Dead Train in the rain CXCV

    As marroquinas marrocando na América. A estação 195 inicia a ambientação das novatas na cultura americana. Aprendam com elas e embarquem, o trem vai partir.

Naomi se acostuma com o ritmo dos shows e suas rígidas regras alimentares (...) Lá na frente está a tia Patty, fazendo coro com tia Mascote e sua mãe, enquanto Enzo canta o que já é o hino de Sunshadow...

- Still is your home... Woooo-oooo. Woooo...

- Back to Sunshadow now, were your home stand by you...

O público canta junto, sabendo que eles não vão parar de cantar por isso (...) A banda desce aos bastidores para receber os cuidados de massagem e hidratação, então seguem todos para o hotel. Renata mantém Naomi bem junto, quase fazendo-a dormir em pé.

Antes de ir dormir, Patrícia se certifica de estar tudo em ordem com as meninas, primeiro liga para Nancy, depois para elas, para pegar qualquer contradição. Ter Elizabeth e Prudence lidando com elas é uma boa notícia, mas não é de todo uma notícia tranqüilizadora (...) Elias passa pela Máquina de Costura para dar a última olhada nelas...

- Nós estamos bem, primo, praticamente já nos adaptamos à nova realidade.

- “Praticamente” e “efetivamente” não são necessariamente vizinhos, Sanaa. Você pode ensinar um camelo a andar sobre mármore e beber suco, ma ele nunca deixará de ser um camelo. Não forcem suas naturezas.

Ela vai dormir pensando no que ouviu. Se a mãe (...) as aceitou do jeito que são, não precisam se esforçar demais para agradar aos de fora  pode seguir o estilo de Carly, opções não faltam.

Chegam a Baltimore em ritmo de turnê, em um ano que não tem turnê (...) Lá há um pequeno grupo tentando levantar polêmica sobre as marroquinas, mas os cidadãos estão fartos da pecha de racistas, não querem mais uma (...) Ter em Ronald a união até agora improvável de grupos vistos por muitos como imiscíveis, aumenta a polêmica. É um negro nobre, amigo íntimo de texanos e se dá muitíssimo bem com a polícia. Alguns drones filmam de ângulos privilegiados, mas não se aproximam do hotel, há homens com lançadores de redes para intercepta-los.

No auditório, Phoebe expõe o que ouviu sobre as novatas da família e as amizades de Ronald...

- Vocês sabem que as coisas aqui estão esquentando, e os buchichos de teor racial foram mesmo esses. Gente se perguntando se essa “invasão” marroquina não vai acirrar mais os ânimos, porque até imigrantes teriam mais chances neste país do que negros.

- Teremos que tocar no assunto, mas não pode ser de qualquer jeito ou o tiro sai pela culatra – diz Ronald. Bobby, vamos ter um papo depois.

- Vamos. A gente pode falar daquele vizinho idiota, que mandou os filhos pra dentro quando te viu comigo, no quintal.

Conversam lá mesmo, com todo mundo participando. Após o almoço, na coletiva (...) eles têm o gancho para contar a história. Arrancam risos e arrematam “Era estupidez naquela época e é estupidez hoje”...

- Você não pode impedir alguém de ser idiota, mas pode fazer com que hesite em colocar essa idiotice em prática – diz Robert. O melhor que você pode fazer contra qualquer idiotice, é não ser idiota e rechaçar qualquer sugestão de idiotas.

- Eles sabem fisgar alguém nos seus pontos fracos, mesmo que seja uma exaltação por uma indignação legítima. Manipular uma pessoa indignada e furiosa é muito fácil – completa Ronald.

A curiosidade a respeito das novas filhas e netas de Patrícia continua, e a neta biológica cai na dança. Ainda há uma mais atenta que pergunta a Renata sobre a garotinha que tem acompanhado a banda nessa turnê...

- Sim, é Naomi. Ela é uma criança sensível e a falta da mãe estava se tornando pesarosa.

- Algum problema? Depressão...

- Não, ela está bem e é para continuar assim que a carrego comigo.

