sexta-feira, 21 de setembro de 2018

Dead Train in the rain XXXVI

   E surgem rivais, que são piadas cantantes. As verdadeiras tensões vêm de problemas reais. Todos à bordo e relaxem, o trem vai partir.


Cartazes espalhados pelo colégio chamam para a estreia de uma banda. Os garotos lêem com caras de quem comeu ovo estragado. O trio The Special Boys se intitula o “coveiro do trem morto”. Um dos fundadores (...) desertou. Os seis se entreolham, procuram algo mais do que data, hora e preço do ingresso, mas parece que os responsáveis pelo trio não querem aparecer (...) Literalmente, de um lado da sala estão os simpatizantes deles, do outro estão os que aderiram ao “trio de garotos americanos”. A cena e o clima são preocupantes. Silvia chega atrasada, estava colhendo informações que passa aos seis no primeiro intervalo...

- PUTZ QUE PARALHO!!! Aquele cara é um vampiro, vai sugar eles até os ossos – exclama Rebeca!

- Isto é o repertório deles?

- Eu acho que é só, Patty... Pelo menos até agora.

- “My babe, I’m your dream’s man, forget this clothes and come to me...” Eles estão se achando o último biscoito da lata ou é só implicância minha?

- Não é implicância e parece que é a música mais inteligente deles – diz Enzo. Veja esta: “Da-da doo da-da doo my heart is for you. Da-da doo da-da dee, give your love for me...”.Isto foi escrito por um bebê de quantos meses?

Os sete acabam dando risadas (...) A estratégia do trio é usar canções simples, fáceis de digerir e memorizar, ao contrário de algumas do Dead Train, que chegam a ser muito desconfortáveis de se ouvir, por causa do teor social e político.

São propostas completamente diferentes, mas o The Special Boys pretende tirar fãs do Dead Train. Na aula de música, Nancy esbraveja com a turma do fundo, por cochicharem em vez de tocarem seus instrumentos, só então fica sabendo da novidade, o que explica também as freqüentes faltas dos três integrantes...

- Eles realmente acreditam que têm condições de lograr êxito com essa decisão, Jeffrey?

- Eles acham que sim, Mrs. Petty. Na verdade eles até que não cantam mal, eu estava presente em uma apresentação.

A gestante afaga a cabeça do aluno e troca a aula prática por uma palestra. Diz aos seis que podem sair, se quiserem, mas eles ficam (...) Ela pede que Jeffrey toque a flauta doce, imitando um sabiá que está cantando a poucos metros dali. Ele o faz, o passarinho reconhece o padrão e responde, ele dá retorno e se forma um diálogo. Ao fim, e os aplausos dos colegas, Nancy começa...

- Você nem pensa em ser músico profissional, não é mesmo?

- Não Mrs.

- Pois você está anos-luz à frente daqueles três, em competência musical. Sabem por que eu exigi tanto destes seis aqui, turma?

- Para não deixar parecer favorecimento?

- Também, Benjamin, também. Mas o motivo de eu ter exigido deles o que nem sonho em fazer com vocês, é que eles desde muito tempo antes, decidiram seguir a carreira. A banda não surgiu de um lampejo (...) foi gestada por cerca de cinco anos. Não só isso; Patrícia, Enzo e Ronald tiveram uma formação musical sólida desde muito jovens (...) Da mesma forma que não é preciso habilitação para conduzir uma bicicleta, não é preciso esmero algum para ter simplesmente uma educação musical amadora.

A turma se indigna com “Como assim, ‘esmero algum’?” e ela explica...

- Garotos, o que eu exigi de vocês está bem acima da média, mas a média é muito baixa. Infelizmente eu não tenho autoridade para fazer mais do que isso, não com vocês. Com eles eu posso, principalmente com ela – aponta para a filha. Aquelas notas “C” que ela tirou algumas vezes (...) não foram por ela ser fraca, mas por ter feito menos do que o máximo. Vocês (...) vão no máximo conduzir um scooter de baixa cilindrada. Eles são cantores de elite, o que conduzem são aviões de grande porte. O “A” que vocês tiram com louvor, não enxerga nem a sombra de um “D” que eles jamais tiraram, graças a Deus. Eles (...) são músicos de ponta, foram treinados e exigidos de acordo. O que qualquer um deles faz cansado e com sono, nenhum de vocês consegue em sua melhor forma, porque nenhum de vocês recebeu no ano passado inteiro, os fundamentos que eles recebem todos os dias; eu seria demitida por crueldade, se o fizesse. E mesmo assim eu afirmo, Jeffrey, que você daria uma surra musical naqueles três falastrões (...) Qualquer um de vocês tem condições de obter sucesso em festas particulares, mas cantar para os maiores críticos musicais e um público internacional, não é coisa para aulas normais de música. É preciso aceitar um grau de sofrimento, de desapego e de disciplina, que faria este colégio parecer um quartel em época de guerra. Eles são profissionais, gostam disso e se dispuseram a pagar o preço dessa formação. Não é o caso de vocês, muito menos o deles. Patrícia?

