sexta-feira, 15 de março de 2019

Dead Train in the rain CLXXXVII

    Lealdade e sonho. A estação 187 mostra o quanto é precioso e necessário preservar e nutrir esses dois elementos. Se importem e embarquem, o trem vai partir.

Lola e Dean folheiam um catálogo de móveis. Victoria ainda está de cabelos em pé, mas já conformada e preparada para esse casamento maluco (...) o modo como tudo aconteceu e a mudança drástica de temperamentos são os motivos da desconfiança...
- Vou ver seu tio. Vocês dois, comportem-se.
Nunca pensou que fosse dizer isso. Anda algumas quadras e ainda encontra o irmão congelando as massas que fez com Silvia. Logo mais eles têm uma reunião de negócios com os outros. Já fizeram vinte shows, têm mais treze até outubro, fora entrevistas e afins...
- Não tem mais o que fazer, Vick, esses quatro encasquetaram e vão se casar! Eles sabem no que estão se metendo.
- Eu não reconheço a minha filha naquela mulher, Enzo!
- Tem gente que parece estar parada na vida, mas é como uma semente hibernando até a chuva cair. Aqueles dois malucos foram a chuva que as duas estavam esperando. É como a parábola “É preciso morrer para viver no reino do céu”. Semente que brota, deixa de ser semente, você e sua irmã precisam se conformar com isso.
- A gente reclamava que elas eram apagadas... Acho que estamos reclamando demais...
- Estão. Quando vierem os netos... Ah, você vai se sentir muito bem em estar envelhecendo!
Consegue tranqüilizá-la. Ela vai transmitir à irmã o que ouviu, enquanto o casal vai à Máquina de Costura. Vão à reunião, acenando para o público e os paparazzi (...) Estranham, os turistas, mas os cidadãos explicam o hábito de se conversar pessoalmente sempre que o assunto for importante. Os casais começam assim que eles chegam...
- Continua falando mal dele! Vai!
- Esconde os chocolates, o bicho papão chegou...
Começam a tirar sarro. Vão dez ou quinze minutos até começarem a trabalhar. Mikomi começa, diz que oito adolescentes fundaram uma banda de discoteque, na esperança de isso os convencer a fazer um show no Japão...
- Jura? Que fofo – exclama Patrícia! Fala mais!
- O nome da banda, traduzindo livremente é “A Década Louca”. Eles cantam sucessos consolidados, mas têm seu próprio repertório, sempre no estilo disco.
Vão às redes sociais, caçar esses garotos, e lá estão eles. Têm já seus próprios fãs e alguns shows agendados, a coisa deu mais certo do que esperavam (...) Os seis entram na página deles e deixam mensagens, afirmam que vão incluir Tóquio na agenda deste ano. É festa no Japão...
- Eles responderam! Michiko, eles responderam!
- O Dead Train? Venham todos, o Dead Train nos respondeu!
- Eles querem que escolhamos uma data até Outubro!
- Nós marcarmos? À nossa escolha? Que honra!
Escolhem o último prazo disponível e eles aceitam (...) Passam para os negócios corporativos, e os semblantes se fecham. A primeira picaretagem é um distribuidor de combustíveis que tem atrapalhado seus fornecedores (...) Ele faz terrorismo psicológico contra os pequenos fornecedores, de forma tão sutil quanto cruel. Silvia mostra a campanha publicitária que bolou para o próximo ano, que se encaixa bem na necessidade de dar segurança aos colaboradores...
- “Você ainda não trabalha com a Dead Train Corporation? Não? Tem certeza? Você já pode ser nosso colaborador há muito tempo e ainda não se deu conta”. Terminaria com “Na família Dead Train há sempre uma poltrona para você, em nossos vagões”. Tudo muito familiar.
- Mel, quero que mande um recado a gente que ainda não sabe que trabalha pra gente... Tem gente que não passa de uma porta aberta à beira da estrada, mas quero que os inclua, eles já socorreram nossos caminhões muitas vezes...
No Colorado (...) um mecânico de meia idade recebe no mesmo dia uma carta timbrada, customizada, com letras cursivas e um envelope pesado em anexo. É um agradecimento pelos sete serviços honestos e bem feitos em socorro aos caminhões envolvidos em pequenos acidentes, com os autógraphos dos seis e um código a ser confirmado por e-mail (...) O envelope traz uma placa de aço galvanizado com o emblema da banda e a iscrição “Colaborador Dead Train #15FL156RS150SS” em branco gelo, contrastando e combinando bem com o fundo verde musgo e preto. Ele instala a placa na hora (...) Até a noite aquilo enche de hot rods e rat rods, querendo uma revisão rápida após o dia de farra.
No início da noite, para encerrar os trabalhos, Patrícia e Renata tratam de um assunto tão delicado quanto amado por todos...
- A gente quer a ajuda de vocês, estamos pegando muito pesado com a Phee – diz Renata.
- Ontem, após uma conversa com nossas mães, vimos que estamos pegando demais no pé dela... Pedir desculpas é muito fácil, neste caso é tão fácil quanto inócuo. Precisamos que todos estejam por perto, até ela dar à luz, para evitar acidentes.
- Mas a gente quer ver de novo aquele sorriso dela, por favor, ajudem-nos!
