sábado, 15 de setembro de 2018

Dead Train in the rain XXX

   Quando a enfermidade salva sua vida... e a estação 30 sugere vida nova! Ponham suas roupas de festa e embarquem, o trem já vai partir.


Bart liga para Josephine, avisa que Gregory está muito mal de saúde. Os dois conhecem o rapaz desde muito cedo, são os únicos chefes que conheceu. As más línguas dizem que é mais uma caridade de Jose De Lane, mas ele precisou provar seu valor para ter a ajuda que recebeu. Ela vai ao hospital, ver se pode ajudar (...) O médico os tranqüiliza, mas avisa que ele precisa ficar no mais absoluto repouso. Nada de extraordinário, se ele não morasse sozinho...

- Greg, você gostaria de passar o natal conosco?

Os olhos apagados dele ganham brilho. Aceita de imediato, como se tivesse opção, os cuidados familiares da diva. Seus quase vinte anos de vida não foram exactamente uma “vida”, ele sobreviveu a eles. Seu pequeno apartamento não é exactamente desconfortável, mas (...) Precisa de cuidados que sua solidão não oferece. Lugar para dormir não é problema, a mansão de Josephine foi apelidada de “Jose’s Hotel” pelos amigos (...) Ela aproveitará a enfermeira do pai para cuidar também dele.

Já esteve naquele verdadeiro palácio várias vezes, mas sempre se encanta. É levado à suíte que ocupará até a primavera. Sobe amparado pelo irmão temporão da diva(...) levado a um aposento que é, sozinho, maior do que aquele mísero apartamento onde vive há cinco anos, mas vive às suas custas...

- Aquele será seu armário, enquanto estiver aqui. Tome um banho e troque de roupas, vou preparar algo quente para você comer.

A francesa tem fama de ser boa cozinheira, a ponto de ter ensinado à Anita, sua empregada vinda de Guadalajara, tudo o que ela sabe hoje. Ele toma uma boa sopa de peixe com legumes e recebe ordens para dormir (...) estranha aquela cama enorme, aqueles lençóis finos, o edredom macio e a temperatura amena. Acorda um pouco mais bem disposto, dando bom dia à diva, que o observa da porta com um jornal em mãos, com a cara mais preocupada do mundo...

- Graças a Deus você adoeceu, Greg.

- Por quê? Não estou entendendo.

Ela lhe mostra a manchete. O prédio onde morava desabou, após um incêndio causado por vazamento de gás. Quem estava lá, morreu. Ele se sente gelar, porque morava justo no quinto e último andar; se conseguisse bloquear as chamas (...) a estrutura fragilizada o teria matado. Ele ficará na mansão até conseguir onde morar.

Faz algumas ligações e deixa os estúdios atentos, caso saibam de um imóvel compatível com o rapaz. Lamenta não ter a quem mais ligar (...) ele sempre disse que nunca conheceu ninguém além da falecida mãe. Talvez uma investigação resolva o problema dele, mas ter perdido o pai dias antes de nascer, e ele nunca ter deixado pistas de familiares, complica tudo. Mas o que não é complicado na vida desta mulher? Uma complicação a mais, uma a menos, não fará diferença.

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O natal chega. Sunshadow ganhou seu presente com antecedência, mas os cidadãos ainda comemoram. Há sete novos habitantes, cerca de quinze prometidos para o ano novo e a perspectiva de as pessoas quererem visitar a cidade, com sucesso do Dead Train. Presente vindo em época de urgência, pois a última contagem deu menos de vinte e nove mil habitantes. A maior parte da manutenção da cidade tem sido feita há muitos anos pelos cidadãos, de seus bolsos (...) A esperança, na realidade, é que nativos voltem a morar na cidade. Ninguém lá quer que ela se torne uma metrópole, mas voltar a ter sessenta mil habitantes lhe daria estabilidade.

A data é especialmente doce para Rebeca e Robert, que tomaram as rédeas financeiras da casa e a abasteceram como nunca havia acontecido. O pai não precisa mais se preocupar com épocas de baixo movimento, nem aceitar qualquer frete (...) Robert já pensa até em trocar o velho e remendado Mack, por um caminhão zero quilômetro. Nem sabe mais se algo além do nome ainda é original de fábrica, já o comprou usado e maltratado.

Enzo aproveita enquanto as irmãs abrem seus presentes, para discutir com os pais uma viagem de férias à Itália (...) Claro que desta vez não vão na classe econômica de um navio caindo aos pedaços, prestes a afundar a qualquer marola, vão de avião, na primeira classe.

Ronald celebra uma tradição medieval da família. Ele, primogênito já em idade de se virar sozinho, fez um pão rústico muito saboroso, que agora divide em quatro partes iguais, servindo uma a cada membro presente, acompanhado de um molho grosso à base de tomate, cebola e ervas finas. Abre o vinho e serve o pai, a mãe e a irmã. Pede que comam e só então começa a se servir. Se todos os amigos estivessem à mesa, passaria fome, porque teria que servir a todos e só se servir quando o último começasse a comer.

Renata quis uma celebração íntima, só com os pais (...) O cardápio é o mais goiano possível, mas não dá para ignorar as delícias adiposas que a terra de Tio San oferece. Ela realmente aproveita, porque assim que o inverno passar, terão que cumprir uma agenda apertada, que inclui quinze shows, sete aparições em programas de televisão, uma ponta em um filme e oito campanhas comerciais; fora terem que dar conta dos estudos e das licenças, tudo no primeiro semestre.

Patrícia aproveita enquanto pode o status de filha única. Sabe que a probabilidade de os irmãos nascerem enquanto estiver fora, é grande. Quer (...) devolver à mãe os mimos que recebeu, desde que nasceu antes da hora. Mas geralmente Nancy vira o jogo e a enche de afagos, embora hoje precise que ela fique deitada, por causa da estatura. Embora os compromissos do ano tenham terminado, os rendimentos dos direitos autorais continuam caindo na conta bancária. Ninguém além da receita federal sabe o quanto eles ganham, fazem questão do maior sigilo possível de sua vida íntima, o que inclui suas posses.

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