A (...) acordou e não conseguiu mais pegar no sono. Klauss e Matthew cuidam dela nos bastidores, até a coletiva terminar. Quando termina, Renata fica surpresa em encontrar lá a caçula, de olhos arregalados e sorriso esticado. Não fica brava, mas gostaria que ela estivesse descansando (...) Vão para o estádio, precisam vistoriar para fazer a sintonia fina do ambiente. Renata fica nitidamente preocupada ao perceber que a caçula consegue ver o mesmo que está vendo (...) Eddie vai à irmã, conhece aquela cara...

- Não grila, tá! Ela está aprendendo com você a se comportar.

- Tomara. Não quero que ela perca a infância.

- Não vai perder. Nah, vem aqui!

A menina corre serelepe à tia e recebe uma rajada de cócegas (...) À noite, a sós, Patrícia diz que não está desapercebida de sua aflição, pede que a deixe mais tempo com Phoebe, as idades são mais próximas e a moça tem o bônus da maturidade.

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Amina leva as filhas para a escola de balé (...) Matricula-se e às duas. Tudo corre bem até que ela solta “Sou veterana em dança do ventre e nunca pisei num tablado de balé, acredita?” e Mandy olhar arregalado, esticar o sorriso e...

- Pode dar uma demonstração?

Sem compromisso, inocente, coitada, ela seleciona uma música do acervo da escola e simplesmente arrasa! A nobre corre para o escritório, imprime um contracto e decreta...

- Você não vai pagar um centavo para ter as aulas de balé clássico! Você vai ser paga pra estudar aqui, desde que assine isto!

Ela lê com o cuidado que o falecido lhe ensinou, liga para casa, Patrícia solta um “WOOHOO” que dispensa explicações (...) e as três marroquinas conseguem seus primeiros empregos. Imediatamente a fidalga anuncia a inclusão de três especialistas em dança do ventre, nascidas e criadas onde ela é levada a sério, não como exibição exótica e erótica (...) A demanda reprimida era grande, as professoras de balé clássico faziam o que podiam. Pretende abrir mais turmas de danças folclóricas e regionais, assim que encontrar gente qualificada.

Em casa, Patrícia e Athur reúnem as meninas para um festejo, as mais velhas logo avisam o pessoal de Marrocos da novidade, eles ficam orgulhosos (...) Aos poucos as adultas ganham o respeito da cidade (...) A caçula da turma vê Phoebe de carona com Albert, no Mercury...

- Aisha! Aquela não é a Phee, indo na direção da maternidade?

- Woohoo!

Correm para avisar os outros e logo o ambiente está cheio. Aretha não dá problemas, nasce de parto placentário com classe e dignidade (...) Desta vez não há traumas, mas há espanto. Phoebe se levanta em minutos, sem qualquer sinal de que deu à luz, e a menina com a carinha já bonita, sem se aprecer tanto com um joelho. Saem após recolhimento de material para exames e estudos genéticos, e claro, da primeira mamada. A imprensa vê, pasma, mãe e filha saírem como se uma não estivesse dentro da outra há menos de uma hora...

- Vocês não estão menos surpresos do que eu – diz Patrícia, que acompanhou o parto.

- Mas... Patty, essa moça é humana?

- Well... Às vezes tenho minhas dúvidas... Ela é minha neta.

Foi tudo tão rápido, que quando Josephine chega, a menina já está no seu primeiro sono fora do útero, em seu quartinho. As irmãs, em silêncio sacro, a observam curiosas (...) As bisavós cercam seus rebentos, que cercam seu rebento, que acaricia sua caçula. Ann e Roger chegam no fim da tarde, empolgados (...) Albert nem consegue falar, só tem olhos para a pequena, ouve atento sua respiração (...) Aquele homem não recuou no fogo cruzado, não se intimidou com uma emboscada e inimigos em maior número, não deu nem importância à infantaria inimiga. Agora se ajoelha e quase chora diante de um bebê. Tão pequenina, tão poderosa!

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Lobsang pula e rosna entre Amina e o atrevido que tentou puxar o hijab dourado que ganhou da mãe (...) Um paparazzo o reconhece como “religioso militante” de uma igreja que tem a nota fiscal de compra da verdade, Carly também o reconhece, é da igreja de sua tia. Evelyn controla seu cão e o atrevido empalidecido recebe um ultimato, da próxima vez o mastim vai fazer-lhe uma troca de sexo na marra. Vão para a Máquina de Costura quando se certificam de que ele foi embora...

- No oriente médio os cães não costumam ser bem vistos. Que ironia justo um ter me protegido!