Phoebe está com Sandra, combinando o que farão quando Aretha nascer, com livros que ganharam daquele brasileiro maluco com cara de Matthew em mãos (...) Lá fora, Norma monitora as brincadeiras do neto com as gêmeas. Quando se dá conta, estão falando de termos técnicos e científicos, tão presentes em suas vidinhas. Ela chama a mãe das meninas, que fica encantada com o entrosamento dos três. Vai trazê-las e pedir a visita dele mais vezes.
&
Elias vistoria cada milímetro, nem mesmo o espaço entre azulejos é ignorado (...) Vai para casa passando entre expositores que demarcam seus espaços, com a planta e as medidas concedidas em mãos. Encontra a família se preparando para a última refeição do dia (...) Nas redes sociais, a página com a simples mensagem “Mais um colaborador Dead Train” espera para exibir seu conteúdo, enquanto os fãs espalham o suspense.
Acordam no horário de sempre, vão ao treinamento e voltam  para se prepararem. As barracas estão quase todas prontas. Os primeiros turistas e negociadores começam a chegar, quando vêem uma pequena multidão ir para o shopping (...) Patrícia está à frente dela, é toda a família Dead Train indo para a inauguração e chamando as pessoas. Elias está lá (...) As páginas da loja na internet finalmente se abrem, para o deleite dos vintagistas, que vomitam arco-iris pelo mundo. Ele sai à entrada da loja, desejando sorte aos empregados. Vê a madrinha de longe, atrás dela uma multidão de familiares, amigos, populares, turistas e paparazzi. Está quase na hora, a orquestra e o corpo de balé estão prontos. É o sonho de infância que está prestes a inaugurar.
Não tem firulas. Quando dá a hora, ele acena, as portas se abrem e no ringue de patinação tem início o espetáculo, que dá o tom da loja (...) Assim, com festa e deslumbre, nasce a Vintage Way of Life. Patrícia vê seu menino com um início de sorriso no rosto, coisa raríssima de se ver em público. O público, aliás, o cerca, acompanhado de paparazzi (...) “Sonho de infância” é tudo o que responde.
A ausência de marcas famosas é notada de imediato (...) O padrão de qualidade e acabamento é alto demais para a maioria das grifes, tem muita gente boa que não conseguia espaço em grandes lojas, mas agora fornece para Elias. Ele percorre os corredores, vai ao escritório e vê tudo pelas câmeras de seguraça, volta aos salões de vendas, passa pela seção de automóveis e peças, onde Chuck namora uma panel van com espaço e trilho para uma motocicleta. Está tudo correndo muito bem, vai cuidar para que continue assim.
Recebe propostas para franquiar. Empresários que estavam na cidade para o festival, viram uma boa oportunidade e querem participar dela...
- Por agora eu quero consolidar a marca, mas está nos meus planos fazer parcerias para filais.
- No estilo das concessionárias de carros?
- Nesse estilo.
- Podemos marcar uma reunião?
Agendam. Patrícia e Sandra rapidamente (...) se incluem e aos demais membros da banda na reunião. Algumas modelos pin-ups contemporâneas vão parabenizar e tirar photos ao lado do idealizador (...) Blogueiras retrô transmitem ao vivo para seus canais, enquanto as divas do retrô se amontoam para posar ao lado do rapaz... com Enya ao lado, em um vestido minimalista xadrez amarelo, estilo fins dos anos sessenta. Seu pequeno e precioso marido ficou muito solicitado para o seu gosto.
No fim do dia, com uma contabilidade bem acima do esperado (...) vão dormir. Cansados, mas felizes. Os empregados voltam tão felizes quanto para suas casas (...) Praticamente todos eles apareceram na mídia, mesmo que por poucos segundos. Bart chega na manhã seguinte, após os treinos e vai falar com o empreendedor...
- Eu nunca pensei que fazer filmes de época pudesse ser tão fácil e barato! Não é por você ser da família, você sabe que eu não passo a mão na cabeça, mas a sua iniciativa realmente vai facilitar muito nossas produções, por isso eu gostaria de propor um convênio ou uma parceria, o que for mais conveniente para você...
- Pode ser os dois; o convêvio para os funcionários dos estúdios e a parceria para as produções. Sou todo ouvidos.
Com quem quer trabalhar a sério, ele é bastante flexível. Conversam durante um passeio pelos quatro pavimentos da loja, com paparazzi mal disfarçados logo atrás e Klauss ao lado (...) empenhando-se na confiança depositada. Ligam para Parícia, vão à Máquina de Costura, onde todos os envolvidos dão sinal verde (...) Arthur em especial fica ainda mais feliz, seu trabalho e o da Culture Train ficam muito mais fáceis e baratos. Ninguém precisa encomendar isso ou aquilo a preços exorbitantes para artistas de egos inflados, basta ir à loja (...) Hollywood divulga a parceria, desafetos começam a roer seus cotovelos e denunciar favorecimento, Bart manda todo mundo tomar supositório tamanho gigante e volta ao seu trabalho, com as photos que tirou com as bisnetas.

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