- Só acrescentando uma observação importante. A vida de artista não é esse mar de rosas que vocês vêem nas mídias, nós suscitamos ódio e inveja (...) Quando eles começarem a prestar atenção nas nossas letras, muitos vão vestir as carapuças e se sentir ofendidos com o que cantamos. Não podemos mais fazer o que quisermos em público, há sempre um bisbilhoteiro com uma câmera por perto...

Ela lista os dissabores (...) os anos de treinamento que tiveram, estão sendo valiosos para não se deixarem levar por isso. A quantidade de publicações é tão grande, que qualquer flagrante pode atrair a atenção que o público daria às concorrentes. Ela cita nomes e descrições de dois paparazzi que foram vistos na região...

- Eh... Patty... Eu encontrei esse segundo paparazzo.

Ela faz a cara de “Me explique isso, mocinho” e ele desembucha...

- Eu estava na lanchonete, ele chegou, começou a conversar, pagou o milk-shake e... Eu... Eu falei demais...

- Falou o quê, Jeffrey?

- Das desavenças que vocês têm aqui dentro, das perseguições no começo, enfim... E ainda fiquei com dor de cabeça, depois...

- Você bebeu?

- Não... Quer dizer... Fui ao banheiro e, quando voltei, tinha um sundae me esperando...

- Ele colocou bebida no sundae, Jeff!!!

O que resta de prazo é transformado em uma aula de como se portar, quando se tem amigos famosos. A velha bronca da mamãe, para não dar conversa a estranhos é só um dos itens. A moçoila se agiganta, tomando as rédeas da turma, os outros colegas não a reconhecem. Avisam Josephine e Matthew, que amarga três dias de trabalho dentro da redação (...) se lembram que têm um show em Dallas no fim do semestre. Não deixam de pensar em Silvia, Enzo tem uma carta em mãos e não sabe o que fazer com ela, sabe que não vai dar para entrega-la à avó da garota.

No caminho para Sunshadow, os outros tentam desfazer aquela cara de mártir, sem imaginar a carta para si que Josephine interceptou sem querer (...) A francesa conhece o remetente, ele deu muita dor de cabeça quando sua amiga Grace tornou-se princesa; era um de seus inúmeros pretendentes frustrados, ele jurou até iniciar uma terceira guerra, assassinando Rainier III (...) O sujeito quer se casar com Patrícia a qualquer custo. Ele cita várias vezes a “assombrosa semelhança” com sua “amada” Grace (...) Chama o amigo, que trouxe o malote e está conversando com Anita...

- Jose, você me chamou?

- Leia isto e, pelo amor de Deus, não deixe Patrícia saber sob hipótese alguma, pelo menos não até controlarmos este cidadão!

Ele lê e contrai a preocupação, algumas passagens são picantes. Os dois discutem se simplesmente avisam à polícia, ou contam para Richard e correm o risco de haver uma tragédia. Ela se pergunta que carma esses garotos têm para pagar (...) Decidem contar a Richard, mas só (...) na retomada da turnê, para que a cara de preocupação excessiva não contamine Patrícia. Decidem também avisar aos hotéis de que ela não deve ser deixada sozinha com um homem, de preferência que só mulheres a sirvam.

Fazem as malas para o dia seguinte, quando vão para Los Angeles, dar continuidade à turnê. Como de praxe, mais um calhamaço de estudos e exercícios (...) Patrícia só pensa em como proteger Enzo (...) Orientará a gerência de cada hotel a ficar de olho nele e não o deixar sozinho sob hipótese alguma. Nancy percebe a cara de mártir novamente e fica parada à porta do quarto. Assim que ela vira o rosto, abre a blusa e mostra a barriga em franco crescimento; funciona. A garota abre um sorriso enorme e vai abraçar aquela proeminência abdominal, enchê-la de beijos e mimar a mãe, sem perceber que o inverso é o que acontece.

Renata conversa com os pais e Matthew, sobre um aviso que recebeu dos guias...

- Você o conhece, Matt?

- Um dos milhares de cotovelos doloridos que Grace Kelly deixou para trás (...) Deve ter se apaixonado pela Patty, o que é muito fácil.

- Já contou pra Jose?

- Não, mãe, mas acho que seria bom, né...

Matthew ainda não digeriu direito os “né”, “ué” e “uai”. Renata liga para a tutora e tem dela uma notícia pior do que imaginava, e ainda a recomendação de não contarem a mais ninguém (...) Matthew liga para a redação e pede tudo o que tiverem sobre o homem.

Enzo, Rebeca, Robert e Ronald são os únicos despreocupados. Dormem cedo e pesadamente (...) Patrícia e Renata só dormem ninadas. É a primeira crise da banda, felizmente por motivos externos (...) Silvia é a mais inocente de todos (...) estão todos empenhados em protegê-la, quando for a hora de contar a verdade sobre a avó, a temida Cascavel Branca. Richard tem praticado mais o tiro a alvos móveis, ciente do risco que os garotos realmente correm.

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