- E vai proteger sempre que estiver por perto. Você tem medo?

- Um pouco. Eu nunca tive contacto directo, até vir pra cá.

- Então vai se acostumando, eles percebem e sabem tirar vantagem de nossos medos.

Carly fica calada, aborrecida. Não queria mais ter conversa com a tia, mas se esqueceu do monte de seguidores cegos que ela tem. Vêem Phoebe também indo para a casa da avó, com Aretha nos braços e Spark escoltando (...) Os dois descansam no jardim da frente (...) como que se comunicando por resmungos. Beef chega e se integra à roda, completada por Lady Spy, os três ouvem as reclamações do gatão contra turistas sem noção e principalmente paparazzi atrevidos. Mesmo um pouco longe, seus olhos de caçador monitoram a entrada de sua casa. Lá dentro...

- Amor da madrinha não precisa ficar assim, seu parentesco com aquela procarioteca foi um incidente. Vocês vão receber os gadgets da nossa marca, devem chegar ainda nesta semana. Vou ficar mais tranqüila sabendo onde e como as onze estão.

- Iguais aos seus?

- Os mesmos. Mas devo lembrar que eles são feitos com uma tecnologia especial, só nós temos, por isso são feitos sob demanda e são muito caros. Tomem cuidado com eles. Agora, o que você comprou?

Ela mostra o vestido para o casamento de Sandra e Giovanni (...) A presença dos pais biológicos não causa estranheza (...) as semelhanças com a moça ainda não chamaram atenção. Os dias serelepes trazem o grande acontecimento com todo o poder e o humor estranho da relatividade. Ninguém acredita que já é, mas é o dia de os dois desocuparem de uma vez suas casas e começarem vida nova. O Cadillac Fleetwood Imperial 1931 V16 é novamente o escolhido para o translado da noiva.

Elias cedeu à vontade da filha, que quer tudo a que tem direito. Usa fraque, luvas e cartola (...) Moema e Valdomiro estão se admirando com tudo. Eduarda e Renato os acompanham, apresentam e intermediam conversas. O casal ficou por horas diante da 4-4-4-4, impressionado com o porte e imaginando como teria sido na sua época de serviço, (...) Agora estão na primeira fila, na casa do noivo, esperando pela primogênita. O paparazzo convidado chega à Rebeca...

- Eles são muito parecidos com a Sandra!

- Deixa pra espalhar depois que eles voarem, são os pais biológicos dela.

- My god... Como? Onde? Quando? Por quê?

- Fica na sua, Billy, a gente conversa depois.

- Falou! Mas tá tudo bem entre eles e o Elias?

- Tá, ele aceitou de boa, nos surpreendeu... Desconfiado, mas de boa.

Anunciam a chegada do Cadillac. Renata, Marcia e Phoebe se posicionam. Naomi fica sentada, mas também no altar (...) A marcha nupcial é iniciada e todos se viram para trás. De modo algum aquela figura angélica e sorridente parece ser a agente mais violenta e perigosa da organização (...) Olha com carinho para os pais biológicos, encantados com aquela figura esguia e altiva que só pelos traços lembra os irmãos. Não há muitos trâmites, assim que se beijam a festa começa, com direito a jogar o buquê e ele cair no rosto de Suha (...) Durante a confraternização, o paparazzo se aproxima de Sanaa, os dois conversam e ele toca em um ponto que parece ainda não ter sido tocado...

- E a sua mãe, com tudo isso, ainda não deixou claro que agora vocês também são princesas?

- Não... Mas mesmo sendo ilegítimas?

- Vocês não são ilegítimas, ela foi nomeada sua tutora, as adoptou e vocês têm os mesmos direitos da Prudence, por exemplo.

- Ele está certo, meu amor. Você é mais esperto do que parece, Billy! Não que isso vá aliviar suas barras, mas vocês também são princesas, Sanaa Alander.

- Hassam nunca nos tinha dito isso! Eu não acredito, devo estar sonhando!

- Vocês é que se tornaram um sonho para nós, minha filha. Aquela casa ficou muito mais feliz com vocês fazendo bagunça.

Leva os dois para o centro nervoso da festa, onde Sandra é celebrada por finalmente unir todas as famílias que formam o Dead Train. Ela volta grávida da lua de mel. Carly e Klauss são os próximos.