A criatividade de Phoebe. A estação 186 põe novamente a criatura mais doce de Sunshadow no centro das atenções. Todos à bordo, o trem vai partir.
Os protestos explodem no Brasil. É o que
Patrícia disse, no começo tudo parece lindo, mas grupos radicais e partidários
estragam o que deveria ser uma pressão eficaz (...) Ficou pior do que imaginava que seria. Desliga o canal, vai ao
coreto e se põe a meditar. No coreto de sua casa, Elias tem a mesma reação,
após ver o que está acontecendo e se certificar que Fabrícia está bem. Os dois
entram em depressão e mergulham em seus infernos pessoais (...) Suas expressões são severas, pausadas as
respirações e olhares fixos em cenas que só eles vêem. Arthur decide tirar a
prova...
- Senhora Spring, bom dia... Uma pergunta:
Elias está no coreto, meditativo?
- A Patty também?
- É, também... Queria saber a senha do wifi
deles... Ele viu o noticiário sobre o Brasil?
- Viu e ligou para a funcionária em São
Paulo... Ela contou horrores.
Ele liga para as filhas e ela para Kurt, os
dois precisam de seus netos por perto (...) as crianças
conseguem aliviar a tensão comum em suas frontes. Ele leva Stanley para a
Máquina de Costura (...) Quer falar com a madrinha sobre os acertos finais para a Vintage Way of Life.
Ela está conversando com Arthur justo sobre ele...
- Hey, o roteador chegou! Qual é a senha
entre vocês dois?
Agora eles conseguem rir, as crianças riem
por contágio. O rapaz é directo, quer evitar que as turbulências ofusquem a
inauguração da loja, por isso pensou no festival da saudade para o nascimento
da marca. Ela (...) Chama os outros, precisam tratar com o treinamento dos
funcionários (...) Alguns dos
recrutados são vintagistas reprimidos em seus antigos empregos, agora poderão
trabalhar vestidos como gostam de se vestir.
Planejam, enquanto Elizabeth e Prudence
aproveitam a mãe cuidando de suas monstrinhas para incluir o tema “protestos de
rua” no próximo livro (...) Há a hipótese de contarem a história das mulheres cativas (...) verão isso, há muito
tempo até o século XX. Por agora se ocupam em inserir alguns momentos de
intensas risadas para seus leitores. Empolgam e fazem um capítulo inteiro para
causar dores abdominais.
Vão ver se Colleen e Natasha deixaram alguma
parede de pé. Encontram todos ainda concentrados na estréia da loja, com as
pequenas dando pitacos na seção da era atômica (...) querem atenção especial para foguetes e
discos voadores na seção de brinquedos retrô. Luppy sugere um micro-ondas como
aquele que viu em uma revista antiga, que se parecia com uma luminária suspensa
no teto, com o alimento na bancada...
- É meio perigoso. As micro-ondas se
espalhariam, é preciso algo para detê-las.
- Que pena, é tão estiloso!
- Ah, isso é! Mas um aquecedor térmico de
alimentos nesses moldes é possível...
Ficam até a noite planejando tudo, mas com
leveza. Pela manhã (...) finalizam, agora
é com os fornecedores. Avisam Phoebe que pode providenciar o que lhe cabe. Ela
está concluindo a versão definitiva das turbinas (...) A intenção é transformar Sunshadow em um centro de excelência aeroespacial
em vinte anos, de imediato querem fabricar drones profissionais de alto
desempenho...
- Tá pronto! Já podemos fabricar, e eu vou
montar meus aeromodelos.
Ela leva as treze turbinas e seus periféricos
para ajudar Yuri a montar tudo, quase um mês antes do previsto. O que ela
conseguiu foi muito além do hobby novo, ela tornou obsoletas todas as formas de
usinagem conhecidas (...) O resultado é uma máquina que pode passar de 1.000.000RPM sem grande
esforço. Para ela é só o começo de mais uma brincadeira.
Os ufólogos vêem aquele Biarritz Eldorado
chegando de capota baixa, o reconhecem de longe. Sabem que a “pioneira da nova
raça” está trabalhando para aprimorar a humanidade. Ela entra na casa da tia
avó e vai ter com seu marido. Ele fica encantado com as turbinas, ela com os
aviões já prontos para recebê-las (...) Colocam tudo
no reboque, o atrelam ao Cadillac e vão ao aeroporto, seguidos pelos ufólogos.
