segunda-feira, 24 de setembro de 2018

Dead Train in the rain XXXIX

    A conspiração nossa de cada dia. A estação 39 mostra que o seu mundo pessoal é tão frágil e ameaçável quanto o mundo mundial. Cuide-se bem e embarque, o trem já vai partir.


No meio do show (...) Patrícia convida Robert ao piano. Renata cede o lugar e ele vai. Rebeca troca as baquetas e ele começa...

-Were you are? This home is so big without you. The night is so cold and so long, because my clock stoped the time, and so... About me, I’m still in the else sad place, were I’m since alone from last time, my love...

O público vai às lágrimas (...) Pedem bis com insistência, ele dá o bis. Na manhã seguinte, os jornais, rádios e programas de televisão dão um baita destaque para o show. As rodas de apostas já têm os primeiros perdedores, que acreditavam que eles perderiam fôlego logo nas primeiras apresentações. As vendas dos discos disparam e pedidos de reserva para o próximo álbum pipocam pelo país. A fama já está quase sob controle.

Os dois meses que se seguem são marcados por trabalho árduo, muita meditação para recondicionarem a mente e foco (...) Dão conta de sete convites para programas de entrevistas, pelo menos doze aparições em eventos de grandes corporações, outros tantos para prestigiar entidades filantrópicas, às vezes combinando ambos, conversas com autoridades, com outros músicos, além de darem conta dos calhamaços que entregarão aos professores, quando voltarem.

Chegam ao último show, antes da pausa de uma semana em casa. Farão um show em Daytona Beach (...) Richard é de imediato avistado por um grupo de surfistas, que chamam sua atenção e dão os sinais combinados. Têm uma conversa cifrada...

- Fiquem de olho nesses picaretas, eu não quero eles enchendo nossos motores com óleo vagabundo. Não desprezem um ruído estranho sequer, pode haver borra com limalha em formação dentro do próprio cárter. Não poupem esforços para deixar esse motor limpo.

Dá as instruções para a patrulha na praia, enfatizando que nenhum detalhe é pequeno demais para ser reportado. Dali vai entregar um blower em um padock (...) ele está comandando cento e doze agentes na Flórida inteira, todos atentos à possível entrada dos suspeitos no Estado. E um deles aparece, será monitorado em todos os lugares aonde for.

Em uma sala reservada, Richard vê as estratégias preliminares. Alguns elementos simplesmente não admitem sutilezas, terão que ser brutos, mas outros permitem que se aja sem que a população perceba...

- Aqui temos um corredor natural para a fuga de civis. É aqui que eles podem fazer uma emboscada para causar maior comoção.

- Às custas de mortes de civis.

- De quem estiver neste caminho, para causar mais tensões entre rebeldes e situação. Infelizmente não há outro que permita a essas pessoas uma chance mínima de sobrevivência, eles sabem disso. Eu proponho um bombardeio aéreo horas antes de a população ser avisada e empreender fuga, para encontrarem a estrada livre de ameaças. Eles não poderão se manifestar sem confessar o crime.

O mecânico não se intimida com os uniformes cheios de estrelas (...) Apenas discute com eles a forma mais rápida e segura de evitar tensões maiores do que as já instaladas na região. Uma hora e notam um detalhe que passou despercebido, há um pequeno ferro velho de viaturas militares abandonadas (...) talvez estejam em condições de reparos e transporte de pessoas. É uma esperança remota, mas é a única que têm. Contactarão os agentes locais (...) sobre as condições dessas viaturas da segunda guerra.

No hotel os garotos dão uma entrevista coletiva, com o cansaço já aparente, mas firmes. Os jornalistas questionam insistentemente sobre o namoro de Renata e Matthew, logo sobrando também para Enzo. Rebeca e Ronald não fazem a menor questão de dizer que estão juntos, nem os outros. Alguns perguntam como conheceram Jose de Lane...

- “Nós”? Nós só ficamos sabendo depois daquela apresentação no albergue, pensando que fosse um trote – diz Ronald!

