, até que sereniza a expressão e solta...
- Eu percebi que estou ficando doida quando
comecei a entender o que vocês falam.
A copa espera um pouco, até os seis
terminarem de rir. Eles começam com a algazarra, carregam a moça pela sala,
jogam-na na piscina e pulam em seguida (...) ela está se tornando apta a passar de empregada a colaboradora.
Não muito longe, aproveitando um intervalo
entre aulas, Aisha medita sobre a leitura do diário de Naomi (...) Vê as irmãs no karaokê, normalmente estaria lá, mas agora está introspecta
demais e não quer perder a linha da introspeção. Volta ao mundo quando é
chamada para a aula de biologia. Quando voltam para casa, Patrícia e Sanaa
tomam conhecimento. A jovem postulante a escritora fala das muitas idéias que
desfilaram em sua mente ao mesmo tempo...
- Amor da vovó tem uma queda pela psicodelia!
O que você descreveu se parece com o álbum Sargent Pepper dos Beatles.
- Conheço... Mas nunca ouvi. Tem?
Ela vai à jukebox e põe o som, a
identificação é imediata. Já tem um nome para seus delírios, agora sabe como
chama-los e puxá-los pela orelha (...) Quando vai
com Sabaya ter aulas práticas com as tias, é felicitada por ter descoberto seu
estilo, e convidada a escrever com a irmã algo a respeito...
- Agora?
- Tem algum encontro marcado? Não? Então é
agora!
Mãos ao teclado, as duas, as louras vão
seguir os métodos da avó e acelerar as aspirantes, que carregarão pedra morro
acima pelo resto de suas vidas.
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