Lá já tem gente esperando por eles, cada um ansioso por seu aviãozinho. A
réplica do Airtrain tem quase o tamanho do carro. Os ufólogos assistem a tudo
misturados ao público de concidadãos e fãs do gênio. Como quase todos, eles
filmam. Phoebe é a primeira a testar o seu. O realismo absurdo deixa especialistas
boquiabertos (...) Liga os motores, eles assobiam forte e
o modelo taxia, logo o estrondo precede a decolagem e ele voa. E como voa! Por
um monitor no local, o público consegue ver o que um piloto ou um passageiro
veria pelas janelas (...) E a banda em
peso chega, em tempo de ver algumas manobras e a alta velocidade que ele
alcança. Os espiões não têm dúvidas (...) eles conhecem bem o hobby,
qualquer aeromodelo do mercado se despedaçaria naquelas condições de uso.
O mini Airtrain pousa e uma réplica de dois
metros da Enterprise decola de um trilho de seis metros, com direito a trilha
sonora (...) atraindo a atenção de aeromodelistas do mundo inteiro. A
responsável por tudo aquilo fala aos demais, em sigilo, que isso é só um ensaio
para o início de uma evolução tecnológica dramática, como os gadgets da Ciber
Train, que está incluída nos planos, têm sido.
&
- Mas não faz sentido! Uma garota hétero
namorando um gay não faz sentido! É mais absurdo do que uma linhagem de negros
ter uma filha branca!
- Mais absurdo do que perder todos os dentes
e algumas costelas, por falar merda em público?
Ele se cala. Ainda se lembra da surra que
levou de Evelyn (...) O
burburinho, entretanto, é generalizado. Muita gente se pergunta se Leonard não
teria cedo ou tarde, uma recaída e daria em cima de Jean Pierre. Os dois,
porém, se concentram em viabilizar mais rápido o ingresso na família, o que
significa que o músico terá que aprender a lidar com os muitos negócios e as
tradições da casa do pato preto...
- Gente, que chique! Eu nunca pensei que
esses tecidos maravilhosos fossem mesmo produzidos na América! Hoje tudo vem da
China!
- Mas são. Aliás, Evelyn é responsável por
muitas das nossas estampas mais bem sucedidas, especialmente os tecidos com
relevo, que ela adora.
- Esses são os exclusivos da Maison Petty
Green?
- São. Nossos clientes costumam pagar mais,
para terem exclusividade em alguns artigos...
Melody chega no meio da conversa, para ver
como vão suas encomentas para o prêt-à-porter (...) Ela recebe
boas notícias e já manda sua equipe colocar mãos na massa, ainda há bolsas e
sapatos para terminar...
- Tô doida pra essa loja abrir logo! Não vou
sossegar enquanto não ver as primeiras clientes experimentando os modelos.
- Fique tranqüila, o mais arriscado e
demorado já foi feito.
- Antes do parto, não se é mãe, meu querido.
Eu só sossego quando estiver tudo pronto e funcionando.
- A tia Patty fazendo escola.
- Escola que funciona! Pego no pé de todo
mundo não é por prazer, isso dá nos nervos, é pra tudo sair a contento...
A calma do nobre quase irrita. Ele encerra a parte
burocrática do trabalho e leva os dois para um lanche em sua casa. Saem a pé e
a deslize até a residência, sob lentes de paparazzi (...) ávidos por um escândalo sexual. Evelyn está
concluindo a sincronização do balé com a orquestra, trabalhando desde muito
cedo na coreografia para a inauguração da Vintage Way of Life, que terá um
espetáculo à moda antiga na pista de gelo...
- Ok, podem descansar. Voltaremos à tarde, já
conhecem as recomendações.
Vai buscar os sobrinhos para um almoço em sua
casa, à mesa com seus pais. A herdeira do título também está ansiosa pela
inauguração, são seus alunos que vão abrir o espetáculo. Mandy mescla essa
ansiedade com a expectativa do reconhecimento internacional (...) Encontram Albert com um pacote enorme de carona no Mercury, uma
prototipadora de alimentos. O mote é fazer pratos personalizados, com doses
altamente precisas de ingredientes em seus devidos lugares, até massas em
formatos inusitados ela pode preparar. Quando ele liga o aparelho, em casa,
montando doces, as meninas ficam eufóricas...
- Wooooooow!
- Faz um com o mapa mundi!
Ele faz dois. As duas correm frenéticas ao
redor da mesinha com a prototipadora. Vão à cozinha, pegam cocadas e pedem para
escrever o nome de cada um da casa. O faz com chocolate meio amargo. Phoebe
chega com o pai e vê as pequenas e a mãe se comportando precisamente da mesma
maneira (...) As lanchonetes aderem à novidade, no
dia seguinte todas têm ao menos uma, e no dia seguinte Patrícia e Renata vão à
Caixinha de Música...
- Filhota, pode cuidar das meninas? Temos que
falar com a Phee.
