terça-feira, 19 de março de 2019

Dead Train in the rain CXCI

    O ano começa e o mundo não acabou. A estação 191 retoma a dureza cotidiana com alguns incrementos que darão o tom do ano. Fiquem atentos e embarquem, o trem vai partir.


Phoebe de agasalho bem leve, só para dizer que está agasalhada, passeia com marido, filhas e seu barrigão. Albert (...) aponta para a praça do trem morto e Phoebe arregala os olhos, aquilo é a última coisa que esperavam de Alice...

- Ela está beijando...

- Meu D’Us! A All com o Benett!

- Então era a isso que o calendário maia se referia!

- Mom! Cê não sabe da última!!!

Marcia acredita porque ela manda uma photo. Karen e Claudett interrompem o namoro para irem ver por si, e vêem. Se aproximam boquiabertas até quase em cima do casal. A mãe excitada os abraça delicadamente por trás...

- Vamos conversar em casa ou está difícil?

Ela fica rubra. Vai com o colega de organização para casa (...) decidiram atar há pouco mais de uma semana. São ambos chamados pela autoridade à Máquina de Costura...

- Esta cena fofa me comoveu. Cheguei a pensar que você ficaria pra titia.

- Eu também...

- Eu não vou empatar a alegria de vocês, mas preciso reiterar as regras. Saibam separar a vida a dois da vida dupla, vocês nunca se desentenderam seriamente e espero que continue assim, mas se acontecer, lembrem-se de que há uma causa muito maior do que nós a ser preservada...

Karen está lá fora, curiosa (...) Desta vez é rápido, ela abre as portas e libera o casal para seu amor invernal (...) Os três voltam à comemoração pelo relacionamento mais improvável de Sunshadow. Ignoram os paparazzi que se amontoaram em frente à casa (...) Entram na Escalade e vão comemorar em família. Patricia informa Josephine, logo toda a organização começa a pegar no pé do casal, mandando piadinhas e confraternizando (...) eles estão acostumados.

As luzes de natal começam a piscar, as propagandas bobas começam a infestar a televisão, os especiais de natal mais sem noção pipocam na programação, alguns de boa qualidade passam mensagens cifradas e subliminares para colaboradores (...) Phoebe e as gêmeas com mais liberdade, sempre acompanhadas de Albert ou Marcia. A neve começa a cair e elas acrescentam agasalhos, não que sejam necessários (...) Carly leva uma criança para passar o natal em casa, com o consentimento dos pais. Joan faz questão de levar sua pequena bolsa de roupas (...) Ela arregala os olhos amendoados, ao entrar naquele sobrado com vasto sótão, que serve de escritório para a cantora.

O quartinho foi preparado na semana em que a decisão foi tomada (...) No primeiro dia as duas são vistas no sótão, cantarolando e tocando os instrumentos, os pais da moça entram na brincadeira, até o natal eles decidem que ela não vai voltar à fundação (...) No auge da serelepitude de seus cinco anos, Joan ganha o sobrenome Flint (...) Sigurney e Bernie começam a encher a nova moradora com os mimos e os rigores sob os quais Carly cresceu. O natal é uma farra, com direito à presença do alemão carregando a pretensa pequena cunhada pela sala.

O ano termina, o mundo novamente não acaba e Richard grava a própria risada cavernosa em um vídeo com slides e trechos de picaretas apocalípticos pregando o fim dos tempos. Milhares de pequenos drones liminosos fazem evoluções ao som da orquestra da cidade (...) O ano começa com um pequeno baby boom, trezentas crianças nascem na alvorada de 2014 e Patrícia se apressa em reclamar o amadrinhamento de todas, conforme foi prometido. Josephine dispara a rir. Para alguns isso soa como um modo de controlar a população (...) Ela pensa e responde ao paparazzo...

- Faz sentido... Eu não pensaria muito diferente, se uma desconhecida fizesse o mesmo, mas me informaria a respeito dela antes de fazer julgamentos.

- Mas trezentas crianças?

- Eu sou infantomaníaca, confesso. Queria poder tomar conta de todas as crianças do mundo, mas não posso.

- Herança do convívio com Audrey Hepburn.

- Total.

Entra no Mustang 1965 vermelho e volta para casa com as compras (...) A neve ainda glacia o horizonte, por isso a capota está fechada, ao contrário de um certo Cadillac, que leva seus ocupantes ao ar livre. Albert ao volante, empacotado. Phoebe, Rose e Serena só com agasalhos simples. Ela identifica um agente da Mossad e pede que pare o carro, faz sinal e ele se aproxima...

- Shalom, meu amigo. O que faz ao ar livre neste inverno?

- Shalom... Eu estou vendo o que soubemos por seu pai.

- Triste, não?

- Na verdade é menor do que nós pensávamos. Sabe, tem uma turma meio neurótica em Israel e não deixa o premier em paz enquanto ele não limpa até os rastros da barata.

- No mundo inteiro. Albert, este é Ariel, já trabalhou com a gente na localização de pragas em plantações noutras partes do mundo.

- E aí, cara. Vai ficar aí, como um dois de paus? Entra pra gente conversar no passeio.