- Foi ela – diz Renata, apontando para Patrícia – que conheceu a Jose e pegou todo mundo de calças curtas. A gente não sabia que já era famoso!

Após rir, ela explica desde o começo, causando mais espanto ao revelar que é mecânica automotiva. Explica que trocaram correspondências (...) até Matthew os revelar para o mundo. Tem ares de lenda, mas a notícia saiu da fonte. Até que esses são legais, se comparados às aves de rapina que se acostumaram a enfrentar (...) No fim, dão uma palhinha do que cantarão no fim da tarde do dia seguinte, se despedem e deixam o assessor de imprensa cuidando do resto.

Richard e os oficiais saem da reunião muito satisfeitos (...) as viaturas estão em boas condições de restauro e o mecânico ensinou passo a passo o que devem fazer. Ligam para a Casa Branca e o presidente também fica muito satisfeito (...) uma explicação a menos a dar para os chacais do congresso. Por hora, a guerra está só na ameaça.

Jeremy Nelson se aproxima de Richard (...) quer saber se ele pode fornecer um compressor miniaturizado, para uma motocicleta...

- Possível, sim é. Qual é a moto?

Ele surpreende ao dizer que é motoqueiro, nas horas de folga. Mostra sua Zundapp com motor boxer e tração por cardã. Ele estuda, tira medidas, faz alguns cálculos e fecha o negócio. Nelson a trouxe da Alemanha, no fim da guerra (...) o pouco que pagou era uma fortuna para a viúva que a vendeu. Agora vão os dois para o hotel, Nelson quer conhecer os garotos. Vão (...) falando da vida, dos amores e o general confessando que sente uma falta imensa da falecida. Um surfista os aborda, avisando que removeram uma borra enorme do cárter. Estão conseguindo frustrar as tentativas de atentado.

O show é praticamente um luau gigante e super produzido. Os garotos de calções coloridos, as garotas de biquíni e toalhas coloridas presas aos quadris. Os noticiários do dia seguinte exaltam a sensualidade da banda, no show à beira mar. Os dogmopatas no dia seguinte execram a sensualidade da banda, no show à beira mar. O facto é que a visão de corpos jovens e bem esculpidos se fixa no imaginário. Matthew não se faz de rogado (...) cenas do show são transformadas em pôsteres para venda ao público. Os adjetivos vão de “lindas” a “MEU DEUS, OS ANJOS EXISTEM!!!”.

Voam para Los Angeles, onde Josephine os espera com o bom balanço destes meses de trabalho. Mas também quer falar com Patrícia sobre a carta, à presença de Zigfrida e Nancy, como Richard recomendou...

- É esta a carta, ma pettit fleur.

Ela lê. Não esconde que a assusta (...) Tem o pai à direita e a mãe à sua esquerda (...) De repente se lembra dos trajes usados no último show desta fase da turnê, se lembra de algumas photographias que foram extremamente felizes (...) Se achou linda nelas, então imagina que o sujeito esteve à beira da loucura, quando as viu. Agora sabe a verdade sobre o que aconteceu com aquela camisa...

- Não vou esconder, eu estou assustada. Imagino os sustos que sua amiga Grace deve ter levado, ao ler esses teores. Mas entre estar assustada e estar com medo, existe uma distância enorme! Por gentileza, chamem os outros, eles também têm que saber. E se lhes perguntarem não desconversem, quanto mais gente estiver de olho nesse tarado, melhor... Mas eu sei que minha vida agora vai virar uma clausura – se lamenta.

A reação dos outros é cercar sua líder, com Rebeca procurando instintivamente algo duro, pesado e cortante por perto. A reação de Patrícia foi muito melhor do que esperavam (...) facilita muito a ajuda. Zigfrida decide começar lá mesmo a psicoterapia, cada vez mais encantada com a garota. Nancy e Richard quase explodem de orgulhos, apesar de saberem que o perigo é real.

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