- O que foi? O que ela fez de errado?
- Nada e não vai fazer. Angel, Rebell e
Genius, vamos à biblioteca de vocês. Angel, traga isso.
A gestante, já esperando pela reprimenda, se
abaixa para pegar o drone de 3 pés de diâmetro, mas é detida pelo pai, ele leva
a peça de 35 libras, que sabe ser o motivo do aviso preventivo...
- Por questões espirituais, a Rê sabe de
nossas actividades. Pela natureza ambígua desta reunião, ela participa, porque
estou aqui não só como sua coordenadora, mas também como sua avó. Não culpe
Brain, eu arranquei a verdade dele sobre este drone a jato que a senhora, sabe
Deus como, desenvolveu em menos de quarenta e oito horas...
- Você não vai subir nesta coisa nem para
limpar os pés, não antes de se recuperar do parto. A gente sabe que essa coisa
é um transporte voador, que não tem proteção nenhuma e é quase uma máquina de
suicídio!
- É seguro. Juro!
- Nenhuma máquina que não te cubra é segura,
Angel. Você sabe tão bem quanto eu. Acredito que tenha tido um surto de
genialidade e descoberto de uma vez como fazer tudo isso, do software às
turbinas e os controles... São nos pés?
- Sim! Juntando os calcanhares, ele acelera
ou sobe, afastando-os ele desacelera ou desce, a pressão nas extremidades dos
pés define a direção.
- Você já testou isso, Phee?
- Sim, foi muito divertido... Eu usei
para-quedas, capacete, colete salva-vidas... Testei sobre a piscina olímpica da
academia, não corri nenhum risco... Nem a Aretha... Isso é frustrante, sabiam?
- Encerro a pauta da organização, por agora,
mas as ordens continuam... Meu amor, você não pode se arriscar assim! Eu confio
em você, mas não confio nesta máquina!
- É só até se recuperar do parto, depois a
gente vai pro Michigan Lake...
- E eu posso dar piruetas no transdrone?
Diante daquela expressão tão radiante, após a
cara depressiva de até então, as avós concordam. Resta saber o que fazer com
aquele aparelho até lá (...) Patrícia se lembra de mais alguém...
- Ursula, pode nos emprestar Brenda? Temos
uma coisa que acho que será útil para as patrulhas dela... E vai evitar que
minha neta faça brincadeiras perigosas para a gestação...
- Eu creio que ela pode ir... Nigth Rose,
você pode passar alguns dias em Sunshadow, para um treinamento especial?
- Posso. Levo meu trabalho na bolsa do
laptop.
- Ela vai no próximo vôo.
Chega no início da tarde, cercada pela
imprensa. A quadrinhista Brenda Hust (...) Chega à Máquina de Costura à bordo do Mercury 1951...
- Parece legal... Se eu souber do que se
trata... Parece um daqueles voadores que a gente pinta nos quadrinhos...
Ela olha para as anfitriãs, que confirmam com
gestos. Vão com Phoebe ao jardim do fundo, onde ela ensina os comandos básicos (...) O som de turbinas a combustão chama
atenção, mas não causa surpresa. Causa surpresa esse som ser produzido na
presença de uma renomada desenhista e pintora de quadrinhos. Claro que ela vai
usar isso em seu trabalho, mas no momento quer se divertir e se valer da
destreza que desenvolveu na vida de heroína. Flutua suavemente, como uma
libélula pairando a meio metro do chão, até relaxar os calcanhares e pousar...
- Você disse que isto poderia me ajudar na
parulha, mas por falta disto eu quase fui esmagada entre dois caminhões.
Escapei com a perna quebrada porque o bueiro estava sem tampa.
- Eu posso fazer outro, depois de parir é claro...
Vamos pra fábrica, lá você pode treinar à vontade.
Ela vê aquela mulher delicada e leve fazer
misérias com sua criação (...) São dois dias de treino intensivo, o suficiente
para ela ser o primeiro membro voador da liga. Demonstra para os comparsas, na
sede...
- Hey, tem mais de onde você trouxe este?
- Vai ter, assim que a Phee der à luz. Patty
não quer arriscar uma travessura.
Ela aterrissa suavemente, libera os pés de
desce da pequena base voadora. Sua estatura e leveza aumentaram muito o
desempenho do aparelho. Em Sunshadow, a criadora da máquina faz (...) uma mini scooter eléctrica retrô que se fecha
como um compasso e pode ser levada nas costas, como uma mochila. Baixa velocidade,
boa autonomia, praticidade a toda prova, fácil de fabricar e é toda feita com
peças que já existem no mercado. Suspeitam que essa explosão de criatividade
tenha relação com a gravidez.
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