Ele aceita (...) O levam à Caixinha de Música, onde Genius lhe passa o que sabe e avisa da ligação dessa gente com radicais islâmicos...

- Eles são fanáticos, não têm quaisquer escrúpulos. Se exterminar metade da população alemã os ajudasse a tomar o poder, o fariam. Não são diferentes de picaretas de igrejas caça-níqueis, que não o são dos radicais islâmicos.

- Pelo menos eles não se escondem mais. Tem gente que reclama de terem aparecido, que seriam influências para os jovens, mas incógnitos seriam muito mais perigosos – afirma Ariel.

Conversam sobre problemas comuns (...) Ele fica até a tarde, quando voa para Washington. Richard se reporta à mãe e ao avô. Não há novidades, mas as impressões que ele teve do espião preocupam, lhe pareceu demasiadamente desanimado para quem viu que o problema era menor do que imaginava (...) Conversam com Star e ela pede informações aos colaboradores em Israel. Eles falam da resignação de uma parcela demasiadamente grande da população de Israel e da Palestina com a violência contínua, como se dissessem...

- “Já que vivemos no inferno, vamos tocar a vida como o diabo quer”? Este ano estava calmo e feliz demais para ser verdade. Vou falar com a Rê, é uma coisa que ela pode e precisa saber.

Renata suspira de tristeza, quando ouve a frase. Naomi brinca com Palhaço, mas está atenta à mudança de humor da mãe. A neve começa a cair e a brasileira avisa que é melhor a amiga voltar para casa. Dito e feito, uma nevasca cai e só nos subterrâneos as pessoas podem passear tranqüilas (...) Voltam para casa na primeira pausa, pelas entradas mais próximas, e tudo fica bem.

&

O tempo passa e a vida começa a voltar ao normal, com a tristeza dissipada e o Sunshadow Otaku Week se aproximando. Como resultado do show no Japão, japoneses e coreanos chegam em grandes grupos (...) A surpresa é a lenda ser verdadeira, muita gente é fluente em japonês, chinês, coreano e até tagalog. O mix retrô e vintage do acervo da cidade lhe dá ares de mangá conceitual. A mítica locomotiva 4-4-4-4 fica ilhada com orientais ao redor. A imprensa se aproveita, cobre a invasão oriental a Sunshadow (...) Mas todos correm na mesma direção quando vêem os fundadores da Dead Train juntos, entrando na chocolateria. Klauss também está lá, mas grava falando dos colegas orientais e seu assombro com a cidade, mais agora à presença dos responsáveis por tirá-la do ostracismo.

A cidade subterrânea é um assombro e uma inspiração para desenhistas de mangás, eles clicam como loucos aquela estrutura (...) Algumas ficções científicas começam a ser gestadas (...) nos quatro pavimentos, eles podem ver a relação de celebridades correlatas que confirmaram presença (...) algumas em casas de amigos, como Brenda Hust. Ela ensaia alguns rascunhos, para mostrar seus métodos de criação aos fãs.

Patrícia volta com Glenda e Elvira, deixaram Klauss e Matthew com Mikomi e Fester (...) A bruxa apresenta sua pequena assombração, avisa que é mais travessa e independente do que a pouca idade sugere. A conversa é sobre coisas secretas, falam por mensagens cifradas, usam Mirtle e Greta para falar de situações e organismos que se tornaram dramaticamente assimétricos, após eventos adversos. Luppy avisa que o assunto chegou. Greta traz as meninas, soube que Glenda estava por perto...

- Elas querem ser bruxas. Já expliquei e esclareci o que pude a respeito, mas estão irredutíveis.

- Vocês têm idéia da encrenca em que vão se meter?

- Re, re, re, re, re, re...

Elvira dispara a rir, para a mãe é sinal claro de que aquelas duas sabem sim no que estão se metendo. Pois manda-lhes de imediato, por e-mail, um material para estudarem com carinho e cuidado...

- Estudem com afinco, porque vocês vão lidar com seres que simplesmente não podem ser processados (...) Greta, pega no pé, porque eu vou cobrar.

- Pegar no pé e puxar orelhas! Oi, a gente não se encontrou da última vez, eu sou fã do seu trabalho! Greta Stewart.

Enquanto as meninas começam a ler o que receberam, Brenda (...) Lembra-se de que ela fez um tratamento com células-tronco para se curar e recuperar a capacidade respiratória (...) A deixa falar para compreender sua vida desde então. É como se nunca tivesse tido aquela crise e descoberto o tumor. Fala com Patrícia e Arthur à noite...

- Ela foi educada para viver e enfrentar a vida apesar das limitações. Mirtle teve papel fundamental, ela era o apoio e o alarme da irmã na pior fase do tratamento, até Greta se estabilizar.

- E mais uma vez meu pai matou a charada, quando ela estava internada. Ele aventou a possibilidade de um câncer de mama por eliminação...

Para uma autora de quadrinhos, qualquer boa conversa serve de inspiração. Está gestando uma graphic novel mais densa e profunda, o assunto em curso serve como uma luva.

0 comentários: